Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte escrita por Tenebris


Capítulo 17
Capítulo 17: Luta




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Era uma bela tarde.

        E os Navios Tesouro e Holandês Voador navegavam alinhados, buscando seu objetivo em comum. Um plano para acabar com as más intenções de Lewis Evans.

        Os Navios rasgavam o mar azul com uma velocidade e ferocidade incomuns. E agora, seguiam seu curso até o Porto da Marinha Real, onde poderiam encontrar o Navio de Lewis atracado, da Companhia das Índias Orientais.

        E já era a segunda tarde que eles navegavam simultaneamente, em busca desse Porto.

        Elizabeth, depois de descobrir que podia sair do Holandês para onde quisesse, desde que voltasse para cumprir suas tarefas, sentia-se extremamente confiante, afinal, ela, Will e Jack bolaram um excelente plano para acabar com Lewis. Eram estratégias perfeitas. Embora considerasse uma mínima possibilidade de falha, sabia que igualmente poderiam triunfar sobre o Inimigo. E embora trabalhasse arduamente no Holandês, estava com Will. E passar com ele todas as noites, enfim vivendo suas vidas de marido e mulher, ainda que passassem a eternidade no Holandês. Ela se sentia bem, acolhida e protegida. Estava não importava onde, mas sim com quem.

        - Está pensando no que, amor? – Perguntou Will, enquanto Elizabeth esfregava o chão do convés, parando de vez em quando para respirar.

        - No nosso plano. – Respondeu ela, arfando. – Em como será daqui em diante.

        - Não se preocupe. – Will afagou o rosto dela, sussurrando de leve. – Tudo vai ficar bem.

        - Eu tenho fé em você Will, já lhe disse isso antes. – Disse ela, tocando-lhe o cabelo.

        - Sim. Por isso que eu repito, Elizabeth. Tudo vai ficar bem.

- Estamos quase chegando! – Gritou Jack, pulando do Tesouro para o Holandês. – Preparou tudo Willian?

- Sim, Jack. – Respondeu Will de pronto, afastando Elizabeth gentilmente e andando até Jack. – Por sorte, havia várias réplicas do Baú da Morte no porão. Davy Jones, apesar de tudo, era esperto.

Eles planejavam inicialmente entregar um falso Baú à Lewis. Will havia colocado a chave do Baú bem ao lado, presa por uma corda à base do Baú. Entretanto, essa chave abria exclusivamente somente o Baú falso, sem oferecer perigo algum para o Baú da Morte verdadeiro.

- Aqueles tentáculos ainda me apavoram... – Sussurrou Jack, gesticulando para Will tentando imitar Davy Jones.

Will riu sonoramente.

- Colocou o “coração” dentro do Baú? – Perguntou Jack com ironia e sarcasmo.

- Claro. – Respondeu Will, abrindo o Baú de modo que somente Jack pudesse ver seu conteúdo. - Espero que Evans goste da “surpresa”.

- Ah, meu amigo Willian... – Jack falou em tom sonhador, flexionando os dedos diante do Baú. – Pode ter certeza disso.  Evans vai adorar.

Os Navios atracaram atrás de algumas grandes rochas, de modo que Lewis e sua tropa não pudessem perceber de quais Navios se tratavam. De acordo com o plano, eles deveriam esperar até o pôr-do-sol, quando a tropa estaria mais cansada e desprevenida.

- Vamos esperar até o pôr-do-sol. – Orientou Jack, que agora estava ao mastro principal do Tesouro.

Quando o céu se tingiu de vermelho e rosa escuro, transbordando uma claridade alaranjada e fúcsia, os tripulantes do Holandês já começaram a se preparar, tal quais os tripulantes do Tesouro.

Will, que já havia combinado o plano com Elizabeth, colocou os braços sobre os ombros dela, dizendo delicadamente:

- Você já sabe o que fazer. – E deu-lhe um beijo demorado na testa.

Então, Elizabeth entrou em um barril ao canto do convés principal. Para sua sorte, no barril havia um buraco no qual ela poderia observar o que se sucedia no convés, para saber a hora perfeita de agir.

Logo, os Navios saíram juntos detrás das rochas, se aproximando silenciosamente do Navio de Lewis. Will conseguia observar alguns guardas da Marinha Real Inglesa patrulhando o convés. Mas eram apenas uns dois ou três. Entretanto, Will de alguma forma tinha certeza que Lewis estava lá no Navio, pois a presença dele era vital para o bom funcionamento do plano. E se ele andava mesmo seguindo as orientações da Companhia das Índias Orientais, ele estava esperando para embarcar na manhã seguinte.

Enquanto isso, Jack pode observar o nome grafado em branco na popa do Navio Inimigo. Chamava-se Ricardo III, nome de um Rei da Inglaterra. Assim que o Holandês e o Tesouro se aproximaram mais, um dos guardas que patrulhavam o convés avisou os outros, tocando um pequeno sino na base do mastro principal.

Assim, o Navio Ricardo III ficava encurralado, pois estava atracado ao Porto, com o Tesouro e Holandês Voador de frente para ele, bloqueando a única saída possível. Por sorte, o Navio Ricardo III era o único Navio atracado naquele momento.

- Navios à vista! – Gritou um dos guardas.

- Cores? – Perguntou outro.

- Não ostenta nenhuma. – Tornou o primeiro guarda.

Quando esse primeiro dos guardas percebeu que o Holandês não ostentava nenhuma cor especial em uma bandeira, sua expressão era de imenso pavor. Ele brandiu uma lança à frente, tremendo os dentes enquanto gritou, com a voz falha:

- O que querem aqui?

Will se projetou sobre os marinheiros, adiantando-se. Ele cruzou os braços, olhando instintivamente para o barril atrás onde Elizabeth estava. Depois, bradou:

- Quero falar com o seu superior. O Comodoro Evans.

- Ele está ocupado no momento. – Respondeu rispidamente o segundo guarda. – Não tem tempo para perder com piratas.

De repente, uma voz gélida, metálica e sem emoção ecoou desdenhosamente:

- E vocês, não se intrometam onde não foram chamados.

Era Lewis Evans.

Ao perceber o tumulto no convés, Evans foi por ele mesmo verificar o que tanto assustava sua tripulação. Ele olhou para os dois navios com expressão de surpresa, mas ainda mantendo o típico sarcasmo. Lewis adiantou-se em direção à proa, fitando os dois navios que bloqueavam a passagem do seu.

- Ora, ora... Não devia andar em más companhias, Senhor Turner.

Will revirou os olhos, encarando Jack para saber como seria sua reação.

- Jack Sparrow... – Entoou Lewis, dando voltas em círculos na proa. Ele dissera “Jack Sparrow” como se o nome lhe trouxesse lembranças amargas.

- Capitão... Capitão Jack Sparrow, Evans! – Corrigiu Jack categoricamente, também indo em direção à proa do Tesouro para encarar Lewis de frente. Ele levantou um dedo para Lewis, em sinal de protesto.

- Comodoro... Comodoro Evans, para um pirata como você. – Lewis também o corrigiu, apressada e rispidamente.

- A há! Então sabe o valor de um título. – Jack falou ironicamente, apontando o dedo para Lewis.

- Cale-se, Sparrow. – Retrucou Lewis, olhando para Jack com superioridade. – Enfim, o que quer aqui, senhor Turner?

- Eu... – Will hesitou, olhando para os lados. – Quero lhe entregar o Baú da Morte.

Ainda que fosse um plano, ouvir aquelas palavras saindo tão certas da boca de Will era apavorante. Era como se entregar ao inimigo sem nem ao menos tentar resistir. E Elizabeth concentrou-se no que devia fazer. O plano estava dando certo. Até aquele momento.

Lewis pareceu mais surpreso do que nunca até aquele momento, recomeçando a caminhada na proa enquanto falava pausadamente.

- E o que motivou essa súbita mudança de atitude, senhor Turner? – Perguntou ele.

Will se remexeu em seu lugar, pigarreou e respondeu à pergunta de Lewis:

- Não adianta mais lutar. Cedo ou tarde você iria encontrar o Baú. Para que adiar o inevitável?

- Excelente colocação, senhor Turner. Porque o senhor está extremamente correto.

- Ótimo.

- Após a morte da sua esposa, tenho certeza que você percebeu que este mundo não é lugar de coisas sobrenaturais, não é mesmo? – Disse Lewis em tom de provocação.

Apesar de não ser verdade, Will cerrou a mão em punhos, trincando os dentes de irritação.

- Entregue-me o Baú. – Ordenou Lewis, com as expressões insondáveis.

Jack deu uma risada grave e sonora, como se soubesse de uma piada particular.

- Eu não posso sair do Navio, Lewis. – Disse Will, semicerrando os olhos, fitando o chão do Navio. – Venha buscá-lo. Aqui no Holandês Voador.

Will não conseguiu deixar de olhar sombriamente para Lewis.

Somente ele parecia inabalável, pois seus guardas tinham as pernas bambas e sussurravam assustados uns com os outros.

- Ótimo. – Conclui ele.

Lewis andou até onde a maioria dos guardas se reunia, falando calmamente para um deles:

- John, vá até o Holandês e traga-me o Baú.

Por um momento, Will temeu pelo plano que haviam criado. A ideia inicial era que o próprio Lewis entrasse no Holandês. Com a ida de outro guarda em seu lugar, o plano não desmoronava completamente, mas ficaria ligeiramente mais difícil de ser executado.

Will olhou para Jack. Jack mexeu os lábios, formando a frase: “Não se preocupe”. E piscou para Will.

O guarda John fora obrigado a deixar as armas no chão, pois só assim conseguiria se pendurar em uma corda para pular no Holandês. Enquanto deslizava pela corda para entrar no Holandês, as mãos do guarda estavam trêmulas tais quais suas pernas. O rosto pálido e lânguido, os olhos com as órbitas girando em todas as direções possíveis.

        Ele encarava os tripulantes do Holandês como se fossem feras horríveis prontas para estraçalhar sua presa. Will divertia-se intimamente com aquilo. Então, ele tirou o Baú de onde estava, atrás de um dos mastros, perto de Elizabeth.

        Não era o Baú da Morte real. Entretanto, era bem parecido. Ideal para planejar uma vingança contra Lewis. Will colocou o Baú nas mãos do guarda, com a chave pendurada ao lado. O guarda pareceu mais amedrontado que nunca.

        Então Will olhou furtivamente para Jack.

        Cerca de 75% do plano havia dado certo. E agora, John voltava para o Ricardo III o mais depressa que podia, sem nem ao menos notar que de fato havia algo de errado com aquele Baú.

        Porque certamente havia.

        Quando John jogou o Baú no chão do Convés do Navio Ricardo III, à frente de Lewis, Will respirou aliviado pela primeira vez desde que pensara no plano.

        - Seu estúpido! – Urrou Lewis. – O Baú! Verifique o Baú! Veja se o coração está lá!

        O guarda, de tão assustado que estava, mal se deu ao trabalho de abrir o Baú. Ele o pegou do chão, ainda com as mãos trêmulas, e o colocou perto de seus ouvidos, para ouvir a batida ritmada do coração.

        Jack contava mentalmente. Oito... Sete... Seis...

        E o guarda ouviu um barulho diferente. Tique taque... Tique taque...

        Will também contou mentalmente. Cinco... Quatro... Três...

        E, lentamente, o tique taque foi parando, diminuindo a intensidade e a freqüência...

        “Dois... Um!” Pensou Elizabeth.

        E o estrondo de uma furiosa explosão tomou conta do navio.

        A bomba havia explodido.

        E o plano de Jack e Will havia dado certo. A bomba que estava dentro do falso Baú explodira, fazendo com que um fogo intenso e vermelho surgisse do centro do convés, se alastrando até o resto.

        Chamas de nuances vermelhas e alaranjadas com altas temperaturas iam devorando o Navio Ricardo III, queimando a partir do centro para os lados, estendendo-se até as velas que estavam içadas.

        A tripulação do navio corria, tentando uma fuga em massa desesperada. Lewis olhava incrédulo o que estava acontecendo. Alguns de seus guardas haviam morrido com a primeira explosão, outros pegavam fogo, outros ainda haviam pulado no mar para se salvar. Em suma, os que não estavam morrendo tentavam fugir.

        Mas Lewis ainda tinha a expressão determinada no rosto.

        Ele desembainhou a espada e se agarrou à corda que levava direto para o Holandês. A ideia era que ele morresse com a explosão e o fogo, quando o navio afundasse, enfim destruído.

        Mas Will também desembainhou a espada, pronto para aquele combate.

        Quando Lewis colocou os pés no Holandês, Will se dirigiu atrás dele. Mas primeiramente, olhou para o Navio Ricardo III, que sucumbia em chamas. Pouco a pouco, totalmente arrasado e destruído, ele acabaria nas profundezas do Oceano.

        Lewis fuzilou Will com os olhos. Agora eles estavam frente à frente.

        - Turner! – Berrou ele furiosamente. – Vou matá-lo! Matá-lo como fiz com sua esposa!

        - Não vai, não. – Disse uma voz atrás deles. – Só quando passar por cima do meu cadáver.

        Era Elizabeth Swann


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