Na manha seguinte acordo com uma dor infernal nas costas, afinal dormir no chão encostada em uma porta não é o jeito mais confortável de dormir. Acordo mais cedo do que o normal, pois terei que ir para escola de ônibus hoje para que meu irmão não veja as mochilas de Cato e Marvel, que ele provavelmente ira reconhecer.

    Me arrumo e vou para o ponto de ônibus e obviamente deixei um bilhete para o meu irmão avisando. Como uma maça enquanto espero o ônibus. Ainda estou com muito sono, mas não esperava outra coisa eu fui dormir as três da manha e acordei super cedo.

   Hoje a bem mais pessoas do que ontem à noite no ônibus. Tenho uma estranha esperança de encontrar aquela senhora com quem conversei, mas ela não está aqui. A maioria das pessoas do ônibus são estudantes.

   Quando chego logo avisto o carro de Cato. Ele e Marvel conversavam. Vou até eles e entrego as mochilas.

   -É bom que esteja certo. –diz Cato.

   -Esta certo. –rosno.

   -É bom mesmo. Agora não quero nada de você, pode ir ficar com suas amiguinhas. –se eu tivesse alguma. Penso. –Mas no almoço tenho uma coisinha pra você fazer.

   Ele e Marvel riem, e eu saio. No momento em que eu me viro quase bato em Fox. Nós nos olhamos por alguns segundos e ela vira as costas e volta a andar. Katniss logo aparece e se junta a ela. Eu tento seguir em frente como se nada tivesse acontecido não da certo, e acho que muitas pessoas perceberam meu pequeno encontro com Fox e me olham de forma estranha.Faço a máximo  para ignorar.

  Ando pelo corredor para chegar à sala de aula. Glimmer logo me vê e coloca a pé na minha frente me fazendo tropeçar. Todos os livros que estavam na minha mão caem assim como vários papeis que eu carregava. Todos riem, vejo Fox indo embora. Engulo o choro e começo a juntar todo meu material do chão. Alguém se ajoelha e começa a me ajudar a pegar as coisas do chão. Eu imagino ser Fox, mas quando nós levantamos vejo que não é Fox.

  -Obrigada. –agradeço.

  -Não foi nada. –responde Cato. - Eu acho que é melhor você ir pra aula Clove.

  Não a ninguém mais no corredor.

  -Ok. –digo me virando e indo em direção a sala. Por algum motivo estou sorrindo.

   No segundo horário tenho educação física. Iremos jogar queimado hoje. Eu acho que não tem nenhuma maneira de alguém ser tão ruim em queimada quanto eu. É impressionante como sempre que eu jogo a bola que mais jogam forte vai em mim. Sempre.

   As equipes estão sendo formadas e como sempre eu fico por ultimo. Fiquei no time da Katniss. Fox ficou no outro.

   A treinadora apita e milhares e bolas começam a voar. Milagrosamente consigo segurar uma eu a jogo a qualquer. Acidentalmente jogo em Fox, por sorte não a machucou. Nesse tempo que fico distraída, Al, o garoto mais forte da turma tenta jogar uma bola na capitã da minha equipe, que desvia e a bola atinge meu rosto. E eu não vejo mais nada.

   Quando acordo novamente estou na enfermaria. Eu me sento ainda um pouco confusa.

   -O que aconteceu? –pergunto.

   -O garoto aqui te deu uma bolada. –diz a enfermeira apontando para Al, que esta atrás dela.

   -Clove é serio me desculpa foi um acidente. –ele se defende.

   -Eu sei. –digo a ele. –Não se preocupe isso sempre acontece comigo.

  -Clove? –escuto meu irmão.

  Ele entra na enfermaria.

  -Ta tudo bem com ela? –pergunta ele a enfermeira.

  -Sim, claro. –fala a enfermeira. – Só o olho esquerdo dela pode ficar roxo por alguns dias, mas ela está ótima.

  -Eu já posso ir? –pergunto.

  -Já, e tome mais cuidado da próxima vez. –diz ela. –Vocês dois. –ela aponta para mim e Al.

  Corro para o refeitório. Cato deve querer me matar agora, o intervalo para o almoço já vai acabar. Eu o encontro perto de seu armário.

  -Onde é que você estava? –pergunta ele quando me vê. –E o que aconteceu com o seu olho?

  -É uma longa historia.

  Novamente Cato me fala o que terei que fazer, e novamente minha vontade de esganá-lo aumenta.

   -Por que você quer que eu faça isso? –pergunto. –Achava que gostava dela.

   -Nunca disse que gostava. –diz ele pegando alguns livros do armário.

   -Você dois já namoraram uma vez.

   -Uma vez há muito tempo. –ele volta olhar pra mim. –E eu também nunca disse que não gostava dela.

   -E você quer mesmo que eu mostre isso pra escola inteira?

   -Na verdade você não vai mostrar você vai fazer as pessoas ouvirem. –diz ele com um sorriso malicioso. –Você vai ter que fazer isso durante a aula. –ele ri um pouco. –E se por um acaso você for pega não pode contar a ninguém quem te deu a gravação.

   -Mas se perguntarem o que eu vou fazer? –pergunto começando a entrar em pânico com a possibilidade de ser pega.

   -Sei lá inventa alguma coisa, afinal você está se mostrando uma grande mentirosa. –diz ele em um tom um pouco mais baixo, mas ao mesmo tempo cruel.

   -Estou me tornando uma grande mentirosa por sua culpa. –digo com a mesma voz.

   -E daí. Isso não é problema meu é?

   -É sim seu...

   -É melhor escolher bem as palavras quando falar comigo, ou o emprego de seu pai, e alguns de seus segredos vão pro espaço.

   -Como assim alguns?

   -Acha mesmo que seria tão burro assim, - ele olha para mim com ironia. –que você me desobedecia e eu contava logo de cara todos os segredos e você estava livre?

  Respiro fundo tentando me acalmar para não pular no pescoço dele.

  O sinal toca. Meu coração acelera.

  -É melhor fazer isso logo. –ele me entrega o cd e vai para a aula.

   Sento-me no fundo da sala. Não consigo prestar nenhuma atenção na explicação do professor. Depois que se passam uns vinte minutos de aula meu celular apita, por sorte o professor não ouviu. Uma mensagem de Cato.

                                      Porque não estou ouvindo a gravação??

   Pego o cd e o escondo. Vou até o professor e peço para ir ao banheiro. Ele autoriza. Por um lado isso é bom e por outro nem um pouco.

   Ta bom, agora terei quer ir até a secretaria para poder ir até a sala do diretor onde fica o aparelho de som que transmite o som para a escola inteira. E terei que fazer isso sem que ninguém me veja senão estarei ferrada.  

   Quando estou na porta da secretaria vejo que só há uma pessoa lá.

   Pensa. Pensa. Pensa. Pensa.

  Eu entro.

   -Posso ajudá-la?-pergunta a secretária.

   -Ah... é que tem um garoto desmaiado perto do banheiro.

   -Ai meu Deus! –exclama ela se levantando. –Vá chamar a enfermeira e eu vou ver esse garoto. –ordena.

   -Claro.

   Ela sai correndo e eu abro a porta que fica ao lado de sua mesa. Há um corredor que por sorte esta vazia. Procuro a sala do diretor. Quando eu a encontro bato na porta. Ninguém.

   -Olá? –abro um pouco a porta.

   A sala esta vazia. Entro e fecho a porta. Procuro o tal aparelho de som. Ele esta em cima da mesa do diretor. Vou até lá. Sento na cadeira e tento descobrir como esse troço funciona.

   -Rápido. –sussurro para mim mesma. –Achei. –digo quando acho o lugar para colocar o cd.

   Eu o coloco ali e dou o play. A gravação começa.

   Imediatamente fico com ódio de mim por ter feito isso com Delly. A gravação é dela com um garoto que eu não consigo reconhecer a voz e Cato também não me falo de quem é. Só seu que não é seu namorado. E agora a escola todo sabe que ela traiu o namorado. Fico mais um tempo tentando me recompor, então finalmente me levanto e vou em direção da porta.

   Quando coloco a mão na maçaneta escuto uma voz.

   -Mas que tipo de palhaçada é essa?!

   O diretor!

   -Droga.

   Escuto seus passos vindo para sua sala. Entro em pânico.

   O que eu faço? O que eu faço?

   O único pensamento que vem na minha cabeça é ir para baixo da mesa. É isso que eu faço.

   -Quem fez isso?! –pergunta ele irritado entrando na sala. –Quero saber agora!

  Ele provavelmente vê o cd no aparelho. Ele o tira e fala ao microfone.

   -Alunos todos voltem a prestar atenção na aula! –sua voz ecoa na escola toda.- Quando pegarmos o engraçadinho que fez isso ele será severa mente punido! –meu coração dispara e eu me encolho ainda mais em baixo da mesa . –Antes de você sair tinha mis alguém aqui? –pergunta o diretor agora para a secretária.

  -Não senhor. –responde ela. – Só havia uma garota que me falou que tinha um garoto desmaiado perto do banheiro.

  -E tinha? –pergunta ele.

  -Não senhor. –diz ela cabisbaixa.

  -Quem era a garota?! Quero o nome!

  -Eu não sei o...

  Meu celular apita. Eu juro que meu coração está preste a explodir.

  Os dois ficam em silencio. O diretor se abaixa e me vê em baixo da mesa.

  -Onde a senhorita estava com a cabeça?! –grita ele.

  -Eu... eu não sei. –digo. Não tenho mais nada pra falar.

  -Eu sinceramente não entendo Clove. –diz ele olhando com seus olhos extremamente pretos diretamente para mim.  –Você sempre foi uma boa aluna, nunca se mete em encrenca, e... e agora você me faz uma coisa dessas. O que esta acontecendo com você?

  -Eu realmente sinto muito pelo que fiz. – estou sento sincera dessa vez. –Eu não queria fazer isso.

  -Então porque fez? –ele olha para mim quando não respondo. –Você tem algum problema com essa garota da gravação, Delly.

  -Não senhor.

  -Então... não consigo ver algum motivo para você ter feito isso. Por favor, Clove me diga esta com problemas em casa, com algum garoto ou sei lá. Pode falar eu irei te ajudar.

  -O senhor não pode me ajudar. –digo segurando as lagrimas que já estão em meus olhos. –Na verdade ninguém pode.

  -Não quer tentar? –não digo nada em resposta. – Ok, não irei contar pra ninguém o que aconteceu aqui, eu realmente acho que não é necessário, mas irei ligar para seus pais, e só dessa vez não te darei detenção, pois é a primeira vez que você comete esse erro, mas fique avisado que isso não se repita. –ele pega o cd e o parte no meio. –Livre-se disso. –ele me entrega. –Já pode sair.

   Eu o obedeço quando saio da secretaria, pego meu celular e vou ver a mensagem que me entregou.

                       Como foi a conversinha com diretor?? Divertida??

                                                                                                                -Cato