O Rockeiro E A Patricinha escrita por Jeh Drager


Capítulo 32
Um dia no inferno


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas, eu queria ter postado sábado, mas não dava para acessar a conta (vocês devem ter percebido, mas enfim...)
Enjoy ^-^



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O dia estava sendo insuportável para Jason, ele sempre odiara receber muita atenção e a história sobre o assalto havia se espalhado. Logo que entrou portão adentro, já vieram alunos e mais alunos fazer perguntas como “é verdade?”, “por que fez isso?”, “quanto dói levar um tiro?”, entre outras que Jason detestaria responder...

Jason tentava não chamar atenção, andando normalmente e tentando passar despercebido pelos outros alunos, tinha até ido de jaqueta para esconder o braço enfaixado, apesar de o dia estar quente.

Faltavam uns dois minutos para bater o sinal de entrada, quando Jason avista Sam perto da árvore onde eles costumam passar o recreio, ela faz um sinal para que ele se aproxime.

–oi – Jason mal consegue terminar seu oi e Sam pega-o pela gola da camisa e o prende contra a árvore. Dês de quando ela era tão forte?

–o que você tem na cabeça?! – ela grita, parecia realmente irritada.

–Sam, calma, o que foi? – pergunta Jason com os olhos arregalados

–o que foi? O que foi? – ela solta-o – Jason, da próxima vez que for tentar se matar, me avisa primeiro, que eu mesma te mato, ta?

–eu não tent... – Jason não consegue terminar de falar, Sam o interrompe.

–não tenho mais o Eric, nem o Kevin... – diz ela baixinho, somente o suficiente para que Jason conseguisse ouvir – não posso perder você também...

–Sam... – a voz de Jason falha – caham... Você não vai me perder, e não perdeu ao Kevin e nem ao Eric... Quer dizer, prometi te ajudar com o Kevin, e eu vou fazer isso. E o Eric, bem, ele ainda vai acordar – diz Jason tentando acalmá-la.

–eles querem desligar as maquinas – diz Sam de cabeça baixa

–o que? – pergunta Jason surpreso

–você sabe, custa caro para manter e eu não posso pagar, se ele não acordar em três semanas, vão desligar... E eu vou para adoção...

–adoção?! Você não tem nenhum outro parente?

–se eu tivesse, não estaria morando no orfanato – diz Sam

–mas por que três semanas?

–era um mês, desculpa, não consegui te contar antes...

–vai ficar tudo bem... – diz Jason

–não diz isso... Não gosto de alimentar essas ideias que eu tenho quase certeza de que não são reais – diz ela – acho que você me entende...

–entendo – diz Jason. Eles ficam em silencio, até que o sinal de entrada toca.

–bom, eu tenho que ir – diz Sam e lhe da um abraço – te vejo no recreio...

–até... – diz Jason e eles vão para suas devidas salas.

Jason esperava que dentro da sala fosse melhor, afinal teria menos gente, menos olhares em cima dele, mas não, talvez tenha sido até pior...

–muito bem, ontem eu lhes disse para escrever uma redação de tema livre, hoje vamos lê-las. Kimberly pediu para ser a primeira antes da aula, então, Kim, pode ler – disse Srta. Fernandes, a professora de português, e se sentou em sua mesa.

–certo, minha redação é sobre algo que aconteceu ontem e sobre uma pessoa a quem serei eternamente grata – diz Kim e olha sorrindo para Jason, que baixa a cabeça, então olha para a turma novamente e baixa a cabeça para sua folha, começa a ler.

Herói da vida real

Os heróis de filmes e desenhos animados surgem depois de serem picados por insetos radioativos ou cair em lixo tóxico. Alguns já nascem com seus poderes e descobrem que podem usá-los para o bem depois de algum tempo.

Na vida real, chamamos de heróis aqueles que trabalham para ajudar a comunidade, seja com trabalho voluntario ou enviando dinheiro para ajudar a reparar as ruas, etc. Também tem aqueles que defendem uma boa causa.

Mas e se realmente tivessem heróis como os dos filmes e desenhos animados? Daqueles que se atiram na frente de balas para te salvar. Talvez eu estivesse falando da policia, mas temos que concordar que a policia no Brasil tem lutado do lado errado...

Então vem a pergunta: Do que você está falando, afinal?

Estou falando de pessoas comuns, que vão para a escola e/ou trabalham, e que, na hora H, se transformam em verdadeiros heróis para salvar outra pessoa.

No inicio desse ano letivo eu conheci alguém assim, no inicio eu não sabia que ele era um herói, na verdade, eu até o odiava... Então aconteceu.

Estávamos na mercearia de meu pai, ele estava no armazém e eu no balcão, então entrou o que, nos filmes, chamariam de “vilão”. E esse vilão apontou uma arma para a minha cabeça. Achei que era o meu fim, que morreria ali, naquela hora.

E na hora que ele ia disparar, ele apareceu, acertou-lhe na cabeça e o fez apontar a arma para o outro lado, pena que isso custou ao herói um braço bom...

Pois é, o nome desse herói é Jason Rossetti e, apesar de você achá-lo um pouco metido ou grosseiro no começo, se tentar conhecê-lo melhor, vai ver que ele é demais e um ótimo amigo... Digo isso por experiência própria...

Fim

“mas nem somos amigos...” – pensa Jason, que continua de cabeça baixa.

–Jason – chama a professora, ele olha para ela – você fez a lição?

–ele passou a noite no hospital – diz Kim

–ele sabe falar, Kim, mas obrigada... Jason, você pode trazer amanhã, ta querido?

“ótimo, agora não sou mais o capeta, sou o coitadinho... Não que eu gostasse do titulo de capeta...” – pensa Jason, mas continua em silêncio. Apenas assente com a cabeça.

–você se acha demais, não é? – diz Thomas ao ver Jason sair da sala para o recreio. Jason apenas finge não ter ouvido nada e continua andando – ei, eu to falando com você, herói – disse dando ênfase na ultima palavra.

Jason para e da uma olhada por cima do ombro, sentiu vontade de dar um soco em Thomas e arrebentar seus dentes, mas então se lembrou do braço machucado.

Nunca tinha brigado ou discutido com Thomas, mas aquele garoto era realmente irritante: ficava contando piadas sem graça, rindo e cantando a aula toda. Jason ouvia seu nome sendo pronunciado inúmeras vezes, provavelmente ele estaria falando para Laura, que senta ao seu lado, sobre como Jason era sério e sem graça, ou imitando ele. Além disso, Thomas é boleiro, e Jason sempre teve certo ódio de boleiros em geral.

Na verdade Jason esteve torcendo dês de o inicio do ano que Thomas implicasse com ele, para poder arrebentá-lo, mas agora, estava com o braço machucado, e, apesar de ser destro, ia ser difícil lutar só com um braço bom, já que a qualquer toque, seu braço esquerdo poderia voltar a doer e é difícil dar socos enquanto tenta defender certa parte do corpo.

–Jason, Jason, Jason... – Thomas disse caminhando até perto dele – sabe, no meu antigo, aliás, nos meus antigos colégios, eu sempre fui o mais popular, tanto da minha turma, quanto do colégio... Porém, nessa escola tem um problema, sabe qual é, Jason? – ele aponta o dedo para Jason, deixando-o a poucos centímetros de seu nariz – você.

–se gosta do seu dedo, sugiro que o tire daí imediatamente – alerta Jason, apesar de não querer brigar naquele momento, odiava quando alguém lhe apontava o dedo. Thomas solta um riso malicioso e abaixa o dedo.

–opa, vai com calma, não estou aqui para brigar... Pelo menos não por enquanto. Sugiro que baixe a bola, sabe, pare de enfrentar os professores, pare de brigar, comporte-se como um aluno normal, e, principalmente, pare de fingir que não se importa! – diz Thomas

“fingir que não me importo? Ah, ta, beleza... Qual o problema dessa gente?” – pensa Jason, não era a primeira vez que alguém achava que o “foda-se” dele era só pose.

–e então? O que me diz? Vai fazer o que eu falei ou eu vou ter que dar um jeito em você? Escute, eu tenho muitos contatos e... – Jason o interrompe

–ah, cale a boca, já cansei de te ouvir! Eu to cagando e andando para o título de mais popular, se não quer que eu me meta em confusão, mantenha a confusão longe de mim, que eu não tenho paciência para fazer isso... – Jason ia se virar para sair, mas não resistiu e se virou novamente – mas, só para constar, mesmo que eu não seja mais o mais popular, não será você, por que todas as piadas que você conta eu vi há anos no Orkut...

–me insulte mais uma vez e será feito em pedaços! – grita Thomas

–cara, você não pode ficar quieto um segundo sequer? Você é daqueles que falam demais, mas na real, não dizem merda nenhuma... – diz Jason e dá as costas. Thomas não responde.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? E sim, a última frase de Jason é um trecho de uma música do Matanza...