Jason chegou em casa 19h. Seu pai e Ketlin lhe esperavam sentados no sofá.

-onde você estava?! – grita Marcio levantando-se ao ver Jason entrando na casa.

-tinha ido ao parque e depois na casa de uma amiga... – diz calmo como sempre

-e pediu para quem para sair?! – Marcio continua gritando. Jason vai em direção ao quarto sem dizer nada. Marcio o segue – me responda garoto! – Jason perde a calma.

-responder o que?! Dês de quando eu preciso pedir pra você pra fazer alguma coisa?! Dês de quando você se importa comigo?! – grita Jason

-o que?! Acha que não precisa de minha permissão para fazer as coisas?! Você acha que se manda?! Olha aqui, enquanto você viver sob o meu teto e comer da minha comida, eu mando em você, entendeu?! – grita Marcio. Jason fica em silencio – está de castigo... Um mês sem sair de casa, fora ir para a escola e trabalhar, sem ver TV, sem usar o computador e nem jogar vídeo games! – diz Marcio

-trabalhar? – pergunta Jason sentando-se na cama

-sim, trabalhar, você já tem 16 anos! Vai arrumar um emprego queira ou não, pois não vou mais te dar dinheiro, não tem mais essa de mesada, se quiser dinheiro para sair, terá que trabalhar, ouviu? – diz Marcio. Jason permanece em silencio – fique aí, daqui algum tempo eu venho te chamar para jantar...

-ah, faça como sempre: nem se preocupe comigo. Eu não to com fome – diz Jason. Marcio sai do quarto sem dizer nada. Jason tranca a porta.

“ótimo, um mês sem poder sair... Foda-se a TV, o PC e o vídeo game, eles perderam a graça quando eu tinha oito anos... Tudo perdeu a graça quando eu tinha oito anos...” – Jason podia ser o cara mais durão do universo, mas ele perdeu a mãe do jeito mais cruel que se pode imaginar e lembrar disso não era nada fácil. Ele pega a foto da mãe na primeira gaveta de sua escrivaninha, se joga na cama, enfia a cara num travesseiro e começa a chorar abraçando a foto – “se tivesse sido eu... Mas por que ela?! Por que ela?!” – sempre que pensava nisso, Jason se esquecia do resto do mundo, se esquecia de todos os seus problemas, podia não parecer, mas sofria muito com a morte da mãe, ele sentia-se culpado pela morte de Marlene J. Rossetti. Ketlin era legal e estava com seu pai dês de que ele tinha 10 anos, mas não era a mesma coisa, ninguém poderia substituir a mãe.

O pior é que para Jason não chorar, ele se tornava amargo, arrogante e com isso não conseguia amigos, e com isso não tinha com quem desabafar, quer dizer, já havia contado isso a mil e um psicólogos, mas não era como ter um amigo que você possa desabafar e contar para o que der e vier, ele tava recebendo para ouvi-lo.

Jason tinha o desejo de morrer dês de os 11 anos, quando começou a ser desprezado por todos, quando sua visão sobre o mundo realmente mudou, quando a ideia dele mudou de “o mundo é perfeito” para “a vida é injusta, o mundo é podre e as pessoas falsas”. Talvez não se matasse por medo de morrer, mas talvez fosse por ele se odiar, sim, ele se odiava, se odiava mais do que odiava aos outros, e se ele morresse pessoas que ele odiava menos que a si próprio iriam sentir sua falta. Mas a cada dia mais ele pensava que se sumisse de repente ninguém iria sentir sua falta. Estava pensando seriamente nisso, sua vontade naquele momento era de sair pela rua sem rumo, com um pouco de sorte ele seria encontrado por algum assassino e morto, ou alguém já tenha pagado para matar ele, afinal, Jason tinha muitos inimigos, que antes se diziam amigos do mesmo.

-Jason! – ele volta à realidade com seu pai batendo violentamente a porta – abre essa porta! – Jason guarda a foto na gaveta e destranca a porta – o que você ta aprontando? – Marcio abre a porta e olha o quarto todo. Jason estava morrendo por dentro, mas tinha que manter a postura, não queria ser fraco, se chorasse agora seu pai acharia que era fingimento, no mínimo, mas não queria brigar com seu pai, não agora. Então ele faz o de sempre, mantém a calma e sofre em silencio.

-eu já vou jantar – diz serio – não se preocupe, não vou sair pela janela ou botar fogo na casa – diz Jason como se lesse os pensamentos do pai. Marcio sai sério do quarto.