Viagem Ao Centro De Clara escrita por Chona


Capítulo 6
Capítulo 6: Vaca odiosa


Notas iniciais do capítulo

Bom primeiramente quero dizer que esse capítulo é bem curtinho, mas é bom. HAHAHA enfim, é só isso. Espero que gostem.
Boa leitura.
Thay.



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O dia amanheceu diferente. Ele parecia que estava prevendo ou esperando algo.  Pode parecer presunção da minha parte, mas eu acho que era eu. O dia esperava algo de mim. Reservava alguma coisa pra mim.

 Infelizmente eu vou decepcioná-lo porque eu pretendo ficar o dia todo na cama, vendo minhas séries de TV favoritas, ou algum filme de comédia. Pra ter nem que seja alguns minutos de riso verdadeiro.

Quando deu três e vinte da tarde eu ainda não tinha levantado da cama. Nem pra ir ao banheiro ou trocar de roupa. Pulando de canal em canal, parei em um que em poucos minutos começaria um filme de roadtrip. Arrumei os travesseiros e me ajeitei na cama. A porta do meu quarto foi aberta com violência e minha mãe parecia mais que brava, ela parecia furiosa.

   - Você acha que está onde pra ficar até essa hora da tarde feito uma vagabunda na cama? Isso aqui é uma casa Clara, não um bordel.

   - Eu só quero ver o meu filme mãe. Precisa da minha ajuda pra alguma coisa? – eu fui até simpática,afinal ela não estava me ignorando. Estava brigando comigo, mas isso é melhor que não me notar.

  - Eu não preciso de você pra nada Clara. Você é uma preguiçosa. Devia fazer algo de útil com a sua vida. Ficar deitada na cama o dia inteiro não vai te levar a lugar nenhum. Acho que nem capaz de ir fazer alguma coisa você é. Uma vergonha pra família isso que você é. – durante todos esses meses eu aguentei calada todos os insultos da minha mãe. Até concordei com ela em algumas coisas. Mas acho que ter tido a discussão com o homem do posto fez com que o meu curto pavio voltasse. E tudo que eu consegui enxergar foi minha mãe perto da beirada da cama gritando comigo. Isso me deixou tão puta. Em um segundo eu estava em pé em cima da cama gritando com ela de volta.

   - Você não faz merda nenhuma da vida. É uma inútil, por que não vai procurar emprego? Não cansa de ser esse peso morto na vida do meu pai não?Eu sou a filha dele. E você?  Você é uma pessoa horrível! Uma mulher horrível! Uma mãe horrível! Eu tenho pena do meu pai por ter que te aguentar, sua vaca odiosa. – ela arregalou os olhos. Eu nunca tinha dito nada do tipo pra minha mãe em toda a vida. Mas agora que comecei tudo que eu nem sabia que estava preso, fazia força na minha garganta pra ser jorrado na cara dela. - Todos esses meses você só disse coisas ruins pra mim! Não me deu nenhuma porra de abraço. Não perguntou como eu estava! Nem uma vez sequer, você quis saber como eu estava me sentindo com isso tudo. Você foi a minha maior decepção dessa história, porque as pessoas de fora foi compreensível a atitude delas, agora, você, minha mãe, me virar as costas, foi como uma facada no peito. Você não é digna de ser casada com o homem que você é! Meu pai merece alguém no mínimo que seja mais humana que você! E quer saber de uma coisa? Cansei! Cansei de você, cansei desse povo de merda me criticando cada porra de segundo. Então vá se foder. Vai pro prostíbulo de onde você veio.  

  Suspirei, cansada. Ai como eu senti falta de uma boa discussão. Eu devia estar até vermelha por ter gritado e por ter falado tanto. Minha mãe me olhava desconcertada encostada na parede.Eu nem notei que ela tinha se afastado da cama. Ela esperava que eu ficasse quieta enquanto ela me esculachava, exatamente como aconteceu nos últimos meses, e admito até eu mesma achei que fosse acontecer isso.

   - O que está acontecendo aqui? – meu pai chegou na porta, me vendo vermelha em cima da cama e minha mãe na parede. – Eu ouvi uma gritaria lá do jardim. Você veio brigar com ela de novo? – ele perguntou se virando pra minha mãe. Ela arregalou ainda mais os olhos e correu para o meu pai colocando os braços ao redor dele.

   - Ela disse coisas horríveis pra mim, amor. – disse com a voz chorosa. Arqueei uma sobrancelha.

     - Você é..puta merda.  Vocês podem me dar licença? – pedi descendo da cama e indo segurar a porta. – Eu  quero ficar sozinha.

     - Falo com você depois. – meu pai disse ainda abraçado a minha mãe. Girei o braço no ar, impaciente. Eles saíram fechei a porta. Sem bater porque não sou uma garotinha com raiva mais.

 Minha mente trabalhava a mil por hora. Escutei meu pai saindo com o carro e fui até a janela. Ele provavelmente estava levando minha mãe pra dar uma volta. Olhei pra TV ainda ligada e a personagem do filme estava arrumando as malas pra e colocando as coisas no carro. A ideia veio como um estalo em minha mente.

Sem pensar duas vezes coloquei as primeiras roupas que encontrei dentro da mochila. Junto com escova de dente, creme dental, absorvente,meus fones de ouvido, barras de cereais de diversos sabores, duas garrafinhas de água. Claro que não poderia esquecer dos meus cadernos, livros e canetas, sem eles eu não sou nada. O dinheiro que juntei durante meses, está no bolso e a coragem à minha frente. Tudo pronto eu sai em passos lentos rumo a garagem, olhando ao redor pra não esquecer de onde eu passei a vida toda. Já dentro do carro não olhei mais para trás. Agora sou somente eu, e eu mesma. Nem sei se vou me suportar, mas a escolha já foi feita.

Rodei sem rumo pela cidade durante alguns minutos. Até que uma placa de transito me interessou estava escrito: São Paulo. 


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? Comentem!!!!!! HAHA Até mais.