Sarah. Sarah. Sarah.

Aquele nome não saía da cabeça de Alice.

Não pode ser, não pode ser, Alice repetia para si mesma. Tem que haver outra resposta. Não pode ser ela.

- Você tem certeza de que pode ser essa... Sarah? – perguntou a Rainha Branca, parecendo um pouco preocupada.

- Acho melhor irmos consultar alguém sábio – disse o Chapeleiro. – Vamos perguntar ao Absolem.

Alice ficou se perguntando porque não tinha pensado nisso antes. Precisavam da opinião de alguém sábio, e não havia ninguém melhor que Absolem para responder as perguntas que tinham. Era preciso apenas ter atenção ao que ele falasse.

Não precisaram correr muito para achá-lo. Como se tivesse adivinhado que o estavam procurando, Absolem apareceu em cima de um cogumelo que havia no jardim do castelo da Rainha Branca.

- Procurando por mim? – perguntou, enquanto passavam.

- Absolem! – exclamou Alice, indo ao seu encontro. – Precisamos da sua ajuda.

- É o que parece.

- Você sabe de alguma coisa sobre a invasora?

Absolem parou por alguns instantes, olhando-a fixamente nos olhos e depois focou-se num canto distante. Parecia estar refletindo.

- Pelo que sei... você sabe mais sobre isso do que qualquer um aqui.

- Sei?

- Sabe... mas deve tomar cuidado com as suas suspeitas, pois nem tudo o que vê, pode ser a verdade.

Em seguida, desapareceu numa nuvem de fumaça, deixando Alice, o Chapeleiro e a Rainha Branca confusos com seus próprios pensamentos. Alice não conseguia enxergar mais nenhuma opção além de que a invasora era Sarah. Nada mais entrava na sua mente, mas o que Absolem dissera apenas a deixou mais confusa.

- O que vamos fazer? – perguntou o Chapeleiro, parecendo um pouco aflito.

- Temos que encontrá-la. Mas por onde começamos?

Então um som nada estranho os assustou. Era um pássaro.

Era o pássaro FelFel.

- Não pode ser – sussurrou a Rainha Branca.

Alice e o Chapeleiro viraram-se para ela, esperando que continuasse.

- Ele não pode ter saído sozinho. Só se alguém o tivesse libertado.

- Então vamos ao castelo! – disse o Chapeleiro, já dando a volta.

- Esperem! – exclamou a Rainha Branca. – Vocês irão precisar de uma montaria ou não chegarão a tempo de saber quem fez isso. Chapeleiro – e ao dirigir-se a ele, este fez uma reverência um pouco exagerada, fazendo Alice prender um pouco o riso – sabe onde encontrar cavalos. Providencie um para você e um para a Alice. Estarei aguardando a sua volta e espero que tragam notícias. Acho que conseguem resolver isso sem mim.

Alice sentiu-se um pouco receosa, porém confiante. Sabia o que fazer.

Trataram de montar em seus cavalos e seguir até o castelo da Rainha Vermelha – que não se encontrava no País das Maravilhas no momento, e sim na Marginália.

Pareciam estar apostando corrida durante todo o percurso até o castelo. Cavalgavam cada vez mais rápido, preocupados apenas em chegar o quanto antes. Alice às vezes lançava uns olhares rápidos ao Chapeleiro, mas voltava seu foco à estrada rapidamente, para não acabar caindo.

Finalmente chegaram ao castelo da Rainha Vermelha. Como se nada tivesse acontecido, estava do mesmo jeito que Alice vira da ultima vez. A única diferença era que agora não havia mais cavaleiros vermelhos em lugar algum.

Desceram dos cavalos e seguiram a pé até a entrada do castelo. Alice olhava, meio assustada, para os lados enquanto andava, esperando que alguém aparecesse para impedi-los de entrar, mas ninguém apareceu.

- Vamos acabar logo com isso – disse Alice, entrando na frente.

De alguma maneira, Alice sabia onde encontrá-la. Parecia óbvio onde estava. Foi, então, caminhando a passos rápidos até o trono da rainha. Ao abrir a porta principal do salão, deu de cara com o trono vazio, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, uma voz falou antes dela:

- Alice Kingsley – soou uma voz feminina vinda de trás do trono que Alice reconheceu na mesma hora, sentindo um frio na barriga e uma vontade incontrolável de correr e matá-la. Logo em seguida, ela saiu de trás do trono para mostrar seu rosto, e Alice não teve mais dúvidas: era Sarah, sorrindo para ela, mostrando seu triunfo. – Sabia que viria me ver.