Logo de início, Alice não soube o que fazer. Como deve ser viver no mundo do espelho? Como seria viver com tudo ao contrário? Ou será que é só aqui dentro?

Aquelas perguntas pareciam não ter uma resposta coerente. Por mais curiosa que Alice estivesse, algo a incomodava mais: Sarah. Aquela garota estava com o seu diário e Alice mal podia imaginar o que poderia acontecer caso ela conseguisse chegar ao País das Maravilhas. Mas como ela conseguiria ir para lá? Esse sonho é meu, só eu posso sonhá-lo, ninguém mais! Mas parecia que nem ela mesma conseguia se convencer disso.

Alice rumou para fora do banheiro e onde deveria estar o corredor da escola, estava uma sala redonda com uma porta um pouco mais à frente. Será que é aquela mesma sala? Terei de tomar o suco minimizador novamente e entrar por uma porta minúscula? Sim, Alice acertara: logo em seguida ela conseguiu visualizar uma porta mínima, na qual a chave que estava sobre a mesa conseguia abrir.

Pegando a chave na mão e apertando-a com firmeza para não perdê-la, Alice tomou o suco e aguardou-o fazer efeito. Em poucos segundos seu corpo diminuía e suas roupas ficavam folgadas. Por sorte, suas roupas de baixo ainda cabiam. Alice encaixou a chave na fechadura e rodou, quando a porta abriu e lhe mostrou, do lado de fora, um grande jardim florido. E mais uma vez ela estava no País das Maravilhas.

- Consegui! – exclamou, dando pulinhos de alegria. De repente Alice sentiu-se uma criança novamente. – Não acredito que consegui!

- Falando sozinha, minha cara Alice? – soou uma voz distante e sonolenta atrás da garota. Quando virou-se, deu de cara com Absolem em cima de um cogumelo.

- Ah, oi, Absolem, como vai? – Alice nunca esquecera as boas maneiras.

- A pergunta a se fazer é se você está.

Ele sabia de tudo. Ele sempre sabia.

- Preciso impedir que algo muito ruim aconteça aqui.

- Não vai conseguir impedir nada estando desse tamanho – observou. – É melhor dar um jeito de crescer.

- Acho que tenho um pouco de apple strudel aqui – disse uma voz vindo de outra direção. Quando Alice se virou, era o Coelho Branco que falava, esticando para ela um pequeno bolo.

- Obrigada – então deu uma pequena mordida no bolo, aguardando o efeito. Logo ela ganhou altura, mas não sabia se estava num bom tamanho ou maior. Esperava não estar gigantesca.

- Imagino que esteja procurando pelo Chapeleiro – observou o Coelho. Alice não soube o que responder, abriu a boca, mas nada saiu. – Bom, acho que sabe onde encontrá-lo.

Alice sorriu e seguiu seu caminho. O Chapeleiro estava sempre tomando chá. Para ele, toda hora é sempre hora do chá.

Enquanto caminhava apressadamente, Alice se pegou perguntando será que ele se lembra de mim? E se tudo não tiver passado de um sonho? E se hoje for apenas um sonho?A ansiedade ficava cada vez maior à medida que chegava mais perto. Até que Alice finalmente localizou a mesa, porém ele não estava lá. Onde mais ele estaria?

- Eu sabia que você voltaria – soou uma voz vinda de trás. Alice não precisou se virar para saber quem era. Sentiu um frio na barriga e imediatamente abriu um sorriso: era o Chapeleiro.