Perfect escrita por KaahEvans


Capítulo 4
Alice


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Desculpem pela demora, mas vocês já sabem o motivo, né? Bom, felizmente minha internet está de volta e agora vou poder postar com mais frequência.

Que agradecer às três PERFEITAS que recomendaram a fic:

VictoriaLopes

Mia Lacerda

Darinhaassis

Muito obrigada pela recomendação, esse capítulo é pra vocês! ;D

Espero que todos gostem do capítulo.



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Saia do carro, abaixe a cabeça e caminhe cuidadosamente até a sala de aula. Ninguém vai te notar.

Saia do carro, abaixe a cabeça e caminhe cuidadosamente até a sala de aula. Ninguém vai te notar.

Saia do carro, abaixe a cabeça e caminhe cuidadosamente até a sala de aula. Ninguém vai te notar.

Eu repetia essa frase sem parar em minha cabeça, como um mantra. Eu precisava de algum apoio e a única forma que eu consegui pensar para relaxar foi repetir isso para me dar pelo menos um pouco de coragem.

Fiz exatamente isso. Abri lentamente a porta da picape e saí da cabine já com a cabeça baixa. Joguei minha mochila em meu ombro e caminhei pelo estacionamento lentamente, tomando o cuidado de não tropeçar e não esbarrar em ninguém. Eu tinha estacionado em uma vaga afastada dos outros carros e estava passando com certa distancia deles, mas mesmo assim pude ouvir risos me seguindo. Meu coração se apertou com isso.

Quando finalmente entrei no prédio da escola não havia como escapar, o corredor era estreito demais para eu tentar manter distancia, mas ainda sim continuei com a cabeça baixa e com o andar cuidadoso. Eu estava quase em minha sala de aula e não havia esbarrado em ninguém e ninguém havia esbarrado em mim.

Cantei vitória antes da hora, pois meio segundo depois fui empurrada contra um armário qualquer do corredor. Meu corpo protestou com a dor, mas não soltei nenhum ruído que denunciasse meu desconforto.

Levantei meu olhar com muito receio e vi Jessica e Lauren paradas a minha frente. Elas tinham me empurrado, é claro! De alguma forma elas não tinham me confrontado ontem e me surpreendi com isso, elas não perdiam uma oportunidade de acabar comigo.

– Oi, Bella! É uma pena não termos nos encontrado ontem. – Lauren começou.

– Estávamos com saudades! – Jessica completou rindo e Lauren revirou os olhos.

– Na verdade, nós viemos aqui para falar sobre sua foto em seu novo emprego. – Lauren falava com sua voz nasal que combinava perfeitamente com a de Jessica. – Você ficou linda e sabe, ele combina perfeitamente com você. É nojento como você! – ela sorriu docemente e inclinou a cabeça para o lado.

Eu me sentia suja somente por ouvir o que elas pensavam sobre mim. Eu me sentia tão... Quebrada! Não, essa não era a palavra certa. Eu estava estraçalhada! Eu sentia vontade de chorar, mas é claro que não o fiz. Sorri para elas, em vez disso, e soltei uma risada forçada e nervosa. Pela expressão das duas, eu pude ver que elas não pegaram o nervosismo e também não notaram que meu sorriso era forçado. Eu sabia que elas não notariam, eu tinha o melhor sorriso falso do mundo.

Elas não criaram problemas quando eu tentei passar por elas, então continuei andando cuidadosamente e com a cabeça baixa.

Sentei-me em meu lugar na aula de inglês. O professor não tinha chegado ainda, ele sempre se atrasava. Eu me sentava sozinha nessa aula, na verdade, eu me sentava sozinha em todas as aulas, exceto biologia. Então, enrijeci quando ouvi a cadeira ao meu lado se arrastar no chão. Não olhei para ver quem era. Continuei a encarar minha cadeira, desejando que a pessoa fosse embora.

– Olá! – uma voz de sinos soou ao meu lado. Olhei para o lado e vi que quem tinha se sentado ao meu lado era uma menina pequena e magra, ela era muito pálida, quase tanto quanto eu, mas ela tinha um ar saudável, diferente de mim. O cabelo dela era curto e negro como a noite. Por um momento pensei que ela fosse fazer algum comentário maldoso, mas ela não fez. Ela continuava a me olhar como se esperasse algo, então me toquei que ela estava esperando que eu a cumprimentasse.

– Oi. – respondi timidamente. Ela sorriu.

– Meu nome é Alice. Temos essa aula de inglês juntas há dois anos e só agora eu tive coragem de falar com você! – ela riu. – Bella, não é?

– É. – balancei a cabeça afirmando.

Surpreendi-me com duas coisas que ela disse. A primeira foi seu nome, Alice. Sem dúvidas era Alice Cullen, era a única Alice na cidade, pelo menos é a única que eu sei. A segunda era sobre termos essa aula juntas há dois anos. Eu teria notado ela aqui se compartilhássemos essa aula há tanto tempo, não é? Será que eu estava tão alheia as coisas ao meu redor assim?

– Sabe, eu acho isso muito legal em você! – ela falou me olhando intensamente, ela ainda estava sorrindo, mas era um sorriso leve agora. Ela parecia quase... Admirada? Eu não sei dizer.

– Isso o que? – perguntei entediada. Eu sabia o que viria agora. Uma piadinha, uma zoação ou algo parecido.

– Isso de você não ligar para as brincadeiras idiotas que fazem com você. Acho que se fosse comigo, eu abandonaria a escola ou ficaria chorando o dia inteiro. – ela falou divertida.

Algo dentro de mim estalou. Era como uma corda invisível que separava a Bella que todos conheciam da Bella que eu realmente era.

Será que era assim que eu parecia por fora, indiferente? Eu quase não podia acreditar que as pessoas fossem tão cegas. Eu estava destruída, não conseguia passar um momento sequer sem me sentir feia, rejeitada e excluída. Não passava um segundo sem que eu sinta uma dor em meu peito. Por que ninguém conseguia ver isso?

Mesmo não entendendo como ninguém podia ver algo que para mim era tão óbvio, eu me senti feliz. Não, feliz não. Aliviada. Sim, aliviada por saber que meus esforços para parecer normal estavam dando resultado. Eu não queria que ninguém soubesse o que acontecia comigo. Nenhuma das coisas que aconteciam comigo, por que se alguém descobrisse uma delas, logo descobririam as outras. E ninguém poderia saber que eu me cortava.

Eu preferia morrer, a saber, que alguém descobriu sobre os cortes. Meus cortes não eram algo de que eu me orgulhava. Pelo contrário. Eu sentia vergonha deles. Como não sentir, não é mesmo? Eles eram horríveis, me deixavam mais horrível do que eu já sou. E eles eram a prova de quão fraca eu sou.

– Bella, você está bem? – levei um susto ao ouvir a voz de Alice. Eu tinha até me esquecido que ela estava aqui.

Pela primeira vez em muito tempo eu quis dizer que não. Que eu não estava nada bem. Eu queria poder dizer a Alice como eu me sentia, pelo menos para desabafar e poder sentir paz por finalmente colocar isso para fora. Mas Alice não precisava saber, e nem entenderia se soubesse. Então eu sorri para ela e disse a maior mentira que já saiu de meus lábios.

– Eu estou bem! – falei sorrindo levemente. Ela retribuiu o sorriso e ia falar mais alguma coisa, mas naquele momento o professor entrou na sala e começou a aula. Alice voltou para seu lugar parecendo chateada.

Eu não prestei muita atenção ao que o professor falava, eu ainda estava pensando no que Alice disse. Ela achava legal eu não me importar. Ah, se ela soubesse o quanto eu me importava. Se ela soubesse as coisas que eu fazia por tanto me importar... Ela provavelmente teria nojo se soubesse.

Quando a aula acabou eu recolhi meu material lentamente e segurei meu tylenol – que estava em meu estojo – em meus dedos, eu tomaria outro para a dor no corpo. Virei-me para sair da sala e arfei.

Alice estava parada bem na minha frente. Ela soltou uma risadinha ao ver minha reação. Senti meu rosto corar.

– Me desculpe, eu não queria te assustar. – ela falou não parecendo realmente arrependida – Eu só queria saber se você quer almoçar conosco. – ela acrescentou parecendo esperançosa.

– Conosco? – perguntei quietamente.

– Sim, comigo e com meu irmão. – ela parecia tão empolgada com a ideia que estava dando pulinhos sem tirar os pés do chão.

Olhei para ela com a expressão em branco. Eu não sabia exatamente o que ela queria comigo, mas eu tinha certeza que boa coisa não podia ser. Afinal, o que uma garota como ela poderia querer com alguém como eu? Rir de mim, provavelmente.

Alice não parecia ser o tipo de pessoa que machuca as outras, havia algo nela que era diferente. Mas eu não queria arriscar. Ela não parecia uma pessoa ruim, mas a maioria deles também não parecia.

– Por quê? – eu não resisti em perguntar. Olhei diretamente em seus olhos agora, ela retribuiu o olhar.

Eu não sei o que Alice viu em meus olhos que fez sua expressão mudar. O sorriso dela foi diminuindo até não existir mais e ela franziu o cenho levemente.

– Eu só queria ser sua amiga! – ela respondeu com um fio de voz.

Eu não acreditava nas palavras dela por mais sinceras que pareceram. Por que ela queria ser minha amiga, afinal? Ninguém gostava de mim, por que logo ela gostaria? E por que ela resolveu falar comigo somente agora se já temos aulas juntas há anos? Isso só podia ser alguma armação. E eu tinha quase certeza de que o irmão dela, Edward, estava envolvido nisso.

– Não é uma boa idéia! – falei jogando a mochila em meu ombro e saí de lá rumo a minha próxima aula.

Eu não sei se o que vi foi real ou se era somente minha mente brincando comigo, mas eu podia jurar que vi a expressão de Alice se contorcer antes de eu ir embora.

As aulas passaram rápido. Em cada aula e principalmente nos corredores eu podia ouvir alguém rir enquanto eu passava, mas hoje isso não me abalou tanto. Talvez por que eu fiquei o resto do dia repassando a curta conversa que tive com Alice em minha cabeça.

Sentei-me em minha mesa habitual, do lado de fora do prédio da escola, na hora do almoço. E outra vez eu senti aquela mesma sensação de estar sendo observada, mas não me virei para ver quem era. Abri meu livro e o olhei sem vê-lo realmente. Minha mente não conseguia assimilar uma única palavra escrita ali.

Fui para biologia com um pouco de medo. Se Edward realmente mandou a irmã aprontar alguma comigo, ele ficaria com raiva por ela não ter conseguido. Então ele tentaria algo sozinho? Era provável que sim.

Sentei-me em meu lugar um pouco aliviada por ele não ter chegado ainda. Abri meu caderno e fiz traços aleatórios na ultima folha até o professor chegar. O professor começou a aula e Edward ainda não tinha aparecido, isso me animou. Eu não tinha visto ele ou seus amigos na escola hoje, graças a Deus! Eu não suportaria olhar para eles, ver o quanto me humilhar os divertia era doloroso demais para mim. Os minutos se passaram e Edward não apareceu, mas a sensação de que ele estava armando algo contra mim não sumiu. Eu devia estar ficando paranóica.

Saí pelo estacionamento do mesmo jeito que entrei, de cabeça baixa e andando com muito cuidado para não esbarrar em ninguém. Surpreendentemente, ninguém me parou hoje, mas eu podia sentir olhos em mim todo o caminho até o carro. Entrei na picape e a liguei. Antes de sair vi pelo canto do meu olho duas pessoas olhando em minha direção.

Alice e Edward falavam um com o outro, mas olhando para mim. Nenhum deles parecia ter raiva, na verdade, eu notei um pouco de decepção em seus olhos, mas não sabia se era real ou somente coisa da minha cabeça.

E assim, fui para casa, satisfeita pelo dia não ter sido tão ruim quanto eu pensei que seria.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Mandem um review me dizendo tudo o que acharam do capítulo... Não seja uma leitora fantasma!