Jogo De Ideias escrita por Melo


Capítulo 2
Amor: 4 palavras, 2 idiotas




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O amor tem 4 letras, 2 vogais, 2 consoantes e 2 idiotas.




2 idiotas, sim. Com certeza. Um deles tenta terminar a faculdade de física, a outra, vive nas nuvens, no seu próprio mundinho, longe das preocupações, vivendo nas ilusões, pulando de fantasia em fantasia. Ela usa a minha vida para ser feliz, porque a dela esta repleta de ilusões fantásticas, que só a própria engenharia da sua própria mente e capaz de entender. E eu estou sendo infectado por sua loucura insana. Anne, estou sendo contaminado por você. Melhor dizendo, contaminado pelo vírus agoniante que chamam de amor. Consumido por um amor incondicional. A minha droga, que chamo de vida, e você: Anne. E se a abstinência dessa loucura, dessa droga sua, significa estar longe de você, prefiro ser um viciado por ti, por sempre. Que idiotice a minha. Idiotice de um ser apaixonado. Haa....... Espero que este amor também seja correspondido por ti...e que não seja uma mera ilusão de um “amor incondicional” que habita na minha mente, Anne.....




– “Amor incondicional”?...que bobagem você esta falando Icaro? Isso não existe...


– Ah??? Mas como assim Anne? Você não me ama? Incondicionalmente? Sem limites? Do tempo que estamos juntos Anne? Compartimos tudo, Anne, tudo! – disse atonitamente.

– Seu bobo. – ela me olhou de relance - O amor se aprende. O amor é um aprendizado, você aprende a gostar de uma pessoa, assim como você aprende a gostar de uma matéria ou de um livro. Logico, você tem as suas afinidades...mas tudo se aprende. Por exemplo, eu tenho uma queda por meninos que tenham cabelo meio ondulado ou encaracolado, nisso você já tem vantagem Icaro....- sem pensar, num reflexo, coloquei a minha mão no meu cabelo obscuro, sim, na verdade ele era meio encaracolado na frente, e com algumas mechas onduladas desajeitadas, espalhadas no meu cabelo sem forma. Realmente não gostava disso, sempre parecia que eu tinha o cabelo desajeitado.....

– E não necessariamente de loiros altos, com olhos azuis – continuo ela – Isso são meros parâmetros, aparências fúteis, Icaro, se bem que, não é a gente que escolhe a nossa aparência, já que somos incapazes de escolher antes do nosso nascimento o jeito que queremos ser, a nossa própria aparência, isso já é uma maldade da genética. Mas isso são apenas estereótipos e afinidades Icaro. Agora............... os gostos dependem. Hoje posso gostar de um baixinho (ela se referia a mim....), mas amanha posso gostar de um moreno, alto – ela disse, com um tom despreocupada, sem dar o mínimo de valor naquele comentário.

– Ahhh? Mas como assim? – disse atônito, aflito, com uma grande pitada de inveja. Droga, será que ela já conheceu um moreno......e alto?, pensei. Ela riu da minha cara, aflita e ao mesmo tempo, engraçada. Realmente devia ser uma expressão muito engraçada. Mas, mesmo assim......Anne.

– hahahahahaha Icaro...qual é? Eu te amo – ela disse sorrindo, descontraída. – Eu aprendi a te amar Icaro. Aprendi a gostar de você, do seu jeito de ser, de você, único, Icaro. Das coisas que você faz, dos pensamentos que eu admiro. Sim, porque toda amor começa com certa admiração, admiração de algo seu, de uma atitude sua, sim, porque para eu poder te amar, eu preciso primeiro te admirar. Por isso que eu gosto de você, não, mais do que isso, é algo muito mais forte: eu te amo, Icaro. Mas para te amar, para estar na mesma sintonia com você..... – ela parou, houve um curto silencio, ela olhou para um lado, para onde eu estava e olhou fortemente nos meus olhos claros, abriu levemente os lábios, como se ia dizer alguma coisa....mas não houve resposta, apenas a sua linda silhueta, os seus cabelos castanhos escorregando no seus ombro, enquanto ela se aproximava de mim......e uma resposta bem perto do meu ouvido:

– Para estarmos na mesma sintonia, para que esta sutil melodia de amor seja harmônico......precisamos nos admirar Icaro. Admirar e confiar nas atitudes do outro. Admirar os seus pensamentos, personalidades, esforços, que o fazem único. Eu gosto de você Icaro, porque te admiro. E através da admiração que consigo te amar Icaro. Mas quando te amo, não é apenas uma admiração frenética, de uma fã. Quando sou capaz de te amar, aprendo com os teus defeitos, aprendo a ver os teus defeitos e fraquezas, mas não os críticos, porque isso significa amar....eu não te critico Icaro, nem te idolatro. Eu te amo Icaro. Quando te amo Icaro, aprendo contigo, aprendo, a cada dia a te amar, aprendo a cada dia um pouco do teu ser....Aprendo a te amar a cada dia, a viver a vida junto com você. Eu aprendi a te amar Icaro, aprendi a gostar de você. E eu não foi obrigada a faze-lo, simplesmente foi uma escolha minha, porque algo de você me atraiu. Assim como poderia acontecer com qualquer outro. Podia ser qualquer outra pessoa, qualquer outro ser. Eu aprenderia a gostar, a amar, ou a rejeitar, quem sabe. Nos temos escolha em nossas vontades. Mas quem sabe, apenas somos seres capazes de amar. De dar amor. E esta errado pensar que podemos amar uma única pessoa. Podemos amar muitas coisas Icaro. E diferentes pessoas em diferentes circunstancias. Por isso que não existe um “amor incondicional” Icaro, porque podemos amar muitas pessoas ao longo das nossas vidas, em diferentes circunstancias e admirar diferentes atitudes e características delas...isso, porque ninguém e perfeito Icaro. E é pela propia imperfeição que aprendemos a gostar.....a gostar do outro. Mas no momento em que comparto mais tempo perto de você, no momento em que aprendo mais de você e vou construindo a minha vida, desajeitada, ao teu lado, no momento em que permito você ser parte da minha vida e das minhas memorias.....ai sim Icaro, posso disser que te amo. Porque eu te aceitei, não apenas como uma parte a mais das minhas melancólicas memorias, das minhas experiências passadas, mas sim como uma peça fundamental da minha vida e como uma parte, uma pequena consciência necessária para completar a minha existência Icaro. E é por isso que eu te amo. E é por isso que aprendi a te amar.

"Wow....realmente não sabia o que fazer diante disso tudo. Realmente eu não sabia o que falar, pois os meus pensamentos estavam vazios, na sua forma original, escutando atentamente tudo o que ela dizia, palavra por palavra. Prestando o máximo de atençâo, porque esta era uma das poucas vezes que a via tão seria. E o pior que eu não sabia o que fazer, ou como me comportar, porque nesse exato momento ela estava falando de algo bem profundo. E o pior era: ela tinha razão. "

– Quando você faz parte incondicional e de maneira incessante dos meus pensamentos (mesmo que seja um incomodo que eu gosto)....ai eu posso falar que é amor Icaro. Falar: que eu te amo.

"E era do mesmo jeito, quando eu não podia tira-la da minha mente, por mais que a queria esquecer, apenas não podia, pois ela fazia parte, mesmo incesante, era um fantasma perturbante dos meus pensamentos indevidos. Mas eram estes mesmos pensamentos que eu mais gostava."

Ela continuou ao meu lado, bem próxima de mim, seus olhos azuis safira fitando os meus. A sua respiração bem perto da minha. Ela estava bem próxima de mim. E eu, sem dizer uma só palavra, um só pensamento ou resposta. Queria estar perto dela, mas perto digo. Bem mais perto. Aproveitei o ritmo da sua respiração, e me aproximei dela. As nossas mãos continuavam juntas, dadas, quase entregues. Juntei a minha testa com a dela, deixando uma pequena abertura de ar para poder respirar. As pontas dos nossos narizes levemente se tocaram. Não aguentei mais e com a outra mão peguei-a na cintura, acariciando. Acariciando-a, com sutis movimentos, incondicionalmente. A minha mente, a minha razão e consciência, tudo, absolutamente tudo estava entregue. Entregue em cada partícula dessa existência que me enlouquecia. As minhas caricias, as minhas atitudes, os meus pensamentos, a minha presença ali...estava entregue. Entregue em pensamentos confusos, obtusos, obsoletos....que chamamos de amor. Amor idiota, insolente esse.....mas freneticamente enlouquecem-te.

Como seria capaz de não te querer, de não te amar Anne? Como? De mãos entregues e beijos já dados....como seria capaz te não querer-te Anne?

Me diz como? Como seria capaz de cometer essa loucura? Loucura de não querer-te?


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