–Charlie, eu preciso falar com você - Ele estava sério.

–Pode falar, Dan - Sorri para ele.

–Charlie, eu..

–Acho que já está na hora de vocês entrarem.

Ah, pai.

Você tinha que chegar bem na hora?

(...)

P.O.V Dan 

Eu juro, eu estava prestes a revelar tudo para Charlie. Contar toda a verdade, tudo mesmo. Talvez tenha sido um sinal, para que eu esperasse. Eu não sei. Bob nos interrompeu e seu olhar me deu calafrios.

-Boa noite, pai - Charlie entrou na casa, mas antes me olhou de uma forma doce e sorriu.

-Boa noite, Bob - Fui para entrar na casa, mas ele me impediu. Segurou firme meu braço.

-Você não, Sebastian - E me olhou fundo nos olhos - Nós precisamos ter uma conversinha.

Ele foi em direção a viatura, eu achei melhor segui-lo. Bob estava com cara de poucos amigos. Entrei e fiquei em silencio, a minha respiração tensa era unica coisa que eu conseguia ouvir.

-Sebastian, o que você quer com minha filha? - Ele não me olhou, continuo virado para estrada e dirigindo rapidamente.

-Minhas intenções são as melhores, senhor - Respondi sincero.

-Sabe, eu sempre achei você um bom garoto. Um pouco perdido, mas pronto para achar o caminho certo. Agora, o jogo virou. Nós estamos falando da minha filha, e não sobre uma dessas garotas da cidade.

-Senhor, eu..

-Você acha que ela vai te perdoar? - Ele me interrompeu - Você cogita a possibilidade de contar para ela?

-Sim, eu acho que é o melhor a se fazer.

-Não, não é. - Ele trocou de marcha e acelerou. Tudo estava escuro, não sabia bem aonde estávamos indo - Você não pode despejar tudo isso em cima dela, não agora. Você teve suas chances, faz quase dois meses e meio que você está aqui.

-Eu..

-Seu empresário fez um acordo comigo e com a minha mulher. Você não vai mais precisar ficar aqui depois da feira. O acordo diz que sua banda vai tocar, e depois você vai embora. - Eu não sabia disso, Foster não me avisou de nada. - Tá, você faz seu show e vai embora. E como a Charlie vai ficar? Você vai deixa-la e ela vai ficar de coração partido.

-Me desculpe, senhor, mas não é bem assim. Tá, no começo eu não gostei daqui. Eu só queria saber de voltar para minha antiga vida, mas depois que conheci todo mundo melhor, depois que eu conhecia Charlie, tudo mudou. Eu gosto muito dela, e eu quero ficar com ela.

-Eu admiro suas palavras, garoto. Eu vejo sinceridade nelas. Eu não estou te pedindo como delegado, mas sim como pai. Se afaste da Charlie enquanto você pode, vai ser mais fácil para ela te esquecer. - Ele me olhou pela primeira vez desde que entrei no carro. - Foi doloroso demais perder meu filho, eu não quero perder a Charlie também. - O carro parou bruscamente.

-Eu amo a sua filha, não posso fazer isso.

-Sebastian, Charlie finalmente voltou a "vida". A faculdade, a feira, tudo está dando certo. Se você realmente ama ela como diz, você vai entender. - Ele destravou a porta - Pense nisso.

O encarei pela ultima vez. Não era o Delegado Sonencler que estava ali, mas sim o pai da Charlie. Abri a porta do carro e percebi que estávamos na casa novamente, creio que só demos voltas na quadra. Olhei o relógio e percebi que estava quase na hora da escola, só faltavam mais três horas. A porta estava destrancada, Charlie quando entrou deve ter só encostado.

As palavras de Bob martelavam em minha cabeça, e eu não sabia o que fazer. Era uma decisão muito difícil, mas não é como dizem? Quem ama liberta. Não, mas Charlie não me perdoaria. É melhor manter o segredo, pelo menos por enquanto. Lembrei de seu sorriso hoje, doce e sereno. Eu só queria largar tudo agora.

Fechei os olhos e parece que em uma piscada em já acordei. Levantei sonolento, demorei para me arrumar e já estava atrasado. Peguei qualquer coisa na geladeira e joguei na mochila. Parti correndo para escola. Por sorte o professor não tinha chegado ainda, e Hanna - com quem eu tinha essa aula - guardou um lugar para mim. Sorri para ela e me sentei.

Sr. Andrews - Que virou nosso professor regente - chegou sorrindo. Valerie? Será? Ele estava substituindo  professora de história que infelizmente se intoxicou com a comida da cantina. É, esse Hangar não é tão bom restaurante assim.

-Bom dia, pessoal - Ele largou os materiais na mesa.

-Porque toda essa felicidade, professor? - Allyssa perguntou com sua doce voz de taquara.

-"É mulher" - Alguém do time de futebol disse.

Ele ficou corado e um pouco nervoso.

-Não, não é isso - Ele riu nervoso - Como sabem, esse é o ano da formatura. E esse ano a escola mudou o roteiro da famosa viagem da formatura.

-E para onde vamos? - Algum aluno perguntou.

-Alunos, nós vamos para Los Angeles, Califórnia! - Todo mundo começou a gritar e a conversa foi geral.

-Ótima chance de contar seu segredo - Hanna sussurrou.

-Ótima chance de voce conhecer a sogrinha - Eu tive que rir. Ela me deu um tapa de leve na cabeça e murmurou um "idiota".

É, essa viagem vai ser perfeita. Além de poder rever meus amigos, que não vejo há meses, ainda vou poder falar com o pessoal da gravadora e abrir o jogo em relação a Charlie. Além de que vou poder mostrar a Charlie a minha cidade. Aula após aula e eu não conseguia tirar as palavras de Bob da minha cabeça. Será que era melhor revelar meu segredo? O que eu faria? Eu amo ela, mas não sei se vou estar certo revelando. Deus, preciso de ajuda. Blake, ele sim vai me ajudar.

P.O.V ALLYSSA ( BONUS )

Essa viagem foi perfeita, era o que eu precisava para finalmente agarrar meu badboy lindinho. Esse cachinhos vai ser meu de qualquer jeito. Espero que nossos quartos sejam perto. Meu Deus, como eu sou esperta. Tive um ideia genial!

Aproveitei o intervalo das aulas e fui falar com a pessoa que pode me ajudar. Michael estava deitado na mesa, com seus óculos escuros tomando um sol.

-Michael - Me aproximei e tapei o sol.

-O que você quer, Ally? - Ele tirou os óculos mau humorado.

-Eu sei como você está triste e chateado com Charlie, foi uma falta de consideração ela não ter voltado com você. Essa garota é uma escrota - Ele me olhou irritado - Desculpa, uma bobinha. Eu sei que você não gosta dela perto do Dan, e eu menos ainda. O cachinhos vai ser meu, e a Charlie pode ser sua. O que acha de me ajudar com uma coisinha? - Sorri diabólica para ele e ele me olhou confuso e intrigado.

Com a ajuda dele, tudo vai dar certo.

Ah, se vai.