Alyssa e Dan. Espera, ele saiu de casa hoje de manhã.

Mas o que?

(...)

P.O.V Charlie

Eu fiquei a primeira aula inteira pensando no que poderia ter acontecido com Dan, mas o fato de Alyssa ter faltado me deixou com a pulga atrás da orelha. Eu olhei para Hanna, e vi que ela pensava longe. Alguma coisa séria estava acontecendo. Teria ainda que aguentar 50 minutos de pura tortura, com uma entediante e chata aula de espanhol. Eu até gosto da matéria, mas essa Señorita. Valdéz me faz odiar cada minuto dessa aula. O sinal tocou, e eu sai da sala - uma das primeiras.

Glória a Deus, Aleluia.

–Hey, eu preciso falar com você. – Era Hanna.

–É, realmente precisamos conversar – Eu ri, lembrando de todos os momentos que tive com Dan, e que preciso dividir com ela – Pode falar.

–Eu terminei com Owen– Ela ficou séria.

–Por quê? Vocês brigaram? - eu não estava entendendo - Não, como assim? – a encarei.

– Ele vai ter que competir fora do país, e não estava querendo ir, eu não quero ser um peso em sua vida, e foi melhor assim. Continuamos amigos, eu acho – Ela sorriu.

– E porque diabos, você não esta em casa chorando, comendo sorvete e escutando The Fray?

–É só que, eu sinto que é o certo – Ela olhou para baixo. Espera, tem algo errado ai.

–Você não esta contando tudo. Tem mais, não tem? – Ela riu.

–Tem um cara – Eu sabia – Ele é novo aqui, e eu meio que estou tendo uma quedinha por ele.

–Ai Meu Deus – Eu falei atônita.

–Ai Meu Deus digo eu, olha lá – Ela me virou, e eu consegui identificar Alyssa e Dan conversando “animadamente”. Por que ela está quase sentada no colo dele?

–Que ódio dessa garota escrota - balancei a cabeça irritada - E o Dan? Parece que tá adorando. Isso não vai ficar assim. – Deixei Hanna, e fui em direção a eles. Dan me viu se aproximar, e colocou o braço ao redor de Alyssa.

–Interrompo?

P.O.V Dan

Eu cheguei atrasado, logo não consegui entrar para a primeira aula. Fui em direção ao refeitório e observei Alyssa, ela estava sentada em uma mesa lixando as unhas, e quando me viu fez sinal para que eu me aproximasse. Senti meu celular vibrando.

“Sebastian, eu não sabia que ele tava me seguindo. O assunto é sério dessa vez, pensa bem no que você vai fazer.

Tudo depende de você.

–Blake”

Reli a mensagem. Eu não posso fazer isso com eles, já os prejudiquei muito. Eu gosto muito da Charlie, acho até que estou apaixonado por ela, o que é inédito, mas não posso ficar com ela. O pior é que eu sei que ela gosta de mim, vejo nos olhos dela, mas ela não pode.

–Dan – me chamou.

Alyssa. Se Charlie me ver com ela, com toda certeza vai ficar brava. Ela precisa me odiar, vai ser melhor assim. Enquanto pensava nisso, mais triste ficava.

– Alyssa – Falei me aproximando. Que comece a tortura.

Nos seguintes 25 minutos eu só ouvi besteiras. Como Alyssa era diferente de Charlie, fútil e sem noção. Charlie. Tenho que parar de pensar nela.

O sinal tocou, e vi o pessoal saindo. Charlie estava conversando com Hanna, e eu notei que quando ela me viu, avisou Charlie. Ela então se virou, estava com o rosto em chamas. Ótimo, o plano começou a dar certo. Coloquei o braço ao redor de Alyssa, e Charlie começou a se aproximar, enfurecida.

–Interrompo? – Os olhos azuis soltavam faíscas.

–Sim – Alyssa falou.

–Dá licença, mas eu não falo com vacas. – ri baixo, essa foi boa. – Dan, posso falar com você.

–Sim – Me levantei e a segui. Ela foi até uma área afastada.

–Porque você falou todas aquelas coisas pra mim, e agora tá com a Alyssa no seu colo? – Eu me virei, não queria fita-la, e também não sei mentir tão bem. Minha cota já estava esgotada.

– Você acreditou em tudo não foi? – Ri forçadamente.

–Era tudo mentira então? Eu sabia - falou seca.

–Charlie, eu não quero nada sério com você. Aquilo foi momentâneo, eu estava me sentindo culpado por ter te falado aquelas coisas, fiquei com pena de você - cuspi aquelas palavras tão rapido, mas já estava me arrependendo.

– O que? Olha pra mim! – gritou. Me virei, e percebi que haviam lagrimas em seus olhos. Ela estava magoada.

– É a verdade, Charlie. Supere isso. – Falei seco.

– Você é a pior pessoa que eu já conheci. De todos os babacas que já passaram na minha vida, você definitivamente é o pior. – Limpou uma lágrima, e depois me olhou friamente. Esse foi o pior olhar que recebi, e daria tudo para não ter deixado Charlie assim.

Ela virou as costas, e foi embora.

Esse foi o pior momento da minha vida.

P.O.V Charlie

Sai em direção ao refeitório, as lagrimas teimavam em escapar. Eu não estava mais conseguindo me controlar. Vi olhares de meus colegas ,e não encontrei Hanna na multidão. Não posso mais ficar aqui. Corri até a sala, e peguei minhas coisas. Vi o portão aberto, e sai da lá.

Comecei a chorar.

Michael me magoou, sim, mas o que Dan fez foi muito pior. Eu nunca senti o que estou sentindo agora, simplesmente uma faca perfurou meu coração. Aquele babaca, idiota, retardado. Era uma dor tão grande. Eu prometi que não iria me deixar levar por esse sentimento idiota chamado amor.

Mas não, lá fui eu de novo. E o final da historia é sempre igual. A boba aqui termina chorando. Que raiva.

Estava vagando pelas ruas sem prestar muita atenção para onde estava indo, quando trombei com alguém. Estava cega por causa das lagrimas.

–Tá tudo bem? – cai no chão – Charlie, o que aconteceu? – Olhei para cima.

–Owen – Falei me apoiando. Ele me ajudou a levantar.

–Vamos conversar, você precisa me contar o que te deixou assim. – limpou minhas lagrimas – Eu tenho um lugar. - segurou minhas mãos. Apoiei o peso do meu corpo em seus ombros.

Olhei para as tatuagens em seu braço. Cada tatuagem uma conquista diferente.

Andamos por um bom tempo em silencio, nenhum de nós quis quebrá-lo.

–Chegamos – disse, e percebi que estávamos no galpão. O galpão dele. – Sei que voce gosta desse lugar – sorriu.

–É, você acertou –o acompanhei sorrindo.

–Ganhei o dia, você sorriu. – Assenti, e então entramos. Os preparativos estavam indo bem, e a presença de Luke era forte.

–Então, vai me contar? – Ele se sentou no skate.

–Não - falei categórica - Não vamos falar sobre esse babaca. Como você está? – me sentei ao seu lado.

–Como você, de coração partido. – riu fraco. – Eu to bem, sério - não sabia se ele estava confirmando para mim, ou para si mesmo - eu amo ela, e sempre vou amar.

–Eu sei, vocês continuam sendo meu casal favorito - fitei seus olhos.

–Obrigado - encarou o skate - Algumas pessoas não nascem com sorte para o amor.

–Concordo - bufei.

–Chars, eu vou embora mesmo essa vez. – me encarou.

Respirei fundo. Como poderia ficar triste por ele ir embora, se estava correndo atrás do próprio sonho?

–Eu fico feliz por você, mas triste porque vou ficar sem você - sorri.

–Eu nem te mostrei o que eu fiz – mudou de assunto bruscamente – Olha – me mostrou o braço, no pulso havia um coração pequeno e delicado.

–Que lindo.

–Eu fiz pensando em você, essa tatuagem em sua homenagem. – Eu não sabia o que dizer, só tinha certeza de que sentiria muito a falta dele – Você foi uma das melhores coisas que já me aconteceu, e eu amo você, Chars.

–Eu também amo você, mas não se despeça - dei um soquinho em seu ombro - Vamos nos ver ainda.

– Quem sabe? – Ele se levantou.

Andamos em direção a porta, e saímos do galpão. Já estávamos na calçada agora.

– Chars, se cuida tá bom? E cuida dela por mim - assenti.

– Sim, e voce promete que vai me telefonar? - levantei meu mindinho.

–Prometo - levantou o dele - Se cuida, pequena.

–Se cuida, Owen. – Ele me abraçou forte.

Arrumou o boné na cabeça, e saiu de lá em seu skate. Eu estava dizendo tchau para meu melhor amigo, meu irmão.

Andei bastante, e pensei na primeira coisa que me veio na cabeça. Preciso ver a pessoa que mais me dá conselhos na vida. Cinco quadras depois, entrei na Don´anna. O cheirinho de pão no ar deixava tudo mais gostoso. A única, e melhor padaria da cidade.

Fui em direção ao balcão, e notei Dan em uma mesa. Fui até lá, e o encarei.

–O que você tá fazendo aqui? – Falei gritando.

–O que você tá fazendo aqui? – Ele devolveu a pergunta. Notei que estava acompanhado na mesa.

Não posso acreditar.

Justo ela sentada na mesa com ele? E ainda por cima tomando um café.

– Ela é minha Avó, babaca.