King and Lionheart escrita por senhoritavulpix, Lichiaw, Sitriga


Capítulo 11
A Bela e a Fera


Notas iniciais do capítulo

Oi ♥ (LichiaW~)Estive esperando há tempos para postar este capítulo! Agradeço por terem esperado.Agora que estamos de férias colocaremos mais emoção nessa história, e o tempo de espera será curto.E emoção é o que não falta aqui. Sentem-se em suas cadeiras, coloquem alguma música épica e boa leitura!



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“[...]

E aquele forjado da chama, terá a lâmina por sangue lavada;

Cairá em corrupção a essência de um dos Irmãos

[...]”

Anoitecia na Floresta Élfica, que se tornara ainda mais sombria e ameaçadora depois de tanto tempo. A campina fora purificada e o círculo mágico estava traçado, e era incrível como aquela cena trazia a sensação de dejá vù aos presentes. Ronan tinha em mãos um gládio recém forjado, preparado especialmente para aquela ocasião, mas não era realmente a mesma coisa que usar a Tirfing. Não conhecia nenhuma outra espada que pudesse canalizar tanta energia, e, entretanto, a possibilidade de usá-la fora estilhaçada junto com o Coração de Luz. O Arcano estava tenso, segurando o cabo de sua nova arma com força desnecessária.

Não era o único nessa situação, no entanto. Arme observava atentamente do lado de fora do traçado mágico, o cetro em punho para eventuais acontecimentos, e Elesis não parava de estralar os dedos e se mover de um lado para outro, como se a espera fosse insuportável. Era o segundo ritual que iniciavam, e tanto se perdera na ultima tentativa...

O Defensor respirou fundo e se lembrou de seu dever capital como um guerreiro de Canaban, a de proteger a vida e a honra do reino e seus cidadãos. Não estava atrás dos muros grandiosos da Nação das Espadas, como era chamada, mas sua casa há muito tempo fora estabelecida onde seus amigos da Grand Chase estivessem, e as mesmas regras ali se aplicavam. Por mais que as coisas tivessem seguido por um caminho catastrófico em sua última invocação, salvar Ryan de seu estado atual era imperioso e disso ele jamais fugiria.

Pôs-se a entoar o chamado aos espíritos superiores, que sem demora se manifestaram em suas colunas de luz, rodopiando para seus lugares corretos no hexagrama. Diferentemente da ocasião anterior, os guardiões manifestaram seus rostos físicos ao invocador, e todos, até mesmo Efreet — embora tivessem suas suspeitas de que estivesse apenas fingindo —, pareciam constrangidos.

— Creio que sabei o motivo de vossas invocação, nobres — e parou um momento para digerir o que havia dito — espíritos.

— Bem sabemos, Ronan Erudon. — Quem lhe respondeu foi o calmo espírito das águas, Exaon — Antes, porém, eu gostaria de oferecer a vós uma desculpa sincera pelo comportamento de nosso irmão, que estava fora de si em nosso último encontro.

Fora de si... claro.” Foi o que o Arcano pensou, todavia, guardou para si mesmo. Passou lentamente a mão na barriga e subiu para o peito, fechando os punhos. As cicatrizes daquele fatídico acontecimento ficariam gravadas ali por toda a vida; mais de dois ciclos lunares depois da tragédia, seu corpo ainda era instável e das feridas saiam pontadas agudas de dor. “Talvez”, pensava consigo mesmo, “nunca mais voltarei a ser o guerreiro de antes”. Ainda conseguia ver a cena da própria morte gravada a ferro e a fogo em sua mente, e uma angústia diferente se apossava dele naquele momento.

— É bem sabido que o que se sucedeu foi completamente desleal e fora de acordos celestiais. Por isso, pedimos perdão. — Siba, o bondoso, se manifestou — Provastes ser tão nobre quanto um rei, ao escolher sacrificar-te em nome da jovem guerreira, mesmo com a ameaça de que qualquer interrupção externa resultaria em imediata morte do envolvido. Não é qualquer um que tem a grandeza e a coragem de desobedecer ordens dadas diretamente pelo Plano Superior. E — falou, dirigindo-se à mulher de cabelos acobreados — vós sois brava, e tende a alma determinada e irrepreensível do rei dos animais. Ademais, sois também muitíssimo poderosa, e mesmo nós nos surpreendemos com o que fizestes.

Um meio sorriso involuntário surgiu na face do Draconiano. Exaon retomou a palavra.

— À duas criaturas honrosas como vós, concedemos com júbilo a ajuda tão esperada. Elesis Sieghart, a aceitamos como nosso Altar para a cerimônia que está porvir. E Ronan Erudon, por mostrar-se um mago excepcional não só em poder, mas também em personalidade, o condecoramos como nosso mais novo Feiticeiro.

A fina camada de tensão no ambiente desfez-se, ao menos um pouco, e subitamente o ar tornou-se ligeiramente mais respirável. Por um momento, Ronan teve a impressão de que tudo estava lento, e pôde ouvir seu coração bater e a respiração sair retumbante. Parecia que toda a floresta ao redor, os campos, Serdin e Canaban, mais ao longe, tudo era perceptível e pulsava como um ser vivo, uma coisa só em sua mente. Sentiu as costas arderem de súbido e depois formigarem de leve, no local que posteriormente descobriria ser onde estava o selo do pacto com as entidades.

— Elesis... — ele disse, em seu estranho transe. — ...no centro do círculo.

Asquieceu, e, obedecendo, caminhou até a anel central. Estendeu os braços, e respirou profundamente. Proferiu uma única e poderosa palavra, que selaria o destino dali para a frente.

— Venham.

A formosa Exaon se moveu, respondendo ao chamado. A Ninfa voou até a espadachim, e transformou-se em uma serpente etérica. Rodopiou em torno da guerreira algumas vezes; começou pelos pés e subiu de forma harmoniosa, envolvendo-a em um finíssima e delicada cortina de água, até atingir o topo da cabeça. Então, sem aviso prévio, afundou-se violentamente no peito da dama, que não gritou, apesar do choque inicial. Enfim, quando as últimas gotas entraram no corpo da Sieghart, ela suspirou aliviada. A Água havia tomado a posição que lhe cabia.

Em seguida foi a vez do bondoso Siba — em sua peculiar forma entre Gnomo e Silfo — e a sábia Sílfide, unirem-se à Ninfa. Deram as mãos e giraram em torno da jovem, dançando e cantando alegremente. Conforme a velocidade aumentava, mais disformes eles ficavam, até à olhos nus serem duas colunas trançadas de energia em volta da mulher. Assim como Exaon, ambos adentraram o corpo de Elesis — o que lhe proporcionava um misto de prazer e medo.

Por último, o impiedoso Efreet, de olhos fumegantes e seis braços cruzados com força, numa postura desdenhosa.

— Nunca perdoar-vos-ei pela humilhação pela qual fui obrigado a passar por vossa causa. — murmurou, cheio de ódio, para o homem e para a mulher no centro do Anel.

— O que foi? Ficou de castigo por causa da traquinagem?

— Vós não sabeis em que terreno pisais.

— Isso é uma ameaça? — Levantou uma sobrancelha e mostrou a fileira de brancos dentes, em um sorriso sarcástico como há muito não fazia.

Fechou os olhos, pronta para recebê-lo em si. Entretanto, apesar da postura arrogante que adotara, estava com medo: lembrava-se perfeitamente do terror que havia vivido algumas semanas atrás, o qual ela não fazia questão de recordar. A sua mente, porém, era obstinada, e fê-la repassar novamente todo o caos daquela vez tão trágica. Diante da ameaça bem a sua frente, ela se empertigou e se armou como a orgulhosa guerreira que era, pronta para tudo. Até mesmo para passar por todo aquele inferno novamente, caso fosse necessário. Sim, ela se lembraria daquele horror por toda a vida, e até mais além. E, sobretudo, ela se lembraria daquilo…



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Abrira as pálpebras de forma vagarosa, como se aquele ínfimo esforço lhe custasse demasiadamente. Sentia o corpo pesado, apesar de não sentir dor alguma. Na verdade, o que lhe pesava estava dentro do peito; era como se, a cada batida do coração, alguma coisa apertasse mais e mais sua caixa toráxica, impedindo-a de respirar. Uma agonia terrível; uma angústia crescente.

A última imagem que se lembrava era do amigo — melhor amigo único companheiro durante anos — morrendo em sua frente. Então, tomada por uma fúria e um desespero avassaladores, ela invocara uma das Habilidades Supremas — feito este que somente os melhores e mais fortes guerreiros de toda Ernas poderiam realizar.

E então, de repente, silêncio.

Olhou para frente, confusa, tentando entender o que estava acontecendo. Mas não havia coisa alguma a ser entendida: somente um infinito lugar vazio e branco, no meio do mais absoluto nada. Nem árvores, nem pedras, nem céu, nem terra. Nenhum sinal de Efreet, ou mesmo Ronan. Ela estava sozinha no mais completo vazio.

As batidas constantes de seu coração falsearam por um segundo; virou-se bruscamente para trás — ou o que achava que seria trás — e, para sua surpresa e assombro, viu um enorme trono negro de ébano, e, postado sob ele, vislumbrou a própria imagem.

A mulher sentada no trono — ela mesmo — era, todavia, diferente. Havia — se isso era possível — uma nota ainda maior de gravidade em sua face. A boca era contraída em um sutíl arco para baixo, e as sobrancelhas levemente retesadas enrugavam a fronte de maneira suave; era como se um escultor muitíssimo paciente houvesse entalhado durante anos aquele rosto com esmero, a fim de dar o toque certo e perfeito que delineava a expressão de uma bela jovem mesclada com a autoridade e austeridade de uma rainha.

Sob o colo da figura, repousava uma espada dourada, que reluzia intensamente tal como ouro polido sob o sol. Mas ainda mais reluzente era a mulher; seus cabelos vermelhos caíam sobre o corpo e esparramavam-se o chão, feitos rios de sangue. E ainda mais rubros deveriam ser aqueles olhos impiedosos e sanguinolentos, assim como os seus. Flutuando atrás dela, um círculo de luz avermelhada com diversas inscrições e desenhos pulsava. Um estalido; e uma rachadura no selo apareceu. Elesis sentiu uma indescritível opressão no peito quando a figura que estava sob o trono fez menção de abrir os olhos.

A Espadachim teve medo, não saberia explicar por quê.

Uma voz estrondosa e profunda foi-se ouvida.

“Ainda não é chegada a hora.”

Tão subitamente quanto foi parar ali, Elesis Sieghart mais uma vez perdeu a consciência de onde estava.



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Siba e Sílfide, no último instante, haviam criado uma barreira de ventos ao redor de Arme e Ronan, que escaparam da fúria cega e arrasadora da Espada da Punição por muito pouco. Porém, de mesma sorte não compartilhavam centenas de árvores em um raio de dezenas de metros: elas agora ardiam em chamas, e o fogo só seria controlado mais tarde, por uma chuva misericordiosa de Exaon.

Efreet deu alguns passos para trás atordoado. Mesmo que fosse o próprio Espírito do Fogo, ainda assim havia sentido os efeitos do golpe extraordinário que recebera. Aquela criança de cabelos incandescentes usara fogo contra fogo de maneira formidável.

A Cavaleira caiu de joelhos no chão, mortalmente exausta, quando um risco vermelho cortou o céu tal como um raio, e, assim como um, atingiu-a e entrou em seu corpo. A Guerreira gritou ainda mais, esquecida do estrago que fizera em suas cordas vocais ainda antes, e urrou alucinada de dor. Do seu corpo desgrudou-se uma aura vermelha intensa e pulsante, que cresceu em tamanho e ficou de uma altura inacreditável. A forma de braços e pernas e de uma cabeça monstruosa se desenharam nessa aura, e todos puderam ouvir com clareza a voz retumbante de Zig através da Sieghart.

— Ainda não é chegada a hora.

Usando a Justiceira como Avatar, a divindade balançou a cabeça da mulher negativamente, fazendo com que a própria figura espiritual que se desprendia da jovem balançasse também, soltando chispas de chama ora ou outra.

— Tolo! O que estais fazendo? Por que atacastes a criança guerreira? Por acaso não entendestes as palavras do Criador?

— Isso não é de vossa conta. Não se meta nisso, Starkiln!

— Não é de minha conta?! — e inflamou-se em ódio, fazendo com que chamas escapassem de seus olhos — Vós sabeis com quem falais, Elemental imundo? Sou o próprio deus do Fogo! Sou acima mesmo de você, e acima de mim somente o grande Criador! Como ousáis falar assim comigo?!

— Não vos aborreça, pois vós não sabeis o que tem acontecido! — rebateu Efreet um tanto cauteloso.

— E sob quais desculpas atacastes impiedosamente o cavaleiro? Se eles foram suficientemente fortes para invocar a vós Elementais, também não é de se imaginar que claramente são eles os das Escrituras?

— Por que nós devemos ajudá-los?! Humanos são a chaga da terra, a peste de Ernas! Talvez vós, que viveis em Xênia todo o tempo e não desçais à Ernas, não saibais das atrocidades que esta raça de víboras peçonhentas vem fazendo. Mas nós, os Espíritos da Natureza, temos que lidar continuamente com eles e com suas ações perversas. Sinto o fogo interno dos animais e das coisas vivas vem se extinguindo devido as ações destrutivas e loucas desses humanas estúpidos. Eles maquinam a desgraça todo o tempo; suas bocas vomitam mentiras e seus pés correm para fazer o mal. Não vistes as crueldades que eles praticaram no campo de batalha, há um suspiro de tempo atrás? Dos feridos que imploravam por piedade, mas mesmo assim era mortos de forma cruel e sem necessidade? Não lembrais das chacinas que eles provocam usando nosso poder? Por que nós devemos continuar ajudando tais criaturas vis?

— Como ousais proferir tais coisas? Humanos são as criaturas escolhidas e amadas pelas Grandes Deusas. Não cabe a vós julgar o merecimento deles de nossos favores celestiais.

— E o que cabe a mim então? Ficar de braços cruzados, esperando que a Palavra de um deus distante, de um Criador que nunca se mostra, se cumpra e o mundo seja imerso em caos? Por que tenho que obedecer a Alguém que nos abandonou à própria sorte? Eu não mais consentirei em auxiliar contra minha vontade os humanos, raça de cobras não merecedora de pena.

A Avatar fechou os olhos, pesarosa, e um tom de tristeza abateu seu ânimo.

— Não percebestes? A Palavra tem se cumprido bem agora. Com vossa atitude, não fostes melhor do que os humanos a quem tanto odeia e condena. Vós fostes corrompido, Efreet. Vosso espírito não é mais puro, assim como o de vossos irmãos Elementais. O que mais me entristece é que vós sois o meu representante em terra. Em vossa ira, vós vos enchestes de ódio e ressentimento e esquecestes quem sois; vosso lugar não é mais aqui.

O Deus das Chamas estendeu as mãos para o Espírito do Fogo, que urrou tentando se desvincilhar das correntes de escuridão as quais estava sendo atado. Ao fechar os punhos, Zig fez com que Efreet se consumisse nas próprias chamas e sumisse. Só então ele virou-se para Arme Violet e os outros Elementais, que assistiram a tudo atônitos enquanto tentavam inutilmente salvar o jovem guerreiro.

— Não vos preocupeis. Mandei Efreet para um lugar onde poderei tomar futuras providências.

— Com todo o respeito, não é com ele com quem estou preocupada. — A Maga fez uma reverência rápida para a amiga-divindade, apontando aflita o corpo do moribundo.

— É verdade. Não podemos deixar que ele se vá agora. Não agora que... — cortou-se abruptamente — Uma vez o espírito atravessado os Portões de Hades e a alma se reencontrado com minha irmã Gaia, não há volta — disse isso enquanto riscava com as unhas a terra de maneira grosseira, fazendo um círculo e, dentro dele, um pentagrama. — Não há tempo. Coloque-o no centro do desenho.

— O... quê? Zig, eu... não posso conduzir o ritual. Não posso mais usar Magia Branca. Consigo somente forçar a obediência de alguns espíritos brancos fracos para rituais pequenos, mas... Para grandes coisas, é preciso usar a força dos Elementais, e não tenho mais um contrato eles. Efreet diss--

— Eu sei o que Efreet disse, mortal! Não é hora de desculpas e de se afundar em auto-piedade. O que está feito, está feito. Por que usastes de Magia Proibida mesmo sabendo que ataria vosso destino à Regente das Almas?

— Para salvar meu amigo da loucura, grande deus. Ele... é pra mim tão importante quanto Gaia é para Perriet.

A divindade olhou com piedade para a mulher de cabelos violáceos.

— Fostes arrogante em achar que poderia fazer tudo sozinha, maga. Não há mais tempo. Usai isso como catalizador da sua alma e purificador para seu espírito imundo — e atirou-lhe o Coração de Luz que momentos antes repousava no punho do Inquisidor — Há de servir.

— A-- ainda que eu consiga purificar meu espírito, não posso mais usar a força celestial para curar. E não posso usar da força infernal para--

— Pare de se lamentar e dar explicações! — Zig decretou, imperioso — Quereis ou não quereis salvar vosso amigo? Faça o que vos ordeno sem questionar. Agora!

“Siba, Sílfide e Exaon, quero que fiquem nestas pontas do pentagrama. Eu ficarei no lugar de Efreet. Criança, fique na quinta ponta.”

Cada qual tomou seu respectivo lugar, então o Senhor das Chamas continuou em tom solene:

— Humana. Eu, o grande deus Zig, selo convosco um contrato místico, tendo como testemunhas Siba, Sílfide e Exaon. Aceitais?

Os olhos da Arquimaga saltaram e seu queixo foi ao chão. Estava mesmo acontecendo aquilo? Um dos grandes deuses de Xênia oferecendo o próprio poder à ela?! E por quê? Por quê tudo aquilo para salvar o Erudon?

— Sim. — ela disse firme, apesar do coração estar aos pulos.

Ele estendeu os dedos sobre ela, marcando um ponto luminoso em sua testa.

— Agora vós tendes um contrato espiritual com Nemophila e Vulcanus, as piores das potestades, mas também tem um pacto com Zig, um dos grandes deuses. Eu intercederei por vós para que os outros Elementais nos ajudem. Que comece o ritual.

As pernas da Arquimaga tremiam quando ele terminou aquelas palavras. Sem demora, Arme pegou seu cajado e o Coração de Luz e iniciou a cerimônia para salvar o Defensor. Canalizou toda a sua magia para a orbe em sua mão, e sentia que a energia que recebia do deus, seu novo aliado, estava repleta do traço de outras energias que ela um dia já conhecera muito bem. Aquela loucura estava dando realmente certo? Depois de tanto tempo, finalmente sentir a força poderosa da magia branca correndo por suas veias era extasiante.

Um estalido.

Glendist abriu os olhos, sobressaltada. Em sua mão, o Coração de Luz sofrera uma rachadura.

— Z--zig!! A orbe não vai aguentar purificar tanta energia infernal!

O deus nada respondeu. A carne rubra do cavaleiro dava sinais de melhoras, mas ainda assim era cedo demais para tê-lo como salvo.

Mais instantes tensos se sucederam, e então aconteceu. Uma forte luz saiu da pedra, e a claridade repentina deixou-a momentaneamente cega. Ao voltar a enxergar, percebeu que sua mão sangrava devido aos fragmentos cortantes do Coração de Luz estilhaçado. A cerimônia automaticamente se desfez; sem a pedra para contrabalancear as trevas infernais da Glenstid, os Elementais não poderiam continuar sustentando o ritual, mesmo com o deus intercedendo por ela. Era necessário a harmonia entre os Quatro Elementos e o feiticeiro canalizador dos poderes.

As feridas fecharam nos pontos mais críticos, mas o Arcano permanecia estático. O calor se desprendia de sua pele e a cada instante ele se aproximava da morte.

— Sopro em vós o fogo da vida.

A avatar inclinou-se sobre o rosto do guerreiro e soprou em seus lábios um fogo quente e vivificante, que desceu-lhe pela garganta até chegar ao coração. Em segundos a temperatura dele começou a subir e as faces ruborizaram com o sangue que passava novamente por ali.

— Por enquanto ele está relativamente longe de se encontrar com minha irmã. Entretanto, é de suma importância que retorneis para o vosso reino imediatamente a fim de curá-lo por completo. Não retornem até que ele esteja completamente são. — desenclinou-se do homem, satisfeito com o trabalho — É hora de eu ir. Este corpo ainda está frágil demais. Elementais, podeis partir agora.

— E-- espere! — a feiticeira atalhou, rápida — Se... se agora eu tenho um contrato convosco, isso quer dizer que…

— Vosso Contrato místico com o reino de Hades é eterno, mortal. Quando invocastes Nemophila, concordastes em ser sua escrava; por ter se juntado a forças infernais mais fortes que os Elementais, rompestes seu contrato com eles. Por isso agora somente podeis forçar a obediência de espíritos brancos pequenos e indefesos. Porém, como agora vistes, por nosso novo contrato vós podeis usar do meu poder, pois sou tão poderoso quanto a dirigente do Inferno a quem tanto temeis.

— ...Mas, por que fez isso por mim? Não sou digna de tanta misericórdia.

— E vós não sois, mesmo, e sim quem está em vós. Ainda sois pequena demais para entender o que vos falo. Basta saber há um papel fundamental para vós em um futuro caótico não muito distante. Em breve um mensageiro há de chegar à vós. Esses serão tempos de mudanças, pequenina.

— Entendo, ó Zig. — ela disse, engolindo em seco — Em todo o caso, se eu fizer um contrato com cada deus de Xênia…

— Nós deuses somos maiores que os Espíritos da Natureza. Se conseguirdes selar um pacto com meus irmãos e irmãs, tereis então não só o poder de toda sorte de Magia Infernal, como também de toda Magia Celestial.

Os olhos violetas chispearam de emoção. Todavia, o doce sonho de voltar a dominar das Artes Brancas quase ruiu-se em um segundo:

— Porém, por mais que sejais importante, não creio que Juriore, a representante de Exaon, e Gaia e Perriet, os representantes de Siba e Sílfide, serão tão piedosos convosco assim como eu fui.

“Emprestar-vos-ei do meu poder para que se teleportem à Serdin. Tomai cuidado com vossas escolhas, pois a nós deuses nos é proibido interferir inconsequentemente na vida dos mortais. Eu mesmo terei que prestar contas ao Criador.”

A grande energia eclesiástica soltou-se do corpo de Elesis, que caiu como um boneco no chão, logo sendo amparada pela amiga. Antes de teleportar-se com a magia extra de Zig, o Lorde da Ira, Arme Violet pôde escutar em um sussurro o último aviso.

“Espero que esteja ciente do poder que adquiriu e o que isso vos custará. O Grande Oráculo está prestes a se cumprir.”



–-



Elesis olhou fixamente para Efreet, esperando ansiosa o que este iria fazer. Transformando-se em uma comprida salamandra de fogo com quatro pares e braços, o Elemental sacudiu-se, fazendo volutas de fumaça saírem do nariz, e enrolou-se no corpo da ruiva. A pele dela que entrava em contato com a dele ardia como se estivesse em chamas; o abraço de fogo apertou-se a ponto da dor lascinante ser insuportável e o suor escorria-lhe abundante dos poros. Os músculos de todos os presentes se enrijeceram e a guerreira travou o maximar para não gritar quando o abraço de fogo apertou-se ao máximo, penetrando no corpo e na alma da mulher como lâmina que corta a carne. Suspirou aliviada quando percebeu que finalmente a pressão se esvaia e que o Espírito havia tomado o lugar que lhe fora destinado.

O Altar estava pronto.

— Arme... faça o que tem que fazer. — murmurou o Arcano.

A maga assentiu e rumou para onde estavam amarrados os cavalos. Voltou de lá trazendo uma faca de prata, de empunhadura ricamente adornada.

Elesis voltou a cabeça para o amigo, intrigada. Não haviam lhe contado nada sobre essa parte em que Arme fazia o que deveria fazer — e ela tinha uma sensação incômoda de que não era algo agradável. Ronan mantinha a expressão séria enquanto observava a Arquimaga caminhando duramente em direção à orla da floresta.

Depois de alguns minutos no silêncio fantasmagórico do lugar, um guincho alto de um animal cortou o ar, mandando arrepios às espinhas dos dois guerreiros. Então, silêncio.

Arme voltou sem as luvas de seda branca, que usava para limpar a faca do sangue.

— O trabalho da Impura está feito: o sacrifício foi concluído. — declamou, seriamente.

— Então... agora é só esperar que... ele descubra onde estamos? — Elesis disse, olhando para as estrelas enquanto uma gota de suor escorria-lhe a têmpora.

— O que te faz pensar que temos que esperar alguma coisa? — A maga respondeu, sombriamente. De repente, um vento gelado passou impetuoso pelo lugar, agitando as vestes dos presentes e arrancado das árvores folhas e galhos. A massa de ar em movimento trouxe consigo várias nuvens carregadas, e em pouco tempo trovões estalaram, raios ricochetearam e relâmpagos foram vistos. Em meio ao caos, Violet declarou aos gritos:

— Ele sabe que estamos aqui!

Quase como em resposta, um rosnado foi ficando mais e mais alto até irromper um poderoso uivo: O lobo monstruoso os encarava da margem da clareira, coberto pela sombra das árvores altas. Seus olhos brilhantes e dourados estavam cheios de insanidade e desejo de morte, sangue e destruição. Os três humanos presentes na clareira petrificaram, principalmente porque Elesis estava desarmada e Ronan mantendo o ritual. Arme puxou o cajado e se postou em posição de batalha.

— Vou trazê-lo aqui. Bola de fogo!

Um risco rubro cortou o céu noturno e atingiu a criatura no focinho, chamuscando-lhe a face e arrancando outro latido demoníaco enfurecido, que resultou no animal correndo na direção da maga para certamente lhe arrancar a cabeça violácea. Como Impura, ela não podia entrar no círculo mágico, então ao ver o lobo cada vez mais perto, de dentes arreganhados e garras afiadas, ela esperou com uma frieza de pedra às margens dos escritos. Um salto e ele estava a milímetros de alcançá-la... então não estava mais. Ela se teleportou para trás dele, fazendo com que caísse direto em sua armadilha, tocando o solo sagrado.

Tincya en' russe tuulo' moriloomir — O Arcano bateu o gládio uma vez, e a energia correu até Ryan como eletricidade, prendendo-o em cordas espectrais que pulsavam e o paralisavam. Ele tentou se debater e levantar, mas era inútil: aquele tipo de magia não se quebrava tão facilmente.

Morier, Morier mellonamin... Mankoi naa lle umien? — disse o mago, que em élfico queria dizer “Sombrio, sombrio amigo. Por que está fazendo isso?”

Ya naa lle? — a horrenda criatura perguntou “Quem é você?”, e sua voz demoníaca e distorcida parecia ser oriunda dos andares mais podres do Hades. — Amin n’ nae n’mellonamin! — rugiu, e toda a terra estremeceu com o que ele queria dizer: “Eu nunca tive amigo algum!”.

Ae ú-esteliach nad... estelio han. Estelio ammen. — o Feiticeiro falou, e a tradução é “Se você não confia em mais nada... confie nisso. Confie em nós”.

O lobo se debateu novamente, furioso, tentando se livrar de suas amarras. As palavras de Inquisidor não pareciam tê-lo agradado muito; salivava de raiva e loucura, e os dentes pareciam ainda mais afiados, prontos para arrancar o coração de qualquer um que fosse. Continuaram, em élfico, a tentativa de conversação.

“Confiar em vocês, humanos imundos que só sabem de destruição para satisfazer seus desejos?!”

“Confiar em amigos que querem te ajudar a entender novamente quem você é.”

“Mentiroso! Escória dos seres!” — bradou, e o arcano pode sentir a força de sua ira em seus ossos. Ele não cederia a seus apelos civilizados e racionais, infelizmente. Precisava de algo mais selvagem.

Elesis estava um pouco confusa ccom aquela conversa por meios arcanos. Onde ela entrava na história? Haviam dito que ela seria de importância vital, mas poderiam ter lhe deixado mais claro de quando exatamente seria essa sua importância. Ainda mais para uma guerreira como ela, que nada sabia das magias que permeiam o mundo.

“Se não pode confiar, receio que teremos que fazer do jeito difícil.” — Ele suspirou baixo e segurou o gládio com mais força. — “E isso vai doer.”

O riso de escárnio da criatura ecoou pela clareira como o som de um pesadelo, daqueles em que simplesmente não se pode fugir.

“Dor? Traga toda a dor que puder, mago, e vou cuspi-la de volta em você. E isso não será o suficiente para redimir os humanos de sua culpa!”

Ronan fechou os olhos, pesaroso, e começou a entoar em Élfico Antigo, em clara e retumbante voz, um novo encantamento. O círculo, até agora com a luminescência azulada, tornou-se vermelho brilhante, e uma espécie de névoa começou a subir do chão e envolver Elesis, que prendeu a respiração. A primeira coisa que ela pensou foi que estaria morta se respirasse aquilo, entretanto, não exatamente com essas palavras polidas.

Ryan também recebeu sua dose de energia, mas conforme ela se aproximava passava de vermelho a um negrume pegajoso, e o envolvia em seu casulo das trevas. Ver a cena trouxe um aperto ao coração da ruiva, e por instinto mais que qualquer outra coisa, ela estendeu a mão em sua direção, como se apenas com esse ato pudesse fazer aquilo parar.

Antes que percebesse, havia uma força se estendendo em direção ao lobo, uma massa de energia pura e maleável. Ele se assustou, e imediatamente ergueu-se à sua volta uma parede escura, que barrou o avanço da outra. A guerreira piscou algumas vezes, atordoada com a situação, e fitou a palma de sua mão. Com o movimento, a mesma massa de energia se deslocou, movendo-se para a direita.

“Tudo o que você sentir e tudo o que pensar”, a voz de Ronan surgiu como um sussurro em seus ouvidos e a arrepiou. “tudo o que fizer e desejar ecoarão até ele”. Ryan rosnava e gania loucamente, e a parede negra que erguera revolvia à sua volta e tomava um aspecto perigoso. “E o mesmo acontece à vontade dele”.

“Subjulgue a vontade dele à sua. Esta é sua batalha agora.”

Ela respirou fundo ao ouvir essas últimas palavras, e um sorriso intrigante surgiu em seu rosto. Podia não saber de magia, mas era mestra de combate e não seria vencida assim tão facilmente; podia não ter espada ou escudo à mão, porém ainda assim seria uma oponente formidável.

No entanto as armas que possuía no momento não afetariam Ryan, e isso a preocupava.

— Tudo o que desejar, hm? Vamos ver então o que podemos fazer. — E após realizar uma breve concentração, fez surgir uma lâmina espectral de cada braço. As duas tinham um brilho vermelho intenso, como se estivessem queimando em brasa. Agora poderia usar os dois membros para lutar, assim como faria com seus sabres. — Uau, belo trabalho!

Em seguida uma voz emergiu de dentro, retumbando como trovões em plena tempestade, e esta chamava pela guerreira.

— Mortal, para sancionar meu erro, também foi-me imposto ajudar-vos. — Dito isso, Efreet enviou uma parte de sua aura para as lâminas rubras, que agora adquiriam o próprio símbolo divino. — Empresto-vos meu poder. Salve-o e sê rápida.

Do outro lado da ravina, Ryan observava todos os movimentos, ainda queimando de ódio, como se não pudesse mais suportar tudo aquilo. Sua mente se enchia cada vez mais com palavras e cenas horríveis que havia presenciado. Não permitiria que humano algum pisasse em sua floresta novamente; todos eles deveriam pagar pelos erros... Na verdade nem deveriam existir. Isso mesmo, era exatamente isso…

“Se é assim que deseja, humana, terá uma luta apropriada.” — Postou-se nas patas traseiras e assumiu uma forma humanóide, mas ainda assim tinha uma aparência repugnante. De pé, completou a sentença rindo de forma zombeteira — “Mas como pode observar, está em meu território, o que diminui drasticamente suas chances de vitória.”

— Isso só dificulta as coisas... — Balbuciou Arme, rangendo os dentes ao entender as últimas palavras élficas. — Ele ainda sabe que pode controlar a floresta ao redor. — Fora do anel ritualístico, a Arquimaga enterrou os finos dedos ainda mais profundamente no cajado com tanta força que teria partido-o ao meio.

A súbita mudança não causou espanto algum na Sieghart, que permaneceu imóvel no campo de batalha. O ar permanecia denso e apenas as respirações ruidosas poderiam ser ouvidas na escuridão. Um estalo quebrou o silêncio, vindo do canto direito, tirando Elesis do transe.

— Arme, o que está acontecendo? — Inquiriu Ronan, prostrado diante do círculo mantendo o ritual. Ele também ouvira o barulho. — A terra... está murmurando algo, posso sentir.

“Veremos se pode escapar destas correntes!” — O demônio, batendo uma das poderosas patas no chão, invocou uma série de dezenas de raízes e cipós que avançavam violentamente frente a heroína, ricocheteando e estalando no ar.

“Isso é um tanto quanto nostálgico”, pensou. “Mas nunca foi desejo meu estar do lado oposto”. Instintivamente Elesis esquivou-se do primeiro ataque e usava as lâminas para cortar aqueles que aproximavam-se violentamente. Porém o combate a longa distância não era o forte da espadachim, que para vencer seu oponente deveria avançar o mais rápido possível e diminuir a distância entre os dois. Não seria fácil, mas era o único jeito.

As árvores dali obedeciam às vontades do elfo e continuavam a lançar suas extensões contra a mulher. Ele era de fato um exímio druida e portanto fazia da natureza sua arma, tanto mortal quanto benéfica. Contudo, sua mente insana quebrava a relação de harmonia, resultando em conseqüências catastróficas; e Elesis já havia percebido isso.

— Ryan! Ryan pare! As árvores não vão agüentar mais! Não é a natureza que você tanto ama? Por que a machuca? — Lamentava, ofegante, enquanto brandia as espadas e olhava frente ao amigo. O solo já estava bastante erodido graças as rachaduras das raízes, dificultando a passagem. Em um dos movimentos a espadachim desequilibrou-se, tendo a canela agarrada por um largo feixe de madeira que saía de um carvalho ali próximo. — Maldição. — E por mais que tentasse cortá-lo ela já estava sendo arrastada até a fera, que com um leve movimento do braço, a tirou do chão.

Um sorriso macabro formou-se no semblante peludo, exibindo os dentes amarelados e pontudos. Os olhos eram amarelos e brilhantes, chispando faíscas.

“Parece que o único encurralado aqui é você, humana, que irônico.” — Disse, abrindo a bocarra para simular um riso, coisa que havia esquecido como fazer, e portanto não obteve muito sucesso. O rosto de Elesis seguiu uma expressão de náusea pelo mau cheiro que vinha daquele lugar escuro e cheio de dentes podres.

— Elesis! — Ronan já não agüentava mais esperar, visto que seu nervosismo era aparente. O Arcano pôde sentir uma leve vibração de seu gládio e abaixou os olhos, preocupado. Temeu o pior: a arma não duraria tanto tempo. — Não é possível... Estávamos tão perto...!

— O que houve, Ronan? — A maga havia percebido algo na fala do companheiro.

— O gládio...! Está se partindo! Quebrar é uma questão de tempo! Não vou conseguir manter a magia do ritual, temos que agilizar, ou então…

— Impossível! — Seu tom de voz elevou-se, desesperada. — Eu mesma e a própria Enna ajudamos a forjá-lo! Nem ao menos uma manada de elefantes poderia quebrá-la!

— Terei de usar a Tirfing. — Endureceu o olhar.

— Está louco?! O Coração de Luz estilhaçou-se, e sem ele você vai... — balançou a cabeça em negativa — Você vai enlouquecer com o poder das trevas assim como o Ryan! Eu te conheço, Ronan, você vai não aguentar tanta pressão!

— Não há outro jeito! — O homem estava alterado devido a tensão da cerimônia, e tentava manter a paz de espírito. Mas sabia, em seu íntimo, que o que estava para fazer talvez levasse tudo à ruína, mais uma vez. Seu coração batia acelerado com a possibilidade iminente de ter que usar a espada amaldiçoada sem a gema celestial. Mas a decisão já estava tomada.

— Usarei a Tirfing sem o Coração de Luz, passe-a pra cá, agora!

Elesis ainda pendia sobre o chão, sentindo a cabeça pesar devido ao sangue que se acumulava ali. Sentiu algumas gotas de água caindo sob o corpo, e não demoraria muito até começar a chover e consequentemente ter as roupas ensopadas, dificultando sua movimentação.

— Esqueça, espadachim, vocês nunca compreenderão meu sofrimento. As florestas estão suplicando por ajuda. Pela minha ajuda! Humanos como vocês apenas a poluem com suas idéias mesquinhas! — Falou numa língua que ela pudesse entender e enquanto gesticulava e praguejava, fazia os cipós que prendiam a mulher balançarem, deixando-a ainda mais tonta.

— Tudo bem, Ryan, não somos tão sensíveis como disse, mas-- — Uma vibração a fez olhar para o carvalho que estava prestes a se partir atrás deles e esmagá-los. Uma onda de desespero tomou conta dela — Isso não te dá o direito de tentar nos matar! — E com o a outra perna que estava livre pode chutar a cabeça do lupino, que soltou um ganido seguido de um forte rugido.

— Insolente! Como ousa! — Ele jogou Elesis para o centro do círculo mágico, num ímpeto de fúria que fez com que o corpo dela afundasse no solo tamanha a violência do arremesso. Estava decidido que a mataria ali mesmo. Aproveitaria-se do impacto que a mesma sofrera para cravar fundo as garras em seu peito.

— Não tão rápido, sabichão. — Ela sorriu, ainda jogada ao chão. As lâminas espectrais em seus braços brilhavam fulgurosamente.

Um raio rasgou o céu naquele momento, seguido pela onda sonora estrondosa. A luz branca iluminou a face dos guerreiros e a do lobo, que assustou-se ao ver a enorme árvore caindo em sua direção. Elesis, aproveitando que ele estava de costas, fez um último movimento antes de rolar para fora da circunferência: perfurou a batata da perna do druida, que ajoelhou-se, sem forças. A árvore tocou o solo no mesmo instante que a glaive de Ronan partiu-se em milhões de pedaços. O ritual para selar o demônio se desfaria. O grito do Erudon fez-se ouvido:

— Me dê a Tirfing agora, Arme! Agora!!!


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Notas finais do capítulo

Tome cuidado, Ronan! :(O que acharam? Não fiquem tão ansiosos, pois a outra parte será postada logo mais. Vejo vocês depois! (LichiaW~)Aliás, nós realmente pesquisamos sobre élfico.



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