- Ér... oi. – Disse sorrindo fraco.

- O que aconteceu com você? – Ele disse rindo fraco. – Foi a tal festa? – Ele disse abrindo espaço pra eu entrar e assim fiz.

- É né.

- E o que aconteceu?

- Aquele cretino me deixou lá! E ainda me sujou inteira.

- Por que ele te deixou lá?

- Sei lá. Ele tava bêbado. E eu não tenho como voltar pra casa e se eu for pra casa dos meus avós eu vou ficar de castigo. – Disse um pouco baixo mas ele escutou. – Eu só conheço você. – Ele suspirou.

- Vem. – Ele disse e eu o segui. Subimos as escadas e entramos num quarto. Óbvio que era o dele, ainda mais porque os dois amigos deles tavam lá. Dei um oi básico e eles responderam. Ele abriu uma gaveta e mexeu em algo. – Ó, acho que só tem isso que te sirva. – Ele disse e jogou uma camiseta e uma box que tava dentro do pacotinho pra mim.

- Eu juro que não queria dar trabalho pra você.

- Relaxa. Vou pegar uma toalha pra você. – Ele disse e saiu do quarto. Voltou um tempo depois e eu entrei no banheiro que tinha lá no quarto. Antes de entrar ouvi um “O que ela tá fazendo aqui?” e depois um estalo e um “ai”. Ignorei e tomei meu banho. Lavei o cabelo duas vezes pra sair aquele fedor. Vesti a blusa que ele me deu e a box. Isso me lembrou que eu ainda tenho que devolver pra ele aquela outra blusa. Essa blusa parava no meio das minhas coxas, o que me fez corar antes de sair do banheiro. Mordi a parte de dentro da minha bochecha colocando no pensamento que eu tava de shorts, mesmo não estando, e saí dali. Charles e o Cody estavam jogando vídeo game e o Tuner deitado na cama, acho que esperando a vez dele.

- Ér... tem uma sacolinha? – Perguntei e ele olhou pra mim.

- Se juntar o que eu vi outro dia e hoje, já dá pra ver como você fica de lingerie. – Ele disse e eu corei na hora. Os meninos até pausaram o jogo e olharam pra gente.

- Cala a boca, seu pervertido. – Ele riu abrindo um armário e me dando uma sacolinha pra colocar as roupas. – Obrigada. – Ele deitou na cama de novo e eu sentei.

- Quer dormir agora?

- To sem sono. Mas se quiser, eu posso ir pro quarto de hóspedes agora e...

- Tudo bem. Relaxa. E não tem quarto de hóspedes aqui. Mas me explica o que aconteceu na festa?

- Eu já te falei. Ele me largou lá!

- E por que tu tava fedendo? – Cody perguntou.

- Tava tão forte assim?

- Era vodka.

- Eu sei. Esbarram nele e ele derrubou em mim.

- Esse menino tem merda no lugar do cérebro pra fazer isso e te largar lá. – Cody disse ainda jogando.

- Rolou beijo pelo menos? – Charles perguntou. Cara, eu tava falando do meu encontro pro Turner e pros amigos dele. Nunca na minha vida, alias, até hoje à uma hora atrás, eu não pensaria que faria isso.

- Não. – Não menti. Não foi um beijo. Charles pausou o jogo e olhou pra mim. Na verdade ele olhou pras minhas pernas.

- É, ele tem merda no lugar do cérebro. – Corei de novo.

- Tá legal. Já que vocês vão ficar conversando, deixa eu jogar. – Turner empurrou o Charles e pegou o controle.

- Hey!

- “Hey” nada. – Ri fraco. Eles ficaram um tempo jogando e o Charles me falando cantadas podres. Olhei pra televisão.

- Turner, você vai morrer.

- Vou nada.

- Vai pela esquerda.

- Eu não vou morrer.

- Olha no mapa. Tá cheio de gente desse lado.

- Shiu. – Não falei mais nada. – Ah, merda!

- Eu te avisei.

- A culpa é sua que não parou de falar no meu ouvido. – Revirei os olhos.

- Se você tivesse ido pra esquerda, você ainda tava jogando.

- Então, tenta aí, senhorita sabe-tudo. – Ele me entregou o controle e eu comecei a jogar. Cheguei na mesma parte que ele e fui pra esquerda. Passei por lá e pausei o jogo. Olhei pra ele reprimindo um riso.

- Hey! Pode tirar esse risinho da cara. Você me confundiu.

- Confundi nada. Você que é muito ruim.

- Mas sou ótimo em outras coisas. – Dei um tapa na nuca dele.

- Credo. Guria agressiva. – Revirei os olhos.

- Meu cabelo ainda tá fedendo? – Perguntei pra ele e ele arqueou uma sobrancelha. – Tá ou não? – Ele pegou uma mecha e cheirou quase perto do meu pescoço fazendo os pelinhos da minha nuca se arrepiar.

- Ahn... não. – Ele disse corando de leve. Sorri sem mostrar os dentes. Ele pigarreou. – Amanhã a gente vai passar na sua casa pra você se arrumar?

- Eu vou ver se tenho roupa na minha vó. – Meu celular começou a tocar do meu lado e eu levei um pulo de susto.

*Ligação on*

- Oi mãe.

- Chegou na sua vó?

- Eu não vou dormir lá.

- VAI DORMIR ONDE?

- Calma. Aconteceram algumas coisas na festa e eu achei melhor não dormir lá. Ela ia me matar.

- O que aconteceu?

- Aquele corno me levou pra festa e me largou sozinha lá! Eu nunca tinha visto aquele povo na minha vida! E eu não tinha pra onde ir. Aí eu... – Pigarreei. – vim pra casa do Turner.

- Eu te falei que preferia ele ao invés esse Tyler. – Revirei os olhos. – Ele é um amor de menino.

- Mãe, não começa.

- Tá sendo legal com ele?

- Óbvio né. Você falou pra vó que eu ia dormir lá?

- Sorte que não. Mas eu vou ter que desligar agora. – Ela disse rindo e escutei uma outra risada. Olha a hora que ela foi me ligar.

- Tá, mas eu não quero irmãos, ok? – Ela riu e desligou.

*Ligação off*

Os meninos tavam olhando pra mim.

- Que foi?

- Você manda sua mãe usar camisinha?

- Lógico. Ela é problemática. Vai saber... e foi assim que eu nasci. – Eles riram fraco.

- Ela falou o que de você dormir aqui? – Turner perguntou.

- “Eu te falei que preferia ele ao invés desse Tyler”. – Disse fazendo careta e ele riu.

- Tua mãe me ama!

- Pior que ama mesmo. – Disse revirando os olhos.

- Como tua mãe conhece ele? – Charles perguntou.

- Ele foi em casa pra fazer um trabalho.

- Eu to indo já. – Cody disse. Achei que eles iam dormir aqui.

- Por que?

- Meu irmão me mandou mensagem falando que se eu não chegar em casa até as 04h00, eu to fudido. – Turner riu fraco. – Vai comigo, Charles?

- Vou. To sem carona. – Eles deram tchau pra mim e o Jason foi abrir a porta pra eles. Pouco tempo depois ele voltou um pouco corado. Nem perguntei o que era.

- Tá com sono?

- Mais ou menos. – Respondi.

- Pode deitar. – Ele disse me jogando um travesseiro.

- E você vai dormir onde?

- Posso dormir no sofá.

- A cama é de casal. Se quiser dormir aqui... – Ele arqueou uma sobrancelha.

- Achei que você iria me socar se eu sugerisse isso. – Rimos fraco.

- É só deitar longe de mim. – Deitei e ele deitou do meu lado ligando a televisão e deixando num filme qualquer. Senti meus olhos pesarem e dormi.