- Meu cabelo! - Minha mãe disse estérica. Eu não aguento mais ela dando ataques de nervos.

- Seu cabelo tá ótimo. - Disse.

- Aqui ó! - A cabeleireira veio correndo ver o que tinha acontecido. - A senhora tá vendo?

- Tem um fiozinho aqui atrás.

- Exato! - Meu Deus... Um fio! Mas ok. Hoje é "O" dia dela. O mais importante, com exceção do meu aniversário, claro.

- O vestido está pendurado em um cabide, futura senhora Mollison. - A assistente da cabeleireira disse e minha mãe abriu um sorriso do tamanho da Rússia por causa do "senhora Mollison".

- Menina, para de se mexer. Sua mãe não vai sumir. - O homem que mexia no meu cabelo disse. Revirei os olhos discretamente.

- Oi, oi, gente. - Esse menino me ama. Não é possível. Não vive sem mim. Jason me deu um selinho e eu sorri. - Tá bonita, sogrinha.

- Não to nem com o vestido ainda, menino. - Minha mãe disse rindo. - Mas obrigada.

- Ah! E o Robert pediu pra eu avisar que seu irmão chegou.

- Af. - Disse e bufei. Não pelo meu tio, obviamente. Mas pela Ruth. Não estou preparada psicologicamente pra ver aquela guria de novo.

- E o Charles disse pra mandar mensagem quando acabar lá na igreja. - Ele disse pra mim. Assenti. Dei um jeito de levar aquele menino pra festa do casamento. Ele e a Ruth tem se falado e os dois tão com um fogo na rabo. Não preciso explicar mais.

- E cadê sua roupa?! - Minha mãe perguntou. Jason ainda não tinha se arrumado.

- Mãe, faltam duas horas pro casamento.

- Então!

- Ele não é o padrinho! Apesar que você fica bem melhor de terno, Jay. Podia ter se arrumado faz tempo.

- Aham... - Ele disse irônico e eu dei de ombros. - Vai deixar o cabelo solto? - Ele perguntou pra mim.

- Não sei. O que acha, Richard? - Perguntei pro carinha que estava cortando meu cabelo. Pedi pra ela cortar as pontas só.

- É tão bonito seu cabelo solto, querida! Ia ficar di-vi-no!

- Tá vendo? Tenho visão. - Jason disse e eu ri fraco.

- Boy magia sempre tem visão. - Richard disse todo animado e o Jason olhou pra ele com uma sobrancelha arqueada. - Quanto anos você tem, loirinho?

- Quase 18. - Respondi por ele.

- Você não tem nenhum irmão mais velho que seja gay? - Ele perguntou e eu gargalhei. Jason estava corado.

- Ele é filho único, Richard.

- Mas olha! Menina esperta. Já agarrou o boy magia!

- Mas é lógico! - Disse rindo.

- Não precisa ficar com vergonha não. - Ele disse pro Jay. - É brincadeira, viu. - Jason sorriu torto sem jeito. - E você também tem sorte. A Jenny é a deusa do olimpo!

- Ela disse outro dia que queria fazer regime! - Jason disse indignado e o Richard olhou como se eu tivesse o ofendido.

- Isso é um absurdo! Fazendo regime essa sua bunda linda e maravilhosa some. - Ele disse girando minha cadeira um pouco pro lado.

- Mas tá grande demais. Eu to usando quase 42.

- Mas assim que é bom! Jenny, eu gosto de carne! Não de palito! - Me sinto uma vaca em exposição no açougue.

- Tá vendo como é bom? - Richard disse baixinho no meu ouvido e eu ri envergonhada.

(...)

Eu já estava em casa. Tinha acabado de sair de um banho mega rápido e estava colocando o vestido.

- Jay! - Ele já estava no andar de baixo arrumado. Ou eu acho que está.

- Péra! - A voz veio do quarto de hóspedes. Ele ainda não estava pronto. - Eu! - Ele disse entrando correndo no quarto. - Só falta eu colocar aquele sapato horroroso. - Olhei pra ele através do espelho e sorri. Ele conseguia ficar mais perfeito do que já é. Ainda mais hoje que tá todo preocupado, querendo me ajudar sempre que pode e até o que não pode. - Então...? Precisa de ajuda em que? - Ele disse me fazendo voltar pra Terra.

- Fecha pra mim?

- Olha, Jenny, se o Tyler passasse aqui na frente do seu quarto... - Ele deixou a frase no ar. Mas ele sabia que o idiota sempre fazia piadinhas. Só falta ele implicar com meu vestido. Me virei de frente pra ele com o vestido já fechado. Ele sorriu de canto me olhando. - Você tá perfeita. - Sorri mais ainda.

- Não to pronta ainda.

- Mas tá perfeita. - Ele disse com as mãos na minha cintura e as minhas estavam nos ombros dele. - Vai roubar a atenção da noiva. - Ri envergonhada.

- Não é pra tanto, Jay.

- É sim. - Ele grudou a testa dele na minha e fechou os olhos. - Você é perfeita. - Ele disse sussurrando. - Mesmo que na maioria das vezes seja chata pra caralho, você foi feita pra mim. - Sorri.

- Vou considerar isso como um elogio. - Ele riu fraco.

- Eu te amo, Jenny. - Sorri mais ainda.

- Eu também te amo, Jay.

- Agora se arrumem porque tá quase na hora. - Ruth disse passando pela minha porta e dando um tapa na mesma.

- Estragou o clima. - Disse bufando.

- A gente continua. - Jason disse rindo e me puxando pra um beijo.

(...)

- Jenny, pelo amor de Deus, cadê sua mãe?! - Robert me perguntou suando frio de nervoso.

- Calma. Daqui a pouco ela já tá entrando.

- Mas tá demorando demais! Olha só a hora! Daqui a pouco a noiva do outro casamento já chegou e ela ainda não apareceu. - Ele andava de um lado pro outro no altar.

- Com licença. Ele tá muito atrasada. - O padre disse.

- Ela vai vim, padre. É a cara da minha mãe se atrasar.

- Tem certeza?

- Absoluta.

- Vem, Jenny! - Jason me chamou e olhei pra porta da igreja, que já estava fechada. Minha mãe ia entrar.

- Ai meu Deus! - Disse descendo do altar e indo sentar do lado do Tyler. A porta abriu. Ai meu Deus! Vou chorar! Ela tá linda! Perfeita! Deusa! Ouvi um gritinho e um barulho. Todo mundo olhou pro altar. A senhora Mollison desmaiou. Mas era só o que faltava. Robert foi acudir a mãe dele e eu fui até a entrada pra levar minha mãe pro carro.

- Eu não acredito, Jenny! Não acredito! - Ela disse quase chorando.

- Não chora. Ó, eu vou ver como estão as coisas lá dentro.

- Agora vou ter que ficar aqui. - Ela disse como uma criança mimada. Minha mãe entrou novamente no carro e eu entrei na igreja indo até os fundos. A velha ainda estava desacordada. Robert andava de um lado pro outro. Não demorou muito e ela começou a acordar. Na verdade, não durou nem um minuto.

- Filho?

- Parece que a senhora fez de propósito! - Disse.

- Eu?! Não tenho culpa se tava faltando pano no vestido da sua mãe!

- O vestido é no joelho! Para de drama! E a gente vai voltar agora pra dentro da igreja e continuar o casamento.

- Eu ainda não to muito bem. - Ela disse fingindo de novo.

- Se vira!

- Jenny! - Robert chamou minha atenção e voltei pra dentro da igreja. Fui até a porta de novo.

- Mãe, hora de ir. Aquela vaca tava fingindo.

- Quem tava fingindo, Jenny? - Liam, que ia levar as alianças, me perguntou.

- Ninguém, meu amor. Ninguém. Vamos. - Eu e o Liam entramos na igreja e ficamos um pouco no fundo, já que eu iria avisá-lo da hora de entrar. Depois de eu e o Liam sentarmos e o Jason vir até nós, abriram as portas da igreja. Olhei pra frente. Aquela velha não ousou mexer um fio de cabelo! Minha mãe chorava e sorria. Minha vó estava quase morrendo lá no altar. Meu avô parecia que ia ter um ataque cardíaco. E olhem que meigo, Ruth chora em casamentos. Mas não posso falar nada, to parecendo uma manteiga derretida. Meu avô deixou minha mãe no altar e o Robert beijou a mão dela.

- Ai que meigo! - Disse chorando e o Jason riu fraco.

- Não chora.

- É tão lindo! - Disse e funguei. Ele beijou o topo da minha cabeça.

Depois de todo aquele blablablá do padre, ele disse que era a hora das alianças. Liam já estava posicionado na entrada.

- Mas tá todo mundo olhando pra mim. - Ele choramigou.

- É só ir até o seu pai.

- E esse povo chato? - Ri.

- Esquece o povo chato. Ó, eu to indo lá pra frente. Vê eu andando até lá e vai também ok? - Ele fez que sim com a cabeça ainda com a cara do gato de botas do Shrek. Fui indo até a frente da igreja. Ele tinha concordado andar sem olhar pro povo, só pra mim. Porém, ele resolveu correr até o altar. Botei a mão na testa rindo. Fiquei parada no lugar que eu estava. Ele entregou as alianças pro Robert e sentou no canto do altar. A cara do Liam, não acham?

(...)

- Hey! Cadê tua mãe? - Charles disse chegando na mesa.

- Não chegou ainda. - Ruth levantou e eles foram pra sei lá onde.

- Olha, tia! - Liam disse pra mim.

- Onde tu pegou isso, menino?

- Numa mesa desocupada. Pra você. - Ai meu Deus. Era um flor. Puxei ele pra mim.

- Ai, que lindo! Você é um perfeito cavalheiro! - Beijei a bochecha dele, que riu fraquinho.

- Olha... To me sentindo trocado. - Jason disse.

- Cala a boca.

- O seu amor por mim me comove, Jenny. - Ri. - Meus pais chegaram. - Olhei pra porta. Senhora Turner estava com uma cara nada boa. Já podia imaginar o porque. A velha maldita veio.

- Oi, Jenny! - A senhora Turner me cumprimentou.

- Oi, senhora Turner. - Acenei pro pai e pra avó do Jason, que se sentaram a mesa. Olhei pra porta de relance e vi os pais do Robert entrarem com o Tyler.

- Jason, como vai? Nossa, você tá lindo, querido! - A senhora Mollison chegou dando ataque.

- Ahn... Obrigado.

- A decoração tá bonitinha pra uma iniciante, Jenny. Apesar de que eu queria que tivesse sido realmente alguém que trabalha com eventos que tivesse mexido com isso. Acho que ficaria melhor. - Ela disse torcendo o nariz.

- Que bom que a prioridade são os noivos gostarem, né? O resto é o resto. - Ela respirou fundo e eu sorri com cara de anjo. Eles se sentaram na mesa ao lado.

- Ela vai te tarar. - Disse baixo pra só o Jason ouvir.

- Credo, Jenny! Não joga praga também! - Ri.

- Mas quem é aquela mulher? - A vó dele perguntou.

- Os sogros da minha mãe.

- Abusada essa mulher. - Ela disse impaciente. Olha, a senhora veio filar boia. Não devia falar nada.

- Isso eu tenho que concordar com a senhora.

- Onde já se viu! O Jason não é nem neto dela e é como se fosse. - Na verdade, ela tem uma tara pelo seu neto. Mas esse comentário é desnecessário. Alguém disse que os noivos chegaram. Vi que minha mãe tinha soltado o cabelo. Liam soltou a minha mão e foi até uma mesa, pegou outra florzinha e foi até lá. Ele se enfiou no meio dos dois.

Depois de todos os "parabéns" e de todas as fotos, veio a hora do jantar. O que eu queria mesmo era a hora do bolo e dos docinhos. Lógico né. Era chocolate.

- Você tá muito bonita, Jenny. - O garçom disse.

- É Jennifer. - Jason disse seco. Eu não disse nada. Era comigo? Jura mesmo? Ok, parando com as ironias, o tempo que o cara deu a volta na mesa servindo a comida, Jason ficou encarando-o.

- Foi só um elogio. - Disse com medo da cara dele.

- Quem pode te elogiar aqui sou eu! - Ele disse bravinho. Ri.

- Hmmmmm. Tá com ciuminho.

- Para, Jenny.

- Você fica sexy todo bravo. - Sussurrei no ouvido dele. Ele me olhou segurando o riso.

- Para.

- "Para". - Imitei o Jason fazendo uma voz escrota. Ele riu.

(...)

- Ai, quando o DJ vai começar a tocar hein? - Ruth perguntou.

- Depois da valsa ué. - Respondi.

- Vai demorar muito?

- Depois que o povo terminar de comer.

- Isso é chato.

- Cala a boca. É comida! - Disse indignada e ela revirou os olhos. Pouco tempo depois anunciaram a valsa. Obviamente não foi uma música normal como em qualquer outro casamento. Começou normal e aos poucos a musica foi "morrendo". Depois disso, tocou de tudo. Até macarena. Mas enfim né...

- Hey, vem. - Jason disse se levantando e estendendo a mão pra mim.

- Onde a gente vai?

- Dançar ué. Hora da valsa em que o povo pode entrar.

- Aquela bagunça linda e maravilhosa. - Disse irônica e ele riu.

- Vou me sentir como se só tivesse nós dois dançando. - Ele disse me conduzindo pro meio.

- Você tá estranho hoje.

- Em que sentido?

- Tá me mimando.

- Culpa do seu vestido. - Ri botando meus braços em volta do pescoço dele, enquanto ele colocou as mãos na minha cintura.

- Bonito né?

- Não mais que você. - Sorri e ele me selou. - Imagina quando for a gente?

- Onde?

- Se casando, Jenny.

- Você quer se casar comigo?

- Isso é um pedido? - Ele perguntou sorrindo.

- Pode considerar um. - Sorri junto.

- Você sabe que eu amo docinhos né?

- Eu também amo docinhos. - Ri fraco com a mudança repentina de assunto.

- É, mas você vai ser minha esposa. Então, vai ter que fazer pra mim.

- Tá me achando com cara de doceira, garoto?

- Já que você perguntou...

- Olha bem o que você vai me responder! - Disse interrompendo-o.

- Você ficaria bonitinha de avental.

- Eu devia te dar um soco na cara.

- Se arrependeria depois. Você me ama.

- Eu odeio você.

- Não reprima seus sentimentos, Jenny.

- Cala a boca.

- Desse jeito eu não vou passar a semana na sua casa. - Fiz bico.

- Você é muito mal comigo. - Ele riu. - Acha que eu tenho que ficar com a barriga no fogão e agora quer me deixar sozinha.

- Que dó! - Ele disse ainda rindo.

- Não ria.

- Apesar de tudo, eu te amo, Jenny.

- Vou ver isso apenas pelo lado bom.

- Mas é pra ver apenas pelo lado bom.

- Apesar de você ser um idiota, eu te pedi em casamento né.

- Não resiste a mim.

- Shiu! Quero ficar com você pra sempre.

- Hm... Together? - Sorri. É uma cena do Peeta com a Katniss em Jogos Vorazes. Ele sabe que eu sou apaixonada pelos livros e pelo filme.

- Together.

*O vestido delas, amores.