- A sogra da sua mãe foi lá em casa ontem. - Jason disse pra mim no meio da aula e eu arqueei uma sobrancelha olhando pra ele.

- Como ela conseguiu seu endereço?

- Se aquela mulher quiser, ela faz eu não existir mais. - Ri.

- Que horror.

- Ela fez a proposta de novo.

- E você disse não de novo. - Disse bocejando.

- Eu aceitei.

- Mentira?!

- Senhorita, Porter. Se comporte. - A professora de química disse. Ela é toda meiga. Até dando bronca ela é meiga. Dá vontade de apertar aquelas bochechas extra G. Murmurei um "desculpa".

- Sério que você aceitou?

- Claro que é sério. Amanhã já tenho a primeira sessão. Você vai comigo.

- Ok. Mas o que te fez mudar de ideia?

- O dinheiro. - Ri.

- Interesseiro.

- Interesseiro não. To pensando no futuro.

- Ah, cala a boca, Jason. - Disse rindo e ele riu junto.

(...)

Maquiagem numa guria aqui. Gente com roupão ali. Povo correndo quase me derrubando em todo lugar (tudo bem que eu sou pequena, mas dá pra me ver, galera!)...É, eu vim acompanhar o Jason na sessão de fotos.

- Puta que pariu! Olha isso! - Jason disse quando eu me aproximei. - Ainda bem que o cachê é alto. Porque eu vou pagar o mico da minha vida aqui. - Ri. Ele estava parecendo um arco-íris. Que dó!

- Você tá lindo.

- Eu sempre to lindo.

- Não vai se iludir também né.

- Eu sou um Deus grego!

- Só faltou o "Deus". - Ele fez cara de sério e eu ri.

- Mas o que é isso?! Tira essa coisa, menino! - Uma mulher, que aparentava ter uns 40 anos, berrou. O Jason estava indo de volta pro quartinho, salinha, sei lá que porra é, e eu fui atrás.

- "Tira essa coisa, menino". Ela quer teu corpo nu. - Disse fazendo ele rir.

- Eu vou colocar o que, então? - Ele perguntou pra ela, que estendeu um cabide com roupas pra ele. - Podia pesar menos. - Ele disse quando ela se afastou.

- Não reclama, garoto. - Disse empurrando ele pra dentro da sala.

(...)

- A senhora não acha que tem muita modelo? - Perguntei. A mulher olhou pra mim.

- Não. Tem até pouca.

- Isso é um absurdo! Ele é um só!

- Querida, já viu jogador de futebol com uma mulher só em volta?

- Ali tem cinco.

- Devia ter dez. Mas a empresa não quis tudo isso de modelo. - Aquelas prostitutas grátis estavam tudo com risinho. "HI HI". "HI HI" meu ovo, minhas filhas! Odeio essas magrelas que não podem ver um par de calças e já querem abrir as pernas.

- Ô, menina! Não precisa se jogar em cima dele! - Falei mais alto e vi o Jason rindo fraco.

- É a pose pra foto, garota. - O fotógrafo disse.

- Exatamente. É uma foto pra um catálogo de esportes. Não pra uma revista pornô.

- Jenny! - Jason disse chamando a minha atenção.

- Só falei a verdade. - Depois dessa a tiazinha me expulsou da sala. Ela disse que eu só voltaria quando estivesse tudo terminado pra ver as fotos.

- Tá fazendo o que aqui? - Tyler perguntou.

- Vim ver o ensaio do Jason.

- Ah... Eu vim entregar um troço pra minha vó que meu pai pediu.

- Hm... Me expulsaram da sala. - Ele riu.

- Quando eu fiquei sabendo que ele aceitou, já imaginei você falando: "Vai mais pro lado, vadia. Mais um pouco. Um pouco mais. Saiu da foto? Perfeito!".

- Idiota.

- Bem sua cara.

- Eu só disse que é um ensaio de roupa esportiva, não pornô.

- Imaginei.

(...)

- E aí, terminou? - Perguntei colocando a cabeça pra dentro da porta do estúdio.

- Já está acabando. - Uma outra mulher lá disse.

- Quanto tempo?

- Alguém tira essa menina do prédio?! - A tia de 40 anos berrou e eu voltei pro corredor.

(...)

- Pode vim, Jenny. Já terminamos. - Jason apareceu me chamando.

- Cadê sua camiseta?

- Mandaram tirar.

- Eu não estou acreditando nisso.

- Eu não tenho culpa!

- Prostituto de quinta! - Disse batendo na bunda dele.

- Bem que você gosta né.

- Isso não vem ao caso.

- Onde estão as fotos? - Ele perguntou em voz alta.

- Aqui. - Alguém, não identificado por mim, disse. Andamos até a frente de um computador. Jason me colocou na frente dele pra eu enxergar. Mas gente... Se eu fosse meiga, diria que ele está "beijável". Como não sou, posso dizer que ele está "comível".

- Você tá lindo! - Disse o colando mais em mim.

- Obrigado, amor. - As fotos começaram a mudar. E começou a aparecer as fotos que tiraram depois que eu fui expulsa daqui. Tinha uma que ele estava quase beijando a menina!

- MAS QUE POUCA VERGONHA É ESSA, JASON TURNER?!

- Foi ele que mandou! - Ele apontou pro coitado do fotógrafo.

- Eu vou matar você!

- Foi só uma.

- Mas já vale como se tivessem centenas! - Ele me abraçou.

- É só uma sessão de fotos.

- Não quero saber.

- Não precisa ser tão ciumenta, menina. - A mulher de 40 anos, que eu ainda não sabia o nome, me disse. - E fique feliz por ele ser menor de idade e não ser uma campanha de calças jeans. - Na verdade, ela tá certa. Nas propagandas das calças as mulheres tão tudo se jogando pra cima deles. E sempre estão sem blusa. Credo.

Terminamos de ver as fotos. Aquela era a mais horrorosa. As que tinham as meninas, ficaram bonitinhas até. As que tinham só ele, obviamente, ficaram perfeitas, porque né...

- Eu quero ver as fotos, Luter! - A senhora Mollison disse entrando no estúdio. - Jason, querido! Como vai?

- Bem, obrigado. E a senhora?

- Bem também. Oi Jennifer.

- Oi. - Disse e forcei um sorriso. Aquela velha tarada ficou olhando pra ele.

- Laura, querida, na próxima devemos fazer uma coleção de jeans com o Jason. - Olhei séria pra tal mulher de 40 anos, que o nome é Laura.

- Não sei, Ruth. Podemos ver. Quem sabe? - Acho que ela recusou mais pela minha causa do que por qualquer outra coisa.

- Ah... - Ela disse num suspiro. - Seria tão perfeito!

- Temos que ir né, Jay? Legal o trabalho de vocês, mas já vamos. Tchau, gente! - Demos um "tchauzinho breve" pra todo mundo, Jason pegou a blusa dele e saímos dali. - Nada de coleção de jeans. Tá me ouvindo? - Disse quando entramos no carro. Ele riu. - To falando sério.

- Relaxa, baixinha.

- Tomar no cu, Jason! - Ele riu mais ainda. "Baixinha". Vadio. Ele é insuportável, não acham?