Ouvi a porta da sala abrir atrás de mim e do Jason, nos fazendo interromper o beijo.

- Ah, foi mal. Mas é que tá uma conversa chata lá na sala. – Era o Lucas. Ri fraco.

- Mas eae, namorando? – Perguntei me pendurando na grade que tinha.

- Não. To saindo só.

- Com uma ou com mais? – Ele corou.

- Jenny!

- O que tem? Tu sempre foi assim. – Jason riu fraco do meu lado.

- Na verdade, eu to saindo com a Sarah e com a Julie.

- Que Julie? – Perguntei assustada. Tenho uma prima que se chama Julie. Que bom que pelo menos não é que nem a Ruth né.

- Lógico que não é a tua prima, tapada.

- Não vai iludir as garotinhas.

- Eu não. Deixei bem claro que não queria nada sério.

- Nem todas às vezes isso dá certo. – Disse e sorri pro Jason, que sorriu de volta.

(...)

- Vem cá cumprimentar sua prima. – Minha mãe disse.

- Que prima? – Perguntei da piscina.

- A Julie. Ela já tá indo pra piscina também, mas vem cá. – Saí da piscina, me sequei e entrei em casa.

- Oi Julie.

- Ah... Oi Jenny.

- Nossa, tá linda depois que deixou de ser boca de lata.

- Jenny! – Minha vó me repreendeu.

- Devo dizer obrigada? – Ela perguntou nervosa e eu ri.

- Era brincadeira. Vai se trocar pra ir na piscina. – Ela deu de ombros e foi se trocar. Cumprimentei meus tios e fui pra cozinha esperar por ela comendo salame. Pelo visto, só eu como isso aqui.

- To pronta. – Guardei na geladeira o salame e segui ela até lá fora. – Você não vai implicar comigo né?

- Eu não implicava com você.

- Você me xingava.

- Mas era zuera. Não leva pro pessoal.

- Pelo menos a gente não é que nem a Ruth. – Rimos.

- Ela é insuportável.

- Fiquei sabendo que você tá namorando. Ele sobreviveu esse final de semana com ela?

- Eu a mataria se ela tentasse algo. – Pulamos na piscina. – Jay? – Chamei por ele olhando em volta.

- Eu to aqui em cima.

- Ah. – Sorri indo até a borda da piscina. Ele estava sentado numa espreguiçadeira.

- Não cansa de ficar aí não?

- Não.

- Oi. – Julie disse pra ele vindo pro meu lado.

- Essa é a Julie. Uma outra prima minha.

- Ah, oi. Sou o Jason. – Ela sorriu.

- Vamos jogar algo? – Ela sugeriu e o Jason levantou pra buscar a bola. Ele entrou na piscina.

- Vôlei? – Ele perguntou e assentimos. – Não vale roubar hein, Jenny.

- Eu já disse que não roubei ontem. – Ouvi ele murmurar um “cara de pau” e taquei água na cara dele.

(...)

Saímos da piscina algumas horas depois. Eu estou ajudando a minha mãe a arrumar a mesa pra festa de noivado. E me desdobrando pras duas pestes não pegarem os doces antes de começar. Ou quatro pestes. Já que o Jason e o Tyler não param de querer enfiar a mão na bandeja.

- Vocês não sabem esperar não. E Jason, vai tomar banho.

- Credo. Parece minha mãe.

- Para de encher o saco e vai logo. – Vi uma mãozinha na minha frente tentando pegar um doce e bati nela. – Já falei que não, Liam.

- Mas eu quero. – Ele fez bico.

- Por favorzinho?

- Minha mãe vai me matar.

- Só um. – Juro que foi essa cara que ele fez pra mim:

- Se alguém ficar sabendo que eu te dei, eu te afogo na privada. – Disse entregando um doce pra ele, que saiu saltitante e foi comer no quarto pra ninguém ver.

- Eu vi! – Tyler berrou.

- Viu o que? – Perguntei rindo e ele me olhou com os olhos semicerrados.

- Ó, a Jenny deu doce pro Liam. – Ele falou pra minha mãe. Dedo-duro.

- Não dei doce nenhum.

- É mentira!

- Ele tá falando isso só porque não dei um doce pra ele, mãe.

- É, também. Mas o Liam tá lá no quarto comendo. – Ri. Minha mãe revirou os olhos e voltou pra cozinha. Gargalhei.

- Porra... Só um Jenny.

- Mas que guri chato! Sai daqui, Tyler. – Disse empurrando ele pra fora da casa.

(...)

- Como eu to? – Jason me perguntou. Como a donzela noiva que é, foi o ultimo a terminar de se arrumar.

- Tá lindo, como sempre. – Ele me deu um selinho.

- Agora posso comer doce? – Revirei os olhos.

- Meu Deus... Pode. Vai lá. O doce tá te esperando. – Ele riu.

- Com ciúmes de doce, Jenny? – Ele me perguntou sorrindo.

- Não. Vai lá atacar a mesa. – Ele riu de novo e me deu um selinho.

- Vem também. Mas mudando de assunto, onde tá sua mãe e Robert?

- Lá fora. – Tyler respondeu.

- Que cara é essa? – Perguntei. Jason me abraçou por trás e me deu um beijo no pescoço. Logo depois, ele pegou dois doces e botou de uma vez na boca. Fiz uma careta.

- To no tédio. E nem dá pra jogar porque tá escuro.

- Nem na frente da varanda?

- Não vai dar pra ver direito. E se a bola sair, vocês não vão achar. – Ruth respondeu.

- Mas dá pra fazer outra coisa aqui dentro. – Lucas disse e eu fiz um gesto pra ele continuar. – Verdade e desafio. Não sei se vocês ainda brincam disso, mas...

- Nossa, falou o idoso. O vovô daqui. To até te confundindo com o meu próprio vô, Lucas. – Disse e ele tacou uma almofada em mim. Ruth levantou e pegou uma garrafa. Jason olhou pra mim.

- Vai ser leve?

- Espero, amor. Mas os únicos “lights” daqui somos nós e acho que a Julie. – Jason torceu o nariz, mas não falou mais nada. Fomos pro quarto que eu e ele estávamos dormindo. Nos sentamos no chão em uma rodinha. Lucas pegou a garrafa e foi rodar.

- Espera. – Eles olharam pra mim. – Não deve ter umas regras aqui?

- Que regras, Jenny? – Ruth me perguntou.

- Eu e o Jason namoramos ué. Não vou beijar ninguém que não seja ele.

- Todo mundo aqui tem consciência disso. – Lucas disse.

- Eu não diria a mesma coisa, mas enfim, roda isso. – Respondi. A garrafa rodou e parou quase em mim, mas foi mais pro lado do Jason e quem tem que perguntar é o Tyler.