- Então... Tá fazendo o que aqui? – Perguntei sorrindo sem mostrar os dentes.

- Meus pais vieram resolver umas coisas e me arrastaram pra cá. Vocês vão ficar por quanto tempo?

- Até amanhã de noite. Ou de tarde, não sei. Minha mãe tá noiva. Vai ter uma festa em família amanhã.

- Jura que a sua mãe tá noiva? – Ele perguntou surpreso e eu ri.

- Tá sozinho?

- To. A gente podia sair né? Eu não tenho nada pra fazer. – Jason olhou pra ele com cara de poucos amigos.

- Podíamos. Ainda mais que tem um guri que podia te fazer companhia. Não sei se você vai gostar dele, ele é ridículo, mas não custa tentar né.

- Soube que vai começar um show daqui a pouco.

- É, minha mãe me falou.

- A gente poderia ir lá. - Fiz que sim com a cabeça.

- Vou chamar o Tyler. Já volto. Tenta não matar o menino – Disse a ultima parte no ouvido do Jason. Avistei minha mãe e o Robert. – Cadê o Tyler? – Eles apontaram pro lado e eu fui até lá.

- Ah, oi, Jenny.

- Quer ir ver o show?

- Cadê o Jason?

- Tá me esperando.

- Não vou ficar de vela. – Revirei os olhos.

- Encontrei um amigo meu. Vocês saem pra pegar alguém, sei lá, se virem.

- Tá, vamos. – Virei pra voltar onde o Caleb e o Jason. Tyler colocou a mão no meio das minhas costas.

- Tira a mão daí. – Disse olhando pra ele.

- Tá, desculpa. – Ele disse levantando as mãos em forma de rendição.

- Esse é o Tyler. E esse é o Caleb. – Disse quando chegamos lá. – Sabe de quem vai ser o show?

- De uma banda local. Não são conhecidos. – Caleb disse. Começamos a nos dirigir até a parte que ia ser o show.

- Alguém quer beber algo?

- Eu pego lá. – Jason disse e eu dei de ombros.

- Pode escolher o que quiser pra mim. – Ele assentiu.

- Eu te ajudo a pegar lá. – Caleb sugeriu e eu mordi a parte de dentro da bochecha.

- Não, a Jenny me ajuda então.

- É, e...

- Não, relaxa, eu vou. – Caleb insistiu, me interrompendo.

- Eu já disse que a Jenny vai.

- Eu vou e não se fala mais nisso. – Tyler disse. – Que coisa chata hein. – Vish. Jason foi andando até lá olhando toda hora pra trás.

- Meio calado seu namorado né. – Caleb disse e eu me virei pra ele.

- Nem tanto. Vocês nem se conhecem direito.

- A gente podia relembrar os velhos tempos. – Ele disse se aproximando.

- Caleb, eu tenho namorado. E ele deve tá vindo aí.

- Ele não vai ver.

- Mesmo se isso fosse verdade, não.

- Você era mais legal antes, Jenny.

- Por que? Só por que eu estava bêbada?

- Você não estava bêbada.

- Ah não? Eu nem lembro direito como eu conheci você.

- Isso não foi problema na hora de...

- Pelo amor de Deus, cala a boca. A gente já se conhecia a algum tempo quando isso aconteceu.

- Para de doce, Jenny. – Ele disse se aproximando.

- Para você. Sério. – Coloquei uma mão no peito dele pra impedir ele de se aproximar. Vi um copo com bebida na minha frente e reparei que os meninos voltaram. Murmurei um “obrigada” pro Jason.

- Eu não gosto desse seu amigo. – Ele disse no meu ouvido. Dei de ombros.

(...)

O show já tinha começado. Creio eu, que já estava no final. Mas não sei direito. Não calculo direito o tempo quando estou bêbada.

- Calma. A gente tá em publico. – Disse pro Jason.

- Foda-se.

- Aqui não é uma balada de Nashville. – Ele mordeu o lóbulo da minha orelha e eu ri. – Tarado. – Dessa vez, ele que riu. Senti alguém chegar atrás de mim e dei um pulo me virando.

- Perdeu a noção, caralho? – Cambaleei um pouco pra trás, já que o Jason entrou na minha frente. Apertei os olhos e abri de novo.

- Tem que aprender a dividir, Jason. – Só agora vi que era o Caleb. Jason socou a cara dele, e o menino caiu do chão. Arregalei os olhos. Caleb levantou e revidou o soco. Os dois começaram a se socar ali no meio. Até ouvi a musica parar de tocar. Ouvi o vocalista da banda falar alguma coisa pra eles pararem. Gargalhei. Se eu não estou ouvindo direito, imagine eles, que estão mais bêbados que eu. Vi dois homens se preto se aproximando. Já achei que eu estava no filme do Will Smith. Até que a minha ficha caiu e vi que eram dois seguranças.

- Fudeu. – Um segurança pegou o Jason e eu fui atrás.

- Você é alguma dele? – Ele me perguntou quando viu que eu o seguia.

- Sou a namorada. – Disse olhando pra ele. Senti uma dor na minha cabeça e vi tudo rodando. Até que depois não enxerguei mais nada.

(...)

Abri o olho. Minha cabeça latejava. Me sentei na cama que eu estava.

- Você tá bem? – Olhei pra frente. Era o Jason. Coloquei as pernas pra fora, mas continuei sentada. Botei a mão na cabeça.

- Só to com dor de cabeça. Onde a gente tá?

- Na enfermaria. Você bateu a cabeça num poste e desmaiou.

- Cadê minha mãe?

- Tá lá fora.

- Você tá legal?

- To meio zonzo ainda. – Examinei o rosto dele.

- Seu lábio tá inchado. – Ele deu de ombros. – Sua sobrancelha tá cortada. E sua bochecha também.

- Já me olhei no espelho, Jenny. Obrigado.

- Eu preciso de aspirina.

- Daqui a pouco a enfermeira vai te trazer.

- Ele já foi embora?

- Já.

- Você tá encrencado?

- Só se eu aparecer aqui de novo. – Rimos fraco.

(...)

- Eu ainda preciso de uma aspirina. – Disse depois de um tempo que acordei.

- Eu, você, sua prima, Tyler, sua mãe... Todos nós precisamos. – Jason disse. Bufei enterrando minha cabeça no travesseiro. – Ah, chegou um povo aí que não conheço. – Olhei pra ele.

- Quais os nomes?

- Não sei. Só escutei as vozes. – Levantei e fui até o banheiro. Tomei banho, me troquei e saímos do quarto. Fomos até a sala. Lá estava cheio de gente.

- Lucas? – Perguntei quando vi um menino parecido com o pai. Quando os meus avós moravam aqui, eles tinham cavalos. E os pais dele que cuidavam. Eles moravam aqui também. Consequentemente, eu conheço o Lucas.

- Oh meu Deus, Jenny! – Ele disse se levantando e me abraçando. Mas gente... Ele está bem saudável. Bem forte, bem lindo, bem... Parei quando vi ele e o Jason se cumprimentado. Fui até os pais deles e os cumprimentei também. Dei “bom dia” pra todo mundo e fui até a varanda com o Jason.

- É seu primo? – Ele me perguntou sobre o Lucas.

- Não. Os pais dele cuidavam dos cavalos daqui. – Ele me olhou confuso. – Quando meus avós moravam aqui, tinha. E eles moravam aqui no sitio também.

- Devo me preocupar com ele?

- Hein? – Perguntei rindo.

- Qualquer menino que eu conheça dá em cima de você.

- Não o Lucas. Ele já me viu acordando, pelo amor de Deus. E ele tem 22 anos. É velho demais pra mim, não acha?

- Antes de a gente namorar, eu também te vi acordando. E é... Ele é um pouco velho pra você.

- To querendo dizer quando eu devia ter uns oito anos e meu cabelo era enrolado, Jay. Quando eu acordava, meu cabelo parecia aquele do Michael Jackson dos anos setenta, oitenta, sei lá.

- Black power?

- É. – Ele riu. – Não ria. A culpa não é minha se meu cabelo era ruim.

- Agora ele é bom.

- Dou graças a quem inventou o produto químico. – Ele riu de novo.