I Hate You escrita por Carol Munaro


Capítulo 31
Take me back to the start


Notas iniciais do capítulo

ooi gente! Capitulo grande pra vcs ú.u Boa leitura :3



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– Jenny? Ele tá falando sério ou isso é algum tipo de brincadeira? – Não virei pra olhar pra cara dele, mas só de saber que ele ouviu, senti meus olhos arderem. Não virei pra ele. Não sabia como ia olhar pra cara dele de novo. – Eu te fiz uma pergunta. – Will riu.

- Tá rindo de que? – As palavras saíram sem a minha permissão. Minha voz estava tremula e eu estava prestes a desabar em choro.

- Ele realmente acreditava em você. Eu não era tão idiota assim, pelo menos. – Jason não se movia. Minha boca estava seca e eu estava com um nó na garganta. Eu não tinha mais voz. Eu não conseguia falar mais nada.

- Vamos. – Jason me pegou pelo braço me puxando. Peguei as sacolas quase correndo e fomos até o estacionamento. Ele entrou no carro e eu entrei também. Ele não falou nada o caminho inteiro. A respiração dele estava pesada e ele bufava toda hora. Eu quase nem respirava pra não fazer barulho.

- Jas...

- Não fala nada. – Ele praticamente berrou e eu não consegui mais segurar. Comecei a chorar. Uns minutos depois ele parou na frente da minha casa e eu olhei pra ele. – Tá esperando o que pra sair?

- Não faz assim...

- Cala a boca e sai logo. – Peguei as sacolas com os ursinhos. Entreguei a da joaninha, que foi a que ele me deu, pra ele. – Presente não se devolve. E eu vou fazer o que com isso? É seu. – Engoli em seco. – Isso é seu também. – Ele jogou a caixinha com o lanche em mim. Mas estava leve de mais pra ter um Big Mac ali dentro. Abri. Eu juro que entrei em desespero. Ele ia fazer uma surpresa pra mim. No lugar do lanche, tinha uma caixinha com duas alianças dentro. Olhei pra ele.

- A gente pode...

- Não tem “a gente”. Só sai do carro, Jennifer. É difícil calar a boca? – Ele disse abrindo a porta e quase me empurrando dali. Saí do carro e fiquei olhando pra ele. Ele bufou e olhou pra mim com ódio. Virei e fui em direção à porta de casa. Antes de entrar, olhei pra ele de novo. Mas ele já tinha ido embora. Comecei a chorar mais desesperada ainda. Entrei em casa e fui direto pro meu quarto.

- O que aconteceu? – Minha mãe perguntou e eu continuei meu caminho. – Jenny? – Não respondi e bati a porta do meu quarto. – Jennifer? – Ela me chamou do outro lado do quarto. Agarrei o meu travesseiro e comecei a chorar mais ainda. Ouvia a porta do meu quarto ser aberta e não disse nada. – Vocês brigaram?

- Ele descobriu, mãe. – Falei com dificuldade por causa dos soluços e do meu choro. Ela colocou minha cabeça no seu colo e começou a fazer carinho nos meus cabelos. Minha mãe não falou nada e eu também não fiz questão.

(...)

- Tem certeza que vai querer ir pra escola? – Minha mãe perguntou se escorando na porta do meu quarto.

- Vou. Não posso ficar a vida inteira chorando.

- Eu sei. Mas não é disso que to falando. – Olhei pra ela. Ela estava falando de eu ver o Jason de novo.

- Pelo menos tento conversar com ele.

- Acha que vai dar certo?

- Tem que dar certo. – Ela não falou nada. Só foi pro andar de baixo. Me olhei no espelho. Eu estava horrível. Não que eu me sinta bonita, porque não me sinto. Mas eu estava pior que o normal. Minha cara de quem não dormiu a noite era visível. Meus olhos estavam fundos e inchados e eu estava com olheiras gigantes debaixo deles. Meus ombros não estavam relaxados como sempre. Estavam tensos e pesavam sobre o meu corpo.

Engoli em seco e saí da frente do espelho. Peguei minha bolsa e desci.

- Quer que eu te leve? – Minha mãe perguntou e eu assenti. Tomei café da manhã em silencio. E o mesmo aconteceu no caminho até a escola.

Minha mãe parou o carro quando chegamos, e pegou no meu braço.

- Não existe só ele de menino, Jenny. Eu sei que o erro foi seu e que você gosta dele, mesmo falando que não. Mas não vai ficar chorando o dia inteiro por ele, né? – Dei de ombros e não respondi. Entrei na escola, passei no meu armário e fui direto pra sala.

Ouvi o sinal bater e as pessoas foram entrando pela porta. Esqueci que tinha aula de biologia com ele. Quando vi ele entrando, senti o nó na garganta de novo. Ele não olhou pra mim e nem sentou do meu lado, como sempre. Foi pro outro lado da sala e por lá ficou.

(...)

Deu o sinal pro intervalo e eu fui me arrastando até o meu armário pra deixar os livros lá. Fui pro refeitório e olhei em volta. Fitei o Jason. Ele não estava muito melhor que eu, mas estava sorrindo. Ao contrário de mim.

Ele me olhou de volta e logo desviou o olhar. Quando me dei conta, eu já estava indo até lá, sendo traída pelas minhas próprias pernas. Parei na frente dele, que desmanchou o sorriso na hora que me viu. Os amigos dele saíram e só sobramos nós dois.

- Eu...

- Eu te contei tudo sobre mim, Jennifer. Te contei coisas que ninguém nem sonha sobre mim.

- Eu sei... Aquilo foi uma vez só, Jay. – Ele riu sem humor.

- Não me chama de Jay. Eu até mudei por você! E o que eu ganho em troca? Um par de chifres!

- Eu não traí você.

- Você estava saindo com ele e comigo ao mesmo tempo. Você mentiu pra mim, no mínimo.

- Eu não traí você. – Falei de novo.

- Mesmo? Se eu saísse com outra garota enquanto estava com você, como você se sentiria? – Olhei pra baixo e engoli em seco. Eu me sentiria péssima, no mínimo. Ele estava praticamente cuspindo as palavras na minha cara.

- Mas a gente nem tá namorando. Não era algo sério.

- Tá brincando comigo? Você sabe muito bem o que eu te contei e o que aconteceu depois daquela festa lá em casa. Se eu soubesse que pra você não era algo sério, nunca teria feito aquilo.

- Eu to falando do dia que eu saí com o Will. Foi uma vez só, Jason.

- Não interessa. Isso não muda o que eu to sentindo. Não muda o meu arrependimento por ter achado que você era a menina certa pra mim. Eu preferia a época que eu odiava você. Era mais fácil e eu não chorava.

- Mas...

- Sem “mas”, Jennifer. E eu espero que você não me incomode mais.

- Não me chama de Jennifer. – Disse baixo. Ele me ignorou e saiu quase trombando o ombro no meu.

(...)

Entrei no banheiro chorando. Agradeci mentalmente por estar vazio e todo mundo tava no intervalo ainda. Me obriguei a não olhar pro espelho. Eu ia me sentir pior ainda. A porta abriu e eu sequei o meu rosto. Na verdade, eu tentei. Duas meninas entraram juntas e uma terceira mais atrás, desviando delas.

- Fica assim não, menininha. Espero que o Turner não tenha te iludido muito. – A morena disse e eu senti um rubor invadir meu rosto.

- Talvez daqui a algum tempo você até consiga ficar com ele de novo. – A loira disse e a morena riu fraco.

- Soube que ele tá mais soltinho hoje. Vou tentar ficar com ele de novo. Quem sabe dessa vez eu consigo que ele veja pelo menos a cor do meu sutiã. – A loira riu e eu cravei meus dedos na pia. Elas saíram do banheiro.

- Relaxa. Elas são duas vadias idiotas. E não chore por ele. Por ele ser do time, ele não é muito diferente dos outros meninos. – Bufei.

- Eu iludi ele. Eu errei. Eu que estraguei tudo! – Olhei pra menina do meu lado, que me olhava surpresa. Bufei de novo e saí do banheiro.

Entrei na sala logo depois. Eu não tinha mais nenhuma aula com o Jason a não ser a ultima.

(...)

Não prestei atenção em nenhuma aula. Até essa ultima. Eu estava me obrigando a prestar atenção pra não escutar as risadas da vadia morena que encontrei no banheiro. Ela estava sentada do lado do Jason. Ela ia tentar algo. E ele ia ceder. Mais por teimosia e pra me afetar do que por qualquer outra coisa.

(...)

- Como assim vai pra casa da sua vó? – Minha mãe perguntou enquanto eu arrumava uma mochila pra mim.

- Indo ué.

- O que isso tem a ver com o Jason? – Não respondi. – Jenny, eu te fiz uma pergunta.

- To achando que ele vai levar uma vadia lá só pra me provocar. – Ela respirou fundo.

- Eu não queria falar nada, mas isso já é burrice. Você sabe que ele vai fazer isso. E sabe também que vai ser na casa dele só porque ele sabe que você pode tá lá, no quarto da casa ao lado. E vai ficar se torturando por isso?

- Mas... Eu preciso ter certeza.

- Para de ser burra, Jenny.

- Eu não to sendo burra, eu só... – Senti meus olhos arderem e depois uma lágrima escorrer do meu rosto. De novo.

- Tudo bem, eu vou te levar lá. É capaz de você pular a janela se eu te proibir. Mas antes de tudo, se ele fizer isso, você sabe que é pra te provocar né?

- Como assim?

- Se ele fizer isso, é óbvio que ele gosta de você, mas tá nervoso por causa de ontem. – Mordi a parte de dentro da bochecha. – Vai agora?

- Sim. – Peguei minha mochila e descemos.

(...)

Já tinha chego na minha vó. Na verdade, eu já tinha até jantado. Minha mãe disse que dormiria aqui também. Estava no meu quarto mexendo em algumas coisas. Ouvi um barulho e olhei na janela. Ele entrou no quarto, mas sozinho. Relaxei meus ombros. Eu estava tensa o dia inteiro. Ele fechou a cortina sem nem olhar pra cá. Tentei ignorar.

(...)

- O que você acha de eu ir lá? – Perguntei pra minha mãe enquanto ela tomava banho. Ainda não tínhamos voltado pra casa. Era só o dia seguinte.

- E eu achando que sua sanidade ia voltar quando você dormisse...

- Eu to falando sério.

- Eu também! Olha aqui. – Olhei pra ela, que tava com cabeça pra fora do Box. – Você só gosta do Jason ou...?

- Pra eu passar mais de 24 horas chorando por ele, acho que é mais do que uma paixonite adolescente.

- Somos duas. – Ela disse voltando pro banho.

- O que você acha de eu ir lá? - Perguntei de novo.

- Pelo menos você vai tentar né. Apesar de que eu acho que ele ainda tá puto.

- Capaz de ele me tratar que nem ontem na escola.

- Mesmo assim, é melhor tentar pra depois não ficar com peso na consciência se perguntando se você fosse lá o que aconteceria. Você gosta muito dele. – Assenti.

- Vou lá, mãe. – Ela deu de ombros e eu fui até a casa dele. Bati na porta e esperei.

- Oi, Jenny.

- Oi, senhora Turner.

- O Jason não tá.

- Ah... Ele vai demorar?

- Acho que não. Quer esperar por ele? – Assenti.

- Tudo bem se eu subir?

- Pode ir. – Sorri fraco e subi as escadas. Abri a porta do quarto, entrando e fechando a mesma em seguida. Olhei em volta. Vi o chaveiro que ele “roubou” de mim há umas semanas atrás em cima da escrivaninha. Sorri fraco. O quarto estava a mesma bagunça de sempre. Percebi que ele ficou jogando vídeo game a maior parte do tempo. Tinha vários jogos espalhados em volta do aparelho. Vi que o tal caderno estava aberto em cima da cama e um frio percorreu minha espinha. Sentei na cama pra ler o que ele tinha escrito.

“Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito,

Você não sabe o quão amável você é

Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você,

E te dizer que eu escolhi você

Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas

Vamos voltar pro começo

Correndo em círculos, perseguindo a cauda,

Cabeças num silêncio à parte

Ninguém disse que seria fácil,

É uma pena nós nos separarmos

Ninguém disse que seria fácil,

Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim

Me leve de volta ao começo...

Diga-me que me ama, volte e me assombre

Quando eu corro pro começo

Correndo em círculos, perseguindo nossas caudas

Voltando a ser como éramos”

Eu estava paralisada. Pra ele parece tão fácil falar sobre isso. Enquanto eu, nem consigo pensar direito. É, mais louca que isso eu não fico.

Ouvi umas risadas e fechei o caderno me levantando. A porta abriu e o Jason entrou junto com a morena do dia anterior. Ele olhou sério pra mim.

- Tá fazendo o que aqui?

- Tentar uma conversa. – Senti um nó na minha garganta de novo. Mas que porra!

- Turner não é menino de uma garota só. – A vadia disse e eu me irritei.

- Cala a boca. Você nem conhece ele.

- E você conhece por acaso? – Ela perguntou rindo.

- Mais do que ele gostaria, até. – Ela parou de rir e olhou pra ele.

- Não pode ser outra hora? – Ele me perguntou e eu bufei.

- Desculpa atrapalhar sua transa, mas não. – A menina continuou olhando pra ele.

- Eu te levo lá em baixo. – Ele disse pra menina e ela fez cara de irritada.

- Não vou te esperar pra sempre, Turner. – Ele riu.

- Duvido. – Então, somos dois.


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Notas finais do capítulo

Ah, do caderninho é um trecho de The Scientist do Coldplay. Sou apaixonada por essa musica. Ainda mais o video deles cantando no RiR ú.u Xoxo :3