- O que ele queria contigo? – Jason perguntou parando na minha frente.

- Encher o saco.

- Mas ele falou o que?

- Ele não falou nada de mais. E... Eu pedi pra ele me contar.

- Contar o que?

- Porque vocês não se gostam. – Ele respirou fundo.

- Ele contou? – Fiz que sim com a cabeça.

- Sinto muito. – Falei quando ele vi que ele não falaria mais nada.

- Não sinta. – Ele disse pegando uma garrafa de água e tomando. Fiquei cutucando um fio que tava desfiando da barra do meu shorts e ele não falava nada.

- Foi por causa daquilo que ela dormiu com ele? – Perguntei receosa pra ele depois de um tempo. "Aquilo" era o fato dele ser virgem.

- Foi. Por isso eu tava esperando a menina certa. – Ele disse sorrindo fraco e pegando na minha mão. Sorri também e encostei minha cabeça no ombro dele.

- Você tá fedendo. – Ele riu fraco.

- Acabei de sair do treino ué. Vem, quero um abraço. – Ele disse abrindo os braços e eu me levantei.

- Nem pense nisso! – Ele veio se aproximando e eu fui pra trás. – Sai, Jason. – Ele não parou. – Jason, parar. Sério. – Ele tava se segurando pra não rir. – Sai, Turner! – Berrei e ele riu, desviando de mim e indo pro vestiário. Ri fraco.

(...)

- Mãe, cheguei. – Disse entrando em casa. – Cadê você?

- Na cozinha. – Fui até lá. – Agora me conta, como foi lá?

- Foi bom... – Disse e senti minhas bochechas esquentarem um pouco.

- Bom ou ótimo?

- Mãe, era a primeira vez dele.

- E daí? E pelo menos ele é mais bonito que o outro lá que tu perdeu. Como era o nome dele mesmo? – Revirei os olhos.

- Caleb.

- É, esse mesmo. Quem é melhor? – Olhei pra ela.

- Eu não costumo comparar os meninos que eu fico.

- Sério que nunca fez isso? – Fiz que não com a cabeça. – Eu sempre faço. O bom é que o ultimo é sempre o melhor. Também, quem anda pra trás é caranguejo né.

- Então o Robert é o melhor de todos?

- É claro. Ele é perfeito! Ontem eu até...

- Ok, sem detalhes! – Pigareei. – A mãe dele me viu. – Ela me olhou dessa vez.

- E aí? Deu barraco?

- Lógico que não. - Ri fraco. - Eu tava dormindo já. Ele que me contou.

- E ela disse o que?

- Ele não falou mais nada.

- E você em vez de perguntar né...

- Eu tava com vergonha de mais pra isso. – Respondi comendo um pedaço de tomate. – O bom é que eu não fui pra aula.

- É né!

- Ah, mãe. Dá um desconto. Você não adora o Jason? – Ela semicerrou os olhos olhando pra mim.

- Sua sorte, Jenny.

- Relaxa. Eu vou tomar banho e depois desço pra almoçar. – Ela assentiu e eu subi.

(...)

Entrei no colégio correndo. Dessa vez o Jason não foi me buscar porque eu vim com a minha mãe, mas ela enrolou de mais e eu acabei me atrasando. E o pior: a primeira aula é inglês. Corri até o segundo andar e bati na porta. Nem passei pra pegar o livro no meu armário. Me atrasaria mais. O professor abriu a porta pra mim.

- Tá atrasada. – Ele disse num tom autoritário e se sentindo superior. Já disse que eu odeio esse professor?

- Eu sei, desculpa.

- Entra. – Eu to ficando surda ou ele foi mesmo legal pelo menos uma vez na vida? – Ah, e me entregue a lição que eu passei ontem. – Sabia que ele não tava sendo legal. Era só pra ter a chance de tirar uma com a minha cara só porque não fiz o dever. Mas péra, eu nem vim ontem.

- Eu não vim ontem.

- Devia ter pego com alguém.

- Se eu falasse com alguém aqui, talvez. Mas do mesmo jeito, não deu tempo. – Disse e me sentei.

- Você nunca entrega as lições que eu passo.

- Essa foi a primeira vez. – Juro que to perdendo a paciência.

- Foi nada. Eu tenho tudo anotado no meu caderno.

- Então você deve ter algum problema de memoria, porque eu também tenho anotado no meu e não tenho amnésia pra não lembrar disso. Você me odeia né?

- Não, não te odeio.

- Imagina se me odiasse. – Ele bufou se sentando na mesa dele.

- Eu ainda to esperando as suas lições, senhorita Porter.

- Você é mal comido, não é possível! Isso explica o seu mal humor! – Disse irritada e ele olhou com raiva pra mim.

- Sai da sala.

- Nem. – Disse rindo fraco.

- Nao sou obrigado a aguentar você.

- Ah, que ótimo. E nem eu sou obrigada a sair. – Disse e ele saiu da sala. Provavelmente indo chamar alguém pra me tirar daqui. Nem ligo.

(...)

- Eu não acredito que tive que ir na diretoria por sua causa. - Minha mãe disse.

- Eu nem tive culpa.

- Quando eu achei que já tava livre de diretorias, você me faz voltar lá.

- Hey, a ultima vez que isso aconteceu foi no meu ultimo dia aqui.

- É, eu sei.

- Foi culpa do Jason. – Disse rindo fraco. – Mas enfim, isso não interessa agora. Que isso? – Perguntei vendo um papel na mão dela.

- É a lista das lições que você não entregou.

- Mas eu entreguei!

- Não precisa mentir pra mim, Jenny. Eu era uma aluna pior que você.

- Mãe, eu não mentiria pra você. Eu entreguei. Não vou fazer isso. – Ela deu de ombros.

- Faz o que você quiser. Mas você sabe que vai ter mais problemas com o professor, não sabe?

- Sei sim. Ele é insuportável.

- Imagino. Quando ele veio falar comigo, só pela cara, já percebi que ele é insuportável. Ele me lembra o meu professor de história do meu ultimo ano.

- Isso que tá no começo do ano...

- Boa sorte. – Revirei os olhos. Depois de eu ir pra diretoria, minha mãe foi chamada e eu vim embora com ela. Quer dizer, eu acordei cedo pra nada! Nem fiquei revoltada não... Imagina! Soltei meu cabelo e coloquei o pijama de novo. Iria dormir, lógico. Ia ficar fazendo o que?

(...)

Eu tava no show do Maroon 5 com o Turner. De novo. Eles tavam tocando She Will Be Loved e o Jason tava cantando pra mim. Estávamos dançando justos. Ele com a mão na minha cintura e eu com os braços ao redor do pescoço dele sorrindo. De repente, a musica muda e começa a tocar One More Night.

Dou um pulo da cama. Era meu celular tocando. Bufei e peguei ele em cima do criado mudo.

*Ligação on*

- Que é? – Perguntei irritada.

- Nossa. Bom dia pra você também, Jenny.

- Ah... Desculpa, Jason. Você me acordou.

- Hm... Tá doente?

- Não. Por que?

- Você não veio pra escolar hoje. – Escutei um “tá xonis, Turner?” e ri fraco.

- Na verdade eu fui. Mas parei na diretoria logo na primeira aula e a diretora me mandou embora com a minha mãe. – Ele riu fraco.

- O que tu fez?

- Falei pro professor de inglês que ele é um mal comido de tão mal humor. – Ele riu.

- Ele é insuportável.

- Ele adora implicar comigo!

- Bom, vou te deixar dormir.

- Tchau, Jay.

- Tchau, Jenny.

*Ligação off*

Eu tava realmente sonhando com ele. Eu to enlouquecendo, não é possível. Ou eu to gostando dele? Bom, mais provável que eu esteja enlouquecendo. Não é normal pensar numa pessoa não só o dia inteiro, mas em sonho também. Ai meu Deus! Eu to apaixonada? Lógico que não! Isso é praticamente impossível de acontecer comigo. O mais perto que eu cheguei disso foi um “abismo” que tive pelo Caleb. Mas eu nunca sonhei com ele.

Balancei a cabeça tirando esses pensamentos da minha mente e voltando a dormir.