- Vó? – Chamei por ela entrando na cozinha.

- Oi querida. Não sabia que vinha.

- É... Decidi de ultima hora. E o vovô?

- Já deve tá chegando da loja pra almoçar. – Suspirei. Ela sentou na minha frente do outro lado da mesa. – Tem a ver com o Jason de novo? – Olhei pra ela.

- Também...

- Vocês brigaram de novo?

- A gente tá... saindo. Mas eu to dividida.

- Tá saindo com outro garoto também?

- É... – Disse e senti minhas bochechas esquentarem.

- Mas que feio, Jenny! – Ela disse brava pra mim.

- Eu sei, vó. Eu sei. O problema é que eu acho que ele gosta de mim de verdade. E eu não quero iludir o Jason.

- Desculpe, querida, mas já tá iludindo. – Quase enfiei minha cara na madeira da mesa.

- Eu não sei o que fazer.

- Quem é o outro garoto?

- É o Will. A gente tá saindo desde a semana passada, mas esse final de semana eu fiquei com o Jason e também marquei de sair sexta com o Will.

- Faz assim, sai com o Will e vê qual dos dois é melhor pra você.

- É... Já tinha pensado nisso.

- Cheguei. – Meu vô disse entrando na cozinha.

- Oi vô! – Disse abraçando.

- Oi, Jenny! Vai dormir aqui? – Ele perguntou depois de dar um beijo na minha bochecha.

- Não, vim só passar a tarde.

- Quer ir pra loja depois do almoço? – Assenti sorrindo.

(...)

Tava na loja com o meu avô. Ele pediu pra eu ficar no caixa enquanto ele arrumava o estoque, se não iria ter que ficar até mais tarde. Eu disse que tudo bem. E tava tudo tranquilo na loja.

Até agora.

Jason apareceu pra me fazer companhia. O que foi até divertido, já que eu tava num tédio total. O problema é o Will brotar na loja. Eu acho que eu quase tive um troço.

- Ér... eu preciso ver um troço com o meu avô. Cobra pra mim, por favor? – Ele assentiu e eu entrei no estoque quase correndo. Meu vô e o ajudante dele olharam pra mim com uma sobrancelha arqueada.

- Jenny, e o caixa?

- Turner tá lá. – Disse e sorri amarelo. – Só vim beber água e sair um pouco de lá. – Eles não falaram nada e continuaram arrumando. Fui até o canto da porta. Vi o Will indo até o caixa. Quando ele viu o Jason, deixou o troço que ele ia comprar – não consegui ver – de volta na prateleira e saiu. Turner não tinha visto nada. Tava concentrado no celular. Respirei fundo me sentando na cadeira que tinha ali.

- Tá passando mal? – O funcionário da loja me perguntou.

- Não, to legal. – Disse e sorri fraco. Me levantei e fui até lá. – Se alguém roubasse a loja, a culpa ia ser sua. – Ele riu fraco.

- Você não ficou nem dois minutos lá dentro. – Mas foi o suficiente pra eu quase ter morrido do coração.

- Que horas são já?

- 14h00. Quer sair na sexta?

- Não vai dar. – Ele arqueou uma sobrancelha. – Minha mãe quer que eu ajude ela com... – Fiz cara de pensativa. – Não lembro com o que. – Disse e dei de ombros.

- Ok. No sábado?

- Eu te ligo no final de semana pra gente ver, ok? – Ele assentiu.

- Jenny, sua vó ligou dizendo que sua mãe tá lá. Pode ir, se quiser. – Meu vó disse voltando pro caixa.

- Ah, tudo bem. Vou indo então. – Dei um beijo na bochecha dele. – Tchau, vô.

- Tchau, senhor Porter.

- Tchau garotos. – Saímos da loja e fomos andando até a casa da minha vó. Não era longe. Fomos andando de mãos dadas e em silencio por um tempo.

- Jason, alguém já magoou você? – Ele olhou pra mim.

- Por que? – Ele perguntou estranho.

- Só... pra saber. Mais curiosidade. – Ele suspirou.

- Já. – Olhei pra ele e ele tava com a expressão seria.

- Vocês namoravam?

- Sim. E não quero falar disso. – Disse rude.

- Ok. – Murmurei e ele não falou nada o resto do caminho. Pouco tempo depois chegamos na frente da casa da minha vó.

- Por que me perguntou aquilo, Jenny? – Ele me perguntou quando paramos.

- Só pra puxar assunto. – Disse cautelosa e ele deu de ombros. – Quer entrar? – Disse apontando pra casa.

- Não. Vou pra minha. Até amanhã.

- Até amanhã. – Ele me deu um beijo rápido e eu entrei.

(...)

- Jenny? – Tava no mercado com a minha mãe fazendo compras com a minha mãe. Ela tinha ido pegar legumes e eu tava pegando doces, salgadinhos... Essas coisas. Me virei.

- Oi Will. – Disse sorrindo.

- Ainda tá combinado de a gente sair amanhã né? – Ri fraco.

- Tá sim. Mas a gente vai onde?

- Eu pensei de a gente ir jantar, mas não sei se você ia querer.

- Por mim tudo bem. – Ele sorriu. Uma mulher chamou ele. – Bom, minha mãe tá me chamando. – Ele disse fazendo uma careta. – Até amanhã, Jenny. – Ele disse me dando um selinho rápido.

- Até amanhã.

(...)

- Mãe! Cadê aquele sapato vermelhão? – Berrei do meu quarto. Já tinha saído do banho e já tava maquiada. Só faltava colocar o vestido e achar o sapato.

- Qual? O vermelho sangue que você foi pra festa aquele dia? – Ela perguntou aparecendo na porta do meu quarto.

- É, aquele mesmo.

- Não é de perua? - Ela disse rindo e eu revirei os olho. - Vai se vestindo que eu vou pegar. – Assenti. Me vesti, um tempo depois coloquei o sapato e desci.

- Será que ele vai se atrasar? – Minha mãe olhou pra mim e revirou os olhos.

- Você é afobada demais. – Dei de ombros. Um tempo depois a campainha tocou. Ele não tava atrasado.

- Oi. – Disse sorrindo e ele sorriu de volta. Ele me deu um selinho e eu fechei a porta.

- Você tá linda. – Senti minhas bochechas esquentarem de leve.

- Obrigada. – Ele abriu a porta do carro pra mim e fomos. – Pra onde a gente vai?

- Gosta de comida japonesa? Eu esqueci de te perguntar.

- Amo. É aqui perto?

- Mais ou menos. E o teatro, como vai?

- Vou fazer um teste segunda.

- Mas você não tava ensaiando já? – Mordi a parte de dentro da bochecha. Merda. Mil vezes merda.