...só escutei a porta da sala bater.

Quando ouvi a porta bater, fui até a janela do quarto da minha mãe, que dava de frente pra casa.

– Hey, Turner, pera aí. – Ele me olhou e cruzou os braços. Desci e ele ainda tava lá parado. – Você não vai ficar bravo por causa disso vai? Alias, você tá sendo infantil. – Ele riu irônico.

– Não to sendo infantil.

– Ah, é? Tá sendo o que então? – Ele abriu a boca pra falar algo, mas fechou em seguida.

– Eu só não gosto de te ver com ele.

– Você nem conhece o Will. Nem sabia o nome dele.

– E dai? Não gosto dele pegando em você. – Gargalhei.

– Se enxerga, guri. – Ele olhou pra mim com uma sobrancelha arqueada. Parei de rir enquanto ele me olhava sério. – Tá com ciúmes?

– Eu com ciúmes de você?

– É ué. – Ele se aproximou de mim.

– Não tenho ciúmes de você. – Ele já tava na “zona de perigo” de tão perto que tava.

– Ah, tá sim.

– Você fala demais. – Ele me puxou pela cintura.

– Ér... Turner, eu acho que...

– Que eu devo ir embora? – Ele disse me interrompendo. – Você sempre fala isso. E como sempre, eu não vou. – Eu não falei nada e ele também não. Os lábios dele já tavam roçando nos meus. Qualquer um que nos olhasse iria ver que eu tava esperando ele me beijar. E pelo o que ele disse depois, ele também percebeu isso. – Mas não vou te beijar. Te falei que não ia fazer isso e não vou. – Ele me soltou. Ok, não vou mentir. A ultima coisa que eu queria, era que ele me soltasse. Por que não me beijou, ó ser?!

Eu continuei calada. Ouvi o telefone lá dentro tocar, mas eu não me movi. Ao contrário dele, que praticamente me arrastou pra dentro da casa me entregando o telefone. – É melhor atender. – Atendi.

*Ligação on*

– A-alo?

– Jenny? Oi, querida. É a vovó.

– Oi vó. Tudo bem?

– Tudo sim. Tá sozinha?

– To.

– Enfim, sua mãe pediu pra você vim pra cá.

– Dormir aí?

– É. Ela não vai dormir em casa. Você vem agora? – Olhei pra frente. Ninguém tinha parado o filme. A Samara tava olhando pra mim. Imagina passar a noite aqui depois de ver isso.

– É, vou...

– To te esperando.

*Ligação off*

– Vai pra casa da sua vó? – Ele me perguntou.

– É.

– Quer carona? – Assenti. Subi pra arrumar uma mochila pra mim e ele veio atrás, se escorando na porta. – Espero que não fique um clima estranho entre a gente que nem tá agora. – Olhei pra ele.

– Não vai ficar, Jason.

– Mesmo? – Assenti colocando uma roupa dentro da mala. – A gente podia levar os filmes que tão aí embaixo. – Arqueei uma sobrancelha. Bom, já que não vou ver filme com o Will...

– É... na casa da minha vó ou na sua?

– Tanto faz. – Ele disse e deu de ombros. Terminei de arrumar minhas coisas e descemos, logo pegando os filmes. Fechei a casa e fomos. Chegamos lá e eu deixei as coisas na casa da minha vó. Decidimos no caminho que iriamos ver na casa dele.

– Vó, vou ver filme na casa do Turner. – Ela me olhou.

– Aconteceu algo que eu não to sabendo?

– Ér... sim. Depois te conto. To indo agora. – Dei um beijo na bochecha dela.

– Não volte muito tarde.

– Tá. – Saí e ele tava me esperando na porta.

– A gente podia ver O Chamado, que você tava vendo. – Olhei pra ele que sorriu.

– Tá com esse sorrisinho por que?

– Porque eu sei que você tem medo e vai ser engraçado.

– Nossa, muito engraçado. Não, vamos ver outro.

– O 2, então? – Ele disse e eu olhei séria pra ele, que começou a rir. – Ok, escolhe um aí então.

– O Exorcista, que tal? – Ele fez uma careta.

– É nojento.

– Mas não dá medo. Alguns episódios de Supernatural dão mais medo que isso.

– Medrosa. Coloca um filme de terror de verdade aí.

– Vem aqui me ajudar né. – Ele finalmente levantou a bunda do sofá e veio até a mim. Ele me mostrou um. – A Órfã não faz nem cócegas. – Ele sorriu me fazendo cócegas na barriga. – Não! Mas não é pra você fazer isso em mim. – Disse rindo e tentando segurar as mãos dele.

– Ok, parei. – Ele disse levantando as mãos fingindo que tá se rendendo. – E esse? Doce Vingança.

– Esse filme é tenso. Tipo, ele não é tão de terror, mas é nojento.

– Qual a história?

– Ela vai pra uma casa e uns caras abusam dela. Aí ela mata cada um do jeito que eles fizeram as coisas nojentas com ela. Mas tipo, no filme mostra tudo entende? Não quero ver. – Ele fez uma careta.

– Nem eu. A Bruxa de Blair? – Arregalei os olhos.

– Tenho trauma de infância desse filme! – Ele gargalhou.

– Tá me zuando? Nem dá medo.

– Lógico que dá! E para de rir! – Disse fazendo bico e ele ria mais ainda.

– A gente tá ficando sem opções. – Ele disse um tempo depois quando conseguiu parar de rir.

– Escolhe você.

– É né, você sempre acha defeito neles. – Revirei os olhos. Eu quis mata-lo assim que vi que filme era.

– Eu não acredito que você colocou O Chamado 2.

– Ué. Pelo o que você disse de O Exorcista, você queria ficar com medo. Então... – Revirei os olhos. – Vou fazer pipocas. – Um tempo depois ele voltou, sentou do meu lado e o filme começou.

– Eu não vou conseguir dormir a noite. – Ele riu.

(...)

Eu não sei quantas vezes berrei e por sorte que a tigela não ficou no meu colo, se não, ia ter pipoca pra tudo que é lado dessa sala. O filme terminou e Jason tava se levantando pra tirar.

– Qual a gente coloca agora? – O telefone começou a tocar. EU VOU MORRER!

– J-Jason?

– É só uma coincidência, pelo amor de Deus. Atende aí pra mim?

– Nem fudendo!

– Atende logo, Jenny. Tem até identificador de chamadas. É só olhar. – Acendi a luz e peguei o telefone, jogando pra ele. – Ficou louca? – Ele revirou os olhos e atendeu. – Oi mãe. – Pausa. – Depois te explico. – Pausa. – Sim, tá tudo bem. – Pausa. – Ok, sem problemas. – Pausa. – Também te amo. – Ele disse e colocou o telefone no gancho, indo procurar outro filme.

– Ah... era sua mãe. – Disse e sorri amarelo. Ele me olhou.

– É claro que era a minha mãe. Achava que era a Samara te convidando pra tomar o chá da tarde no poço? – Lhe dei a língua. O telefone tocou de novo e eu atendi.

*Ligação on*

– Alo? Senhora Turner?

– 7 dias. – Era a voz de um menino.

– Turner, se isso for uma piadinha sua...

– Que piada? Eu to escolhendo o filme aqui, garota. – Ele disse com um filme em cada mão.

– 7 dias.

– 7 dias o que vei? Tu é um guri. Ou é lésbica? – Escutamos uma risada e acendi a luz vendo o Charles quase se matando de rir.

*Ligação off*

– Palhaço. – Disse e joguei uma almoçada nele.

– A sua cara foi a melhor, Jenny.

– Há quanto tempo tu tá aí? – Jason perguntou.

– Desde quando você desligou a ligação da tia.

– Ah, e tá fazendo o que aqui?

– Tava no tédio e achei que você tava sozinho. – Jason deu de ombros colocando outro filme.

– Pega mais pipoca lá? – Ele perguntou pro Charles, que já tinha sentado no sofá. O mesmo fez uma careta e eu ri fraco pegando o pote.

– Deixa que eu pego. – Coloquei o pacote no micro-ondas e esperei. Depois coloquei tudo na tigela e voltei pra sala. Os dois pararam de falar na hora e eu arqueei uma sobrancelha. – Nossa, eu não posso saber? – Me fingi de ofendida. Eles riram fraco e não falaram nada. – Pelo menos posso saber qual filme é?

– A Bruxa de Blair. – Jason disse e eu semicerrei os olhos tacando uma almofada nele. – HEY! Doeu.

– Doeu nada. Eu tenho medo desse filme. – Charles riu me fazendo mostrar o dedo do meio pra ele. – Tá vai, coloca logo essa joça. – Ele colocou o filme e sentou do meu lado de novo.