- Cheguei, mãe. – Disse entrando em casa.

- To aqui em cima. – Ela berrou e eu fui até o quarto dela.

- Vai onde hoje?

- Jantar. E é amanhã.

- De novo? Ele precisa ser mais criativo. – Ela revirou os olhos. – Conheci alguém. Acho que ele vem aqui amanhã.

- É bonito?

- Aham. E ele é divertido.

- Como é o nome?

- Will.

- Ele tava na sorveteria?

- Ele mora lá na frente, me viu e foi lá falar comigo. – Ela sorriu divertida e maliciosa como quem falasse “tá podendo” e eu revirei os olhos. Pigarrei.

- Turner tava lá. – Ela olhou pra mim.

- E ai? – Lógico que ela já se animou. Minha mãe tem algum tipo de problema, não é possível.

- “E ai” o que?

- Ele viu o Will falando com você?

- Ele tava falando comigo quando o Will chegou lá. Ele ficou todo emburradinho falando que eu não tava sozinha e blahblahblah. – Disse afinando a voz e fazendo careta.

- Awnnnnn – Ela tava parecendo o meme de novo. – Ele gosta de você!

- Que gosta o que! Ele só quer me infernizar por não ter ficado com ele.

- Hm, sei... E você e aquele Will vão sair?

- Ainda não. Mas amanhã ele disse que vem aqui me ver.

- Amanhã é sábado...

- Você vai tá em casa antes do jantar?

- Não. Marquei salão pra mim. – Tudo isso pra UM jantar? Ok... – Juízo hein!

- Até parece que tá falando com o teu próprio reflexo no espelho.

- Ô, garota...! – Ri e ela tacou uma almofada em mim.

(...)

- Oi Jenny. – Will disse sorrindo quando eu abri a porta.

- Oi Will. – Disse e sorri junto. Ele fez a mesma coisa que ontem. Me deu um beijo no canto da boca. Se for assim, em beija logo né, amigo? – Entra. – Assim ele fez.

- Eu to indo já ok? – Minha mãe disse e eu dei de ombros. – Oi. – Ela disse e sorriu pra ele, que sorriu de volta. Ela saiu logo depois.

- Já almoçou? – Perguntei. Eu tinha acabado de levantar. Então ia comer agora.

- Já sim.

- Bom, eu vou comer. – Ele me seguiu até a cozinha. – Quer fazer o que?

- Eu trouxe alguns filmes. – Olhei pra ele me sentando a mesa.

- Se quiser ir escolhendo o filme... – Ele assentiu e foi pra sala. Terminei de almoçar pouco tempo depois. Bom, se ele sugeriu filme, ele vai me beijar não vai? Coloquei meu prato na pia e fui até a sala. – Já escolheu?

- Pode ser terror? – Dei de ombros indo colocar o filme no DVD. Era O Chamado. Ok, eu morria de medo desse filme. Mas já tinha visto mais de uma vez, então não tinha nada de “novo” pra mim. Sentei no sofá e ele sentou do meu lado, passando o braço pelo meu ombro. – Tá com medo? – Olhei pra ele.

- Ahn... não muito. – Ele riu fraco.

- Mesmo? – Começou o filme. Não to preparada psicologicamente pra ver a Samara de novo.

- Acho que to com medo. – Ele me deu um beijo na bochecha. Eu vou morrer! Não pelo fato dele me dar um beijo na bochecha, mas eu morro de medo da guria do poço.

- Você não precisa prestar atenção no filme. – Ele disse perto do meu rosto. Virei pra ele. Ele foi se aproximando até roçar seus lábios nos meus, logo me dando um selinho. Quando ele foi pedir passagem, a campainha tocou. Ah, tá de palhaçada já! Ele se afastou e eu bufei.

- Já volto. – Ele assentiu. Fui até a porta e quis me matar por ter parado o quase beijo e vindo abrir. – O que tu quer?

- Vish. Alguém aqui tá irritada. – Revirei os olhos bufando em seguida.

- Fala logo o que quer, Turner.

- Nada. Vim fazer companhia. Soube que sua mãe foi no salão junto com a minha. Então to aqui pra não te deixar sozinha. - Ele disse entrando em casa e sentando no sofá. – Ah, oi. – Ele disse pro Will. Isso já é sacanagem.

- Ô ser humano, dá pra você se levantar e ir pra outro lugar? – Perguntei já irritada.

- To bem aqui.

- Acho que já vou indo, Jenny. – Will disse. Quis dizer: “NÃO!”. Mas só dei de ombros. – A gente se vê outro dia?

- Aham. – Acompanhei ele até a porta. – Desculpa por isso.

- Tudo bem. Jenny, ele não é mesmo seu ex? – Ri fraco.

- Não. Nunca tive nada com ele.

- Então, eu posso te beijar? – Sorri e mordi o lábio inferior. Ele me beijou. É, Turner, não adiantou seu ataque de piti. Ele parou os beijos com selinhos. – Vou passar na sua saída da escola amanhã. – Assenti. Ele me deu um selinho e foi embora. Respirei fundo fechando a porta e fui pra sala.

- Você tem cocô no lugar do cérebro, garoto?

- O que eu fiz de mais? Ainda to gastando a minha tarde só pra não te deixar sozinha. Ainda mais com ele que tinha segundas intenções e você nem sabe se é ou não confiável. – Ele disse com a maior cara de sínico possível.

- E se eu tinha segundas intenções também?

- Você é uma tarada e eu não sabia?

- Cala a boca. – Disse jogando uma almofada nele. – Odeio você! – Ele riu.

- Odeia nada. – Ele se levantou indo até a cozinha. – O que tem pra comer?

- Se vira.

- Você deveria ser mais amigável com as visitas.

- Foi minha mãe que te mandou aqui?

- Lógico que não.

- Eu quero ficar sozinha. Vai embora, Turner. – Ele virou pra mim.

- Você é estressada demais.

- Ah, obrigada. Agora dá pra sair da minha casa?

- Apesar de eu saber que você tá me xingando muito internamente, eu gosto da sua companhia.

- Nossa, que dó. Não digo o mesmo. – Ele pegou o saco de pipoca e colocou no micro-ondas.

- Você não vai sair daqui né? – Ele fez que não com a cabeça. Bufei e subi pro meu quarto.

- Ow, tu vai me deixar sozinho mesmo? – Ele disse entrando no mesmo.

- Isso já é invasão!

- Invasão nada. – Ele sentou do meu lado. – Quer? – Ele disse me mostrando a tigela de pipoca.

- Não, obrigada. – Ele ficou em silencio por um tempo, enquanto eu mexia no meu notebook.

- Jenny – Olhei pra ele -, vai ficar com raiva de mim?

- Isso é piada? – Ele continuou olhando pra mim. – Eu não to com raiva de você. Antes eu tava, sobre aquilo que você tentou e tudo mais. Só que você praticamente invadiu minha casa e eu ainda não entendi porque.

- Como não entendeu? Você tava aqui sozinha com aquele tipo de garoto. – Ri fraco.

- Que tipo de garoto, Jason?

- Ah, esquece. Eu já vou indo.

- Mesmo?

- É, mesmo. – Ele disse irritado. Fiquei olhando ele sair pela porta e depois só escutei a porta da sala bater.