Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 33
Fogo


Notas iniciais do capítulo

haaai (:



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A batalha continuava.

O anão defendia a frase de que, tamanho não é documento. Desde o início, defendia-se bravamente e sem pedir alguma ajuda desesperada. Era teimoso demais para isso. Porém, em certo momento, travava uma luta contra dois telmarinos. Após abater um, outro foi mais rápido e derrubou com a espada. Estirado no chão, a respiração tornou-se ofegante e o medo estava estampado nos olhos quando viu o telmarino levantar a espada. Porém, o outro foi mais rápido. Caspian abateu o corpo do inimigo com sua adaga. Tinha uma mira perfeita. Trumpkin jogou-se para um lado para que o cadáver não o esmagasse. Não teve tempo para agradecer. Se quisesse, teria que sobreviver até o fim da batalha sangrenta para isso.

A Gentil apresentava mais uma vez a habilidade com as flechas e o arco. Os inimigos, por mais que estivessem longe, caso estivessem em sua mira, não tinham um final feliz. E mesmo aqueles que se aventuravam a atacá-la de perto, ou eram facilmente nocauteados com o arco ou sentiam a mesma dor de suas flechas penetrarem por suas entranhas. Em alguns metros, encontrava-se seu irmão. Lutava de uma maneira extraordinária e curiosa. Não eram passos esperados o que ele fazia. Lutava de uma forma incomum. Quando se espera que o cavaleiro finque a espada no coração do inimigo, ninguém pode imaginar que ele vá jogar o inimigo contra outro, para ganhar tempo com outro soldado que teria atacado pelas costas. Suas estratégias eram diferentes. Eram baseadas em surpresas, originalidade e astúcia. Era rápido no quesito de dar um fim a vida de cada um. E não se preocupava em dar atenção a mais que outro. Todos tinham o mesmo tempo e o mesmo fim. Talvez, por isso o moreno tenha sido coroado como o Justo.

Do outro lado do campo, escondida atrás de uma pedra, a loira aguardava sua vez de agir. Sem armas, sentia-se indefesa e desnuda. Sentiu o vento fora de hora roçar suas pernas. Era a hora. Suspirou e levantou-se discretamente. Agachada, correu da pedra até uma das carroças que havia por perto. Sem nenhum telmarino vigiando, teve facilidade em puxar o pano para longe e surpreender-se com os pequenos, porém, incontáveis barris de pólvora. Desconhecia quais eram os planos do inimigo, mas queriam brigar com fogo. A raiva por serem tão sujos e traiçoeiros assaltou sua mente e substituiu o medo que há pouco sentia por estar desarmada.

–-Se querem brigar com fogo- ela disse e pegou um dos barris-, que assim seja!

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–-Venham!- bradou o rato e correu para o meio dos telmarinos que se aproximavam em batalhão.

O moreno fitou todas aquelas tropas. Já encontrava seus músculos doloridos, a respiração ofegante e o cansaço assaltando seu corpo por inteiro, mas ainda havia muito que lutar. O príncipe tinha o medo estampado na face. Dois telmarinos o desafiavam sem trégua. Não havia chance de atacar, apenas como se defender. No entanto, enquanto se defendia de um e logo de outro, os telmarinos o atacaram em um momento de distração. O primeiro bateu em seu rosto com o cabo e o outro terminou por empurrá-lo com o escudo. Por fim, caiu da beira do buraco que os narnianos haviam formado como uma armadilha para os inimigos. A queda não fora tão fatal, mas o perigo se encontrava no capitão telmarino à sua frente, o qual tinha os olhos saltados e possuídos pela adrenalina da batalha. Os narnianos faziam sua parte. Os centauros e faunos iam muito mais além. Usavam todas as armas que possuíam e isso incluía os cascos. Não se via tanta compaixão em pisotear o inimigo que roubou suas casas.

Quando tirou sua lança do narniano morto, correu para o príncipe, mas quando viu quem era, estancou o passo. Sua face se acalmou e parecia travar uma outra batalha consigo mesmo: matar ou não matar? Mas não teve mais tempo para pensar. Da parede de terra que havia atrás de si, uma raiz (exatamente isso, uma raiz!) brotou e agarrou o telmarino pela cintura com força. Em seguida, o puxou para trás até bater contra a parede e voltar para o chão, desmaiado. O príncipe alçou o olhar, espantado e maravilhado. Os telmarinos não pensaram em nada quando mudaram a direção de seus pés e correram de volta para os batalhões distantes, em busca de segurança. As árvores andavam. As árvores dançavam. As árvores viviam mais uma vez! O loiro estendeu a mão para o telmarino, tal ato que este se surpreendeu, mas não disse nada. Após voltarem para perto dos narnianos, observaram as árvores avançando contra o inimigo e com os galhos e troncos balançando.

Uma das catapultas lançou uma de suas enormes pedras e ela atingiu uma das árvores. Esta, irritada por quase ter perdido o casco do tronco, ergueu suas raízes e deixou que elas se infiltrassem pela terra em direção a arma do inimigo. As raízes chegaram até a arma e depois de subir por toda sua extensão, a destruiu.

–-Lúcia.- disse o loiro e fitou os confusos ao seu redor.

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–-Ah meu Aslam!- ela gritou e caiu quando a catapulta foi feita em apenas em pequenos pedaços de madeira.

Junto da carroça, havia armaduras e armas. Em tempo recorde, a loira cortou a saia com uma faca e vestiu calças, botas e uma camiseta negra. Pouco se importou com a armadura, mas colocou o capacete para esconder os cabelos loiros. Não seria curioso o porquê de um soldado estar sem armadura. Muitos perdem a proteção em batalhas, sem falar nos próprios membros. Com dois barris, um embaixo de cada braço, se aproximou da catapulta e agradeceu pelos soldados acima estarem muito ocupados.

–-Vamos, Irina...- incentivou aquela voz fina e a mulher rosa voltou junto da irmã roxa.

–-Vocês tem certeza que é o certo? Digo... Queimá-las? São suas irmãs...

–-E por isso deves fazer isso. Não há mais como recuperá-las. Não há mais como trazê-las para a verdadeira forma. Suas raízes foram cortadas. Somente suas essências podem ser salvas e elas preferem muito mais que elas se percam no ar de sua terra.- respondeu a roxa.- É o único jeito de livrá-las dessa escravidão. Não nos julgue mal.- disse e apontou para si e a rosa.- Nós as amamos e somos capazes de qualquer coisa por elas, até mesmo pedir tal coisa para ti. A senhorita entende?

E ao fitar para aqueles rostos sem olhos, sem narizes ou sobrancelhas, apenas a abertura da boca voltada para baixo, ela se lembrou dos olhos azuis e do abraço acolhedor que a recebia todo fim da tarde. Ela assentiu.

–-Sim. Entendo.

Ela deixou um barril no chão e abriu o outro com a faca. Guardou a mesma no bolso, junto com as pedras para fazer o fogo. Silenciosamente, a loira fez um rastro de pólvora que começava da roda da catapulta e ligava até a outra. Quando estava para chegar na terceira, as raízes a destruíram. A surpresa foi tamanha e Irina, que não estava ciente, foi jogada para longe. O barril que usava se quebrou e o reserva já havia ganhado uma fisura com a queda. Ainda faltavam mais três catapultas.

–-Rápido! No fim da última há palha!- incentivou a rosa em seu ouvido, mas ela não viu sua forma.- Leve a pólvora até lá e faça o fogo!

A loira se levantou e correu. Alguns telmarinos fugiam apavorados com as árvores. Outros insistiam nas catapultas. Mal notavam a garota da pólvora. Porém, quando Irina já conseguia ver o monte de palha, sentiu algo pesado atingir sua cabeça e caiu no chão, totalmente zonza. Tirou o capacete e colocou-se de joelhos.

–-O que está fazendo?!- seu coração gelou. Foi descoberta.

Quando este se aproximou, a loira virou-se e jogou o capacete para trás. Sem saber se acertou, pegou o barril e continuou a levar a pólvora, desta vez, com o passo mais rápido. Jogou o barril em cima do monte de palha e procurou as pedras no bolso, mas antes que pudesse chocá-las, uma mão a puxou e ela foi levantada do chão pelo telmarino. Os olhos deste brilhavam de raiva.

–-Traiçoeira a mocinha, não?

Em um ato rápido e pensado, alcançou a faca e levantou contra o rosto do homem. O homem berrou de dor e ela terminou por enfiá-la na garganta deste. Voltou a se ajoelhar, bateu as pedras freneticamente até faíscas pequenas caírem na palha e se espalharam até chegar no rastro de pólvora. A loira sorriu, com o feito. Agradeceu internamente pelas aulas de sobrevivência que Helena havia lhe ensinado. Foi puxada para trás e sentiu um braço enroscar-se em seu pescoço. A outra mão se encontrava imobilizada.

–-Maldita...

O fogo se espalhou e chegou em toda as catapultas. Os telmarinos que nelas se encontravam, gritaram de desespero e pulavam para fora, pelo menos, os que ainda podiam sentir as pernas. O fogo subia por toda a extensão, lambendo cada pedaço de madeira e infiltrando-se por cada fisura, chegando no interior dos troncos. As seis catapultas pareciam seis tochas gigantescas. As fumaças se elevavam junto com os grifos que já podiam voar livremente, sem medo de serem atacados. Irina pôde ver várias formas femininas, sem cores ou pétalas, mas podia ouvir seus risos. Podia ver suas formas dançando, até que uma virou-se e acenou sorridente, antes de desfazer-se no ar. Os narnianos ao longe vibraram contentes e aliviados com o fim daquelas armas terríveis. À sua frente, as duas formas femininas apareceram. Se tivessem bocas, poderia se dizer que sorriam.

–-Obrigada, doce Irina.- agradeceu a rosa.

–-Enfim, nossas irmãs estão livres.

–-Em breve, tu também estará livre.- disse a rosa e o vento desfez sua forma.

–-De tudo.- finalizou a roxa e suas pétalas seguiram as rosas pelo céu.

Irina sorriu, até sentir o telmarino enforcar-lhe mais uma vez.

–-Pode ter livrado teus amigos de nossas armas, mas tu ainda está em minhas mãos.- murmurou o homem em seu ouvido e riu baixinho, de um modo malicioso.

Ela engoliu em seco.

–-Não podemos enfrentá-los aqui, temos que voltar para o rio.- disse um dos soldados para o conselheiro, que até então comandava tudo.

–-Para o Beruna!

Os telmarinos corriam desesperadamente para o rio. Apenas um ia contra a correnteza e em seus braços levava sua presa. A loira se debatia o quanto podia, mas o homem era muito maior e muito mais forte. O grito dela era inútil. Era só mais um no meio de milhares. O homem jogou a garota na carroça e começou a amarrar suas pernas, até que ela chutou a cara do inimigo e pulou para longe. No entanto, o soldado jogou-se contra a saia da loira e os dois foram ao chão.

–-Pelo amor dos céus, qual é o problema que o chão tem comigo?!- ela praguejou, irritada e cansada de todo momento ter a cara esmagada no solo, fosse de pedra ou de terra.

Ela se virou e fitou apavorada o homem que estava acima de si com uma faca em punho. Ela alçou o olhar para cima e apertou os lábios.

Onde está a liberdade então?

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Notas finais do capítulo

bye (:



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