Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 32
Outra chance


Notas iniciais do capítulo

haaaai (:
peço desculpas pela demora com o cap.



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Os reis se levantaram.

A rainha e o anão trocaram olhares ansiosos e aflitos. O loiro negou o capacete. Estava exausto demais para aguentar o peso e o calor que aquilo traria. Não tinha medo da dor. O outro imitou seu gesto, querendo parecer “humilde”. Os gritos de euforia e apoio voltaram. E o duelo veio junto.

O loiro atacou de frente com a espada, mas o telmarino defendeu a tempo. Aproveitando que o loiro tentava se recuperar, atacou por cima, empurrou seu escudo contra o mesmo e atacou por cima mais uma vez. No entanto, o loiro conseguiu defender-se. Continuou com estes mesmos gestos, sem cessar por um segundo. A raiva e a ansiedade pela vitória o possuíam. Em certo momento, o loiro movimentou sua espada pela horizontal, mas o telmarino se agachou, encostou sua espada na do adversário, girou e bateu o escudo contra este, lançando-o em direção à algumas pedras.

Quase com o equílibrio perdido, o telmarino avançou, aproveitando que o loiro estava estirado no chão. Porém, o rei narniano se defendeu e fez com que o inimigo caísse com uma rasteira. Os dois se colocaram de pé, nervosos. Miraz atacou por cima e Pedro defendeu-se com a espada, visto que o escudo já estava fora do alcance de suas mãos. Com a outra mão, arrancou a arma do inimigo e a jogou no chão. Atacou contra o escudo sem hesitar e quando tentou enfiar a espada, errou o alvo. O telmarino a tirou de suas mãos e empurrou o escudo. Os dois o empurravam contra o outro, trocando olhares assassinos. O loiro o segurou e fez uma volta, deixando no fim o inimigo de ostas e de mal jeito. Porém, o mesmo o acotovelou contra o rosto do rei narniano e o lançou contra algumas pedras. De volta com a espada, tentou atacá-lo, mas este se esquivou e desferiu um soco no antigo machucado. O telmarino caiu de joelhos após o grito de dor e implorou por pausa.

–-Não é hora para cavalheirismo, Pedro!- alertou o irmão, mas o loiro concedeu mesmo assim.

Enquanto isso, seus cabelos se agitavam tanto quanto as asas de um beija-flor. O sorriso parecia a ponto de rasgar o rosto. O vento e os pelos macios que segurava transmitiam uma segurança e sensação de paz que lhe preenchiam por completo. Por primeira vez desde que havia fugido da coisa e se refugiado na floresta, sentiu aquela felicidade de criança. Ou aquela felicidade que você tem apenas de ver alguém que ama sorrindo. Havia gostado de andar sobre o Sr. Urso, mas sobre um leão era muito melhor, tinha que admitir. Mesmo parecendo tão pesado e tão grande, o animal era ágil e não mancava ou tropeçava com frequência como o antigo amigo da loira. Sabia onde pisar e desviava de árvores, pedras e gravetos de um modo fascinante!

De volta para o duelo, o telmarino levantou-se e tentou atacar pelas costas. O loiro desviou, pegou a lâmina com as mãos e ajoelhando-se, enfiou a arma pela parte desprotegida da armadura do inimigo.

No fim, este sentiu a mesma dor que a loira: a de ter a própria arma cravada dentro de si.

–-Qual é o problema, rapaz? Covarde demais para tirar uma vida?- perguntou, ofegante, esperando o ataque final.

–-Não cabe a mim tirar!- disse e estendeu a espada para o príncipe telmarino.

O loiro se afastou com sua própria espada, sentindo certo alívio nos ombros e Caspian aproximou-se do seu tio. Fitou-o com tremenda mágoa e raiva. Faria enfim a justiça: derramaria o sangue daquele que destruiu sua vida e de milhares de almas inocentes.

–-Talvez eu tenha me enganado. Talvez você tenha as características de um rei telmarino, afinal.- e abaixou a cabeça.

A espada foi cravada no chão após o grito de ira do moreno.

–-Não igual a você.- nos olhos do rei usurprador, a surpresa estampada.- Fique vivo, mas vou devolver aos narnianos o reino deles.- declarou e se afastou.

Todos olhavam pasmos a atitude do telmarino traidor, mas os narnianos vibravam com a vitória. Um dos conselheiros, aproximou para ajudar o seu rei e este murmurou entre dentes.

–-Eu cuido de você quando tudo acabar.

–-Acabou.- e cravou uma flecha narniana que pôs fim certeiro em Miraz e o início da batalha contra os narnianos.

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Irina olhou para o lado e sorriu mais ainda: podia ver outra figura correndo a alguns metros distância, na mesma direção. Reconheceria tais cabelos ruivos em qualquer lugar. Porém, seu sorriso se desfez e seu coração palpitou mais violentamente: um telmarino a perseguia, com a besta em punho. A pequena já se encontrava cansada de cavalgar, mas continuava, com a esperança viva de que chegaria em seu objetivo e pelo medo da expressão que o telmarino possuía. Por coincidência, ou apenas um ato involuntário, ela olhou para sua esquerda. Foi necessário ela piscar mais de duas vezes para ter certeza que não estava enlouquecendo ou sonhando. Uma figura acastanhada se movia tão rápido quanto um guepardo em meio as árvores adormecidas.

Ao dobrar uma esquina, seu cavalo parou e levantou-se nas patas traseiras com ob ruto susto do leão revelando-se e rugindo. A pequena caiu para trás e surpreendeu-se com a face raivosa do leão e da loira descendo deste. Então, a loira pulou da pequena elevação ao encontro da ruiva, enquanto o leão pulava para mais longe ainda, em direção ao telmarino. Seus corpos se encontraram e os dois foram ao chão. Irina ajudou Lúcia a se levantar e esta roubou-lhe um abraço.

–-Irina! Como você está?!- perguntou a pequena, após desfazero abraço e assustar-se com o estado da loira. Esta, sorriu de uma forma que fez com que parecesse bela, mesmo com a sujeira sobre a pele.

–-Viva.- ela respondeu, mas dessa vez, não havia ironia ou sarcasmo no tom. Parecia mais um agradecimento.- Venha!- ela disse e puxou a pequena por um trilha, até terem uma vista muito melhor daquele que lhes trazia a esperança.

O telmarino fugia para longe. Aslam havia lhe poupado a vida. Irina, no fundo, mal pôde acreditar. Acreditava que se fosse ela, não teria pensado duas vezes. Foi em tal momento que ela compreendeu as palavras do leão. Foi em tal momento que ela compreendeu o verdadeiro significado de dias melhoras. Foi ali que ela compreendeu a bondade daquele ser. Mas ali, a única coisa que ela fez, foi pedir em silêncio que o telmarino não deixasse que tudo fosse em vão. A pequena, no entanto, mal havia percebido esse detalhe. A felicidade por tê-lo encontrado inundava seu ser. O animal virou o rosto e um sorriso deslumbrante apareceu na face da ruiva.

–-Aslam!- e correu ao seu encontro.

O leão riu quando a pequena jogou-se contra seu corpo, em busca de um abraço apertado. Ela afundou o rosto na juba deste e sorriu mais ainda quando sentiu a maciez e aquele cheiro tão conhecido, mas que há tempos já não sentia. Ela se sentou e fitou aqueles olhos puros que a encantavam desde pequena.

–-Eu sabia que era você. O tempo todo! Eu sabia, mas os outros não acreditaram em mim.- disse, como se estivesse certa o tempo todo, mas Aslam a repreendeu.

–-E por que isso a impediu de vir até mim?- ela olhou para um canto e pensou, pensou e pensou, mas não havia desculpas que explicassem seu comportamento.

–-Desculpe. Eu estava com medo de vir sozinha.- ele sorriu, contente pela humildade da pequena, em aceitar seu erro.- Mas por que você não se mostrou? Por que não apareceu rugindo e nos salvou como da última vez?- a expressão dele pareceu entristecer, como se tivesse um porquê muito aceitável e triste, mas ele apenas disse.

–-Nada acontece duas vezes da mesma maneira.

–-E se eu tivesse vindo antes?- ela falou a pergunta que estalou em sua mente.- Todos que morreram... Eu teria impedido?- o leão olhou para aquele rosto tão preocupado e a loira percebeu que em seus olhos, todavia havia uma tristeza. Parecia que lhe cortava a alma como cacos de vidro.

–-Nunca saberemos o que teria acontecido, Lúcia.- o rosto dela entristeceu.- Mas o que vai acontecer é bem diferente!- e sorriu, tentando disfarçar certa tristeza pela lembrança dos narnianos mortos.

–-Então, você vai nos ajudar?

–-Mas é claro! E você também.

–-Ah, eu queria ter mais coragem.- comentou, constrangida.

–-Se tivesse mais coragem, você seria uma leoa! Bom, suas amigas já dormiram bastante, não acha?- disse, abrindo um sorriso e pondo-se e pé.

Irina havia observado toda a conversa afastada, com os braços cruzados, mas com o sorriso de canto escondido. Quando a cabeça do leão tombou para trás e sua boca se abriu, deixando à mostra seus dentes longos, afiados e amarelados, nenhuma das duas sentiu medo. Sentiram as nucas se arrepiarem e um frio percorreu-lhes por todo o corpo e no interior do estômago. Irina e Lúcia alçaram o olhar e deixaram que suas bocas pendessem com tamanha beleza que estavam presenciando. O chão parecia tremer baixo seus pés. O vento começou. Ele acariciava seus rostos, brincava com seus cabelos e rodopiava baixo suas saias. A pequena levantou-se, abismada e retrocedeu para trás, até encontrar-se com a loira que a abraçou, com os olhos perdidos no espetáculo que presenciava. Das árvores, seus galhos balançavam-se como os braços de uma dançarina, as folhas se soltavam e circundavam por todos os cantos até que mais tarde voltavam para suas donas e algumas maiores, tinham seus troncos mais livres que outros. As raízes se soltavam da terra e caminhavam por ali, como se estivessem marcado aquele passeio há muito tempo. As meninas sorriam cada vez mais. Havia ali, as mais puras e belas dançarinas.

–-Vamos, Lúcia.- chamou Aslam, aparecendo no meio de duas árvores que lhe deram passagem. Estava em cima de uma pedra e luz do sol desabrochava atrás de si. Era a mais bela imagem que Irina havia presenciado e a mais real, comparada com a gravura da tumba. Como um sonho.- Ainda temos muito a fazer.

A pequena sorriu, se desfez do abraço da loira e correu de encontro ao leão. Acariciou o focinho deste e virou-se para trás.

–-E você, Iri?- ela deu de ombros.

–-Não se preocupe, Lúcia. Suas amigas irão cuidar bem de Irina.- o leão disse e sorriu. A loira arregalou os olhos.

–-Perdão?- murmurou desconcertada.

O leão olhou para as árvores que o rodeava e deixou que o bafo escapasse de suas presas até chegarem na madeira de cada uma. Após que este se infiltrasse em seus troncos, suas fibras se mexeram até abrirem um buraco do qual pétalas de flores escaparam. A da direita, eram rosas rosadas e a da esquerda, eram rosas roxas. O vento as coordenou até que formassem duas figuras femininas, sem olhos ou narizes, apenas um corte de onde saíam suas palavras e com os corpos dançantes, demonstrando graça e leveza.

–-Elas te guiarão até a batalha, criança. E lá, encontrarás a chance de um recomeço.- ditou o leão e a loira, ajoelhou-se no mesmo instante.

–-Obrigada! Obrigada pela segunda chance, senhor!

–-Minha querida, entenda que te darei quantas chances tu precisar, se me for possível. Há pessoas que só precisam de um tempo a mais que as outras. Desde que tu não insistas no erro anterior, já será um grande avanço. Não me importo com o tempo que vai levar, porque se tu conseguires o que deseja, alcançar o que almeja e cumprir o sonhado, será o melhor presente para mim, criança.- ela levantou o rosto.- Não deixe que a maldade do mundo te corrompa por completo.

–-Não deixarei.- ele rugiu e após alguns segundos, um cavalo negro apareceu atrás de si. Exceto os olhos escapavam de toda aquela escuridão: turquesa.

–-Levante-se. E vá. Cumpra com sua palavra.- ela assentiu e subiu no animal.

Bateu no lombo do cavalo com os pés e este pôs-se a cavalgar com total velocidade, deixando para trás um rastro de poeira e uma menina com abraçada no leão.

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Havia conseguido seu recorde: em um dia, já havia andado em três tipos diferentes de montaria.

No entanto, tinha que admitir que à cavalo tinha mais lá suas vantagens: era mais alto, maior e preparado para um peso e estrutura como o da loira. Jamais havia andado de cavalo antes, então, não saberia dizer a diferença com ou sem sela, mas o animal foi gentil. Não reclamou quando ela puxava demais sua crina, quando resbalava ou quando, por desespero, se agarrava no pescoço do animal com extrema força. O vento os acompanhava e junto deste, levava as pétalas já sem forma, mas seus perfumes inundavam os pulmões das criaturas.

As árvores continuavam a andar, porém, ao contrário da direção da loira. Enquanto esta ia reto, as árvores iam para o lado e depois de certo momento, não havia mais árvores vivas. Ela reparou que o cenário parecia o que deveria parecer: arbustos mirrados, elevações uma hora ou outra, árvores quietas e o silêncio sendo o rei. Até que o bosque teve fim e no meio do campo extenso e limpo, apresentava-se o desastre! Ela tinha a vista do inimigo: estava atrás dos telmarinos. Mais à frente, narnianos e inimigos lutavam, gritavam e matavam sem pensar. Cada ato era um impulso já treinado para uma batalha. A loira coçou a orelha direita. Os narnianos eram um número menor: tudo o que havia, já estava no campo de batalha, mas ainda havia três batalhões de infantaria para enfrentar.

–-Por Aslam...-ela sussurrou, assustada.

No mesmo instante, seus olhos tentaram correr até onde podia à procura deles. Os olhos castanhos. Seu coração palpitava descompassadamente e o medo já a afetava com terríveis dores de cabeça e a boca do estômago gelada. Temia encontrá-lo em um estado pior que seus pensamentos imaginavam. Porém, não teve tempo para pensar em tais detalhes.

–-Vamos, doce Irina. Todo o tempo agora, é necessário.- uma voz fina e sedutora soou perto do pé do seu ouvido e ao virar-se, encontrou a mulher rosa.- Desça.- e obedeceu.- Venha...-

As duas figuras sumiram, descendo até o chão e se rastejando com as pétalas espalhadas até uma pedra que havia do lado de uma catapulta. Dessa vez, a mulher de roxo falou.

–-Precisa livrar nossas irmãs.- sua voz era mais centrada, firme, mas com um tom mais afável.

–-Quem?

–-Nossas irmãs.- e levantou o braço para as seis catapultas.

–-Como podem ser suas...

–-Tais armas foram feitas com as madeiras desta floresta. Nossas irmãs.- disse a rosa.

–-Precisa livrá-las. Todavia, há vida nelas, mas se desgasta.

–-Por quê?

–-Seus donos as obrigam a cometer atos dos quais elas jamais imaginaram que fariam. Atacar sua própria terra natal. A senhorita não as ouve, mas elas choram, gritam e se desesperam com essa dor que penetra em suas fibras. Por favor, as livre dessa tortura.- pediu a roxa, humildemente.

As palavras da mulher deixaram seu coração apertado, como se estivesse sendo estrangulado por mil e uma cordas ardentes. Podia sentir o medo e a tristeza daquela criatura. Já havia passado por isso.

–-Claro... E o que devo fazer?- concordou, engolindo em seco. Sentia, no fundo, que o pedido das irmãs seria arriscado.

–-Queime-as.

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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado.
bye (: