Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 20
"Defenda-se!"


Notas iniciais do capítulo

haaaai



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O amanhecer cresceu frio e preguiçoso. O sol, uma manchinha amarela que subia pela linha do horizonte, parecia estar tão gelado quanto a manhã. O orvalho estava fresco na grama e nas folhas quietas das árvores. O exército já se levantava, pronto para continuar os preparativos da invasão. O magnífico passava pelos grupos de trabalho observando se tudo estava indo as mil uma maravilhas! O que com certeza estava longe de acontecer. Os narnianos se esforçavam, mas os materiais que possuíam eram velhos demais para arrumar as armas. O centauro aproximou-se do grande rei.

–-Estão fazendo o melhor que podem.- disse, percebendo um olhar de insatisfação no loiro.

–-Está ótimo.- ele respondeu parando e observando um minotauro afiar um machado.

Pedro ia percebendo aos poucos, que aquela rica época dos Grandes Reis e Rainhas, não iria voltar.

–-Majestade..

–-Sim?

–-Permita-me fazer uma pergunta...

–-Fique à vontade!- voltaram a caminhar.

–-Onde está a irmã de sua esposa..

Pedro lançou-lhe um olhar cortante.

–-Perdoe-me.. da guerreira Helena?

–-Não pergunte a mim.- ele respondeu voltando a olhar para os trabalhos dos narnianos.- Ela não é minha responsabilidade. Procure por Edmundo. Ouvi dizer que ele vai sair a procura dela.- respondeu curto e grosso.

Pedro se distanciou do centauro sem dizer mais nenhuma palavra. Parou em frente a entrada da coisa e observou o azul cru do céu. Enquanto o centauro se afastava, a procura de seus filhos, o rei, discretamente, retirou um cordão de dentro da camisa e observou o pingente redondo por alguns segundos. Mordendo os lábios e com os olhos ardendo por lágrimas presas, pensou consigo mesmo, mais uma vez entre as milhares de outras vezes que ele já repetiu para si.

Por que, Helena?

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O moreno puxou sua camisa mais uma vez de um galho que havia o prendido. Estava com tanta pressa, tão ansioso e tão nervoso, que mal prestava atenção por onde andava. Já havia percorrido mais da metade das árvores ao redor da coisa. De tão cansado que estava, deitou-se no chão macio da grama e descansou sua cabeça em uma pedra. Ela não pode ter ido tão longe assim, ele pensou preocupado.

Enquanto isso, mais alguns metros de onde o moreno estava deitado, um corpo pequeno estava estirado em meio a folhas caídas das árvores e uma cabeleira loira estava deitada sobre um tronco de árvore. Quando os passarinhos começaram com seus cantos matinais, a cabeleira se levantou revelando olhos e um nariz vermelhos e inchados. Irina observou os passarinhos vermelho e azul voarem por entre os galhos. Poderia ter ficado ali o dia inteiro observando-os, mas logo eles foram embora. Engraçado pensar que tudo e todos vão embora um dia, ela pensou melancólica. Ela coçou o olho e começou a bocejar. Por um momento, até cogitou a ideia de voltar a se deitar, mas seu pescoço já estava mais que dolorido.

Levantou-se e passou as mãos pelos cabelos, tentando colocá-los no lugar. Se irritou por não conseguir arrumá-los. Juntou eles como um rabo de cavalo e os jogou para trás. Suspirou e olhou ao redor.

–-Ah! Que ótimo!- ela jogou os braços para o alto.- Corri feito uma louca, desabei em lágrimas e me perdi na floresta! Nada como começar o dia bem! Puxa vida..- ela suspirou apertando os dedos contra a cabeça.- É..puxa vida..

Levantou a cabeça e pôs-se a caminhar. Para evitar tombos, que com certeza iriam acontecer, ela levantou a saia do vestido e ia pisando cautelosamente, desviando de pedras e galhos. Folhas secas do último outono cobriam o chão. Era, então, uma mistura de vermelho, marrom e verde. Quando os pequenos pés da loira pisavam nas folhas, elas faziam um estranho barulho de serem quebradas.

Para o azar da loira, uma pedra enorme encontrava-se em seu caminho. Bufando e soltando a saia, começou a subir. Cá entre nós, caro leitor, Irina foi burra. Poderia ter procurado outro caminho, já que não havia a possibilidade de desviar (a pedra estava entre duas árvores). Ou até mesmo poderia ter levantado e prendido a saia, teria evitado os escorregões sobre a pedra. Comominha querida vó diz: tinha que ser loira! O que é uma ironia, visto que ela é loira.

Perdoe-me leitor, ás vezes me empolgo com as palavras. Pois bem...Irina tentou, inutilmente, passar pela pedra. Quando ela tentava pela sexta vez subir a pedra, ela ouviu um barulho. Um leve quebrar de folhas. Ela parou. Manteu-se imóvel. De olhos fechados e ouvidos atentos. Eram passos. Lentos. Muito lentos...como se não quisesse ser percebido. Eram pesados sem querer. Tentavam ser leves, mas não era possível. Eram pés de um homem. Irina abriu os olhos e pôde confirmar suas suspeitas, vendo a sombra torta de um homem segurando uma espada. Pronta para o uso.

A espada desceu tão rápido quanto a loira havia desviado. Ela então pôde ver o rosto. Era de um homem velho, talvez quarenta anos. Com os olhos cheios de ódio e malícia. Um sorriso cruel estava desenhado entre a barba áspera suja de gordura e poeira. Sobrancelhas grossas e dentes amarelados. Ela sentiu repulsa e nojo. Vestia malha de ferro e um capacete.

A espada estava com a ponta cravada na superfície lisa. Enquanto ele tentava puxar de volta, Irina saia correndo para o outro lado, seu erro foi ter olhado para trás. Com esta distração, ela pisou na barra do vestido e acabou caindo. O homem conseguiu tirar a espada e se voltava para a loira. Ele berrou com raiva, mas a loira foi ágil e rolou para o outro lado. A espada fincou-se na terra e ela pôs-se de pé.

Irina estava pasma e petrificada. Não sabia o que fazer. O homem recuperou a espada. Caminhava lentamente e perigosamente. Ela, instintivamente, fechou os punhos e os levantou. Como quando fazia se algum menino tentava chegar muito próximo dela quando ela era pequena na escola.

Não ataque se ele não estiver em movimento. E principalmente se ele estiver atento a você.

O homem girou a espada na mão. Ela engoliu em seco, mas parecia que sua garganta estava fechada.

Fique de olho nos pés, nas mãos e nos olhos. Os movimentos que eles fazem são os que antecedem o da arma.

Ela percebeu, rapidamente, o movimento do pé direito do homem se mexer para frente e pelo canto do olho, viu sua mão direita se mexer também. Ela se abaixou e a espada passou por mínimos centímetros de sua cabeça. Ela levantou a cabeça e deu um passo para trás. O homem girou a espada mais uma vez. Segurou firme o cabo. Seus olhos desciam por todo o corpo dela, analisando cada movimento que ela estaria prestes a fazer. Seu braço foi para trás e seu pé para frente. Ele esticou o braço, como se tentasse enfiar a ponta da espada na barriga dela, mas ela virou-se de lado. Ele recuou o braço e tentou mais uma vez pelo outro lado, ela desviou novamente. Ele recuou e tentou de novo. Ela desviou, mas dessa vez, a espada encostou em sua barriga, rasgando levemente o tecido do vestido e cortando sua barriga. Ela mordeu o lábio.

O homem recuou mais uma vez, aproveitando-se da dor da menina, pretendia dar o golpe final. Mas ela foi mais rápida, desviou e desferiu um soco no rosto do homem. O homem foi para trás, a cabeça, os ombros, os braços e o resto do corpo. Irina afagava seus metarcapais direito. Cambaleou para trás sentindo-se tonta e suas costas chocaram-se com uma árvore. Ela respirou com dificuldade. Da sua barriga, o sangue escorria tão rápido quanto um guepardo atrás de sua presa. O vestido agora dividia-se em duas cores: o laranja e o vermelho. Ela tocou no corte e quando viu sua mão pintada do próprio sangue, sentiu uma ânsia chegar a sua garganta.

Desviou o olhar e quando viu o homem voltando com a espada pronta para decepar sua cabeça, ela agachou-se e a espada cravou-se no tronco da árvore. Aproveitando a situação, Irina pisou no pé do homem. Ele gemeu de dor e quando soltou a espada, ela o empurrou com força para o chão. Correu. Mas ele virou-se e a pegou pelo pé. Ela virou-se e mexeu o pé nervosamente. O desespero já se transformava em lágrimas. Quando ele puxou o pé dela mais um pouco, ela o chutou no rosto. Ele gritou de dor mais uma vez.

–-Irina!- uma voz nova ecoou no local.

Irina olhou e viu Edmundo em cima da pedra. Não pôde evitar um sorriso de alívio, mas voltou a si quando ouviu as folhas se quebrarem baixo o corpo do homem. Irina começou a engatinhar para longe, ouviu os passos de Edmundo baixando a pedra, o homem pegou seu tornozelo, ela cravou as unhas na terra. Ele puxou ela, ela pegou uma pedra afiada, ouviu a voz de Edmundo gritar alguma coisa.

E lembre-se: não se importe com o inimigo. Não seja coração de manteiga sob o sol. Não fraqueje. É a sua vida em questão. Defenda-se!

O homem a virou e subiu em cima. Ela, sem pensar a não ser na sobrevivência, segurou firme a pedra e bateu no rosto do homem com toda força que tinha. Sentiu algo espirrar em seu rosto, mas não se importou. O homem gemeu de dor. Ela empurrou ele e subiu por cima. O nariz dele estava sangrando e estava torto. Ela quase parou, mas quando viu os olhos dele, recheados com ódio e raiva duplicada, ela não se importou de levantar a pedra e descê-la no rosto do homem com mais força ainda.

O homem tentou se defender, mas ela era muito rápida. Repetiu o movimento mais cinco vezes. Durante as cinco vezes, gotas de sangue eram espirradas contra o rosto pálido e branco dela. Seus dentes estavam cerrados de raiva. Na sexta, ela virou a pedra com a parte pontuda e a enfiou no pescoço do homem. Este, teve os olhos quase saltando para fora das órbitas. E o último grito afogado na garganta sangrenta.

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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado hihi c:



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