Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 2
Querido diário ll


Notas iniciais do capítulo

haai



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25/12/01

"Bom dia querido diário. Sim, estou de bom humor. Hoje é meu aniversário. Não irei fazer festa, na verdade, nem quero. Mas estou muito feliz com minha irmã e minha mãe por perto, apesar de elas estarem bravas eu acho. Depois que minha irmã disse aquele nome, mamãe voltou a rir. Helena ficou vermelha e levantou-se quase derrubando a cadeira, saindo logo da cozinha. Mamãe levantou-se, recolhendo os pratos e copos e talheres para fora, para lava-los. Ela os lava em uma espécie de bacia cheia de água. Eu fui procurar Helena. Ela estava no quarto, sentada em sua cama. Percebi que estava chorando baixinho, o que me assustei. Geralmente, ela esmurra o colchão ou grita abafado com o travesseiro no rosto. Aproximei-me e sentei ao seu lado. Uma lágrima saiu e eu a limpei. Ela virou o rosto com cuidado e sorriu. "Maninha, o que é Nárnia?". Eu perguntei bastante curiosa. Ela abriu ainda mais o sorriso. Um sorriso sapeca que eu sabia que aquilo significava que estava bastante animada para contar. Antes, ela levantou-se e correu para fechar a porta. Aquilo significava que era um segredo. Ela voltou e sentou a minha frente com as pernas cruzadas. Agora sim parece minha irmã, eu pensei. "Muito bem Irina, escute com atenção tudo que vou lhe falar e te peço, por favor, confie em mim. Está bem?." Ela continuou mesmo sem eu ter respondido. "Pelo o que entendi fiquei três dias desaparecida aqui, certo?". Confirmei com a cabeça. "Mas foi muito mais tempo". "Como assim? Estou fazendo matemática errada?", perguntei seriamente. Ela riu. "Não querida, não. Em Nárnia o tempo passa diferente do que o daqui." Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ela continuou. "Eu fiquei desaparecida por quinze anos", disse ela sorrindo. Eu gritei, "Como assim?". " Como eu disse, o tempo em Nárnia se passa diferente do daqui." Eu a interrompi. "Mas o que é Nárnia?". Ela sorriu muito bonita. "É um lugar que eu tenho certeza que você iria adorar. Tem árvores dançarinas, centauros inteligentes, anões rabugentos, cavalos, águias, lobos, raposas, pássaros, tudo de animal que você puder imaginar, falantes. E há também faunos, sereias, reis e rainhas e um leão." Ela falou a última parte como se fosse um animal muito...importante. "Ele tem nome?", eu perguntei. "Sim. Aslam." Ela disse aquele nome e eu sorri com ela. Não sei por quê, eu só...sorri. "Eu já fui lá duas vezes.", ela disse. "Duas? Mas como você desapareceu uma vez?" eu perguntei. "A primeira vez eu fui, fiquei por algumas horas e voltei na mesma hora que tinha ido. Vocês nem me deram por falta. Na segunda...bom, já sabe." disse ela sorrindo sem graça. Eu assenti. Queria perguntar mais, mas ouvi minha mãe me chamando para o banho. Dei tchau para minha irmã rapidamente e fui para o riacho banhar-me. De noite, na hora de dormir, só ouvi minha irmã dizer que ia me dar um grande presente hoje antes dela virar-se e dormir. Mamãe está me chamando. Tchau querido diário."

26/12/01

“Querido diário, acho que acabei não ganhando meu presente. Ontem passei a tarde brincando com algumas outras crianças na rua. Depois eu tomei banho no riacho e quando voltei, escrevi mais aqui. Depois me chamaram, pois era hora do jantar e quando cheguei na cozinha, havia um enorme bolo. Não sei como mamãe e Helena conseguiram, pois eu fiquei sabendo que não tínhamos um bom dinheiro. Depois que cantaram parabéns e comemos o bolo, mamãe decidiu lavar a louça sozinha e pediu para Helena colocar-me para dormir, mas coloque-a para dormir, nada mais. Essas foram as palavras da mamãe. Não entendi muito bem. Mas acho que Helena não gostou do que mamãe disse. Quando Helena arrumou meu cobertor em mim, ela tirou um embrulho da gavetinha do criado mudo do lado da cama e deu para mim. “Feliz aniversário Iri”, ela disse. Eu abri e me surpreendi. “Um caderno? Para eu escrever?”, ela riu. “Abra”. Eu abri e vi que as folhas estavam preenchidas por palavras. “É um livro!”, eu disse animada e sentando-me. “Eu usei esse caderno depois que a guerra acabou para escrever a grande aventura e muitas outras”. “Guerra? Como assim guerra?”, eu disse surpresa. “Está tudo aí”, ela disse apontando para o caderno. Eu estava muito ansiosa para ler aquele livro, ainda mais escrito por minha irmã. Mas mamãe abriu a porta com força, ela estava vermelha e brava. Ela chegou até mim e arrancou o caderno das minhas mãos. Ela apontou o dedo para mim e gritou. “Não chegue perto deste livro Irina e não dê ouvidos para sua irmã! Ela está...”, Helena interrompeu. “Não estou não mamãe! Devolva o caderno para Irina, ela tem direito. É o presente dela.” “Presente não autorizado, francamente Helena, já conversamos ontem sobre isso e você ainda insiste? Amanhã te levarei a Igreja para...”. “Para quê? Para eu rezar e rezar, ajoelhar-me no milho e jogarem água em mim por que acham que estou possuída ou louca? Mamãe, tudo o que vi é real!”. “Cale-se! Já basta!”, gritou mamãe e deu um tapa em Helena. Acho que comecei a chorar. Não me lembro. Só lembro que depois mamãe levou Helena para fora do quarto e elas começaram a brigar em algum lugar da casa. Depois eu lembro que comecei a chorar. Me deitei soluçando. Não sei quando mamãe e Helena pararam de brigar. Só me lembro de ter dormido depois que chorei bastante. Estou cansada. Vou descansar um pouco. Tchau querido diário.”

27/12/01

“Querido diário, acordei com mamãe e Helena brigando de novo. Eu não me levantei. Esperei elas pararem de brigar para depois me levantar. Depois fui para a cozinha e vi mamãe sentada na mesa chorando. Ela levantou a cabeça e quando me viu me chamou para sentar ao seu lado. Eu fiz o que ela mandou. Assim que eu sentei, mamãe limpou o rosto e disse. “Oh Iri, minha querida Iri, me prometa uma coisa?”. Eu fiz que sim com a cabeça. “Me prometa, que você não irá embora? Jamais deixará a mamãe?” ela disse quase chorando de novo. “Está tudo bem mamãe?”, eu perguntei. “Me prometa!”, ela repetiu. “Eu prometo mamãe.” Ela me abraçou e depois ela preparou meu café. Helena apareceu depois do almoço, quando mamãe estava dormindo e descansando. “Está tudo bem Helena?” eu perguntei. Ela fez que sim com a cabeça e sentou-se em sua cama. Ela estava chorando e tinha uma folha em sua mão. Parecia um desenho. Me levantei e sentei ao lado dela e vi um desenho de um menino. “Você gosta dele?”. Ela riu. “Sim.”. “Qual a cor dos cabelos dele?”, eu perguntei, já que vi que o desenho só era em preto e branco. “Loiro. Olhos azuis. Um sorriso lindo”. “Você deve gostar mesmo dele.” “Um dia você também gostara bastante de alguém Iri. Só cuidado, é meio...complicado.” “Complicado? Por quê? Se você gosta, você gosta. Isso que importa, não é?” “É...mais ou menos. Um dia você irá entender.” Eu bufei. “O que houve?”, ela me perguntou. “Odeio quando vocês falam “um dia”, odeio.” Ela riu e foi assim a tarde inteira. Tudo parecia bem. Tenho que ir de novo. Desculpe. Tchau querido diário.”



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