25/12/02

“Querido diário. Passou bastante tempo desde que eu não escrevi mais aqui. Um ano quase. Me desculpe, mas com a volta das aulas e mamãe e Helena brigando eu não tive mais vontade de escrever. Só escrevo quando preciso desabafar ou quando estou bem. Hoje, posso dizer que estou bem. Meu aniversário. Vou fazer oito anos. Espero que mamãe e Helena não briguem novamente. Não fora um ano calmo. Mamãe e Helena continuaram brigando. Helena nunca mais falara sobre Nárnia comigo, a não ser quando eu pedia. Fiquei muito curiosa a respeito de Nárnia. Ás vezes ela começava a falar algo sobre duas Filhas de Eva e dois Filhos de Adão e algo sobre uma Feiticeira Branca e um inverno sem fim, mas nunca Natal. Mas mamãe sempre chegava e interrompia. Helena nunca conseguiu me contar a história inteira. E para piorar, mamãe pensa em me tirar da escola e me ensinar em casa. Ensinar coisas de casa. Lavar, passar, varrer, para algum dia eu arranjar algum marido. Mas eu disse que não quero, mas ela insiste. E mamãe também proibiu Helena de me dar mais livros e proibiu Helena de ficar até tarde na rua. Eu não consigo entender. Uma vez, eu perguntei para ela o que ela tanto fazia fora de casa pela manhã. “Estou tentando achar o caminho de volta.” Eu fiquei triste e feliz com aquilo. Porque ao mesmo tempo que eu também queria ir para lá, sei que mamãe não permitiria. Fiquei tão encantada quanto ela sobre esse país. Parecia um sonho. “Mas acho que não adianta. Não devo fazer isso.” “Como assim? Você não quer voltar para lá?” “Quero, e muito. Mas não sou eu que devo procurar por Nárnia. É ela que me deve me buscar. Nárnia não se acha. Nárnia acontece.” “ Acha que...Nárnia pode acontecer comigo?” “Acho que sim.” Tenho que ir agora. Tchau querido diário.”

29/12/02

“Aconteceu de novo! De novo! Helena sumiu! Não sei como. Estava tudo bem. Ela havia parado de falar sobre Nárnia e ela e mamãe pararam de brigar. Estava tudo bem. Então mamãe pediu para Helena ir buscar um pouco de água na floresta, porque o riacho está seco. Mas ela não voltou! Desde ontem! Estou com medo, espero que ela volte a aparecer logo, como da última vez. Tenho que ir de novo. Mamãe está me chamando.”

Nota da história: Helena nunca mais voltou como da última vez.