POV Ang

Bill estava inquieto, pela demora e por não entender o que falávamos.

_Vai fazer alguma coisa se eu explicar pra ele o que falamos?

_À vontade. – expliquei apenas o essencial e logo calamos a boca.

O Bolacha chegou as três e meia e o garoto foi busca alguma coisa pra comermos. Até aquela hora ficamos quietos nenhuma palavra era dita. Não tinha silêncio pois dava para ouvir vozes de crianças e de mulheres e uns gritos de homens. Carlos André voltou com pão e café junto com o tarado.

_Toma. Logo a gente vai pedir o resgate. E tratem de calar a boca. Só fala se a gente manda. – balancei a cabeça positivamente. Aquele cara me dava arrepios, dava sensação de que qualquer coisinha ele me estrangularia com um único gesto.

Comemos como presidiários, esfomeados. Os sequestradores se viraram pra um canto e saíram, nos deixando com o Carlos André.

_Eu acho bom vocês fugirem. O Mamão é estressadinho, qualquer coisinha ele da piti e o Bolacha acata qualquer ordem, ou seja, morte é com ele. O chefe precisa da grana e se ele não consegui eu não sei não. – Mamãe devia ser o tarado, mas com um apelido desses eu não dava muito crédito.

_Ele vai ter a grana, mas que ele vá pra prisão.

_Vai se difícil. E você ta grávida garota! Se manda enquanto é tempo.

_Não tem como, se fosse só eu ainda dava. Mas e o Bill?

_Quê que tem ele ir junto?

_Não vão desconfiar com um cara de cabelo comprido arrumado e que fala outra língua no meio duma favela?

_Verdade. – se virou e calou a boca.

_E você? Vai continua aqui? Do mesmo jeito que você falou eu também to. Se fosse só eu, mas minha avó...

_Sei. Uma hora você consegue. Estuda; isso ajuda.

_Eu gostava de estudar,mas não tenho tempo e como eu já disse, a escola é uma droga.

_Hum.

Às cinco horas os dois estavam de volta com um celular na mão e o meu também.

_A gente só vai liga perto pra deixa a mamãezinha sua com mais medo. - esse cara tarado estava me dando arrepios. Mesmo sentada eu senti minhas pernas amolecerem. Iam ligar pra minha mãe.

O cara discou e colocou no viva-voz. Chamou uma única vez.

_Alô!? Ang? – me esforcei pra ouvir direito, era minha mãe

_A gente ta com a garota aqui e o gringo.

_MÃE! – não aguentei e gritei, eu queria falar com a minha mãe! O tarado veio pra cima de mim e me dua um tapa no rosto.

_Cala a boca! – gritou ao mesmo tempo do tapa.

_Ang! – Bill tremia de raiva e acabou gritando, levando também um tapa no lado direito do rosto com toda a força.

_Si tu quisé vê a filhinha de novo vai te que paga! Um milhão de dólares, cada um! – falou pausadamente as ultimas palavras

_Dois milhões? – nessa hora eu já quase chorava.

_É isso ou o gringo morre. – Bill? Não! Eu já estava paralisada, o outro levantou a arma em direção ao Bill, mas logo abaixou. Ele estava de olhos arregalados.

_Eu faço a troca, mas preciso de tempo pro dinheiro. - ouvi minha mãe falar formalmente, como se estivesse apenas falando por falar.

­_Tu tem três horas pra pensa, sem polícia, ou ela também morre.

_Certo. Sem polícia.

____________________________

POV Bill

Na hora que aquele idiota apontou a arma pra mim foi o ápice do susto. Juro que quase tive um ataque cardíaco. Mas logo ele abaixou, eu quase dei um suspiro, mas não ia sair muito bem isso, então me segurei.

Eu e a Ângela passamos o tempo, alias, matamos o tempo, a respiração era lenta e pausada, estávamos morrendo de vontade de sumir daquele lugar.

Cochilei, a tensão era muito grande e fora que eu estava cansado de ficar sentado e só levantar pra ir ao banheiro, ordens do cara com a arma.

Faltava meia hora pra ligação. Minhas costas doíam, mas não conseguia me mexer.

Eu e Ang nos encarávamos, totalmente em silêncio.

__________________________

POV Philippe

_A senhora está bem? – ela estava em estado de choque agia normalmente, como se nada tivesse acontecido. Isso me deixou assustado.

_Estou bem. – o olhar dela estava vazio.

_TIA!! – Marcela deu um jeito e chacoalhou-a. – ACORDA! AGORA NÃO É HORA DE SAIR DO AR, PENSA NA ANG! REAGE! – os olhos dela ficaram cheios de água.

_Eu..eu...eu estou preocupada.

_Ótimo, então vamos chamar a polícia. – falei prontamente.

_Mas eles falaram que...

_Falaram, mas nós somos mais espertos, eu não vou chamar a PM, vou chamar a polícia secreta. Mas antes, Tia, ligue pro Tom. Ele tem que saber que o Bill... – não consegui terminar a frase.

_Certo – ela chorava soluçado. Mas foi se aclamando enquanto ligava pra Katie, já que não sabia o número do Tom. Ouvi a conversa toda, queria saber se o Tom ia ter um ataque do coração também.

__Alô? – Katie estava com a voz muito grogue.

_Alô Katie? Cadê o Tom? – a Tia ainda chorava.

_O que foi Tia? A senhora está bem? O Tom ta dormindo.

_Chama o Tom primeiro, depois eu falo pra você.

_Tom acordaaaaa! – ouvimos o quase grito da Katie, e a conversa toda

_AAAHHHH! Que foi?

_A Tia Nick quer falar com você.

_Alô? – esse estava mais grogue ainda

_Tom, venha para o Brasil, avise sua mãe e acione a polícia alemã! Seu irmão e a Ang foram seqüestrados.

_Q... – ele nem falou nada.

_Estamos indo. – Katie foi prática e desligou.

______________________

POV Katie

_Meu Deus! – eu olhava atônita pra cara do Tom. Ele estava de olhos arregalados.

_Vamos.

_Está bem. Ligue pra sua mãe e eu vou pegar algumas roupas pra gente ir. Compre as passagens.

_Ok. – ele estava meio aéreo. Tadinho do Bill! E da Ang! Como?

Subi correndo as escadas e peguei a primeira mala que i, taquei minhas roupas e achei umas roupas limpas do Tom empilhadas num canto do quarto. Fiz o que tinha que fazer no banheiro, troquei de roupa e desci com uma roupa pro Tom se trocar. Cheguei enquanto ele terminava reservar as passagens direto pelo telefone.

_...A que horas vocês tem um avião para o Brasil...Certo, duas então...primeira classe. Ótimo. Obrigada...