Fix You 2: Dark Paradise. escrita por Amanda Mina


Capítulo 8
Capítulo 8




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-- Você tem certeza disso, amoré mio? – Ian perguntou após me ouvir falar sobre tudo o que eu havia descoberto e, em parte, deduzido.

Respirei fundo, avaliando as minhas opções. Sim, eu tinha certeza disso. Eu não queria desconfiar dos meus próprios amigos – nem mesmo dos mais novos, como Diana – mas era necessário. As únicas pessoas que realmente ficaram sempre ao meu lado sabiam, e isso era o suficiente para que eu não me sentisse como uma completa vaca.

-- Eu tenho. – Afirmei. – Só quero que isso acabe logo, Ian. Eu estou exausta. – Resmunguei, me sentando na poltrona acolchoada vermelha do saguão do hotel. Daniele havia subido e comunicado Jared, Sydney e aos outros, enquanto eu preferi ficar um pouco sozinha. A necessidade de me fazer protetora acabava me fazendo sem tempo para pensar.

Ironicamente, nem mesmo o silêncio foi capaz de me ajudar a organizar minha mente. Ele era ensurdecedor, como um barulho irritante – e mais uma vez eu senti falta de Ian. Talvez seja por isso que liguei para ele, ou talvez fosse apenas porque eu realmente precisava me livrar de um dos pesos que passara a me assombrar.

-- Eu sei bem como você se sente. – Respondeu, parecendo relaxar em alguma cadeira confortável. Eu sabia que Ian estava no meio de algum processo nesse momento, mas essa era uma das coisas que eu mais gostava sobre conversar com ele. Não importava o quão importante era o que fazia, sempre estaria disposto a me ouvir sem interrupções. – Acredite, isso está sendo cansativo para ambos. Mas são as consequências de tudo. Não podemos deixar esse assunto de lado sendo que você está em risco.

-- Pensei que isso fosse sobre o seu irmão. – Refleti.

-- Também. – Acrescentou. – Mas quem fez isso, Rose, está tentando afetar você. Todos a sua volta são apenas detalhes.

-- Acho que se Tatiana tivesse me julgado culpada teria sido mais rápido, não? – Tentei fazer alguma piada, que mais saiu como um lamurio de morte. – Eu só estou cansada, só isso. Não é como se fosse me matar a qualquer hora dessas, não se preocupe.

Ian soltou uma gargalhada calorosa do outro lado da linha: -- Não é como se eu tivesse medo disso, Americana. Você tem juízo quando o assunto é proteção das pessoas, seu único problema é a impulsividade.

-- Eu queria que as coisas fossem tão fáceis quanto você parece dizer. – Apoiei o rosto na mão. – O que eu não daria para estar comendo pão russo agora mesmo e discutir com Dimitri sobre aquelas músicas horríveis?

-- Ah, com Dimitri? – Ele pareceu ofendido. Resisti ao impulso de chamá-lo de idiota, e apenas ri.

-- Você entraria na outra parte... – provoquei. – Quando já tivesse mandado Dimitri ir comprar algum CD sobre uma banda que eu gostava, e então subia para o quarto. – Fiz uma pausa, pensando sobre o assunto. – Se é que me entende. – Acrescentei.

-- Acredite, eu entendo muito bem. Você se surpreenderia com a facilidade com que posso entendê-la. – murmurou com a voz rouca. Deixei que um arrepio percorresse o meu corpo, estalando a língua em reprovação.

-- Em plena missão você está me provocando? – Fingi estar indignada. – Como você quer que eu sobreviva assim, se ao invés de estar me escondendo estou tendo assuntos... Quentes... Para resolver com você?

-- Há dois jeitos de sobreviver. – Ele pareceu dar de ombros. Bem, ao menos eu o imaginei fazendo-o. – Só estou mostrando a você o outro lado.

-- Prefiro o primeiro. – Me apressei em dizer. – Não vou me tornar uma maníaca.

Ele gargalhou novamente: -- Longe disso, Rose. Se tem algo em que você pode-se dizer “certinha” é nisso.

-- Como é que é? – protestei. – Espere pela próxima vez então, Italiano. Vou mostrar a você que as “certinhas” – fiz uma careta nessa parte – podem ser ainda piores. Ou melhores.

-- Mal posso esperar. – flertou de volta. – E então, já sabe o que fazer amanhã?

-- Samantha e Daniele se encarregarão de tudo. – Respondi. – Elas conhecem bem a área e sabem das localidades. Sam tem uma boa noção sobre onde encontraremos Dimitri.

-- Eu gostaria de dizer que as chances são muito animadoras ou que tenho uma pista, mas... Está difícil. Tatiana não mantinha muito contato com essa Academia e Lissa nem mesmo sabia sobre tal.

-- Que saco. – Resmunguei. – Mas vocês não podem conseguir um mapeamento da área? Qualquer coisa?

-- Você subestima minha inteligência. – comentou. – De verdade. Se esqueceu de quem sou irmão? E que os irmãos mais novos tem tendência a serem mais bonitos e inteligentes? – Segurei o riso naquela parte. A rivalidade entre Ian e Dimitri era uma coisa antiga, mas ainda assim era engraçado ver alguém confrontando o deus da guerra como se fosse um mero homem. – Eu já comecei as buscas. Amanhã mesmo devo te dar a resposta.

-- Quem sabe você não me dá um resultado definido e detalhado assim que eu chegar a Vitória? – cantarolei. – Eu seria capaz de beijá-lo.

-- Na verdade, você vai me beijar de qualquer jeito. Com ou sem resultado. – Divagou. – Mas mesmo assim. Passarei minha noite em claro por um beijo seu, senhorita.

-- Imbecil.

-- Já disse que o arquivo é inexistente. – Ian resmungou.

-- Acho melhor ir dormir. – Comentei ao ver Daniele parando no corredor, enquanto olhava para os lados me procurando. – Já estou abusando da sorte e da resistência.

-- Também acho. – O tom sério voltou à voz de Ian. Mesmo que ele tivesse um gênio completamente mais impulsivo do que o irmão, também pensava no melhor das pessoas e tinha o mesmo jeito de lidar com as coisas. – Não quero que você quase morra por causa do cansaço. É uma batalha, Rose.

-- Eu sei, papai. – Fiz uma careta.

-- Rose.

-- Ahm?

-- Eu ainda mantenho minha promessa de pé. – Ian falou. – Se você precisar de mim, eu juro que pego o primeiro avião e te encontro.

-- Eu acredito em você. – respondi. – Apenas me deixe fazer isso sozinha. Independência é bom ás vezes, sabe?

-- Só não fique independente demais, Hathaway. – Ele advertiu. – Posso sentir saudades. Não seria muito... legal.

-- Não mesmo. – Afirmei, sorrindo. – Até amanhã, Ian.

-- Achei você. – Daniele cantarolou assim que eu guardei o telefone. – Acho melhor ir dormir logo, sabe? Não seria legal acabar com a imagem que temos daquela Hathaway completamente forte que na verdade luta contra os próprios sentimentos, mesmo que seja impulsiva. – Falou. Arregalei os olhos para ela. – E não, mais uma vez, não. Eu não leio mentes, apenas sou observadora.

-- Tudo bem, menina observadora. – Pisquei para ela enquanto erguia meu corpo. – Acho melhor dormimos, então. E sem acordar Ângela, de preferência. Não quero viajar com o traseiro doendo porque acordei uma mulher grávida em seu estado mais profundo.

-- Ah, ninguém quer. – Ela apoiou. – Estava falando com seu namorado?

-- É, eu estava. – Assumi, começando a andar ao lado dela.

-- Parece estar mais feliz agora. – Me lançou um olhar de canto. – Acho que é uma boa sensação, não?

-- O quê? Namorar?

-- Ter alguém com que conversar. – Aquilo me pegou de surpresa. Não por que era uma verdade, mas por que havia um tom a mais à sua voz. Algum tipo de solidariedade, e alguma tristeza. Foi então que eu refleti sobre as nossas conversas e percebi que Dani não tinha alguém com que conversar, e, muitas vezes, eu acabei caindo por causa disso.

-- É realmente bom. – Afirmei, mesmo que no final ela não tivesse feito uma pergunta. – E você devia saber que pode falar comigo. – Dei um empurrão brincalhão nela.

-- Eu já fiz isso, Rose. – Abriu um sorriso para mim. – Agora fique quieta e entre sorrateiramente no quarto. – Assenti e me mantive o mais silenciosa possível ao me jogar na cama. Não liguei para as roupas, uma vez que estava realmente esgotada.

Apenas coloquei o celular ao lado de outros dois aparelhos na mesinha de cabeceira e me deixei ser dominada pelo sono.

No lugar da escuridão, fui levada para um campo, de onde era possível avistar os portões da Corte, e também os guardas que andavam de um lado para o outro. Havia muita movimentação ao nosso redor, e por um momento pensei ter visto a mim mesma correndo e me posicionando para a batalha.

Tentei arquear uma sobrancelha, quando tudo desapareceu. Todas as pessoas, todas as vozes. O cenário ainda era o mesmo, mas não havia ninguém ali. Uma silhueta se formou no meu campo de visão, caminhando até mim. Ele tinha as mãos enfiadas no jeans preto e vestia uma camiseta branca de gola. O cabelo preto serpenteava com o vento, os olhos castanhos sorrindo, mesmo que a boca estivesse com um ar sério.

Adam caminhou até mim, parando a minha frente: -- Surpresa em me ver?

-- Nem um pouco... – menti. Mordi o lábio inferior, vendo o sorriso se abrir no rosto dele. – Ok. Sim, muito.

-- Eu também teria essa reação. – Ele riu. – Acho que é mais uma coisa que herdamos.

-- Herdamos? – Repeti aquela palavra. – Como assim?

-- A história é longa, Rose...

-- Se você não percebeu, temos a noite toda. – Instiguei.

-- Não temos, não. Você tem que descansar. – Ele advertiu. – Você tem uma batalha pela frente, e perderá muitas pessoas que ama.

-- Mais?

-- Muito mais, Rose. – Deu um sorriso triste. – Algumas que você nem conhece... Algumas que terá que deixar ir. Outras que simplesmente morrerão. – Completou. – Mas serei breve. Temos uma ligação, Rose. Não é uma coisa que eu posso te contar assim mas...

-- Que tipo de ligação?

--...pergunte a Abe sobre Ayla. Ele saberá de quem estou falando. – Continuou como se eu não tivesse interrompido. – E prepare-se, Rose. Muitos podem lutar, mas o golpe final tem que ser seu.

-- E se não for?

-- Então você morre. – Sua expressão se tornou sombria. – É matar ou morrer. Isso se tornou uma questão de honra para...

-- Para...? – Indaguei. – Você sabe?

-- Não posso falar.

-- Adam!

-- Eu realmente não posso. Se eu falar agora, todos perdem o que conseguiram porque você irá atrás da pessoa. Apenas foque na batalha. – Pediu. – Eu farei você saber na hora certa.

Suspirei.

-- Tenha uma boa noite, Rose... – Desejou, dando dois passos para trás. Encarei aquela silhueta tão parecida com a minha, porém masculina. Havia algo ali que me dizia que eu já o conhecia, mas não era como se pudesse simplesmente estalar os dedos e lembraria da verdade.

Tudo o que eu podia fazer era voltar a dormir. E após me remexer na cama, foi o que fiz. Desta vez sem sonhos.


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Notas finais do capítulo

Oioi gente! Então... acho que não tenho nada pra falar mesmo! auhauhaa. Basicamente comprei meu Finale, mas só lerei tal quando terminar Nárnia ♥
Kisses!