_ Não Diogo, isso não tá certo! – Rita voltou a parar com os beijos e amassos e me encarou mais uma vez.

_ Que foi? – perguntei completamente fora de mim, se ela continuasse parando desse jeito eu não aguentava  muito mais tempo. Ter uma garota em meu colo me beijando e agarrando era caso pra eu não conseguir me controlar direito.

_Que foi não, Diogo! A gente tem que parar! Isso não é certo!

_ Mas porquê? Que mal tem? Eles não se importaram com a gente, ué a gente também não liga pra eles! – era verdade eles pouco se interessaram se a gente se importaria ou não, a gente agora faz o mesmo!

_ Diogo, a gente ficou brava pelo que viu, e nesse momento estamos sendo tão bons como eles! Estamos jogando da mesma forma!

_ Sempre me falaram que devemos revidar da mesma forma!

_ Argumento idiota! Eu não os quero julgar, sabendo que fui ainda pior que eles apenas por fazer o mesmo, como forma de vingança! – ela se levantou de meu colo e ficou de pé na frente, que permanecia sentado e olhava pra cima pra enxergar seu rosto. Não tinha era compreendido muito bem a parte de forma de vingança!

_  Vingança?

_ Sim vingança. Vai falar pra mim que a gente se beijou por estar completamente apaixonada um pelo outro? È que eu não estou minimamente interessada em você! Eu gosto de Tomás, eu quero Tomás, assim como suponho que você goste, queira e ame Sophia!

Não tinha como negar isso, era verdade, eu gostava de Sophia e por um lado esse amasso que rolou foi apenas uma forma da gente controlar a raiva. De libertar esse fogo que queimava nosso peito e aquecia nossa cabeça.

_ E o que vamos fazer agora?

_ Será que não tem mais nada pra perguntar se não o que vamos fazer agora? – não respondi e ela voltou a se sentar de meu lado. Bufando e encostando de novo a cabeça pra trás.

Pela sua expressão e por seus gesto, e até por sua foram da agir dava pra perceber que estava confusa.

_ Eu necessito mesmo de algo bem forte, se não…

_ Tipo? – queria saber que tipo de coisa forte ela queria, um abanão, um tapa, um chuto?

_ Acho que estou precisando de uma boa dose de Vodka!

_ Não sei onde a vai arranjar! – dentro do colégio era expressamente proibido se falar o nome de uma bebida alcoólica, pois se isso acontecesse o mais provável era fazermos uma visitinha ao diretor, nem queria imaginar o que seria se descobrissem que tem garrafas de álcool circulando no edifício, era dessa que dava o treco no diretor e que o colégio ia abaixo!

Ficamos um tempo parados olhando para o muro alto que se estendia na nossa frente, muro esse que não deixava a gente ver seja o que fosse que estivesse pra lá dele. Muro esse que alguns já atravessaram e depois se ferraram á séria. Estava distraído quando ela voltou a abrir a boca:

_ O que falou pra Tomás, no ouvido?

_ Não sei do que está falando!

_ Deixa de ser bobo. Eu não sou burra nenhuma, percebi que trocou uma palavrinha com ele quando o levantou pela gola do chão, depois de dar em cheio em sua cara uns valentes socos! – ela fez questão de pormenorizar a cena toda e sublinhar a parte dos socos!

Se depois dessas suas observações é que eu pus o miolo a funcionar e lembrei de como ela deve ter ficado depois de assistir aquilo! Afinal ele era seu namorado e menina ver namorado apanhando no lombo não é de todo um espetáculo muito bonito.

_ Desculpa!

_ Pera aí, não tou chegando ao fundamento desse pedido de desculpa.

_ Bati no Tomás e nem sequer lembrei que você estava assistindo!

_ Vai da volta ele até mereceu! – sua resposta ríspida e fria me aliviou e me surpreendeu.

_ Nossa pensei, que me fosse passar um sermão ou coisa parecia e afinal…

_ Aí, eles não podem saber o que rolou aqui!

_ Fala sério? Acha que eu sou bobo!

_ Tem vezes que parece, por isso pelo sim e pelo não é melhor dizer tudo e me assegurar das coisa!

_ Bom saber que você me considera bobo!

_ Eu não considero eu tenho certeza!

Ela passou a mão pelo rosto e pelos olhos e depois grunhiu, grunhido estranho esse, era como uma suplica e com raiva, rancor e fúria na mistura.

_ Eu nem ei como fui capaz de fazer isso! De beijar você! De saltar pra seu colo! De…– ela agarrou forte o cabelo como se o tivesse a arrancar e eu me senti mal com a afirmação dela.

_ Foi assim tão mau, ora você falar desse jeito?

_ Não foi mau, porque se fosse eu não pedia por mais e foi o que aconteceu, mas também não foi bom, pois me estou sentindo tão culpada como eles! Jogamos sujo da mesma maneira Diogo!

_ Jogamos sujo, mais eles nunca saberão de nada!

_ Tenho a consciência pesada nesse momento! – falou me olhando.

_ Eles que deviam ter. Tem noção daquilo que nos fizeram assistir? – as razões pra gente estar arrependida eram um décimo das de Sophia e Tomás.

_ Eu sei que isso vai soar estranho, muito estranho e que você nem vai dar bola mas a gente se deparou com a verdade. E posso garantir que a verdade doí saber mas por um tempo, já a mentira magoa para todo o sempre. Sophia é minha miga, assim como Tomás é seu amigo! Tomás é ou era meu namorada e Sophia também era sua namorada, a gente não…

Levei minhas mãos em seu rosto e o agarrei, obrigando ela a olhar diretamente pra mim, mesmo que não quisesse. E a se calar e escutar, pois estava fazendo muito barulho ( apesar de estar a falar baixo) por nada.

_ Hey, não precisa de ter consciência pesada. Ninguém vai saber disso, o que rolou aqui não sai daqui! Ninguém desconfiará nem porá a hipótese de entre mim e você ter rolado seja o que for. Ninguém imagina sequer Diogo e Rita juntos seja em que situação for. E antes de mostrar pra outros que não rolou nada esqueça também você o que aqui se passou. Se nós não dermos nas vistas ninguém vai notar nada. Temos que agir com naturalidade e não andarmos para aí cheios de medo que se levantem rumores ou coisas parecidas. Porque pra ser sincero eu não lembro de acontecer nada! Você lembra? – ela abanou a cabeça, ainda entre minhas mãos negativamente. – Mantenha a calma e faça de conta que não rolou nada! Se quiser eu me afasto pra ser mais fácil esquecer…

_ Mas o problema aqui não é você, não é eu esquecer de você, porque pra falar verdade eu nem ligo pra sua existência, e não é por te ter beijado que vou deixar de te falar. Apenas não gosto de saber que eu fiz com você aquilo que eles fizeram, aquilo que eu não gostei que me fizessem! A gente acabou por descer ao mesmo nível. Estamos em pé de igualdade. Agora não á santos nem pecadores! – ela agarrou meus braços e os tentou descolar de sua face, mais eu não deixei e falei por cima.

_ As únicas coisas que tanto como nós sabem o que rolou aqui são os muros, e  tenho certeza que eles não vão abrir a boca…

_ Eles não mas, eu sim! Que lindo isso, hein! –Não soube ao certo de onde, mais a Liz apareceu com seu famoso celular erguido na mão.

Rita olhou pra mim em pânico e eu fiquei sem reação. Não era difícil de relacionar o celular de Liz, com ela, com o seu mau feitio e coma gente. È como saber que dois mais dois são quatro.

Se minha cabeça não tivesse fazendo filmes essa sua aparição queria dizer que ela tinha flagrado a gente, que ela tinha escutado a gente, que ela tinha atentado na gente e que ela tinha filmado a gente!

_ Nossa! Fala sério que vocês os dois… - ela não acabou a frase e fez como se vomitasse, só pra começar com seus teatrinhos. Baixou o celular e o braço pra baixo e depois cruzou os braços na nossa frente, que entretanto nos levantamos logo e ficamos de pé na sua frente.

_ O que está aqui fazendo? – Rita perguntou atrapalhada.

_ Estava passeando quando ouvi umas respirações bem estranhas, vim ver o que era e pra meu espanto me deparei com você no colo dele em uma situação muito comprometedora. Pura coincidência apenas!

_ Coincidência? E pra que é o celular?

_ Achei o momento tão fofo que decidi gravar, pra guardar como recordação!

_ Deixa de zoação. De santa você não tem nada ó rabo sem cérebro, perua sem penas! – Rita se empenhava a insultando, e eu a apoiava!

_ Minha querida Rita, acho melhor ser você a baixar a crista!

_ Tá chamando galinha a quem?

_ A quem encaixou a carapuça! E olhe que escusa de negar que não é! Que num são, digamos assim! Porque acho que Tomás e Sophia não iriam ficar muito contentes ao saber que os melhores amigos andaram nos amassos e na moita atrás de suas costas…! Ah, eles já tão tristes, ou será que não? Será que ela não andou o tempo todo te fazendo acreditar em um romance que nunca foi real? Afinal parece que o clima esquentou e a corda esticou de tal maneira que acabou por rebentar. Eu nem sequer consigo imaginar como é ser traído pelo melhor amigo e pela namorada! Como è Diogo?

_ O que você quer? – perguntei. Ela estava provocando e já estava exagerando!

_ Você! Quero você de volta!

_ Ah? Como é? - acho que me troquei todo com o que ela falou. E tinha o pressentimento que da parte de Liz boa coisa não vinha de certeza.

_ Eu te quero de volta! Quero você na minha mão de novo. Quero me sentar com você na hora do café da manhã, quero namorar com você, quero transar com você!

_ Não. Isso nunca, nunca mais vai acontecer! – falei logo, sem perder muito mais tempo.

Liz era a típica garota que se aproveitava das ocasiões e o sorriso que estampava no rosto não me agradava nem um pouco e deixava muito a desejar.

_ Tem certeza? – ela levantou o celular que segurava na mão e virou o visor pra gente, dando play. Logo a tela foi preenchida por mim e por Rita.  depois de uns segundos de vídeo ela o parou.

_ Você não é capaz! – Rita falou baixo e rouca.

_ Não duvide!

_Não! Tá louca! Eu não vou voltar com você! Nem que as vacas ganhem asas! Oh, esqueci que você é uma e por acaso até já as tem, né perua!!! 

_ Diogo! Você é livre de fazer o que quiser, não esquece que depois arca com as consequências. Eu até já estou imaginando a reação de Tomás e Sophia!!! EM choque, em pânico, admirados, surpresos? O que será que eles vão pensar se souberem que passaram por ser os ruins quando vocês também o foram?

Troquei um olhar com Rita. A gente estava ferrada. Não havia jeito se sairmos por cima nessa. Liz tinha o poder. E a partir de agora ela é que podia dar ordens. Ela podia jogar com a gente e fazer o que quisesse.

Não queria que ela sujeitasse essa gravação pra Sophia e muito menos pra Tomás! Só havia uma coisa a fazer, cair nas garras dela e deixar o diabo vir e dizer o que tinha ou não quer fazer.

_Então, Diogo? Qual prefere, ser meu de uma vez pra sempre ou ser dessa aí, aos olhos de todos? – ela apontou com a cabeça pra Rita.

_ Primeiro eu nunca vou ser seu, segundo essa aqui tem nome! Não lembra qual é eu recordo: Rita.

_ Qual prefere? – não podia dizer que não, pois se dissesse Sophia vinha a saber o que se passou, por isso não tinha outra grande solução!

…

Estava deitado na cama, mais uma vez descarregando todas as emoções no violão. Sophia já estava deitada na cama, dormindo ou apenas fazendo que dormia, afinal pra que quero eu saber dela. Tentava não olhar mas meu olhar tinha vezes que fugia um pouco do rumo e lá enxergava o que ela fazia. Ou até mesmo quando se mexia, um simples movimento meu olhar colava logo nela.

Pensava no que faria amanhã! Era impossível dizer que não pra Liz, pois os argumentos pra ele me afundar eram muito mais fortes. Não sabia bem como as coisas iriam ser! Passei a mão pelo cabelo e depois pousei o violão num canto. Puxei o lençol e deitei a cabeça no travesseiro. Uma boa noite de sono era o que eu estava precisando.

Amanhã será outro dia, outra página será virada apesar da história continuar sendo a mesma! Vá se lá saber se acabará numa comédia ou numa tragédia…