Estremeci e bem devagar fui abrindo o olho. A luz forte do sol dava cor ao quarto menos a meus olhos que não suportaram tamanho impacto. Estava sobre um travesseiro diferente e um perfume bom e já me conhecido predominava.
Abri o olho e olhei em volta. Estava deitada sobre o peito de Diogo e quando comecei raciocinando direito lembrei da noite de ontem. Sorri boba para o nada, envolvi o tronco dele em meus braços e depois respirei fundo contra seu abdómen.

_ Bom dia Menezes! - a típica voz de Diogo se fez ouvir. Ele estava ironizando propositadamente apenas para me provocar, pois sabia bem que eu detestava que ele me chamasse de Menezes.

Ele se foi chegando pra mim e quando já estava bem perto de minha e prestes a colar meus lábios nos seus eu virei meu rosto. Fiz beicinho e franzi a testa assim como o cenho. Não daria bola pra ele até retirar o que falou.

_ Oh, meu pai assim eu não resisto! Tire esse beicinho, meu piolho pequenino! – forcei ainda mais minha expressão de tristeza. Agora já era piolho, hein! Já pra não falar da parte do “pequenino”!!!

_ Piolho? Piolho é parasita! Você tá falando que eu sou um parasita em sua vida!

_ Você foi um parasita em minha vida sim! Chegou e me contaminou com seu jeito, fazendo meu mundo dar um giro de 360 graus!!

_ E a parte do pequenino?

_ Você é a minha pequena.

_ Eu não sou pequena!

_ È! È pequena por fora, mais grande demais por dentro. Vai, agora tire esse beicinho ridículo!

Minha expressão se foi perdendo e o beicinho acabou por desaparecer, dendo lugar a um quase sorriso. Diogo riu quando se apercebeu que já havia destruído o ar de triste e agarrou meu rosto acabando por me beijar.

_ Dormiu bem?

_ Melhor noite de sempre!

_ Foi? Bom saber! – ele falou me envolvendo entre seus braços. – È bom demais acordar de seu lado, e com o seu cheiro me invadindo logo pela manhã, já pra não falar que é mega gostoso passar a noite sendo chutado e pontapeado e sendo acordado durante a noite por essa mesma razão e ficar vendo você dormir em meu peito toda aconchegada e amarradinha a mim!

_ Eu não chutei você!

_ Chutou sim! Você é que nem deu conta!

_ Isso faz com que você me odeia nem que seja um pouquinho!

_ Nunca! Nunca seria capaz de odiar você, nem que seja um pouquinho – ela falou me imitando e me fazendo rir. - afinal, são essas coisas que você nega fazer e ser, que fazem eu gostar tanto de você!

Me aproximei um pouco dele, mais propriamente de sua boca. Queria selar o que Diogo falou com um beijo. E foi o que aconteceu. Meu desejo foi concretizado e correspondido por ele que pareceu quere o mesmo que eu.

_ O que pensa fazer hoje? – falei ainda com minha boca grudada na sua e envolvida em seus braços.

_ Hoje quero aproveitar muito e recuperar de toda essa saudade, de ter você ao meu lado, que se foi acumulando dentro de mim durante esse tempo todo. Quero passar o dia grudado em você e namorar muito!

_ Pera aí! Você tá namorando? Eu transei com você e só agora me fala que está namorando? – percebi que ele se referiu a mim como se a gente já namorasse e achai legal zombatear com a situação.

Ele sorriu e me olhou entendendo meu joguinho, entrando no clima.

_ E eu posso saber quem ela é?

_ Eu não estou namorando!

_ Como assim? Você está namorando sem namorar? – me fiz de complicada.

_ O que acontece é que eu quero namorar mais não sei se ela quer o mesmo que eu!

_ E o que ela tem de especial pra você querer namorar com ela?

Diogo trocou de posição comigo, num gesto ágil e se deitou em cima de mim, me deixando por baixo. Depois levou seu dedo até meu ventre e depois foi riscando uma linha de beijo com fim previsto em meus lábios. Há medida que ia caraterizando a dita garota ia distribuindo beijos por meu corpo e subindo até chegar em minha boca.

_ Ela é linda…, - um beijo.- inteligente …, - outro beijo – com um jeitinho que eu amo…, - e mais um – é teimosa…, é marrenta…, é fria mais quente ao mesmo tempo., é divertida e ama pegar no meu pé…, é diferente de todas as outras porque simplesmente é ela…, é gostosa e apesar de não mostrar tem um coração do tamanho do mundo, que tem vezes que precisa de carinho, precisa de ser mimado, precisa de ser aquecido e que ela não deixa acarinhas, não deixa mimar, não deixa aquecer. Ela é pequena, a minha pequena! Ela é baixinha, a minha baixinha! Ela é um piolho, o meu piolho. – Diogo parou de falar quando chegou a minha boca e olhou o infinito de meus olhos. Com a voz rouca e com uma expressão séria e divertida ao mesmo tempo falou – Ela é a garota. A minha garota! – Beijou a ponta de meu nariz e depois voltou a me encarar aguardando uma resposta.

Pois sua filosofia e sua discrição não foi apenas uma descrição. Foi mais uma pergunta. Foi a pergunta. E seu começo era: “ Você quer namorar comigo?”!

_ Porque ela haveria de falar o seu tão desejado “ sim”?

_ Porque eu sei que tal como eu ela também quer entrar nesse jogo gostoso chamado namorar!

_ Então se tem essa certeza acha que precisa de mais alguma coisa?

_ Preciso! Ouvir o aceito ou um sim de sua boca!

Ri, e levei minha boca até perto de seu ouvido. Mordi sua orelha e baixinho, bem baixinho sussurrei:

_ Eu aceito e sim quero o mesmo que você!

Ele deu uma risada e eu ri alto também. Rebolamos os dois na cama e nos fomos beijando abraçando e brincando mais um pouco.

…

Depois de muitas cambalhotas e depois de tanta risota e gargalhada, já doía minha barriga. Preferi acabar com a brincadeira com um beijo. Levei minhas mãos em seus cabelos e os baguncei ainda mais. Tudo acabou em selinhos.

_ Aí, cê tem que ir!

_ Mas já?

_ Rita tá chegando!!

_ Outra vez Rita?

_ Outra vez não. Ontem foi diferente, ela de certeza que se quer trocar e…

_ Ela deve estar bem com Tomás!

_ Diogo! – falei sério e arregalando o olho – não seja chato.

Me levantei e me dirigi ao banheiro.

_ Onde vai?

_ Tomar um banho!

Ele saltou da cama. Durante a noite devia ter vestido sua cueca box. E eu também já tinha minha calcinha vestida, assim como sua T-shirt ainda estava encaixada em meu corpo, e que ficava que nem um vestido largo, muito largo! Veio até mim e rodeou minha cintura com os braços, beijando meu pescoço de seguida.

_ Que foi? – falei. Coisa boa não ia ver com certeza.

_ Porque a gente não toma banho junto! Pensa bem. Demora menos tempo e poupa água! Já pra não falar que isso é um bem essencial á vida humana e assim fazemos um favor a nós mesmos e á humanidade!

_ Não! Embora dessa cabana agora! – me afastei dele o deixando sem jeito no meio do quarto e continuei meu percurso até ao banheiro. Antes de passar na porta ele voltou a chamar!

_ Sophia!

_ Que foi? – Falei enervada e sem paciência pra o que ele ia falar.

_ Minha T- Shirt.

Apertei o punho e estava capaz de o matar. Sabia muito bem o que ele queria e como ela era capaz de fazer isso.

A retirei sensualmente o provocando e depois acabei por jogar ela em cima dele que me olhava como se eu tivesse cometendo um crime!

_ Assim eu não aguento não! – ela falou mordendo o lábio inferior e me comendo com os olhos.

_ Eu é que não aguento ver você na frente por mais um segundo que seja! – falei de costas, para não dar pra ele o que queria, ver meu corpo, apenas de calcinha.

_ Tá bom eu saio! Pego você daqui a meia hora, tá bom?

_ Ótimo agora, rua daqui pra fora!

Quando ele saiu Rita entrou no mesmo instante e com um sorriso muito fora do comum. Mais rasgado, mais feliz diria até.

_ E rapaz! Parece que viu um passarinho verde! – falei zoando.

_ Não, um chamado Tomás e tudo de bom! Melhor noite de minha vida, cê nem imagina.

_ Nem quero imaginar! – falei rápido no lance! – Não quero ouvir pormenores porque nem preciso. Diogo tinha razão. Vocês transaram!

_ Você é malvada! Mas que lance é esse de o Diogo ter razão?

_ Esqueça! – falei já entrando no banheiro e batendo a porta com força. Não queria ouvir mais nada.

Tomei meu banho e quando acabei me pus na frente do espelho. Olhei meu corpo e um pensamento bobo, mas real veio em minha cabeça.

“ Você agora já é uma mulher propriamente dita, Sophia” – foi a frasesinha que invadiu meu pensamento.

Sorri para a imagem que vi refletida no espelho e depois me arranjei. Me vesti e ajeitei meu rico cabelo.

Quando saiu e entrei no quarto, Rita também já estava arranjada. E se fixou em mim assim que saí.

_ Que foi? – perguntei incomodada com a atenção que estava recebendo de sua parte.

_ Você transaram?

_ Não é da sua conta!

_ Desculpa, vai. Não queria enervar você! – percebi que falei fria demais e rude também.

_ Não enervou.

_ Que sorriso foi aquele que Diogo levava estampado no rosto quando saiu? Cês tão namorando?

_ Sim. – Falei me encolhendo e correndo até a cama onde ela estava sentada. Não era pra ter falado pra ela mais precisava de gritar isso pra alguém.

_ Quem diria, hein! Sophia Menezes e Diogo Macedo, novo casal.

_ Eu sei que é estranho, mais foi mais forte do que a gente!

_ Sempre ouvir falar que os opostos se atraem!

_ Mais a gente num é oposto. Bem pelo contrário a gente é bem parecido.

Um som vindo da porta se fez ouvir.

_ Quem será? Rita perguntou.

_ Diogo!

_ Caraca, ela ainda saiu daqui agora mesmo e… - abri a porta e ele entrou.

_ Você ainda saiu daqui agora! Não acha que sua namorar merece alguma liberdade? – Rita falou provocando!

_ Não acha que Tomás já está sentindo sua falta?

_ Tá? – ela perguntou entrando na onda.

_ Acho melhor ir lá ver!

_ E num é que me parece bem demais! – ela vazou do quarto e fiquei apenas eu e ele.

_ Com fome? – ela falou pegando em minha mão.

_ Muita. – larguei das dele e as envolvi em seu pescoço.

_ Vou poder falar pra todo o mundo que você é minha. Ele falou entusiasmado, já eu não achei tanta graça.

_ Sobre isso! Aí. Eu também queria assumir tudo e acabar com joguinhos, porque eles apenas complicam nossas vidas, mais as coisas com Guilherme ainda estão frescas demais e eu não quero estar nas bocas do mundo! Será que dá pra esperar um tempinho até as coisas se acalmarem?

_ Um tempinho, hein! Não um tempão!

_ Um tempinho. – falei assentindo. – E depois já pode falar, gritar, berrar contar pra todo o mundo que a gente tá junto.

_ Não vejo a hora de isso acontecer.

_ Por enquanto vá sonhando. Assim como eu já tou sonhando com o café da manhã que está reservado pra gente.

_ E porque não deixar de sonhar e o atacar? – ele falou já me arrastando pra fora de cabana….