Outsider - A Estrangeira escrita por Bruna Guissi


Capítulo 7
Responsabilidades


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas gentes :DD
Estou muito feliz e serelepe porque aos poucos estou ganhando mais lindos leitores para me fazer feliz!
Esse capítulo foi bem gostoso de fazer, e espero que vocês gostem de ler tanto quanto eu gostei de fazer.
Aproveitem :D
Ah, e um agradecimento especial para a Carolina Barbosa pela curiosidade e por favoritar essa fic :DD



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“Ah , Sr Caderno, o dia está lindo, e sabe por quê? Porque eu tenho uma boa notícia: Scorpius e eu voltamos a nos entender. Como esse é um assunto muito exaustivo, eu não vou me estender aqui. O que eu posso dizer é que... Eu senti falta dele. Ridículo, eu sei. Conhecemo-nos há o quê?, menos de um mês? Pois é. Pelo menos está tudo certo.

“Segunda-feira eu não fiz ronda nos corredores porque ajudava com os alunos em detenção, então ontem foi meu primeiro dia vagando pelo castelo. Obviamente eu não estava sozinha, Radmilla me acompanhou e me mostrou os principais lugares onde se era possível encontrar alguém dando uma escapulida.

“Porém hoje a conversa é outra; Radmilla vai fazer uma espécie de relatório, então quem vai me acompanhar é o outro monitor responsável pela Sonserina. O nome dele é Ian, não sei se já cheguei a comentar... Ele é enorme, sabe?

“E atraente, de um jeito meio arrogante. Eu me sinto um pouco intimidada; mesmo eu que sou mais alta do que as inglesas, sou superada por ele.

“Nesse exato momento eu estou tendo que lidar com uma menina extremamente elétrica na minha frente, então terei que parar de escrever para que ela não derrube café em você, Sr Caderno.”

-Você chama seu diário de Sr Caderno? – perguntou Mona, curiosa – Sabe, isso não é muito comum.

“Nota, para você Sr Caderno; não escrever demais em inglês, inclusive seu ‘nome’.”

-Primeira coisa, mantenha seus olhos nessas torradas. – respondeu Annita, fechando o caderno de couro – E segunda coisa, não é um diário. É um caderno de anotações pessoais.

-Você acabou de dar o significado do verbete diário, Annita. – respondeu a outra, dando uma mordida em sua torrada.

Annita bufou, e guardou o objeto na bolsa, para começar a se alimentar. Durante o processo de pegar rosquinhas, Annita soltou um sorriso involuntário, que parecia ser frequente naquela manhã.

-Você parece... feliz. – observou Mona.

-Ah, é? – perguntou a outra – Que bom.

Mona fez um beicinho de quem não estava satisfeita com a resposta.

-Se eu pegar o Sr Caderno, eu vou saber o motivo? – tentou.

-Não sei, mas acho que existem motivos mais bonitos para ser amaldiçoada. – ameaçou Annita, dando de ombros. Mona revirou os olhos.

-Ah, me conte, Bo! – foi a vez de Annita revirar os olhos para o apelido com o qual Mona a vinha chamando.

-Eu me acertei com um amigo. – resumiu a garota – E eu ainda quero saber como “Bo” te veio à cabeça.

Mona deu um risinho;

-Bo, de Boderdad. – explicou.

-É fofo. – deu de ombros.

-Ainda bem; não seria legal te dar um apelido mais agressivo, eu não sei nem como você veio parar na Sonserina, sabe? – comentou a colega – Nem ruim você é.

-Você também não é ruim. – disse Annita, agora mais interessada no assunto – Eu realmente não entendo essa divisão de casas. É lindo e patriótico ver vocês falando dos nomes, mas eu realmente não entendo o problema que vocês têm com a Grifinó...

Mona colocou a mão na boca da menina à sua frente, dando uma risada nervosa. Annita revirou os olhos e moveu a mão da garota.

-Hey, eu quero comer!

-Você é uma boa menina, Bo, mas existem muitas pessoas antiquadas nessa casa. Você é uma exceção à regra. – explicou Mona.

-Como assim exceção? – quis saber a outra.

-Você é nascida trouxa. É a primeira vez que uma completa nascida trouxa cai na Sonserina, Annita.

A garota pareceu impressionada com a informação; sua teoria de que aquilo poderia ser comum era errônea.

-Mas mestiços já caíram nessa casa, não?

-Sim. Que eu conheça, um. – explicou Mona, contando nos dedos – O ex-diretor Snape.

-Mais ninguém? – perguntou pasma.

-Acho que sim, mas eu não sei nomear agora. Relaxa, Bo. Mais ninguém sabe que você é uma “sangue-ruim”. – disse a menina dando de ombros – Sem querer ofender, claro.

Annita balançou a cabeça, sorrindo. Por isso gostava de Mona; ela não parecia ver maldade em descrever as coisas da maneira mais clara. Para Annita, esse era o principal motivo de Mona ter se dado tão bem com Rose.

O sinal tocou, e ambas levantaram da mesa para ir para sua primeira aula do dia.

-Bo, nós temos o último tempo dessa tarde vago, o que você vai fazer? Eu estava pensando em terminar aquele pergaminho sobre leitura das constelações sul, sabe? – perguntou Mona, dando tapinhas no ombro da colega.

-Bem, eu tenho uma aula de feitiços aqui... – comentou a garota, olhando para sua grade. A aula de feitiços estava em verde, diferentemente do resto das matérias do dia.

Então entendeu o que aquilo significava.

-Ah! Eu tenho uma aula de feitiços para monitorar! – disse animada – O curso começa hoje!

-Olha, que bom para você, mas eu jamais me inscreveria para mais uma matéria. Mal dou conta do que já tenho aqui.

Annita revirou os olhos, e ambas pararam na porta para esperar os grifinórios que se aproximavam.

-Vamos todos ter “Defesa Contra as Artes das Trevas”? – perguntou Alvo, entusiasmado.

-Sim, sim, é a mesma matéria. – concordou Mona – Até que enfim o professor chegou. Já faz duas semanas que estamos tendo aula e a matéria deve estar horrorosamente atrasada.

-Eu tinha me esquecido dessa matéria. – comentou Annita – No Brasil era chamada de “Treino de Defesa Mágica”. – explicou.

-Vamos logo, quero tirar uma bela explicação do paspalho por ter demorado tanto para chegar. – disse Mona, fazendo os demais rir.

Os quatro seguiram em direção à primeira aula do dia.

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A sala era clara, aconchegante até. Os alunos foram colocando-se nas diversas carteiras, esperando encontrar o professor na sala. Mona encarou os acompanhantes e deu de ombros.

Rose decidira sentar-se com Mona, e Alvo e Annita fizeram uma dupla de bom grado.

Depois de todos os alunos já estarem dispostos na sala, foi possível notar uma agitação no escritório em cima das escadas.

O barulho de algo caindo cortou os murmúrios do lugar, deixando todos muito curiosos.

Finalmente, uma jovem, sorrindo de maneira de como quem se desculpa, desceu as escadas. Trajava uma mistura de vestes bruxas com roupas trouxas; usava uma calça jeans e uma capa; mantinha o cabelo preso em um rabo-de-cavalo comprido no alto da cabeça, o que dava a ela o ar de uma caçadora. Colocou as mãos na cintura e encarou o ambiente.

-Vocês parecem um monte de gnomos, sabem? – disse a jovem – Meu nome é Desdêmona Deva Salvi, e eu serei sua professora de Defesa Contra as Artes das Trevas a partir de agora.

Os alunos não pareceram entender como uma pessoa tão nova poderia lecionar em Hogwarts.

A mulher encarou o silêncio como um entendimento, e prosseguiu:

-Por favor, me perdoem pela demora em iniciar o curso, eu estava tratando de assuntos fora do país, mas isso não convém ao caso. – então ela olhou para a sala, que ainda parecia impressionada com a situação – Poxa gente, eu já me desculpei.

Alguns alunos riram de leve, com a maneira de lidar daquela professora.

-Então, vamos começar?

A aula seguiu de maneira descontraída; a mulher mantinha uma conversa animada com a sala, perguntando sobre os feitiços e azarações mais comuns no castelo.

A aula passou extremamente rápido, na opinião dos alunos, que se despediram da jovem com certa tristeza.

-Será que podemos conversar? – pergunta ela para Annita, quando esta fez menção de sair da sala.

-Claro.

A mulher mostrou as escadas para Annita, e essa seguiu em direção ao escritório com a professora.

-Soube que você é de fora, Annita. – disse a mulher.

-Ah, sim. – respondeu Annita.

-O Brasil é um lugar lindo, não? – disse a profa em português, surpreendendo Annita.

-Se me permite professora, onde aprendeu a falar português?

-No Brasil, claro. – disse a outra, sorrindo – Eu não sou brasileira, mas trabalhei os últimos anos da minha vida lá. – explicou.

Annita abriu um sorriso impressionado para a mulher à sua frente.

-Bem, espero que esteja se adequando; aqui é bem mais frio que o Brasil, não é? Mesmo no verão. – disse a mulher, sorrindo novamente – Bem, acho melhor você ir para sua próxima aula, não quero ser motivo de atrasos. – adicionou em inglês.

-Ah, sim é melhor mesmo. Obrigada Profa Salvi. – disse Annita, se retirando.

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Alvo resolvera esperar na porta da sala, para poder fazê-la companhia. Alguns minutos depois Annita saíra da sala, olhando em volta. Quando o notou, abriu um sorriso, e seguiu em sua direção.

Alvo não pôde deixar de lembrar-se da sensação de tê-la nos braços, mas deu seu melhor para não corar fortemente. Sem sucesso.

-Alvo, você está bem? – perguntou Annita preocupada, pondo a mão na testa do amigo, para ver se sentia febre – Você está meio vermelho.

Alvo abaixou a cabeça e deu de ombros.

-Não é nada demais. – disse ele – Então Annita, qual é sua próxima aula?

-Ah, é Herbologia. Tenho com... a Corvinal essa aula. – disse ela, sorrindo um pouco.

Alvo notou o entusiasmo da garota, e compreendeu a situação.

-Vocês se acertaram! – observou ele, enquanto desciam as escadas – Que bom, Annita.

A menina só acenou afirmativamente para ele, mas ele sabia que ela estava satisfeita com a situação.

-E qual era o problema, afinal de contas? – quis saber.

-Na verdade, não havia problema. – disse a menina, dando de ombros – Só parecia ter um problema.

-Se você diz. – respondeu ele, virando em direção ao corredor, no pé da escada.

-Bem, eu vou para os jardins agora. Até mais, Alvo. – então Annita chegou perto, e esperou para ver a reação do garoto. Ele pareceu surpreso, e isso a fez rir.

Annita depositou um beijo em sua bochecha, e acenou avisando que iria embora.

Alvo sorriu e se virou para ir embora.

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Annita caminhava pelos jardins da escola quando ouviu alguém chamando seu nome, então ela se virou para ver quem era.

-Olá, você. – disse sorrindo de leve para o amigo que alcançara ela.

-Olá, Annie. – disse Scorpius, satisfeito com a reação dela.

Apesar de terem se acertado, ambos não haviam se falado depois do ocorrido.

Continuaram caminhando por alguns minutos em silêncio, quando Scorpius decidiu que isso estava o entediando.

-Então, - começou – você chegou a ler a reportagem que eu te mostrei?

-Na verdade, sim. – respondeu ela, abrindo a bolsa e pegando seu caderno de couro de dentro. Folheou algumas páginas duras e mostrou a matéria colada na folha – Espero que não se importe por eu ter pegado permanentemente. Achei bem intrigante, na verdade.

-E é. – disse o garoto sorrindo – Você vai a Hosgsmead esse fim de semana? – perguntou de repente, mudando de assunto.

-Ah, isso. – lembrou Annita – Imagino que sim; eu não conheço o lugar ainda. Você já foi para lá?

-Na verdade, não com a escola. Somente alunos a partir do terceiro ano podem ir, então essa seria a primeira viajem para muitos. – explicou ele.

-Hm... E é divertido? – quis saber, a menina, contendo a animação.

-Ah, será bem interessante. – comentou ele.

-E por quê? – quis saber a menina.

-Bem, Hogsmead é um lugar interessante. – disse simplesmente.

-Ah, jura?

-Sim. – disse ele, como se escondesse alguma informação, mas Annita deixou passar.

Continuaram caminhando em silêncio até chegar à porta da estufa, na qual se encontrava um falante professor, explicando os prós e contras de ervas escandinavas.

O professor pareceu notar os alunos parados na porta, então os convidou a entrar.

-Venham, podem entrar. – disse simpático – Façam uma dupla vocês dois e peguem uma caixa de ferramentas, sim? Não perderam nada extremamente importante.

Ambos agradeceram a gentileza do professor, e seguiram suas instruções.

Enquanto o prof Longbottom explicava o modo de cultivo das ervas, Scorpius começou a prestar atenção nos movimentos da parceira.

Annita se movia muito suavemente perto das plantas, e quando as manejava, ajeitava cada folha em cima do balcão para poder identificar a planta com mais facilidade.

Observou como ela prendia o cabelo em um nó na base do pescoço, deixando algumas mexas escaparem, e como um ossinho de sua nuca parecia se sobressair quando abaixava a cabeça. Ele achava fascinante o modo como ele fazia questão de repetir o nome das plantas para decorá-los, e como passava a mão diversas vezes sobre as mesmas para gravar suas texturas.

Por sua vez, Annita notou fascinada o modo como os longos dedos de Scorpius folheavam as páginas do livro guia, e em como ele insistia em coçar o lobo da orelha enquanto raciocinava.

Ele anotava as palavras-chaves das matérias hora com a mão direita, hora com a mão esquerda; aquela que estivesse livre no momento.

Os dois fizeram um bom trabalho identificando todas as ervas, e ainda fizeram uma lista da utilidade de cada uma delas.

A dupla terminou a tarefa imposta pelo professor muito rapidamente, e ficaram conversando durante os últimos minutos de aula.

-Acho que nos saímos bem. – comentou Annita satisfeita. Scorpius concordou com a cabeça, sorrindo.

Não era a primeira vez que ambos trabalhavam juntos em alguma coisa, parecia que as coisas fluíam bem daquele modo.

Scorpius apreciava a naturalidade com a qual a menina ficava perto dele, sem ter de se esforçar, parecendo estar muito confortável, na verdade.

-Eu fico feliz de poder ter te conhecido, sabe? – disse o garoto, de repente.

Annita encarou aquele par de olhos cinzentos. O sentimento era recíproco. Annita se importava com o rapaz.

-Eu sei. – disse ela, dando de ombros. O garoto arqueou as sobrancelhas, rindo da falta de modéstia dela. – Eu também fico feliz por ter te conhecido, garoto. Só gostaria que você fosse um pouco menos imprevisível. Às vezes é difícil acompanhar sua linha de raciocínio.

Scorpius deu de ombros.

-E qual seria a graça se eu fosse normal? – e riu.

Os alunos em volta começaram a notar a cena. Muitos se surpreenderam ao ver Scorpius acompanhado de alguém, ainda mais uma sonserina.

Para muitos, Malfoy ainda era intimidador, e seu nome trazia um tabu consigo. Mas para aquela garota, ele era uma ótima companhia, além de ser intrigantemente divertido.

Ao bater o sinal, os alunos deixaram os deveres em cima da mesa do professor. O mesmo acabou pedindo para que Malfoy esperasse um momento para que pudessem falar.

Annita resolveu esperar na porta pelo rapaz. Dali era possível ouvir a conversa descontraída dos dois.

-Então você vai a Hogsmead, neste fim de semana? – perguntou o professor.

-Sim, professor.

-Claro que sim, eu soube que preparam uma passeata, não é? Você pretende ir, claro.

Scorpius fez que sim com a cabeça.

-Só não vá se meter em encrencas.

-Isso vai depender, não vai? – disse o garoto, se retirando – Até professor.

Annita ficou remoendo a conversa alheia sentada na frente da estufa. Então uma passeata era o que seria interessante para o Malfoy.

O garoto saiu da casa de vidro, e se deparou com a colega no chão. Estendeu a mão para ajuda-la, e ela aceitou. Foi como se um pequenino choque tivesse passado pelos dedos dos jovens.

O garoto acabou puxando a menina com mais força do que o necessário, fazendo-a bater em si.

-Oh, me desculpe! – disse ele, sem graça. Corou levemente pelo contato inesperado.

Annita por sua vez, ficou extremamente vermelha. Ao bater no garoto, pôde sentir o cheiro de hortelã que saía de seu hálito, combinado ao cheiro de algo parecido com uma colônia.

-Está... tudo bem? – perguntou o menino, sem graça.

-Ah, sim, sim, claro! – disfarçou a menina – Só estava aqui pensando sobre oque seria assim tão interessante em Hosgmead.

Scorpius semicerrou os olhos, entendendo que a menina ouvira parte da conversa.

-Talvez você leia sobre isso. – disse simplesmente, pondo um ponto final curioso no assunto.

Ambos seguiram para o salão principal, cada qual com suas reflexões.

Annita pensando em como precisava tomar algum suco para acalmar a eletricidade que aparecera no estômago, e Scorpius pensando no doce cheiro de melancia que sentira quando puxara a garota.

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Annita parou na porta quando viu o salão cheio. Odiava ficar procurando pessoas. Olhou para o garoto que a acompanhava, que seguiu em direção à mesa da Corvinal.

Alguns segundos depois, Annita encontrara Rose acenando da mesa da Grifinória, onde se encontrava com Alvo. Mona estava com as colegas na própria mesa.

Annita encarou Malfoy sentando em um canto mais ou menos isolado da mesa. Olhou para os colegas na outra mesa, e apontou para o outro lado. Ambos intenderam a mensagem, e incentivaram a menina a continuar com a ideia.

Segundos depois, Scorpius sente uma mão de leve nas suas costas. Ao se virar, se depara com o rosto sorridente de Annita.

-Posse te fazer companhia? – quis saber.

-Ah, c-claro, claro que sim! – disse ele, se levantando com a surpresa. Um grupo de pessoas ao redor notou a movimentação e parou de comer para observar a cena.

Annita riu dos bons modos do rapaz, e se sentou ao seu lado, com uma das pernas sobre o branco, para ficar em uma posição na qual pudesse observar Scorpius melhor.

Scorpius sentou-se também, sem desviar os olhos da menina. Ainda não entendia o que estava acontecendo.

Ambos se encararam por alguns segundos em silêncio, até que o garoto suspirou em confusão.

-O que você faz aqui?

-Você quer que eu vá embora? – perguntou a menina, sem ter realmente essa intenção.

-Não! – respondeu prontamente – É só que... Você está aqui. – disse, tombando a cabeça para o lado.

Annita achou a cena adorável, e começou a rir baixinho.

-Vamos comer, é para isso que eu estou aqui, afinal.

Ambos começaram a se servir, e Annita começava a achar mais e mais graça sobre o assunto.

As pessoas olhavam os dois se servindo, um passando os pratos pro outro com naturalidade. Era uma novidade. Para todos.

Alyann observava da mesa, onde as colegas riam escandalosamente sobre alguma piada que Alicia contara.

Scorpius balançava a cabeça, sorrindo.

Como ele pode sorrir assim? Ele nunca sorrira assim perto dos outros.

Annita olhara para o garoto comedo; ele parecia alegre.

-Vim te fazer companhia. – disse de repente.

-Como? – virou ele, com o garfo na boca. Annita riu, e explicou.

-Queria ter sua companhia, hoje. – disse.

Ele sorrira mais um pouco; não era sagaz e brincalhão. Era um sorriso inocente.

-Você tem molho no rosto. – disse a menina rindo, passando o guardanapo no local – Parece uma criança comendo.

-Não, eu não pareço. – disse ele, se defendendo.

Annita dera de ombros, como quem não estava disposta a discordar.

Alvo observava a situação juntamente com Rose, de sua mesa. Ambos pareciam satisfeitos pelo fato dos colegas terem voltado a se entender.

Todos voltaram suas atenções para o almoço, até que o sinal tocou. Annita, então, fez menção de se levantar, porém Scorpius segurou sua mão, contendo o movimento.

-Obrigado, Annita. – disse sorrindo. Então segurou o rosto da menina e depositou um beijo em sua bochecha. Logo em seguida levantou e seguiu em direção para sua aula.

A menina se levantou alguns segundos depois, levemente corada. Seguiu em direção a porta, para esperar alguém do qual não se lembrava do nome no momento.

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Mona parecia cada vez mais inquieta ao lado de Annita. Se ela não obtivesse respostas, provavelmente não deixaria a menina dormir naquela noite.

Annita virou para a colega, fazendo sinal de silêncio com a mão. Mona revirou os olhos e soltou um muxoxo. Estava claro que ela, assim como o resto da classe, não estava interessada na aula de “História da Magia”.

Annita ignorou ao máximo as ações da colega, até que foi incomodada por um pedaço de pergaminho. Suspirando, a garota rendera-se à curiosidade de Mona.

-Você pode ser muito insuportável. – disse em um sussurro exasperado em português. Mesmo sem entender, Mona admitiu aquilo como deveria, e fez um biquinho.

-Leia. – sussurrou. Annita revirou os olhos e passou a conversar pelo bilhete com a menina.

“Então o amigo com quem você almoçou é o Malfoy?”

Sim, Mona.

“Bem, eu achei que você fizera dupla com ele por que vocês sobraram.”

E se fosse?

“Bem, nada de mais. Eu achei que fosse, então Alyann me dissera que não era a primeira vez que vocês se falavam. Na verdade eu acho a ideia interessante.”

Interessante como?

“A verdade é que ninguém se interessa pelo Malfoy. Somente Alyann e sua irmã conversam com ele; sabe, porque são primos. E vocês parecem se dar bem.”

E nos damos.

“Pare de me dar respostas de menos de cinco palavras.”

Por quê?

“Porque você não explica como se sente dessa maneira... e eu fico curiosa.”

... Ele é interessante; parece que não mantém uma linha de raciocínio fixa. É uma pessoa boa, e ao contrário do que as pessoas parecem achar, ele é amável.

“Amável?”

Amável.

Mona parou para encarar a colega que anotava partes desconexas da aula. Annita pareceu notar, e sussurrou um “O que foi?” para a menina.

Mona voltou a escrever.

“Achei que você estivesse com o Potter.”

Annita olhou para a folha de pergaminho, sem entender. Olhou, então, para a garota do seu lado, que deu de ombros como quem dissesse que fosse óbvio.

Então Annita entendeu.

O que isso tem a ver com essa conversa, Mona??”

“Bem, se você estivesse com o Potter, não poderia estar com o Malfoy.”

Mona, se faça entender.

“Você gosta dele?”

Gostar de quem??

“Do Malfoy. Ou do Potter, talvez. Achei que você estivesse com o Potter, mas...”

Annita olhou extremamente exasperada para o papel e para a colega.

Mas o quê??

“Mas parece que nem você sabe de quem gosta.”

Annita continuara a encarar o papel por vários minutos. Nunca vira a situação como Mona, porque “obviamente” não fazia sentido, pensava ela.

Mona, eu não estou gostando de ninguém.

Escreveu por fim. A colega encara Annita seriamente. “Será possível que ela não enxerga onde está chegando com essas amizades?”, se perguntara Mona antes de escrever.

“Bem, enquanto ao Potter? Achei que vocês tivessem alguma coisa.”

Alvo é meu amigo.

“Mas e seu beijo?”

Annita leu o papel, pensando. Não tinha lembrado de um detalhe tolo como esse.

Nós não nos beijamos. Eu gosto de ambos, assim como gosto da Rose e estou gostando de você. Vocês são diferentes. Leva mais do que poucas semanas para gostar de alguém desse outro modo. Pelo menos para mim.”

“Eu também gosto de você. Mas você realmente nega que nem ao menos se sentira atraída por qualquer um deles?”

Annita suspirou com a insistência da amiga.

Não nego.

Mona percebeu que Annita já estava começando a se irritar, então resolvera parar de insistir. Sussurrou um agradecimento para a colega, e deixou o bilhete em sua frente.

Mona estava satisfeita e feliz pelo fato de Annita ter confiado a ela mais alguns detalhes de sua vida, e Annita feliz pela colega parar de insistir com sua curiosidade.

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-Senhores, como sabem, hoje daremos início ao curso de feitiços, e teremos como monitora dessa aula, a srta Boderdad. – disse Flitwick entusiasmado para a classe.

Annita se encontrava na frente da sala, acenando timidamente para os alunos que a encaravam com curiosidade.

Alvo, Rose, Scorpius e Alyann eram os que mais se destacavam dentre a turma.

Scorpius se sentara no fundo da sala, observando curiosamente a situação em que a colega se encontrava. Rose convencera Alvo a se sentar na segunda carteira próxima a janela, e Alyann, por fim, encontrava-se no outro canto no fundo da sala.

Todos observaram atentamente a estrangeira sentar-se em uma das primeiras carteiras.

A aula fora uma introdução prolongada do assunto, na qual o professor separara o curso em diversos tópicos.

Quando a aula terminou, Annita saudou os alunos que saíam. Quando já sentia que estava levando uma eternidade para terminar esse processo, Annita finalmente sai da sala, cumprimentando um professor animado com as expectativas do curso.

Na porta lhe esperavam os três dos quatro rostos familiares naquela sala. Todos seguiram para o jantar.

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-Relaxe, com o tempo você vai conhecer cada canto deste castelo. – disse Ian, quando ele e Annita saíram para a ronda mais tarde naquela noite.

Annita somente acenou com a cabeça em resposta, sentindo-se intimidada. O rapaz sorrira como quem acha graça da situação e continuara a andar.

Depois de alguns minutos caminhando em silêncio, o garoto encara a menina pensativa ao seu lado.

-Garota, você é muito quieta. – observou ele. Annita olhara surpresa para o rapaz, e dera de ombros.

-Não tenho muito oque dizer. – explicara ela.

-Espero que você se acostume comigo, garota, porque faremos algumas rondas juntos ainda. – dissera ele, mandando um sorriso convidativo para ela. Annita sorrira em resposta.

O resto da ronda fora tão tranquilo como o começo, e depois dos devidos processos, ambos seguiram para o salão comunal da Sonserina.

-Bem, eu vou dormir. Boa noite, belezinha. – dissera o rapaz, piscando para ela.

Annita só conseguira levantar a mão como num aceno em resposta, e então seguiu para seu quarto.

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“Ah, Sr Caderno, eu estou exausta! A semana se passou em um borrão cansativo de tarefas e coisas para fazer! Eu saía nos corredores e os monitores me chamavam para ajudar a organizar os últimos relatórios; ou então me chamavam para fornecer cópias dos diagramas da aula de “Feitiços Estrangeiros”. Se não era um dos dois, era então Molly II me pedindo ajuda com as detenções (que cá entre nós estavam ficando mais e mais frequentes) ou com a lista de alunos que iriam para Hosgmead nesse fim de semana.

“Fora tanta correria que o tempo passou e eu não consegui falar direito com Alvo, nem com Rose ou com Scorpius. Acontece que eu terei de ser monitora em Hosgsmead também, e isso realmente me atrapalharia a conhecer o lugar.

“Amanhã é o dia em que eu vou sair um pouco desse castelo, e vou estar ‘a serviço’. Bem, que venha a responsabilidade, já que a ‘descontração’ não vem.”


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Notas finais do capítulo

Ahh, eu seii, eu não coloquei a ida a Hosgmead.
Me perdoem, mas o próximo capítulo vai ser bem diferente do que eu estou acostumada a fazer, então talvez leve um tempinho para ele sair, mas prometo fazer meu máximo para que ele saia em no máximo (explodindo) 15 dias!
Como sempre peço, se tiver algo em desordem, ou alguma pergunta que não seja um spoiler MUITO forte, por favor falem em suas reviews :DD
Um beijo, e obrigada a todos :DD



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