Outsider - A Estrangeira escrita por Bruna Guissi


Capítulo 8
Motivo


Notas iniciais do capítulo

Ah, eu sei, eu sei, eu deixei a entrega do capítulo para o último dia do prazo!
Eu sei, sou uma fdp, e mereço alguns tipos de morte dolorosa.
Mas me entendam que esse capítulo começou de uma maneira diferente, e eu tive que trabalhar muito para desenvolver o que acontecia no período do capítulo.
Espero que vocês gostem eu demorei MUITO para conseguir concretizar as coisas aqui!
PS: Um lindo obrigado à Sarah e à Flafsss por terem favoritado essa fic! Vocês são umas lindas e vão ser lindas até os 100 anos!



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“Alunos em Meio a Confusão”


“Diversos bruxos ao redor do mundo mágico vêm se questionando de sua relação com o mundo trouxa; por esse motivo é possível ouvir falar de movimentos a respeito. Neste sábado (29 de setembro) alunos de Hogwarts, que faziam sua primeira visita do semestre ao vilarejo de Hogsmead, acabaram envolvidos em um movimento de unificação.

“O movimento de unificação, mais conhecido como ‘Quero Existir’, vem causando polêmica, tanto no mundo bruxo como no trouxa; são um grupo de bruxos a favor de ‘revelar a existência do mundo mágico’. Infelizmente, alunos de Hogwarts, a maior parte totalmente alheia aos acontecimentos, acabaram envolvidos na situação.

“Muitos dos alunos acabaram perdidos no meio da aglomeração que se formara nas ruas do vilarejo, sendo necessário o uso se feitiços sinalizadores por parte dos monitores da escola.

“Entre toda a confusão que se armara, doze alunos acabaram saindo feridos, dentre eles alguns nomes conhecidos, como o filho de Harry James Potter (Alvo Severo Potter) e de Draco Black Malfoy (Scorpius Hyperion Malfoy), além de dois monitores responsáveis.

“A situação foi apartada pelos monitores da escola que contavam com o auxílio da nova professora de ‘Defesa Contra as Artes das Trevas’ (Desdêmona Deva Salvi). Em depoimento dado pela acadêmica, o ocorrido fora um ‘infeliz acidente’, que os alunos estavam sendo tratados com as devidas providências e que ‘nenhum dos ferimentos passara de leves hematomas e arranhões’.

“Muitos dos pais de alunos reclamaram sobre o envolvimento de seus filhos com uma situação totalmente alheia a vida escolar, questionando sobre a segurança dos mesmos fora da escola.

“Até que ponto esta situação pode influenciar a vida de alunos inocentes? O que o ministério fará a respeito da situação? Uma declaração oficial sobre o assunto fora prometida pelas autoridades; uma vez que a ideia de unificação está tão presente na nossa comunidade, o que será o melhor para o mundo mágico?


(Reportagem por Samuel S. Nulles)

Profeta Diário”

Um grunhido saiu da garganta de Molly Weasley II ao ler a reportagem. Na sua frente se encontravam os dois monitores que acabaram se machucando na situação. Como se a burocracia que o ocorrido rendera não fosse suficiente, a novata tinha de ser um dos alunos feridos.

-Explique-me de novo por que se machucou, Annita. – pediu Molly, massageando as têmporas.

Annita suspirou, e relatou o ocorrido pelo que seria a sétima vez naquela noite.

-Bem, tudo bem. – começou a menina, tomando fôlego – Alguns alunos do quarto ano soltaram faíscas próximo à “Dedos de Mel”; como Ian estava ocupado, eu fui até o local. Mesmo sendo mais velhos, me obedeceram quando pedi que fossem para as carruagens. Um dos garotos me disse que dois alunos do terceiro ano estavam machucados perto do “Cabeça de Javali”, e eu fui onde ele me indicou. Acontece que esses alunos eram Malfoy e Potter. Quando fui ajudá-los com primeiro socorros, quase fui acertada por um feitiço estuporante. Acontece que eu caí me desviando do feitiço e bati a cabeça. Depois me lembro de Ian me acordando, nós colocamos os últimos alunos na carruagem e fomos embora com a profa Salvi. – terminou por fim, como num fôlego único.

Molly acenara com a cabeça, liberando ambos para ir para o dormitório.

-Annita, antes que eu me esqueça; McGonagall quer falar com você. – adicionou, cansada.

A menina parou por alguns segundos para assimilar a situação, e então acenou que sim com a cabeça.


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Andando com pressa pelos corredores, Annita se assustou ao sentir a mão pesada de Ian em seu ombro.

-Ei, menina. Fica tranquila. – disse o garoto, de modo brando – McGonagall sabe que fez seu melhor na situação.

A garota franziu o cenho para o rapaz.

-Se o melhor é desmaiar sem nem ao menos ser acertada por um feitiço, então não culpo a diretora por julgar minha qualidade. – disse, sem poder conter o comentário ácido. O rapaz riu.

-Até que você tem um senso de humor interessante. – observou ele – Bem, boa sorte, eu já prestei minhas contas com a diretora, agora é sua vez.

Então o garoto virou as costas e seguiu para o dormitório.

Annita suspirou. Aquele fim de semana não poderia ser mais longo.


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-Entre. – respondeu McGonagall olhando para o jornal, sem se virar ao ouvir baterem na porta – Olá, srta Boderdad. Espero que sua cabeça esteja melhor. – disse, finalmente virando para a menina, apontando o grande hematoma que cobria a maior parte do lado direito do rosto dela.

Annita fez que sim com a cabeça suspirando. McGonagall abaixou o jornal e a encarou pelos óculos finos.

-Bem, não vamos enrolar mais, então. A senhorita obviamente sabe a razão pela qual a chamei. – disse, sem esperar uma resposta – A senhorita fez bem em servir os primeiros socorros aos seus colegas, mas ainda me resta uma dúvida. Por que eles foram necessários?

McGonagall começou a caminhar pelo escritório, mas não antes de apontar uma poltrona para sua aluna. Apesar do tom calmo, seu rosto expressava certo nervosismo.

-Normalmente, esses movimentos são extremamente pacíficos. – observou a diretora, ainda reflexiva – Imagino que a senhorita tampouco saiba as razões.

Annita suspirou, como que concordando. “Talvez...”.

-Diretora, se me permitir, gostaria de lhe contar algo sobre ontem. – disse a menina, cautelosa. McGonagall olhou em sua direção, muito seriamente.

-Por favor, senhorita. Se tiver informações adicionais, seria de muita ajuda.

-Okay. – suspirou a garota – A senhora me perdoe, mas eu não quis contar para a monitora chefe, então não a culpe por não lhe passar essa informação. Acontece que eu vi parte do ocorrido com os dois alunos que tive de ajudar. – disse cautelosa.

McGonagall estreitou os olhos, como que raciocinando.

-Potter e Malfoy. – observou ela massageando as têmporas - Prossiga.

-Muito bem; acontece que eu tive a impressão de que Malfoy estava ‘argumentando muito calorosamente’ com alguém, e logo em seguida Potter apareceu na cena. Pareceu-me que ele chegou para ajudar... – e então a menina pareceu hesitar. Não sabia se deveria se totalmente sincera com a diretora. Mas se não fosse sincera com ela, com quem seria?

-E então? – incentivou a diretora, notando o estado de espirito de Annita.

-E então eles foram enfeitiçados. – disse a menina, de modo afetado. “Não é uma completa mentira.”, pensou.

-Senhorita, disso nós ficamos sabendo; você conseguiu ver quem era? A pessoa com quem o senhor Malfoy ‘discutia calorosamente’? – disse a senhora; como se fosse possível, estreitou ainda mais os olhos, fazendo alusão às suas palavras.

-Não, senhora, eu não consegui... Mas acho que era um aluno, professora. – adicionou.

-Com um aluno?

-Sim senhora. Bom, eu acho que sim. – disse a menina, dando de ombros.

-Senhorita Boderdad, não quero ser rude, mas suas informações são muito inconclusivas. – disse a diretora, agora sentando-se em sua cadeira. A senhora olhou-a gentilmente. Seus cabelos brancos presos davam-na uma aparência sabia e forte.

-Me desculpe, diretora. – disse a menina, desapontada.

-Não tem porque se desculpar, minha cara. – disse a mais velha, agora sorrindo – A senhorita bateu a cabeça com força, e sua recuperação é mais importante agora. Você fez mais do que sua parte. Bem, é melhor que descanse. Mal saiu da enfermaria, não é?

A menina concordou.

-Vá jantar. Descanse, amanhã será um dia bem cansativo.


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Na opinião de Annita, McGonagall não poderia estar mais certa.

Depois do ocorrido, Annita passou a ter transições de aula bem tumultuadas; pessoas comentavam sobre o ocorrido, olhando para ela, e algumas vezes parando para fazer alguma pergunta constrangedora sobre uma possível briga entre o Potter e o Malfoy.

Ainda era hora do almoço quando Annita resolveu desistir de assistir aulas. Pediu um tempo sozinha para Mona, que compreensivamente só perguntara se sua cabeça estava bem.

Depois de praticamente fugir do castelo, Annita jogou sua capa na grama e tirou a gravata e os sapatos. A sombra que a árvore fazia era agradável demais para que a garota sentisse vontade de se mover, mesmo que estivesse com fome.

Passara a rabiscar no caderno, sem realmente escrever. Começara a desenhar, então, pequenas formas desconexas, até que a folha lotou-se de desenhos, e no centro um pequeno espaço branco formou um ponto de interrogação.

-Ah, que saco. – murmurou em português, sem realmente entender porque estava nervosa.

Na verdade, não entender algo era extremamente irritante para a menina, e toda a situação era incompreensível.

Não quisera falar com Alvo e nem com Scorpius depois de sábado, e não sabia o motivo disso; a menina notara que não conseguia mais chamar os dois meninos pelos primeiros nomes em voz alta, e também não entendia aquilo.

“Não entender as coisas é uma grande merda.”, pensou ela, jogando o caderno e a bolsa com força no pé da árvore.

-Relaxa, Annita. Você está muito tensa e com fome. – disse uma sombra feminina em cima dela.

-Ro.

-Sim. – dissera a amiga, apoiando as mãos no joelho – Você está bem confortável aí, não é?

Annita sorriu para a garota. Já fazia um tempo que não conversava direito com a menina, e sentia falta dos comentários dela.

Annita murmurou algo em concordância, e Rose ajeitou sua posição.

-Vamos, sente-se! Eu trouxe comida.

As duas partiram para devorar um prato de sanduíches de peru que se enchiam cada vez que Rose pegava o último pãozinho.

Deliciaram-se com suco de laranja e abóbora, dando risada de nada.

As duas sabiam que precisavam de um momento de silêncio, para se distrair. E era essa compreensão mútua que faziam-nas se dar bem.

Depois de comer, Rose sentou-se com as costas apoiada na árvore, virada para o lago brilhante.

Annita, que voltara a deitar em cima de sua capa, não parecia disposta a se levantar; mas infelizmente, ambas tinham aula.

-Não vai para aula, Ro?

-Você vai? – perguntou a outra em resposta, treinando pequenos feitiços de olhos fechados. A menina não respondeu, então Rose tomou aquilo como um não.

As duas passaram mais alguns minutos em silêncio, até que Rose reiniciou a conversa.

-Alvo não quer me contar o que houve.

Annita abriu os olhos e observou a figura da amiga sentada no pé da árvore. A amiga estava de olhos fechados; já tinha guardado a varinha, e mantinha os braços atrás da cabeça. Mesmo na posição relaxada, ela parecia angustiada.

Então Rose virou para a colega, suspirando.

-Annita, eu não sou tão curiosa assim, mas é que isso nunca aconteceu antes.

-O que nunca aconteceu, Ro? – perguntou Annita, sentando-se de frente para a outra.

-Alvo me esconder alguma coisa. Isso nunca aconteceu antes. – respondeu ela, agora puxando pedacinhos da grama.

Annita não compreendia bem o porquê de a menina estar angustiada. Mas mesmo que tentasse, não conseguiria; Annita sabia que Rose e Alvo era amigos desde pequenos, e ela nunca tivera algo assim.

-Eu vi o que aconteceu, Ro. – disse Annita, olhando para as meias em seus pés.

Rose olhou para ela com surpresa, e esperou que continuasse.

-Se eu não me engano, o Malfoy e o Potter estav...

-Malfoy e Potter? – interrompeu Rose, confusa. Annita deu de ombros.

-Isso é de menos. – disse ela, e continuou – Eles estavam discutindo com alguém, Ro. Alguém da escola. Acontece que essa pessoa saiu de perto antes que eu pudesse chegar. Então... – e a menina hesitou.

-E então o quê?

-Bem, eles começaram a discutir entre si. – disse Annita, agora definitivamente admirando as bolinhas que se formavam no tecido em seus pés – Rose, entenda que eu não contei isso nem para a McGonagall.

-E por que não contou? – perguntou a outra, sem entender.

-Eu não queria colocá-los em apuros... e nem a mim. – disse simplesmente, fazendo a amiga franzir ainda mais o cenho – Eu não sei o motivo da briga, mas... hm... Eu meio que petrifiquei os dois quando eles apontaram as varinhas um para o outro... Foi por isso que precisaram de primeiros socorros. Quando desfiz os feitiços, alguém tentou me acertar, e então eu caí. – disse apontando para seu rosto.

Rose tombou a cabeça para o lado. Então era por isso que Annita vinha evitando os rapazes, e era essa discussão que Alvo insistia em não contar para ela.

Sua maior preocupação não era se Annita havia os machucado; eles provavelmente teriam se ferido muito mais se ela não tivesse intervindo.

Era na verdade o motivo de sua discussão que a afligia. Alvo e Scorpius se davam bem, muitas vezes conversavam sobre quadribol e outras coisas, e mesmo sem ter tanto contato, nunca se desentenderam.

-Você não viu quem tentou lançar o feitiço em você? – perguntou Rose menos inquieta, alguns segundos depois.

-Não, não vi. – respondeu a menina, parecendo confusa – Mas... algo no feitiço me pareceu estranho.

-Como assim?

-Não parecia ser um feitiço ofensivo.

-Mas como você pode saber, Annita? – perguntou Rose, incrédula – Você mesma disse que não viu quem lançou.

-Eu não sei. – admitiu – Eu só acho.

-Pois pare de achar coisas. – disse a outra se levantando – Annita, eu vou para o salão comunal. Olha, se preocupe em melhorar, okay?

A menina revirou os olhos e acenou que sim, a contra gosto.

-Vai estudar? – perguntou Annita, deitando-se novamente.

-Não. Vou ajudar meu irmão a estudar.

-Você tem irmãos?? – perguntou surpresa, levantando-se novamente – Por que eu não sabia disso?

Rose rira da reação dela.

-Nós nunca falamos sobre isso. – respondera – E você ficaria surpresa com a quantidade de Weasleys que estudam aqui nesse momento.


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“Não existem muitos ruivos no mundo, mas tenha certeza de que 80% é Weasley. Não imaginava que Rose tinha mais 6 tios por parte de pai, é muita gente.

“Rose me contou como um deles morreu, Fred Weasley. Ela tem um primo com o nome em homenagem à ele. Além de que Alvo é seu primo, também.

“Essa bagunça toda, como uma família pode ser tão grande? Como todos podem ainda lembrar os nomes uns dos outros? Pelo que eu vi, Rose tem milhares de primos.

“Mesmo assim, não deixo de sentir inveja dela. Não é algo ruim; eu vejo nos olhos dela como ela gosta de todos eles. Cada um deles vai viver e morrer e não vai ser esquecido.

“Eu nem sei os nomes dos meus avós; meus pais não se relacionavam com nenhum deles, e muito antes de eu nascer todos faleceram. Por que eles nunca me disseram os nomes deles?

“Eu sou a última pessoa de uma família de três.

“...

“Não acho que eu vá monitorar hoje.”


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-A senhora mandou me chamar, Diretora? – perguntara a voz no batente da porta.

-Sim, sim. Entre, por favor.

A figura caminhara até a poltrona na frente da mesa da diretora.

-Bem professora, a senhora sabe que além de sua habilidade, um dos motivos por eu tê-la contratado é a senhorita Boderdad.

-Sim senhora, eu sei disso. – respondeu a mulher, cruzando as pernas.

-Então temos muitos assuntos para tratar ainda, profa Salvi.


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Já era a décima vez que ele abria aquela moeda irritante, e era também a décima vez que ela dizia estar bem.

-Malditas respostas vagas! – praguejara Alvo, olhando para sua carta-instantânea.

O salão estava vazio, a não ser por ele e por Rose sentada na poltrona a sua frente. Na opinião do menino, Rose ficara estranha depois de sumir ontem na hora do almoço; faltara às últimas aulas do dia, e hoje não o esperara para tomar café.

Embora a menina estivesse em sua frente, não tinham conversado muito. Ela parecia estar fazendo de tudo para não falar diretamente com ele.

E ela só fazia aquilo quando queria puni-lo.

-Deixe-a em paz. – disse Rose simplesmente, pela décima vez naquela noite.

-Rose, o que há com você também? Por que está me ignorando? – quis saber o garoto, inconformado com o comportamento das meninas.

Rose não respondera, então Alvo levantou de sua poltrona e parou na frente dela. Ele sabia que ela podia ser persistente, mas se alguém começasse a atrapalhar sua seção de estudos, esse alguém era uma pessoa morta.

Então o garoto se curvou em cima de seus livros e começou a ler em voz alta o que ela rabiscava.

Depois de alguns minutos, era possível ver uma veia na testa da menina prestes a explodir. Ela tentou se conter por mais alguns minutos.

-Nossa, Ro, que garrancho é esse? Eu não estou entendendo coisíssima nenhuma. Por favor, assim você não me ajuda. – disse o garoto, tomando suas notas das mãos dela.

Finalmente Rose explodira, puxando seus pergaminhos e empurrando o colega. Levantou-se e se dirigiu até a poltrona. Talvez Alvo tivesse ido longe demais.

-AI MEU DEUS, ALVO. QUE ELE ME DÊ PACIÊNCIA, PORQUE SE ME DER FORÇA EU TE ESPANCO. – disse a menina a plenos pulmões, espumando de raiva.

-Ei! Eu só quero saber o motivo da senhorita estar sendo uma completa idiota. –disse ele, sem muita firmeza - Por que não está falando comigo, Ro? – adicionou num tom mais brando.

-Eu não estou falando com você?? Você é que está me escondendo coisas! – disse a menina – Por que não me conta de uma vez o que aconteceu em Hogsmead?? Por que não me disse que brigou com Malfoy?! Por que eu tive que saber disso pela Annita?!

O garoto ficou simplesmente encarando a menina por alguns momentos, sem realmente saber o que dizer. O problema não era ter discutido com Malfoy, não.

O que ele não queria contar era o motivo da discussão.

E saber que Annita sabia o que tinha acontecido fez um frio involuntário percorrer sua barriga.

-O que ela te disse? – perguntou cauteloso.

Rose estreitou os olhos, mas respondeu.

-Me disse que Malfoy estava discutindo com alguém, e que você chegou depois. Então vocês começaram a discutir. Então ela petrificou vocês e fo...

-Ela nos petrificou? – perguntou, pasmo – Por quê??

-Ela disse que vocês apontaram suas varinhas, Alvo. – disse Rose, cruzando os braços – Ela foi bem esperta, na verdade.

O menino bufou para ela.

-E o que mais ela disse? – quis saber; o menino rezava para que ela não tivesse ouvido nada.

-Disse que quase foi acertada por um feitiço. – respondeu.

Alvo ficou olhando em expectativa para Rose, que parecia esperar uma explicação.

-E então, Alvo? Conta de uma vez!

-O quê?

-Por que você discutiu com o Malfoy, seu tonto!

Alvo pareceu avaliar a situação. Talvez existisse a chance de Annita não saber o motivo da briga; afinal se ela viu a discussão, foi de longe, porque eles mesmos não a tinham visto.

-Ela não ouviu nada, não é? – perguntou ele.

-Não.

O garoto suspirou.

Se fosse contar algo tão estúpido para Rose, deveria se preparar, porque ela riria de sua cara. Mas mesmo assim, ela era sua melhor amiga desde que se entendiam por gente.

-Rose, tente ser uma menina sensível, e só ria pelas minhas costas, pode ser?

A garota revirou os olhos e escutou tudo o que ele tinha a dizer.

Rose sentara-se na poltrona após o relato do garoto, sem realmente acreditar que um motivo tão banal pudesse ter sido a razão de uma discussão.

-Vocês brigaram pela Annita? – perguntou, segurando o riso – Ah, que tolice!

-Não ria. Não foi voluntário. – disse ele, agora corando fortemente.

-Então o monitor da Sonserina era o rapaz com quem vocês estavam falando antes de se desentenderem?

-Sim. – confirmou o menino – Ah eu não sei o que dizer, foi bem idiota, na verdade. Estou bem aliviado que ela não tenha ouvido.

-Obviamente. Se ela soubesse, iria evita-los até a escuridão tomar o mundo. – disse Rose risonha; estava mais tranquila depois de ouvir o amigo – Devia ter me contado logo.

-É vergonhoso. –disse sem graça.

-Não, não é. Mas se você gosta dela, por que não faz nada a espeito?

-Justamente porque... Eu acho que ela gosta do Malfoy.

-Alvo! Até parece que Annita nota essas coisas. E eu acho que você deveria tentar... – disse Rose, como que tentando esconder uma informação.

-Como assim, Rose?

-Bem, eu só acho que você não deve dar o caso como perdido... – disse tentando disfarçar, sem muito sucesso. Rose era uma péssima mentirosa.

-Rose. – chamou Alvo – O que você sabe?

-Bem... Digamos que eu tenha minhas fontes.

-Como assim fontes?

-Bem... Mona. – disse dando de ombros – Ela me disse que já perguntou essas coisas para Annita, e que ela realmente não enxerga um palmo a sua frente, quando as coisas se tratam de relacionamentos.

O menino pigarreou, e voltou a olhar para seus livros.

-Mas, hm... O que a Zabini disse? – perguntou como quem não quer nada.

Rose sorrira de lado.

-Que Annita não nega já ter se sentido atraída por algumas pessoas.

-E quem seriam?! – perguntou o garoto automaticamente, olhando para cima.

Rose estreitara os olhos maliciosamente, e o garoto corou.

-Adivinha.


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“Quer saber, eu realmente não entendo como alguém pode ter um diário. Eu não sinto a necessidade constante de escrever minhas confidências para uma folha de papel inanimada, mas dessa vez é diferente.

“Eu preciso de ajuda para entender alguns pensamentos que estão se passando pela minha cabeça. Como não tenho uma penseira, aqui estou eu.

“Annita acabou de passar por aqui sem se virar para me cumprimentar; ela está me evitando e eu tenho medo de saber o motivo.

“Eu também não fiz muito esforço para falar com ela, uma vez que um evento vergonhoso como o do fim de semana mancha minha consciência.

“Não é que eu seja um amigo de infância do Potter, mas eu realmente não esperava entrar em uma discussão com ele.

“E tudo por causa de um babaca que ficara falando dela.

Annita.

“Nós somos só amigos, é somente isso que eu peço a ela, mas estranhamente eu fico irritado em imaginar uma situação na qual ela esteja com outras pessoas.

“Deve ser porque ela é a primeira pessoa que falou comigo sem interesse ou sem me julgar.

“Talvez eu não queira perde-la, só isso. Vou controlar essa sensação tola que eu sinto.

“Principalmente depois um papelão tolo como o do fim de semana. E o pior, eu vi que ela nos olhava no momento em que Potter foi petrificado.

“Espero que não tenha ouvido nada. Eu tive de deixa-la me petrificar.

“Mas o que realmente me incomoda (e eu juro parar de tolices como essas) é o fato de que Ian Belvedere esteja interessado nela. Por favor, diga-me o que ele quer com ela. Qualquer que seja a identidade que lê essas coisas estúpidas chamadas de diário; por favor, me responda.

“Talvez sejam os cosmos.

“Mas deixando de lado esse supérfluo jato de palavras (lê-se desabafo), Ian parecia saber coisas sobre Annita. Coisas sobre a família dela.

“Estranho.

“Além do mais, como pude ser tão juvenil ao ponto de me envolver em discussão por garota? Esse Ian me provocou, e se Potter não tivesse chegado, eu o teria estuporado. Infelizmente, quando lhe expliquei a situação, Potter sentiu a necessidade de expressar sua relação de ‘amizade íntima’ com Annita.

“Minha mãe tem razão, eu herdei boa parte do gênio do meu pai, por mais que eu odeie isso.

“Ah, por uma garota!

Uma garota!

“... por Annita.

“Ah, desisto. Talvez eu leia isso mais tarde e perceba o quão tola é toda a situação.”


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A sala estava vazia, a não ser por uma poltrona pomposa próxima à lareira, onde uma pessoa adormecera em cima dos seus pergaminhos.

Ela chegou mais perto para ver quem era. A resposta foi aprazível aos seus olhos.

“Scorpius”, pensou.

-Primo. – chamara Alyann, em um sussurro – Primo! Primo?

Ela parou para observar a situação.

Ele estava encolhido na grande poltrona, coberto por pergaminhos. Apoiava a cabeça nas costas no móvel, que estava cercado de livros, e segurava na mão uma pena suja de tinta.

Alyann sorriu.

-Você sempre se esforça demais. – sussurrou para o menino adormecido.

Então começou a juntar suas coisas, pegando os livros do chão. Quando estava para terminar, notou um pergaminho atrás da poltrona, meio amassado.

Era uma espécie de carta, feita às pressas.

-Para quem você ia enviar, Primo? – se perguntou a menina, desdobrando o pergaminho.

Alyann franziu o cenho para as palavras escritas naquela folha. Respirou fundo, decidindo o que fazer com aquilo.

Então pegou uma pena de repetição rápida e copiou o conteúdo. Recolocou o papel amassado no lugar que encontrara, e fez seu sorriso mais calmo.

-Scorpius! – chamou ela dessa vez, mais alto, ajoelhada no pé da poltrona.

O garoto resmungou e respirou fundo.

-Ei... Levante-se.

-Ally? – perguntou ele, se espreguiçando. Derrubou mais alguns livros e penas no chão até realmente acordar.

-Você dormiu estudando. – disse a menina dando uma pilha de livros na mão do garoto.

Por um segundo ele pareceu parar para raciocinar. Seria embaraçante se Alyann tivesse achado o pergaminho.

-Eu não recolhi tudo, tinha muita coisa em você, e coisas jogadas por ai.

Ele respirou fundo e agradeceu.

-Pode deixa comigo Ally, obrigado. – e deu um beijo de boa noite na prima, que saiu em seguida.

Quando viu a garota sumir nos corredores, pulou da poltrona para procurar o papel. Só relaxou quando o encontrou debaixo da poltrona, aparentemente intocado.

Ele suspirou, recolheu suas coisas e saiu da biblioteca.

Quando entrou no quarto, somente um de seus colegas estava acordado, e não fizera menção de cumprimentá-lo.

O garoto se jogou na cama.

A semana ainda seria longa.


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Notas finais do capítulo

Aíí, minhas gentes, espero que tenham gostado!
Mais coisas além da relação de Annita com os outros personagens importa nessa história, JURO!
AUSHASHUASUHASUHSSA
Mesmo que essa seja uma parte muito envolvente de escrever.
Como sempre peço, se notarem algum erro, ou tiverem alguma dúvida, deixem aqui suas reviews, vocês não fazem ideia como elas iluminam meus dias!
E hoje eu peço pra vocês um grande favor;
se estão gostando dessa fic, repasse, favorite, vire um leitor, faça sua recomendação ou comente!
Ou faça tudo!
UAHSUAHSUASHSA
Divulgue a fic!
Obrigadaa!
PS: Estou tendo problemas com o scanner então não terminei a capa, mas eu vou tentar postá-la, juro!