Outsider - A Estrangeira escrita por Bruna Guissi


Capítulo 5
O Que Significa


Notas iniciais do capítulo

Olá seres lindos que leem minha fic!
Como eu disse no último capítulo, eu levei mais tempo que o normal para postar esse aqui.
Espero que vocês me perdoem de verdade, mas eu mantive o prazo de no máximo 15 dias, não é?
Além do mais, esse é maiorzão!
Aproveitem!
PS: vocês não sabem a indecisão que me bateu para escrever aquela palavrinha!



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“É incrível como palavras podem fazer toneladas de coisas com as pessoas. E foi uma só que fez tudo comigo.”



**Início do Flashback**



A menina andou em direção ao chapéu seletor, com todos os olhos famintos da escola em sua direção. Era desconfortável pensar que dali para frente teria a rotina definida. Ainda mais por um chapéu.



Annita sentou-se no banco, e aceitou de bom grado o objeto colocado em sua cabeça. A sensação era desconfortável para a menina; o objeto conversava com ela avidamente; pareciam quase discutir.



–Você é uma pessoa cheia de ideias, não é? – perguntou o chapéu.



–E você também parece ser. – respondeu a menina. Annita já estava irritada com a demora do chapéu em dar uma resposta, porém esperou pacientemente.



–Então só temos uma coisa para fazer com alguém como você. – disse por fim - Que seja... Sonserina!



**Fim do Flashback**



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Os cabelos cheios de Rose se agitavam pelo corredor, em busca de Annita. Bateu na porta do seu quarto, sem saber se ela ainda estava ali ou não.

–Quem é? – ouviu atrás da porta.

–Sou eu, Rose. – respondeu cautelosa. Rose ouviu passos e a porta foi aberta.

–Olá, você! – disse Annita, abrindo espaço para Rose entrar no cômodo. – O que te trás a minha humilde e temporária residência?

–Bem, - Rose começou – eu vim ver como você estava. Seu horário mudou bastante... Como você está, como é que é o pessoal da Sonserina? – completou, sem conseguir se conter.

Annita riu de leve e deu de ombros.

–Eles são ok. – disse sem muito entusiasmo.

–Tão ruim assim? – perguntou a ruiva.

–Não, é sério, eles são ok mesmo. – insistiu a outra, agora sorrindo – Eles podem ser bem simpáticos, sabe? Eles sabem como usar o sarcasmo, admiro isso.

–Bom, que bom! – disse a outra, cruzando os braços. Annita sabia que ela estava insatisfeita com a resposta – Mas viu, - continuou – o que é que está acontecendo?

–Acontecendo o quê? – Annita revirou os olhos, e andou em direção à escrivaninha, fechando o caderno em cima dela. Já era tarde, e não queria tocar naquele assunto.

Já fazia quatro dias que a seleção havia acontecido, e fazia esses mesmos quatro dias que eles não se falavam.

–Mas se quer saber, - Annita cruzou os braços, irritada - não entendo por que ele faz questão de me mostrar o quanto eu sou incômoda. – disse, virando para a menina que estava sentada em sua cama.

Rose suspirou. Annita era uma boa pessoa, mas era extremamente teimosa.

–E você já perguntou para ele se está acontecendo alguma coisa?

–Perguntar para que, se ele já deixou bem claro que o problema sou eu?! – disse a menina, aumentando o tom de voz – Ele simplesmente me disse para “esquecer”. – Annita deu ênfase na última palavra.

Ela estava magoada. Rose se sentia mal por ela, e mesmo querendo ajudar, também não entendia por que o garoto estava agindo assim.

–Enfim... Quando você vai para o dormitório novo?

Annita sorriu de leve, percebendo as intenções da amiga de descontrair o ambiente.

–Bem, hoje é sexta, então amanhã eu vou para o outro quarto. – respondeu Annita, mais calma. Andou em direção à cama onde estava Rose, e sentou-se ao lado dela – O mais engraçado, é que eu não faço ideia de quem estará no meu quarto.

–Bem, e quando vai começar a monitorar aulas de feitiço? Confesso que eu estou muito animada, sabe. – disse Rose, agora dando pulinhos – Existem muitos feitiços diferentes? Deve ser uma variedade incrível!

Annita não pôde deixar de rir; quando Rose criava expectativas era melhor não destruí-las de uma vez.

–Na verdade, só os feitiços antigos é que são diferentes. Muitos dos feitiços são universais; os mesmos que você usa, eu também uso. – explicou a menina – Mas eu começo semana que vem, vai ser como um curso extracurricular para os que estiverem interessados.

–Sem contar, que você também é monitora. – adicionou a ruiva – Uau, é uma agenda bem apertada, não?

–Pois é. – concordou a outra – Aliás, você se inscreveu para a matéria?

–Claro que sim! Fizemos isso antes do início das aulas, e eu “convenci” Alvo a se inscrever também.

–Sabe, você não devia força-lo a fazer isso. Torna as coisas desconfortáveis. – disse Annita, quase rindo da situação – O prof Flitwick disse que o número de inscritos aumentou depois de segunda-feira. – e deu de ombros – Ele encerrou hoje as inscrições.

–Bem, eu aposto que o motivo do aumento seria uma certa monitora. – disse Rose, tirando um muxoxo de desaprovação da menina a sua frente – Bom, eu já vou indo.

–Ah, sim, é melhor andar logo se não quiser tomar detenção. – Annita se levantou juntamente com Rose, e ambas foram em direção à porta – Nos vemos amanhã, no almoço?

–Claro que sim! Já faz uns dias que não almoçamos juntas. – disse Rose saindo – Ah, Annita, só mais uma coisa; não fique mal por causa dele. Scorpius deve ter um motivo para estar agindo dessa maneira.

Annita somente acenou com a cabeça, e viu a menina ir.

Tomara.


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“Como eu não tinha nada para fazer depois que Rose foi para seu quarto ontem, terminei de arrumar alguns livros e penas que estavam em cima da escrivaninha. Acabei achando o jornal que ele me deu. Eu não o joguei fora, se é isso o que se passa na sua mente fictícia, sr Caderno. Eu realmente queria saber do que se tratava, então colei um pedaço aqui na folha.

“Parece que alguns grupos de pessoas da comunidade mágica querem que o mundo bruxo pare de se esconder. Eu não sei se isso seria possível.”

Annita levantou da cadeira e foi em direção à janela. Olhando em direção à floresta, conseguiu ver os pássaros planando em seus arredores. Um, em especial parecia atordoado, voando em círculos. Depois de alguns segundos, pareceu recuperar o senso de direção e começou a voar em linha reta.

Na direção de Annita, na verdade.

A menina abriu a janela e deu alguns passos para trás, pousando a pena na mesa, ainda de olho no céu. A coruja entrara desgovernada, caindo na cama, não antes de bater no dossel da mesma.

A coruja era redonda, cinzenta e fofa, além de extremamente estabanada. Trazia uma carta pendurada na pata, vinda da Monitoria.

–Ah, é agora.

“Cara srta Boderdad,

É com extremo prazer que informamos a srta de que será encaminhada ao seu dormitório; em cerca de dez minutos passarei pessoalmente em seu quarto para levá-la aos monitores da Sonserina, e estes te mostrarão a localização do seu Salão Comunal.

Suas companheiras de quarto serão:

Alyann Greengrass Nott

Alicia Bulstrode Jhones

Narriet Parkinson Lyarit

Mona Acacia Zabini

Sua bagagem será levada para o novo quarto assim que deixar o atual.

Do Corpo de Monitoria de Hogwarts

Monitora Chefe de Hogwarts Molly Weasley II

PS: Pichitinho é um pouco desorientado, cuidado para não se machucar, ele é da Rose.”

–Pichitinho? – disse Annita, virando para a bola de penas agitada em cima de sua cama. Segundos depois, ouvira batidas na porta, que diziam ser da remetente da carta.

Annita abriu a porta, surpresa. A carta dizia dez minutos.

–Ah...

–Pichitinho acabou de chegar? – adivinhou a garota mais velha na porta, sorrindo.

–Na verdade, sim. – respondeu Annita – Você é a Molly, não é? Eu achei mesmo que eu fosse mudar de quarto na segunda-feira, ainda bem que me deram um tempo para arrumar minhas coisas.

–Bem, não sou eu que decido isso. A diretora estipulou o tempo; algo sobre “lidar com os alunos da Sonserina”.

Annita pegou sua mochila e a pequena coruja de pintinhas que adotara e seguira Molly pelo corredor.


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–Ela deve ser estranha. – disse a menina para a colega no quarto – Ela é brasileira, sabe? Será que fala nossa língua?

–É bom que saiba, ela está tendo aulas já faz duas semanas. Seria complicado não entender joça nenhuma. – respondeu a colega, jogada em cima da cama. A outra bufou.

–Ai, Alicia, era só uma hipótese.

–Não, era uma dúvida, Narriet. – rebateu a outra, dando risada da colega. Narriet revirou os olhos e continuou a dobrar suas roupas que estavam jogadas em cima da cama.

–Aliás, você não vai arrumar suas coisas antes da estrangeira chegar?

–Por que eu faria isso? Não passo metade do fim de semana escolhendo roupas e deixando-as jogadas por ai. Estou muito bem assim, obrigada.

–Você é uma grossa, sabia disso, não? Não sei como ainda não te matei, Jhones. – Narriet disse olhando com raiva para a colega. Foi a vez de Alicia revirar os olhos; ela sabia que era uma ameaça infundada, uma vez que a mais forte era ela mesma, não Narriet.

–Está bem, eu sinto um pouco, Narriet. – disse Alicia, levantando da cama, esticando os braços para agarrar a colega.

–Não me toca! – mas Narriet já estava sorrindo, o que indicava discussão encerrada. – Você pode ser uma sangue-puro bem irritante, sabia disso?

–Claro que sim! - respondeu Alicia – Trabalho muito duro para isso, obrigada.

Ambas continuaram com uma conversa descontraída, até que outra pessoa entrou no quarto.

–Ah!, olá, Alyann. – cumprimentou Alicia.

–Você ficou sabendo da novata? – perguntou Narriet.

–Sim. – respondeu a menina – Ela chega hoje.

–Como assim hoje? – perguntou Narriet – Tem certeza...

–Minha irmã está trazendo-a para cá nesse instante. Sem falar no fato da bagagem dela estar no pé da cama.

–Bem, isso vai ser interessante. A Zabini já está sabendo? – perguntou Alicia.

–Não, eu não consegui achá-la, parece que...

–O quê? – interrompeu outra menina que surgira na porta do quarto.

–Sabe Zabini, deveria bater. – disse Narriet, de maneira grosseira.

–O quarto também é meu! – respondeu a menina indignada.

–Parem com isso. – apartou Alyann – Cresçam de uma vez, por favor. Especialmente você, Narriet. – adicionou.

A menina soltou um muxoxo e continuou sua tarefa. As quatro estavam no meio de uma discussão sobre quem dormiria na cama ao lado da “novata”, quando uma monitora surge no batente da porta, chamando atenção.

–Meninas. Irmã. Esta é Annita Boderdad.

A menina apareceu pela porta, usando suas roupas de trouxa, carregando uma mochila e uma pequena coruja.

–Olá.


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–Meu nome é Radmilla Greengrass Nott. Sou monitora da Sonserina, e irei te levar até nosso salão comunal.

–Ah... Ok. – disse a menina, intimidada com a atitude formal da monitora.

–Como já lhe foi dito, você fara parte, não somente do corpo de monitoria e auxílio de aulas, mas também como monitora de alunos da nossa casa. – Radmilla parou do lado do salão principal, virando para Annita – Você carrega um nome nas costas, e não ouse difamá-lo por motivos tolos, compreendeu?

Annita apenas assentiu. Então Radmilla suavizou a expressão.

–Você é bem nova, mas a diretora me garantiu que era responsável, apesar da idade. Por favor, não tire pontos de alunos por rixas tolas.

–Pode deixar. – respondeu a menina, mais tranquila.

Radmilla abriu passagem por uma porta secreta.

Ruber Pruno.

Uma espécie de porão lindamente decorado, com peças luxuosas se estendeu pela visão de Annita. Apesar de ter um pouco de exagero, era um lugar bem bonito.

–Este é nosso salão comunal.

–Seja bem vinda. – disse uma voz masculina atrás dela. Annita virou e se deparou com um garoto alto, de aparência forte – Eu sou monitor da Sonserina, Ian Belvedere.

Annita acenou para o rapaz, intimada com sua presença.

–Acredito que vai gostar e se adaptar bem facilmente. – adicionou ele, mandando uma piscadela, causando um leve ofegar na menina parada a sua frente. Radmilla pareceu notar, e balançou a cabeça em descrença.

–Vamos Ian, não mate a novata logo de cara. Vamos mostrá-la o resto do lugar.

Pouco minutos depois, a monitora a encaminhara para os dormitórios, explicando as divisões, e com quantas pessoas dividiria os quartos.

–Não se esqueça, sempre diga a senha quando quiser entrar, e procure não se perder. Nossa casa é extremamente luxuosa e ampla, mas nada que possa ser perigoso. Pelo menos não agora. – adicionou dando de ombros.

–A senha é Ruber Pruno, então? – A monitora só respondera com um aceno afirmativo de cabeça.

–Aqui estamos. Meninas. Irmã. Esta é Annita Boderdad.

Annita entrou devagar no aposento, logo atrás da monitora. As ocupantes do quarto pareciam curiosas, olhavam-na com olhos famintos por informação.

Annita resolveu dar o primeiro passo.

–Olá.

Depois de alguns instantes, que pareceram um tempo muito mais longo, uma das meninas respondeu, de forma gentil.

–Olá. Meu nome é Zabini. Mona Zabini. – disse uma menina próxima à cama desocupada,

–Tem um Acacia no meio desse nome, não tem? – disse outra das garotas. Essa era a mais alta das quatro, tinha a altura de annita e parecia ser o tipo de pessoa intimidadora – Alicia Bulstrode Jhones, prazer. Essa aqui com as roupas é...

–Narriet. – disse outra – Narriet Parkinson Lyarit. Eu posso me apresentar muito bem, obrigada, Alicia.

A menina citada dera de ombros.

A monitora parecia levemente irritada na porta.

–A muda ali no canto é minha irmã mais nova. – disse Radmilla, apontando uma menina loira no outro canto do quarto. Dava para notar a semelhança.

–Alyann Greengras Nott. – disse ela – Prazer em conhecê-la.


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O dia parecia se arrastar para Annita; depois de conhecer apropriadamente as colegas com as quais dividiria o quarto (que a menina achou levemente excêntricas), saiu em busca de um pouco de ar fresco. Não conhecendo tão bem os terrenos como achou que conhecia, acabou se perdendo.

Claro. Uma brilhante ideia sair para andar sozinha num lugar que você conheceu há duas semanas. Brilhante, Annita, sério. – murmurava em português, chutando as pedras que estavam em seu caminho.

–Eu realmente espero que você não esteja praguejando. – disse uma voz masculina, que vez Annita virar-se assustada.

–Alvo! – disse aliviada – Ah, o que faz aqui?

–Bem, Rose me disse que conheceria seu quarto hoje. Imaginei que seria estressante, então vim te procurar...

–Não! Isso eu imaginei, o que quero dizer é como me achou? Eu não faço ideia de onde estou, sabe?

–Ah! Isso! – compreendeu o garoto, agora coçando a cabeleira escura. Deu de ombros – Na verdade, eu não sei. Eu só andei um pouco, e te vi ali da árvore do lago... Quer ir para lá?

–Claro!

Os dois foram caminhando em silêncio até a árvore e se sentaram no chão, observando os pássaros. Depois do que pareceram vinte minutos de silêncio, Annita mudou de posição e apoiou o queixo nos joelhos, suspirando.

–Me conta o que aconteceu. – pediu Alvo.

–Rose não te explicou?

–Só me disse que você estava mal com alguma coisa. Alguém, na verdade.

–Hmm... – resmungou. Annita se sentia estranhamente inquieta com a situação toda – Eu não entendo o motivo disso tudo.

–Como assim? – quis saber o menino, chegando mais perto, apoiando a mão no ombro da menina – Deve ter uma explicação aceitável para qualquer coisa que tenha acontecido. Por que você não me conta?

Annita mordeu o lábio inferior, em sinal de indecisão. Não tinha explicado a situação direito para ninguém, achava que não havia necessidade; que as coisas se acertariam sozinhas. Mas não se acertaram.

**Início do Flashback**

–Não acredito que já vou me atrasar só porque o horário mudou! – esbravejou Annita, correndo pelas masmorras – E é sempre em poções!

A menina se deparou com uma porta quase fechada, e suspirou de alívio. Sem prestar atenção, alguém, também fora do horário, esbarrara nela.

–Oh, me desculpe, eu não vi você ai...

–Scorpius! – notou Annita – Que bom, eu ainda tenho aulas com você! – e sorriu, parando de andar.

–Ah! Olá Annita. – disse o menino, de maneira desconfortável – Novo horário, não?

–Sim. – concordou – Admito que estou um pouco ansiosa, sabe? Ouvi muitas coisas sobre a Sonserina, e poucas delas são encorajadoras. Mas vai saber! – e riu.

–É, vai saber. – respondeu simplesmente. Annita ficou olhando para o garoto na sua frente, esperando uma reposta. Ele evitava olhá-la nos olhos, e parecia extremamente incomodado em estar ali.

–Está tudo certo? Você me parece deslocado...

–Não, não... Está tudo bem comigo. - interrompeu ele.

–Você tem certez...

–Sim. – interrompeu ele, mais uma vez, agora com um pouco de veemência no tom – Eu realmente não quero me atrasar.

O garoto virou as costas e fez menção de sair, mas Annita segurou seu braço.

–Eu... te fiz alguma coisa? – perguntou preocupada.

–Não.

–Então por que...

–Não! – disse ele, virando-se. A menina soltou seu braço, apreensiva e assustada com suas ações. Isso a irritou.

–Não uma ova! – respondeu ofendida – Se algo de errado aconteceu no seu mundinho, eu ficaria grata em ajudar, mas não desconte em mim!

–Meu mundinho?? – perguntou ele, chegando mais perto da menina – Meu mundinho é complicado demais para uma pessoa como você compreender. Não enche. – o menino virou as cotas e voltou a andar.

–O quê...? – Annita não conseguiu entender o significado de suas palavras, o que significava “uma pessoa como ela”? – Olha aqui! – e ela entrou na frente dele – Você não me conhece! Você não faz ideia de quem eu sou, então não venha me rotular por causa de seus probleminhas baratos. A única pessoa com um rótulo suficientemente ruim aqui... – e então ela se conteve.

Annita estava pisando em ovos, e com certeza o garoto entendera o significado daquela frase não terminada.

–Olha, me desculpe, eu não quis... – começou ela, mas já era tarde, ele estava furioso.

–Sabe o que é pior? – interrompeu ele, encurralando a garota – O fato de você não entender que esse “rotulozinho” que você acha que eu tenho é a pior merda que me aconteceu! E agora você... – ele não conseguiu terminar a frase.

–Scorpius, me desculpa eu...

–Esquece Boderdad. Deixa para lá. – e virou as costas e foi embora.

**Fim do Flashback**

–E o pior de tudo é que eu mal o conheço. Eu não entendo por que eu fiquei tão sentida. – confessou a menina angustiada. Ela apoiou a testa no joelho, num sinal de cansaço.

–Bem Annita, para falar a verdade, nós também mal nos conhecemos. – observou Alvo – Mas isso não significa que eu e Rose não nos importemos verdadeiramente com você.

Annita encarou aqueles olhos verdes sinceros, fortes. Em momentos mais sérios, Alvo não costumava corar, como de costume. Na verdade, ele se tornava seguro do que dizia; passava segurança. E Annita ansiava por isso. A menina sorriu pela primeira vez de forma genuína em dias.

–Obrigada, Alvo. – agradeceu a menina, levantando o rosto, corada.

–Imagina... É só a verdade, mocinha. – e finalmente ele corou. Annita riu.

–Não Alvo, obrigada por isso. – e ela abraçou o menino, que se surpreendeu, atingindo um tom escarlate – Pela amizade de vocês.

Alvo sorriu de leve, e colocou a mão no ombro da garota novamente.

–Lidando com uma pessoa como você, não teria como ser diferente.


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Annita sentia o corpo pesado enquanto caminhava pelos corredores do castelo. Mesmo a conversa confortadora com Alvo não tirou todo o estresse do seu corpo, fazendo com que ela recusasse os insistentes convites para jantar de seus amigos.

Chegando no local que deveria ser a porta secreta para seu dormitório, Annita não conseguia lembrar a senha.

–Hmm... Agora ficou complicado.

Ruber Pruno. – disse a voz de uma garota atrás dela.

–Ah, obrigada. – Annita virou para agradecer a pessoa e notou que era uma de suas colegas de quarto.

–Mona, correto?

–Isso aí, novata. E seu nome é Annita, não?

Annita afirmou com a cabeça. Ambas seguiram e direção ao quarto. O pequeno percurso foi levemente constrangedor, pelo fato de que Annita ainda não se acostumara com a geografia do ugar; em outras palavras, não se lembrava da localização do quarto.

–Relaxe, uma hora você guarda a localização e a senha. Até lá, ande com outros sonserinos, garota. – disse Mona, entrando no quarto – O banheiro é ali, - disse apontando a uma porta à direita de sua cama – e o armário de toalhas ali. – terminou apontando uma espécie de gaveteiro perto da porta do banheiro.

–Obrigada. – respondeu Annita, levemente sem graça.

–Não se acostume, todos os sonserinos sabem ser cretinos, e a maior parte leva isso como código de conduta. – disse Mona, sentando-se em sua cama, de pernas cruzadas. Parou para observar as ações da menina que parecia incomodada com diversas coisas; essa situação parecia ser apenas uma delas.

–Bem, acho que dei sorte. – comentou Annita.

–Nem tanto... – observou Mona, pensando nas colegas de quarto – Você não pegou pessoas que vivem sendo idiotas, mas pegou as melhores nisso. Que quando digo as melhores, me refiro a todas as outras três. – e riu – Sorte sua Alicia ter ido com a sua cara, a convivência seria brutal se não tivesse.

Annita não pôde deixar de rir. Mona parecia ser uma pessoa interessante, sem mencionar o fato de se fazer de útil.

–Bem... eu vou tomar uma banho, então. – disse a menina, se encaminhando para o lugar.


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–Narriet, faça silêncio. Aqui não é sua casa, não dê barracos.

–Ai Alishia! – murmurou uma menina que parecia levemente zonza – Só eshtou um pohquinho sonolemmta, só isho.

“Maldita a hora em que essa menina foi cair e tomar uma poção analgésica.”, pensou Alicia, carregando uma Narriet risonha pela escada.

Quando chegaram no quarto, Mona pareceu achar a cena divertida, dando uma risadinha da situação.

–Quieta, Mona. – Alicia pediu.

–É Zjabinhi, quietchinha.

–Você também, Narriet. – disse Alicia, fazendo a menina soltar um “Ai” levemente ofendido.

–Você finalmente deu um daqueles seus socos nela? Olha, eu posso não me dar exatamente bem com ela, mas acho que você exagerou um pouco... – disse Mona, rindo enquanto se levantava da cama para ajudar.

–Antes fosse. Ela caiu. De novo. Nunca vi uma pessoa com um labirinto tão inútil quanto ela.

Mona gargalhou bastante, chamando atenção de uma menina enrolada em uma toalha, na porta do banheiro.

–Está tudo certo? – perguntou Annita – Vocês precisam de ajuda?

–Ah, olá! – respondeu Alicia, notando a menina só agora – Não, está tudo bem! Ela já tomou uma poção analgésica, então a dor já passou. O problema é o quão zonza ela fica.

–Hmm, eu posso tentar um feitiço. É bem simples, costuma ser usado para curar gripes leves. Mas acho que uma tontura conta. – disse Annita. As meninas pareceram ponderar.

–Nau quero uma eshtranha me apontamdo a varinha, Alshia. Aghora me dá meu pashtel. – disse Narriet.

–Acho que pior não fica. – decidiu Alicia. Ela colocou Narriet sentada na cama dela, e Annita se sentou do seu lado.

–Fique tranquila. Se quiser fechar os olhos, você pode. – disse Annita, pegando sua varinha.

–Só nau me eshploda o célebro.

Annita apontou a varinha para o punho esquerdo, enquanto colocava os dedos na testa da menina.

–O que você vai fazer? – perguntou Mona.

–É um feitiço canalizado. – explicou Annita – Tem de passar pelo meu corpo para levar os resíduos mais saudáveis até ela. Bem... – murmurou ela – Se me dão licença; Aicó Antã.

Então uma luz esverdeada seguiu o fluxo da varinha, passou pelo pulso fazendo um círculo em torno dele e se dividiu em finos feixes de luz de diferentes cores, passando por seus dedos.

As colegas pareciam impressionadas com o feitiço desconhecido, e com o rápido efeito que causara; assim que Annita tirou a mão da cabeça de Narriet, ela abriu os olhos e encarou as demais colegas.

–Como se sente? – perguntou Alicia.

–Na verdade, muito bem. – responde a menina, virando-se para Annita – Obrigada, estrangeira.

Alicia levou a mão à cabeça da colega dando uma tapa nela, fazendo com que essa se virasse para ela sem entender.

–O que foi agora?

–Nada, era pra ver se você estava normal mesmo. – disse Alicia, dando de ombros – E da próxima vez, por que não a chama pelo nome? É Annita, não é, novata?

Annita sorriu e assentiu.

–Que língua era essa? – perguntou Mona, sentando-se em sua cama – Acho que nunca ouvi falar de um feitiço desses.

–Era Tupi-Guarani. – disse dando de ombros.

–E em que lugar se fala essa língua?

Brasil. – disse uma quinta voz, vinda da porta. Era Alyann – É um dialeto indígena, na verdade.

–Isso. – concordou Annita, se surpreendendo com a quantidade de informações que a menina tinha.

Alyann desencostou do batente da porta e se encaminhou à cama no canto esquerdo do quarto.

–Não façam barulho. – disse, levantando os lençóis da cama e se cobrindo.

–É, boa noite vocês garotas. E bem vinda Annita. – disse Alicia deitando-se

“Ah, essa noite vai ser longa.”, pensou Annita.



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E de certa forma, Annita estava certa; ela demorara a cair no sono, não estava totalmente confortável com a ideia de dividir um quarto com quatro estranhas que a achavam um ser exótico.

Ela queria sua cama, seu quarto e seu banheiro só para ela. Inquieta, sem cair no sono, Annita desceu silenciosamente as escadas de seu quarto para o Salão Comunal. Procurara uma estante de livros que vira mais cedo e escolhera um, sentando-se em uma das confortáveis poltronas.

Escolhera “Hogwarts, Uma História”. Foleando o livro, achara uma breve descrição das casas da escola e seus fundadores.

"Ou quem sabe você pertence à Sonserina
E ali fará seus verdadeiros amigos
Homens de astúcia que usam quaisquer meios
Para atingir os fins que antes colimaram"

"E Sonserina, mais sedento de poder,
Amava aqueles de grande ambição"

"Sonserina, aceitou apenas bruxos
De puro-sangue e grande astúcia,
Que a ele pudessem vir a igualar"


–Puro-sangue...? – notou Annita – Não deve ser uma regra tão comum, talvez.

Annita estava curiosa, mas o sono finalmente havia vencido sua disposição, fazendo-a retornar para o quarto.

Silenciosamente, a menina se cobriu com os lençóis, e caiu no sono rapidamente. Alguns segundos depois, Alyann entrara no quarto, parando no batente da porta para encarar a menina recém-chegada.

Suspirou e seguiu para sua cama.

–Ela não tem nada de especial. Nem puro-sangue é.



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Eram por volta de sete horas da manhã, e a menina já estava acordada, encarando o céu pela janela do quarto. Ela esperava uma carta de seu primo.

Para ela, ele não tinha motivos para estar tão chateado. Eles se provaram insuficientes na noite anterior, e ela nem mesmo aprovava a amizade dele com aquela novata estrangeira. Ele fizera o correto em não querer mais falar com ela. Fizera o certo, na opinião dela.

Então, uma coruja escura pousou no beiral do lado de fora da janela, esperando pacientemente para que abrissem a janela para sua passagem.

Alyann abriu a janela, e a coruja esperou que tirasse a carta de sua pata. Assim Alyann o fez, e a coruja permaneceu imóvel, esperando.

–Ele quer uma resposta, Neca? – disse a menina acariciando as penas do animal.

Abriu a carta, e encontrou o seguinte conteúdo:

“Alyann,

Eu já disse que não tenho nada, pare de insistir. Prometa-me.

Scorpius”


A menina revirou os olhos para as pequenas linhas que o primo escrevera, sabendo que tirando seus nomes, cada palavra era uma tola mentira.


Ela pegou uma pena e respondeu.

“Querido primo,

Para começar, eu só me preocupei com você.

Segundo; por que insiste em não usar a carta-instantânea que eu te dei? É muito mais fácil do que enviar corujas logo cedo.

E por fim; eu aposto dez galeões como sei o tolo motivo de seu ressentimento. Ela não é importante. Deixe-a para trás.

Prometo não perguntar mais nada sobre o assunto.

Alyann”

A menina enviou a carta, sabendo que receberia uma resposta curiosa do primo. Era isso o que ela queria. E realmente aconteceu; Neca entrara suavemente no quarto depois de apenas quinze minutos, nos quais a menina já tinha tomado um banho revigorante.

Abriu o envelope.

“Alyann,

Obrigado, mas suas palavras parecem contradizer sua promessa. Eu não entendi de quem está falando.

Pare já com isso.

PS: Se você fala daquela moeda desdobrável, eu passo a vez. Corujas são muito mais interessantes.”


Alyann bufou com a resposta. Não se deu o trabalho de escrever uma carta de fato. Duas palavras fariam o menino responder.


“Annita Boderdad”


Em poucos minutos, Neca voltou.


“Você sabe o que a Sonserina significa para minha família. Para mim. Eu amo você e sua irmã, vocês escolheram esse nome para manter a tradição; mas esse mesmo nome me persegue.

Não posso lidar com isso.”


Alyann mandou o que seria a última carta que Neca entregaria pela manhã.


“Malfoy, você é um tolo.

Mas faz muito bem em não falar com ela. Você sabe o que eu acho de mestiços e trouxas. Eu os respeito e jamais insulto; mas não os considero tão poderosos e úteis quanto nós podemos ser.

Nosso mundo precisa da estabilidade e do conhecimento que somente um bruxo com tradição consegue trazer.

Ela não vale o sofrimento que eu vejo que você está enfrentando.

Por Deus, Scorpius! Você a conhece há menos de três semanas.

Pense no assunto.

Alyann”


A menina deixou a coruja ir embora.



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Notas finais do capítulo

Pessoas;
Esse capítulo, eu não sei o motivo, parece que ta sendo postado com uma formatação diferente (?)
Eu fiz os acertos que achei ficou tudo certo, se estiver alguma coisa errada, ou confusa, façam as perguntas, me avisem, e que se o erro for na postagem eu corrijo e aviso! obrigadona, e APROVEITEM.



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