Outsider - A Estrangeira escrita por Bruna Guissi


Capítulo 4
Os Três


Notas iniciais do capítulo

Heeyy, minha gente!
Tudo certo com vocês??
Então, eu espero que não me chamem de filha da p*** pelo jeito como terminei o capítulo, mas acho que ficou na medida!
Comecei a trabalhar nele ontem mesmo, e postarei hoje, para alegria de todos.



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“Eu achei que o mundo fosse parar para assistir aquele momento comigo. Não estou sendo dramática; duas coisas que eu não esperava aconteceram ao mesmo tempo, e por incrível que pareça, correu tudo bem. Como se fosse feito pra ir bem.

“Depois de mandar a carta para o ‘menino mais esquisito’, eu desci correndo de volta para a aula de transfiguração com a Profa Lovegood; eu nunca vi uma pessoa tão, tão... docemente esquisita, e isso de um jeito muito bom. Ela era brilhante, não tinha como negar. Essa aula eu tive com a ‘brilhante srta’ e ‘sr corei’. Eu não sei por que, mas eu gosto deles. Eu gosto mesmo. E por menos humilde que isso possa parecer, eu acho mesmo que eles também gostam de mim. E isso em apenas dois dias de aula.

“Depois da aula, fomos jantar, e uma cabecinha loira perto da entrada do salão principal estava lendo um livro, esperando pela gente. Nesse momento eu senti como se uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo; e se o nome Malfoy fosse um fardo grande demais para uma Weasley e um Potter carregar? O que eu faria se as pessoas mais interessantes com que eu já tive o prazer de lidar, se odiassem?

“Mas a verdade é que eles só ficaram sem graça por alguns minutos, até que eu tive uma dúvida, e brilhantemente perguntei em voz alta. Ambos Rose e Malfoy vieram responder. No fim, um debate maravilhoso sobre como os bruxos escaparam de se envolver na Segunda Guerra Mundial Trouxa saiu da situação. Graças a isso, uma Weasley e um Malfoy conversaram. De forma empolgada, se quer saber. Eu e Alvo ficamos tentando decifrar os rabiscos de Rose, e se não fosse pelos pergaminhos de Malfoy, não teríamos entendido o fluxograma da garota.

“Deu tudo certo. Eu fiquei tão empolgada que me esqueci de pedir a matéria d’O Profeta para Scorpius, mas tudo bem. Eu estava com a cabeça em outro lugar mesmo.”

Annita pousou a pena na escrivaninha de seu quarto. A cena do dia anterior ainda estava na sua cabeça.


**Início do Flashback**

–Isso é muito legal, sabe – disse Annita para Alvo, enquanto esse passava a limpo uma matéria qualquer.

–O quê? – perguntou ele, olhando para cima. Annita olhou aqueles olhos verdes que eram pura simpatia.

–Isso sabe. – disse a garota – Vocês poderem aceitar uma pessoa com uma história tão complicada. Ainda mais vocês.

Alvo olhou para a garota que conhecera à alguns dias; dessa vez seu rosto não estava corado. Não. Havia confiança naquele olhar; uma confiança que invadiu a garota.

–Não seria justo fazer algo diferente disso. – disse ele – Ele também tem um nome pesado de se carregar nas costas.

**Fim do Flashback**


Annita pegou a pena e recomeçou.

“Eu acho que fiquei louca. Estou gostando dessas pessoas com quem eu nunca nem tinha falado antes, e isso me soa um pouco fútil. Eu não estou desesperada por amizade, nem nunca estive, mas parece que meus dias vêm girando em torno dessas pessoinhas, e de passar o tempo com elas.”

A menina deixou a pena em cima da mesa e levantou da escrivaninha.

–Um banho, é disso que eu preciso. – e foi.

A água ainda caía com força em seu rosto quando achou que tinha ouvido algo no quarto. Deu de ombros.

Ela voltou a escutar o som, e acabou desligando o chuveiro. Eram batidas leves na porta. Rapidamente ela se enrolou no roupão e foi até a porta com uma toalha na cabeça.

–Quem é? – perguntou curiosa. Não sabia se alguém além da diretora e dos monitores soubesse onde era seu quarto.

–Hmm... – ouviu do outro lado da porta – Annita? – chamou a voz de Alvo.

–Alvo? – perguntou ela abrindo a porta – O que faz aqui??

–Ah! – disse ele desconcertado, vendo que acabara de interromper o banho da garota – Me desculpe, não sabia que estava ocupada! – disse ele.

–Ora, não é nada de mais, não? – disse ela simplesmente, apoiando na porta. Adorava vê-lo ficar sem graça, e com certeza ele estava. Alvo podia chegar a tons de vermelho que nem um colorista conseguia. – Entra. – disse a menina com um sorriso.

–Ah, não, tudo bem, você obviamente está ocupada e...- Annita o interrompeu.

–Mas agora não estou mais. – disse ela rindo – Entra, senta na cama, eu vou me trocar no banheiro. – disse puxando o garoto para dentro.

Annita fechou a porta do banheiro, e o garoto ficou de pé, olhando para o quarto. Sem saber o que fazer começou a dar voltas e observar os detalhes daquele lugar; como os livros ficavam empilhados no chão, ao lado da escrivaninha; como suas penas tinham um suporte próprio em uma prateleira perto do seu armário; e notou também o pequeno caderno de couro de dragão que estava aberto em cima da mesa.

“É um diário”, pensou. Curioso, Alvo se aproximou do objeto. A letra da garota era rabiscada, em letras de forma. Pôde notar que ela escrevia em sua língua nativa, apesar de alguns trechos estarem em inglês. Notou um desenho que estava no canto superior da folha; representava quatro sombras, cada qual com um livro. Como se estudassem juntos.

Então Annita saiu do banheiro, usando um jeans surrado e uma camiseta qualquer.

–Então... - começou ela, vendo que ele observava o caderno – Sabe, isso é pessoal. – disse ofendida.

–Ah, me desculpe, eu não estava lendo! – disse o garoto se sentindo culpado – A-a-a-até porque não consigo. – gaguejou. As sobrancelhas da menina se desfranziram. “Ah, é mesmo.”, pensou mais calma.

–Ok, me desculpe. – disse ela de leve, com uma expressão séria no rosto. Se aproximou de vagar do menino, até ficar a uma distância em que era possível sentir o hálito dele batendo no rosto.

Alvo não estava esperando a aproximação, mas também não conseguiu reagir. Ficou lá de pé, parado. Ela fechou o diário e se apoiou de leve na mesa.

–Então, - começou baixinho, para não quebrar o contato visual com o garoto. Era mesmo muita maldade da parte dela mexer com ele desse jeito. – o que você queria?

–Ah... Ahn? – murmurou sem entender. Annita não conseguiu se segurar e riu. O garoto chacoalhou a cabeça negativamente para reorganizar os pensamentos.

–Então? – perguntou ela, agora mais alto, uma vez que estava satisfeita com o resultado – o que você queria, Alvo? – disse como se nada tivesse sido constrangedor há meros segundos à trás.

–Hm... sorvete! Isso, sorvete. – disse ele. Dessa vez foi Annita quem não entendeu. – Vamos tomar sorvete. – disse ele com mais força – Eu e Rose estávamos indo para a cozinha, e pensamos em te chamar. – completou.

–Ah, tá! Claro, por que não? – respondeu.

–Então vamos logo! – disse ele saindo do quarto de uma vez, tentando evitar mais situações constrangedoras. Annita pegou sua blusa e saiu do quarto.

–Ei, - começou ela – vocês não se importariam se chamássemos o Scorpius, né? – perguntou ela sem jeito.

O garoto a encarou, curioso.

–Não, claro que não.

–Ótimo, então vou mandar uma coruja para ele. – disse a menina sorrindo. Voltou para o quarto e mandou uma carta para o garoto:

“Ei, vamos tomar sorvete, pode ser?

Na cozinha em cinco minutos!

Annie”


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O garoto estava prestes a colocar o pijama, quando uma corujinha cinza pequenina bicou sua janela. Os colegas de quarto ainda estavam no salão comunal, não que ele realmente ligasse para isso. Era a coruja que Annita costumava usar.

–Acho que ela vai adotar essa coisinha. – disse ele desenrolando o pequeno pergaminho que a coruja trouxera.

Ele leu o conteúdo, e não pode deixar de sorrir. Essa garota era muito estranha, mas nem por isso deixou de por seu casaco, e sair às pressas do dormitório.

–Aquele não era o Malfoy? – perguntou um de seus colegas de quarto.


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Rose estava já estava esperando a cerca de cinco minutos na frente da cozinha, e em menos de dez, começaria a ronda dos monitores.

–Se esses patetas não chegarem logo... – murmurou para si.

Até que ela ouviu passos no fim do corredor, e se sentiu aliviada.

–Vocês demoraram por quê? – perguntou ela ansiosa. Mas quem apareceu no fim do corredor, meio descabelado, foi o Malfoy.

–Ah! – disseram os dois em uníssono. Um ficou olhando para a cara do outro, até que Rose quebrou o silêncio.

–Então Annita te chamou! – disse acenando com a cabeça – Por isso está demorando.

–É... – respondeu ele. Um silêncio estranho ficou pairando por alguns segundos, até que Annita e Alvo chegassem sem ar.

–Oh!... Você já estava aqui! – disse Annita, parando para respirar. Apoiou a mão no peito e começou a rir. Alvo acompanhou a menina. Dava para ver que eles tinham corrido.

–O que aconteceu com vocês? – perguntou Rose, com medo da resposta. Se eles tiveram de correr tanto, só podia significar uma coisa.

–Fil...Filch aconteceu, Ro. – disse Alvo ofegante

–Ai... Droga! – disse Rose – Se quisermos voltar depois, ele com certeza vai ficar todo alerta. Não sei nem como esse homem ainda consegue correr com a idade que tem!

–Parece que ele vai se desfazer em pedaços quando vem direção à você. – comentou Scorpius, fazendo os outros rirem.

Os quatro entraram na cozinha às pressas, tirando as blusas e deixando-as em cima dos balcões.

Annita olhou maravilhada para aquele lugar. Nunca tinha feito uma idiotice dessas na antiga escola; o máximo foi se atrasar para voltar ao dormitório depois de passar a tarde estudando. Era incrível ter pessoas com quem fazer idiotices.

–Como vocês sabiam que tinha sorvete aqui na cozinha? – perguntou Annita intrigada, seguida por um aceno de cabeça de Malfoy.

–Estávamos passando por aqui mais cedo, e então Astor no contou. Ele também vai...- Rose foi interrompida por um leve estalo. Um pequeno elfo de aparência jovem aparatou em cima do balcão em volta do qual nos reunimos.

–Olá, senhores! – disse o elfo – Os senhores eu não conheço. – disse olhando interessado para Annita e Scorpius.

–Olá! – Disse Annita estendendo a mão para o pequeno elfo – Meu nome é Annita. – disse toda sorridente. Era a primeira vez que via um elfo “ao vivo”. A pequena criatura pareceu empolgada com o gesto da menina, e acabou se curvando. Então olhou para Malfoy com a expectativa de saber seu nome.

–Scorpius... – disse mais sério, mas não deixando de ser educado. O clima pareceu adensar no ambiente, então Annita resolveu quebrar o gelo.

–Então! – começou – Como conseguiu trazer uma sobremesa trouxa para dentro? – perguntou para o elfo.

–Senhor e senhora disseram que gostavam dessas coisas, então Astor foi procurar. – respondeu a criaturinha.

–Quem bom que não foi pego, hein. – disse Malfoy.


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Cerca de uma hora depois, todos já estavam reclamando do sono e da quantidade de doce que haviam comido. Astor foi checar os corredores. Estavam no fim da ronda, e Filch continuava atrás das pessoas que suspostamente viu nos andares de cima, e não parecia que iria descansar tão cedo.

–Ele ainda está lá fora? – reclamou Rose, então olhou para o relógio – Já faz quase quinze minutos que acabou a ronda e esse velho caquético ainda não foi dormir?!

–Ei, Ro, relaxa. – Alvo disse entre risinhos – Vai ver ele desmaia de sono no corredor. – completou.

–Astor pode levá-los ao dormitório. – propôs o elfo.

–Como? – indagou Annita – não seríamos vistos do mesmo jeito?

–Não, não seríamos. – respondeu Malfoy – Elfos podem aparatar em Hogwarts.

Annita acenou a cabeça em compreensão. “Isso explica muita coisa”, pensou.

–Então vão vocês dois primeiro, já que são do mesmo dormitório, depois Astor pode nos levar, não? – propôs Annita

–Claro, senhorita.

Alvo e Rose concordaram e deram boa noite aos dois jovens que ficaram.

–Logo estarei de volta para leva-los. – e aparatou com os dois.

A cozinha se tornou curiosamente maior sem os outros integrantes da pequena reunião que se passou. Annita pegava suas coisas quando Scorpius chamou sua atenção.

–Obrigado. – disse ele, parecendo sem graça. Eram poucas as vezes em que demonstrava isso.

–Mas pelo quê? – perguntou a menina, dirigindo-se a ele. Com a aproximação dela, ele levantou o rosto e se apoiou na bancada. Annita o imitou.

–Por isso. – disse ele gesticulando para cozinha – Por eles. Eu nunca quis a aprovação de nenhuma pessoa, mas estar com você e com eles, me faz pensar se eles odeiam o nome que eu carrego.

Annita encarou o garoto na sua frente. Tudo era tão diferente quando se tratava dessas três pessoas, e ainda mais quando se tratava de Scorpius.

–Por que nunca falou com eles? – perguntou Annita – Por que nunca fala com ninguém?

Scorpius parecia detestar aquele assunto; passou a mão na nuca como se estivesse exausto só de pensar em explicar.

–Eu não sei... Não sei se eu me odiaria. – disse ele – Se fosse eu no lugar deles. Eu não sei se conseguiria me conhecer.

–Para um aluno da Corvinal, você pode ser bem lento, sabe? – Caçoou Annita – Você nunca parou para pensar que você não é o único que tem um nome pesado nas costas? Alvo me disse isso. Eles nunca odiaram você.

Scorpius pareceu refletir sobre o assunto. Annita revirou os olhos.

–Você realmente precisa pensar sobre o assunto? Você nunca tinha falado com eles antes, então era óbvio que eles não te conheciam.

–Sim eu sei disso. – respondeu.

–Então por que essas dúvidas?

–Por que isso é normal. – respondeu simplesmente. Annita não entendeu, então ele tentou de novo – Veja; é normal das pessoas terem receio de falar comigo. Não é como se eu não conhecesse ninguém, mas as pessoas tem medo de conviver comigo. Por que, então, com as únicas pessoas que tem motivos para ter algum receio de mim, fariam diferente? – perguntou ele encarando a garota. Ele não parecia ofendido, nem chateado. Só curioso.

–Por que eles fariam igual? – perguntou ela.

O garoto deu de ombros. Annita balançou a cabeça e terminou de pegar as coisas para ir para seu quarto.

–Sabe, você ainda me deve aquela matéria de jornal. – cobrou. Ele olhou para ela e pareceu pensar.

–Sim, eu tenho que te dar. – disse ele concordando. Annita estendeu a mão, esperando o papel. – Ah!, não está aqui. – disse, fazendo a menina revirar os olhos.

Ambos ficaram esperando o elfo voltar, mas parecia que ele estava levando mais tempo do que o necessário para fazer somente algumas aparatações. Em silêncio, ambos ficaram esperando, até que a porta da cozinha faz menção de abrir.

Annita já ia agradecer, mas vê sua boca tampada pela mão do menino. Eles se abaixaram e se enfiaram atrás de um balcão. Do outro lado da porta, estava Filch, com uma gata velha que mais parecia um escovão de tirar pó.

Após segundos de tensão, ele chamou a gata velha, e saiu da cozinha, trancando o ambiente.

–Onde é que foi parar aquele elfo? – perguntou o menino realmente irritado – Sabe, esse movimento de direitos dos elfos é muito justo e tudo mais, mas eles estão ficando moles! – reclamou.

Annita deu um tapa na perna do menino, e fez menção de levantar do lugar onde se encontrava. Scorpius puxou ela de volta para onde estavam.

–Mas o que é... – começou a reclamar, mas o garoto não deixou.

–Shhhhhh! – fazendo sinal de silêncio – Fale baixo. – sussurrou.

–Tá! – disse aos cochichos – Mas por que me puxou de volta? – quis saber.

–Porque eu quis. – disse ele, fazendo uma expressão estranha. Parecia que ele estava segurando o riso.

–E você acha que pode fazer o que quiser? – perguntou a menina se virando para ele.

–Só quando... – ele foi falar, mas então o elfo apareceu na cozinha. Scorpius pareceu insatisfeito.

–Astor! – murmurou aliviada – O que houve, por que a demora?

–Zelador estava no corredor quando Astor aparatou no salão comunal, senhorita. Parece que ele ouviu, e fez menção de entrar no dormitório, então outros professores apareceram no corredor querendo entrar também. Astor aparatou para outro lugar, para que não pegassem ele, senhorita. – respondeu o pequenino, se curvando, como se desculpasse.

–Tudo bem, não foi nada de mais, certo? – Perguntou a menina.

–Não, senhorita, mas agora os professores estão esperando nos salões comunais.

–Como? – perguntou Scorpius –Mas isso me impede de voltar.

–Como assim impede? Você não pode aparatar no seu quarto? – perguntou Annita.

–Os outros ouviriam. – respondeu o garoto, coçando a cabeça – Não que seja o fim do mundo, eu só teria de esperar.

–Sim, sim, pode ser então. – respondeu a menina vagamente – Bem, Astor pode me levar para o meu quarto, não pode?

–Sim, senhorita! – disse o elfo, prontamente. Ambos estavam para aparatar, quando um barulho na porta foi ouvido

–Ah... – o murmúrio baixo do elfo se fez ecoar na cozinha – não sei se o senhor vai poder esperar aqui. – disse ele.

–Mas eu não posso ir pro meu dormitório agora. – Scorpius observou.

–Então vamos para outro lugar! – respondeu a menina.

–E qual seria esse brilhante lugar?

–Eu não sei, poxa vida!

–Isso não é de muita ajuda, sabe? – disse irônico. Aquela discussão boba já estava tomando tempo demais.

–Se você tiver alguma ideia, me deixe ficar sabendo. – terminou a garota. O silêncio continuou, até que o barulho na porta, retornou, seguido de murmúrios.

–Eu acho que tem alguém lá, senhora. – a voz de Filch ecoou pela cozinha.

–Você acha? – perguntou a diretora insatisfeita – Para uma mobilização dessas, deveria ter certeza, Argo.

Annita encarou o menino Malfoy com pavor.

McGonagall! – murmurou a menina, em desespero – É agora que eu perco meus benefícios!

–Calma, a gente pode... – mas Malfoy se interrompeu; barulho de chaves na porta fez com que ambos congelassem.

–Astor, pode nos levar para o meu quarto? – perguntou Annita, olhando para o elfo, quase sorrindo com a brilhante ideia que teve.

–Sim, senhora. – respondeu prontamente, esticando as mãozinhas em direção a eles.

–Perai, você tem um... – Malfoy foi novamente interrompido, mas agora pela desagradável sensação de aparatar.

McGonagall abriu as portas e verificou o lugar. Ao sair, não deixou de mandar um olhar descontente para o zelador.


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Os três surgiram no ambiente escuro do quarto da menina, e antes que pudessem mesmo acender as luzes, Astor se despediu. Foi possível ouvir o estalo enquanto Annita pegava a varinha.

Lumus. – e o quarto se encheu por uma luz branca. Annita caminhou até a escrivaninha e acendeu a vela com a ponta da varinha. As demais velas acenderam automaticamente junto com a primeira, iluminando o quarto. – Nox.

O menino parecia atordoado pela viagem repentina, mas não mediu esforços para sentir-se confortável. Tirou os sapatos perto da porta e se dirigiu para a cama, fazendo menção de deitar.

A-ham. – pigarreou a menina.

–Sim? – perguntou o menino, com naturalidade. Annita revirou os olhos e esperou que ele saísse de sua cama. Obedientemente, ele o fez.

Obrigada.

Ambos ficaram se encarando, até que Annita resolveu ir ao banheiro. O garoto ficou observando seu quarto, enquanto ela não saía de lá.

–Sabe, - começou ele – é muita sorte ter um quarto só seu.

–É, é muita sorte mesmo. – respondeu ela do banheiro – Mas isso vai acabar na segunda, então vou aproveitar minha privacidade ao máximo.

–Como assim vai acabar? – quis saber o garoto.

–Bem, - então a menina saiu do banheiro, já em seus pijamas, prendendo o cabelo – acontece que segunda-feira eu passo pela seleção de casa. – e deu de ombros.

–Seleção? – perguntou ele. Pareceu refletir sobre o assunto.

–Sim.

Annita observava suas expressões enquanto ele colocava os pensamentos em ordem. Sorriu de leve.

–Isso significa que você vai cair na Grifinória. – concluiu ele, tirando a menina de seus devaneios.

–Como pode saber?

–Simples; você já tem uma colega com quem possa dividir o quarto. Isso acaba tornando as coisas mais fáceis. – respondeu. Ele não estava satisfeito com o raciocínio, mas não transpareceria isso.

–Não é assim que funciona. – respondeu a garota. Mas a verdade é que seria muito cômodo cair na mesma casa que Alvo e Rose; não teria de se esforçar para parecer uma pessoa normal que deseja amizade.

–Como não? – disse ele, quase irritado – Suas opiniões contam para o chapéu seletor, sabe? – então desviou os olhos da menina. Aquilo também era verdade; sabia mais do que ninguém que não querer cair em uma casa, poderia ser um pedido atendido pelo chapéu.

–Bem, se for assim, eu também posso cair na Corvinal. – disse a garota, sorrindo. Malfoy se virou para ela e a encarou, sem entender. – Eu também tenho... um amigo na Corvinal, sabe. – deu de ombros.

Malfoy pareceu levar um tempo, mas compreendeu o que a menina queria dizer. Sorriu para ela em resposta.

Alguns minutos de conversa jogada fora, e Astor reapareceu no quarto. Parece que os professores se retiraram do “alarme falso” que Filch soara, então as coisas já estavam em ordem.

–Eu te mando uma carta. – disse o menino, segundos antes de aparatar do quarto da menina.


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“É isso. Em menos de cinco minutos, a diretora vai chamar meu nome. Meu nome. E eu terei de subir, na frente de toda essa gente, para aquele mísero banquinho postado no fim do salão, e ser selecionada. Diante de toda aquela gente.

“Eu não sei bem o que quero. Eu não sei se vou ser uma boa monitora. Eu não sei nem se vou acordar amanhã cedo! O fim de semana passou tão depressa! Hoje eu não tive as aulas da manhã, e o tempo voou à tarde. Malfoy chegou a me mandar o jornal, mas eu nem tive tempo de ler.

“Daqui para frente terei o rótulo de uma casa me seguindo; uma tradição e um perfil de aluno que as pessoas vão esperar que eu cumpra. Vamos só ver.

Annita pousou a caneta no meio do caderno, e olhou em direção a mesa dos professores. Essa era a hora.

McGonagall levantou-se, e pediu silêncio. Fez um breve discurso sobre “Hogwarts receber de braços abertos àqueles que dela necessitam”.

E então, chamou pelo nome:

Srta Annita Boderdad.



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Notas finais do capítulo

BUAHAHAHA é eu sei, eu terminei em um ponto bem fdp mesmo!
:DD
Acontece que eu tenho que trabalhar melhor as coisas que estão para acontecer, então é bem possível que eu demore um pouco para postar.
Outra coisa!
Eu vou viajar, então posso não conseguir acessar as interwebs, mas prometo trabalhar o máximo possível no próximo capítulo!
Mais um ponto MUITO IMPORTANTE!
Estou estipulando um prazo máximo para postar os capítulos, que vai ser cerca de 7 dias enquanto estiver de férias.
Porém, logo, logo eu volto a ter aulas, e a faculdade pesa!
Então, no período letívo, vou me dar até 15 dias, pode ser??
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Qualquer coisa, é só entrar em contato!
Beijão!



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