Olhava para o quadro negro com muito sono. Por culpa daquela brincadeira de ontem voltei para casa depois das nove da noite e tive que escutar um sermão daquele do meu pai. E ainda por cima tive que escrever o relatório da missão de sábado porque o chefe iria ficar no meu o dia inteiro.

Então como eu sou muito responsável, escrevi o maldito relatório e fui me deitar perto das três da madrugada. E agora eu estou aqui, sentada quase caindo de sono, literalmente.

Nota mental: quando chegar em casa mandar tudo para o lugar onde não bate sol e dormir até o dia seguinte.

Com esse pensamento até que consegui sorrir, mas não por muito tempo, pois a Kurenai-sensei falou comigo.

-Haruno-san, vejo que entendeu o conteúdo sem ao menos eu explicar, então faça o favor de explica-lo a classe. – disse sério, olhando fixamente para mim.

-O que? – perguntei surpresa.

-Vir explicar como faz essa equação para a classe.

Olhei para o quadro negro, vi que tinha algumas equações que o meu antigo professor já havia me ensinado.

Dei de ombros e fui em direção do quadro, peguei o giz e comecei a resolver a tal equação.

Eu fiz tudo isso escutando várias exclamações de surpresa. Que eu prontamente ignorei.

Soltei o ar dos meus pulmões lentamente enquanto eu me virava para a Kurenai-sensei.

-Resolvido. Mas eu não vou explicar. – falei já voltando para a minha carteira. Deixando para trás uma Kurenai de boca por ter resolvido aquela equação rapidamente.

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-Não consigo acreditar que você fez isso. – falou Maya enquanto andávamos pelo corredor da escola indo em direção àquela árvore de antes, que virou nosso lugar especial.

-Ela pediu para eu explicar, mas logico que eu não iria fazer isso, então eu resolvi aquela equação que para falar bem a verdade é muito fácil. – fiz pouco caso. –Falando em equação, fiquei com saudades daquelas equações que o Ryu-sensei passava para eu resolver. Aquilo era, realmente, A Equação. – falei nostalgicamente.

-Não exagera Sakura-chan!

-Hunf! Vamos logo para a nossa sombra. Porque se não daqui a pouco Sasori ou Deidara vai ligar para nós e eu não estou com animo para discutir. – dei um sorriso amarelo.

-Ok.

E começamos a andar com rapidez para o nosso lugar com nossos obentos.

Quando avistamos aqueles dois seres chatos sentados debaixo da sombra daquela árvore comendo seus obentos, desprendi o meu braço do braço de Maya e corri em direção deles. Sem pensar duas vezes pulei em cima dos dois e eles ficaram com cara de tacho.

Mas logo a surpresa estampou os rostos dos dois e começaram a fazer cócegas em mim.

Minhas risadas estavam cada vez mais altas, chamando a atenção dos alunos que estavam no pátio.

-Dei-chan, Sasori-kun parem com isso! – escutei Maya falar enquanto a mesma tentava afastar Sasori de mim. –Vocês dois parem com isso, ela está chorando de tanto rir. – disso aborrecida.

-E vai rir até fazer xixi. – disse Deidara brincalhão intensificando as cócegas.

Eu tentava a todo custo me desprender dos dois, mas como sou mais fraca que eles, essa tentativa não deu muito certo. E logo eu estava esparramada pelo gramado recebendo mais cócegas.

-Gente! Chega! Para! – falei ofegante. –Eu vou fazer xixi. Parem! – falei, mas eles me ignoraram.

De repente as cócegas cessaram. E vi que eles estavam olhando para um ponto, como eu sou curiosa olhei também e meus olhos se encontraram com os olhos ônix muito familiar para mim, mas que neste momento olhava para Deidara e Sasori fixamente. O que estava passando na cabeça de Sasuke neste exato momento?

-Desculpa atrapalhar a brincadeira, é que nós queríamos chamar a Sakura-chan para almoçar junto com a gente! – falou Naruto sorrindo como se pedisse desculpas.

-Sem problemas, hum!

-Gostei do cabelo! Você é EMO? – Naruto acaba de pisar no calo de Deidara.

-Não! Eu não sou EMO! E nunca serei, hum!

-Ok! Eu entendi que você não é EMO, mas também não precisa ser grosseiro, seu escroto.

-Se os deixarmos trocando essas gentilezas, vamos chamar mais atenção e também ficaremos surdas. – sussurrou Maya para mim.

-Os deixe! Eles vão se entender. – sorri maldosamente.

Maya estremeceu.

-AHH! Eu não vou mais perder meu tempo com esse EMO que não tem senso de moda.

-Olha quem fala o garoto que gosta de vestir algo laranja. Hun.

-Bom pelo menos eu não amarro o cabelo igual a uma bicha!

-Você tá’ querendo apanhar, é? Hum. – uma veia saltou da testa de Deidara.

-Vem que eu vou deixar você parecendo um arco-íris!

As testas dos dois estavam coladas uma na outra.

-Sasori você segura o Deidara e eu o Naruto, caso eles comecem a se atracar no meio do pátio.

-É sempre isso que eu faço mesmo. – soltou um suspiro pesado. –Mas, por que eles começaram a brigar mesmo?

-Não me pergunte, porque eu também não sei. – levantei as mãos em forma de rendição.

-BRIGA! – escutei algum imbecil gritar e em menos de trinta segundos uma roda se formou em torno de nós.

-O loiro EMO vai apanhar feio do Naruto!

-Eu. Não. Sou. EMO. – gritou Deidara frustrado.

Nesse momento de distração Naruto tentou acertar um soco em Deidara, mas como ele é um dos que tem os melhores reflexos desviou rapidamente e um OH! Percorreu a multidão de alunos. Naruto irritado por ter errado chutou a lateral do corpo de Deidara que fez uma expressão de dor e foi nessa hora que resolvi interferir.

-Sasori. – cutuquei a cintura dele. –Vamos interferir antes que Deidara decida quebrar algum osso do Naruto.

-Por mim, continuaria com isso. – fez pouco caso.

-Isto. – apontei para os dois loiros chutando e socando entre si. –Vai chamar a atenção de algum inspetor ou até mesmo da diretora. Se você não quiser levar uma bronca do chefe é melhor pararmos a briga ou NÓS nos ferramos. – falei a ultima frase baixa. Ele engoliu em seco e depois concordou.

Fomos em direção dos dois loiros com todos olhando para nós dois. Em um piscar de olhos imobilizamos os dois loiros sem muito esforço. Sasori travou os braços de Deidara com os seus e fez com que se Deidara se mexesse um pouco que fosse quebraria o ombro e murmurou para que ele se acalmasse e depois de um tempo ele voltou ao normal e Sasori o soltou.

No meu caso é um pouco diferente, já que eu sou menor que esse loiro hiperativo. Tive que dar um soco na região onde ficam os rins, fazendo assim ele se ajoelhar, rapidamente o imobilizei com os meus braços travando o pescoço dele e percebi que ele ficou muito surpreso e logo se acalmou.

Os alunos que estavam naquele circulo assistiam tudo isso com os olhos arregalados. Logico, porque se fosse dois garotos separando a briga eles começariam a vaiar, mas se uma garota entra no meio não tem outra reação do que essa. Surpresos.

Eu fiquei muito irritada com tudo isso e para não descontar essa raiva em ninguém, especialmente Naruto que ainda estava travado, o soltei e me sentei debaixo da nossa árvore.

-Não tem o que ver aqui! Podem voltar a fazer o que estavam fazendo. – disse Sasori com o olhar irritado.

-Valeu. – ele se sentou do meu lado e sorriu minimamente.

-Pensei que você iria mata o Naruto quando socou a costa dele.

-Não exagera! Nem foi tão forte. – falei enquanto levava a boca um pouco de arroz.

-Você que não viu a cara que ele fez. Foi tipo assim. – ele bem que tentou imitar a careta de dor e ao mesmo tempo de surpresa que supostamente Naruto fizera há pouco.

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-Agora eu fiquei curioso. É a segunda vez que você me faz ficar no chão.

Estava indo para a sala depois de comer o meu almoço junto com Sasori, Deidara e Maya. Mas eu acho que não vou ter paz até o sinal tocar avisando que nosso horário de descanso acabou.

-O que você quer Naruto? – perguntei impaciente.

-Apenas saber como você consegue imobilizar uma pessoa ou se defender.

-Simples você sabe o que são aulas de defesa pessoal? – perguntei o obvio enquanto comprava bebidas naquelas máquinas onde colocamos moedas e escolhemos o que queremos, apertamos o botão e logo em seguida sua bebida cai.

Estendi a outra latinha de PONTA para ele.

-Valeu! – abriu a latinha e logo bebeu um longo gole. –Ontem, quando você e o Teme caíram na água pensei que ele ia te beijar. – parei de andar, eu o olhei com os olhos arregalados e com o rosto corado. –Não vai me dizer que vocês se beijaram mesmo? – perguntou surpreso.

-Bem... Não foi um beijo... Mas sim um roçar de lábios? – respondi com uma pergunta mais corada que antes.

-Eu não acredito! – gritou. –Você beijou o Teme! Que mau gosto!

Todos os alunos que estavam perto de nós, pararam e olharam em minha direção. Logo em seguida uma onda murmúrios tomou conta do corredor e depois sons de celulares avisando que chegou mensagem. Ótimo, agora sou motivo de conversas paralelas.

-Naruto! – gritei irritada.

Sem olhar para nenhum canto, sai dali pisando duro e bufando de raiva. Ele faz um escândalo só porque acidentalmente quando Sasuke e eu caímos na piscina selamos nossos lábios em um selinho curto. E eu fiquei um bom tempo sem respirar, estava morrendo de vergonha. Passei uma boa parte da madrugada pensando no gosto que os lábios finos do Uchiha possuíam, por isso que fui me deitar perto das três da madrugada, porque convenhamos que um relatório seja escrito em uma hora, no máximo.

E agora eu não tenho uma cara adequada para olhar o Sasuke. Olha só! Por culpa dessa lembrança do beijo acidental, neste exato momento estou parecendo um pimentão, ou melhor, dizendo, eu estou parecendo um tomate bem maduro.

Estava tão distraída me martelando mentalmente que nem percebi quando quatro pares de olhos encaravam-me seriamente.

-Oi Sakura! – falaram as quatro juntas.

Cumprimentei de volta com a mão, também não sabia com que cara encarar a  Hinata o anjo em pessoa, Ino a extrovertida, Tenten a temperamental e Temari a mandona.

-Sabe, eu queria saber o motivo de ontem você sair correndo da casa do meu namorado sem ao menos jantar conosco. – falou Tenten olhando atentamente em minha direção.

Recuei um passo, e elas andaram mais um.

-E porque está circulando um boato que você e o Sasuke trocaram saliva no pátio. – Temari olhou acusadoramente para mim.

Recuei mais um passo e elas andaram mais um. Daqui a pouco vou acabar esbarrando em alguém.

-O-ontem eu f-fui em-bora rapidamente depois que sai da piscina p-porque dentro d’água Sasuke e eu encostamos nossos l-lábios. – fiquei super-sem jeito. –E o boato que está circulando na escola é falso. – olhei para o chão. Não queria saber como elas estavam me olhando.

Um minuto depois escutei risadas.

-Menina! Você é muito tímida quando o assunto é garotos! Gostei de você! – disse Ino ofegante.

Fiquei olhando elas com cara de tacho. Do que elas estavam rindo? De mim?

-Eu não entendi. Pensei que vocês pensariam que...

-Você é uma garota qualquer? – completou Temari, assenti concordando.

-Sakura, por que acha isso?

-Porque no mesmo dia que conheci a metade do pessoal que estuda comigo, eu beijo acidentalmente o garoto mais lindo que já vi?

-AH! Sakura corta essa! Se você chegasse beijando todos os garotos que via na frente no seu primeiro dia de aula, ai sim, você seria uma qualquer, ou como gostamos de chamar, vadia. – Ino sorriu amigavelmente.

Sorri um pouco sem jeito de volta.

-Eu vou comprar um suco, vocês querem?

-Obrigada. – respondi primeiro. Tenten deu ombros quando Hinata também recusou gentilmente.

-Eu vou com você. – Temari começou a andar ao lado de Tenten.

-Pera aí que eu também vou Tenten! Temari! – Ino correu em direção das duas garotas que estavam à frente. –Vocês andam rápido demais.

-Você que é mole. Só está vindo conosco para comer o meu irmão com os olhos.

-O que eu posso fazer se o clube de futebol masculino resolve treinar no horário do almoço? – fez cara de ofendida arrancando risadas das outras duas.

-Sakura. – olhei para frente e vi que Hinata estava me convidando para sentar-se junto com ela no banco que tinha ali perto.

-Você foi a única que não falou comigo. Acho que agora podemos conversar melhor, né. – sorri docemente recebendo outro em troca.

-Acho que sim.

E passamos a encarar pontos diferentes. Aquele clima entre nós estava muito estranho, não tínhamos assunto para conversar e parecia que Hinata estava tomando coragem para falar algo a mim.

A tensão só aumentou. E como eu odeio silencio resolvi falar a primeira coisa que veio em minha mente.

-Odeio silencio. – disse e olhei para o céu que estava com algumas nuvens de chuva.

-Não pegue o Naruto de mim! – exclamou vermelha.

Olhei assustada para o rosto de Hinata sem entender bulhufas do que ela estava falando.

-Como... Assim? – perguntei confusa.

-Isso mesmo que ouviu Sakura! Não pegue o Naruto de mim.

Finalmente a ficha havia caído. Essa morena de olhos cor lavando que tem parece um anjo tem sentimentos muito fortes pelo loiro que tem riscas estranhas em suas bochechas.

-Não se preocupe com isso Hinata! Eu jamais namoraria o Naruto, ele é apenas meu amigo. Nada mais que isso. – ri.

Suas bochechas ficaram carmim pelo pequeno mal entendido.

-Mas ele parece um bobo apaixonado quando se trata de você.

-Apenas parece. Todo garoto é assim comigo. O motivo eu não sei. Mas mudando de assunto, como você gosta daquele loiro escandaloso?

-Como eu não sei, mas eu sei que aconteceu naturalmente. Eu sou a primogênita da família Hyuuga, mas meu pai não quer que eu assuma as empresas da família por ser mulher. Por esse motivo, desde criança eu fazia de tudo para que ele me notasse, mas tudo em vão, já que a atenção do meu pai era toda para o meu primo, Neiji, por ser homem tem a obrigação de herdar as empresas. Quando eu completei doze anos e mudei de escola, conheci o Naruto e contei o motivo de sempre estar chorando pelos cantos da escola. Fiquei surpresa quando ele me deu o conselho de nunca desistir do que eu quero e daquele dia em diante comecei a observar Naruto de longe e sem que eu perceba na primavera seguinte estava apaixonada por Uzumaki Naruto. Mas eu sabia que não tinha chances já que ele nunca me olharia com outros olhos, apenas a amizade. – contou a ultima parte com o olhar triste e como eu não gosto de ver ninguém triste ou chorando abracei Hinata carinhosamente.

-Sofrer por um amor platônico que você nem sabe se ele gosta de você ou não é coverdia Hinata, desculpe, mas é a pura verdade.

-Mas Sakura-chan, eu já o vi ficar com garotas lindas. Eu não tenho chance. – argumentou chorosa.

-E daí? Você é cem vezes mais linda que essas garotas escrotas que ele já pegou. – acariciei as madeixas de Hinata. –Olha, se você não tentar, não vai saber o resultando. É tentando que novas portas vão se abrindo.

-Obrigada Sakura. Mas como você entende muito bem disso? Você já se apaixonou? – fitou-me com o olhar interrogativo.

-Eu nunca me apaixonei, acho que leio muito livro de romance. – falei risonha.

Eu não sabia direito, mas quando vi o desespero no olhar de Hinata pedindo para que não pegue o Naruto dela, eu entendi na hora que havia sentimentos envolvidos por parte dela, já dava para saber olhando nos olhos dela avisando que estava sofrendo. Mas nunca imaginei que seria por um amor.

*CONTINUA*