Depois daquela conversa muito estranha que tive com a Hinata as garotas voltaram, e o sinal já tinha batido então resolvemos voltar para a sala.

Mas infelizmente, a próxima aula era de biologia com Orochimaru-sensei, ou melhor, homem cobra.

‘’ Próxima aula com o homem cobra! Ninguém merece. ’’

Enviei essa mensagem para os três antes de entrar na sala.

‘’ Pense pelo lado bom, vocês vão se conhecer melhor. ‘’

‘’ Isso não tem graça Sasori! ‘’

Desliguei o meu celular um pouco irritada, eu não sei como, mas ele tem muito facilidade de me deixar irritada, nem que seja um pouco. Como minha mãe ou o pessoal do DEA diria ‘’ Isso que se chama amor.’’

Eca! Ficar com aquela coisa ruiva, só nos sonhos deles. Que nojo!

Mas logo me esqueci desse assunto, pois senti alguém me observando, e como qualquer curiosa me virei para trás e dou de cara com os olhos ônix de Sasuke olhando-me fixamente.

Com um sorriso forçado nos lábios acenei sem jeito para ele. As imagens dos nossos lábios se juntando debaixo d’água voltaram com força total em minha mente, minhas bochechas ficaram carmim.

-Vamos começar as aulas do período da tarde! Abram o livro de vocês na página 139. – a voz escrota de Orochimaru-sensei me tirou do transe, quebrei o contato visual e virei para frente para prestar atenção na matéria que por algum motivo é uma das minhas preferidas. A matéria é uma das minhas preferidas, mas o professor que leciona ela é a pessoa que nem na outra vida iriei simpatizar.

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-Tomem cuidado. – falei pelo comunicador.

Hoje depois que as aulas acabaram, o poderoso chefão me ligou, reclamando que a missão está andando devagar e resolveu nos apressar do jeito dele, curto e ameaçador.

E agora, as 20: 30 eu estou me matando para ver com clareza o que o homem cobra fica fazendo até tarda. E parece que alguém que eu não conheço faz companhia para ele.

Fixei meus olhos naqueles dois seres que conversavam algum assunto que parece muito interessante e olhava com muita frequência para um canto da sala. O desconhecido aproximou-se da janela que eu estava a centímetros e vi que ele usava óculos de fundo de garrafa, cabelos cinza e trajava uma roupa totalmente branca, dos pés a cabeça. A cor dos olhos eu não consegui vir. Mas provavelmente são escuros. 

-Orochimaru-sama eu tenho certeza que a experiência de hoje irá sair conforme os planos, pois planejei tudo, nos mínimos detalhes por isso demorou mais que devia.

-E o que será? – escutei a voz que eu não gosto ao fundo e abafada por causa da janela e a parede.

-Gorila.

-Perfeito! Estou colocando muita fé no experimento de hoje. Que provavelmente irá ser um sucesso, já que esse rapaz faz parte do clube de basquete.

Um arrepio passou pelo meu corpo quando percebi o que eles faziam toda semana naquela escola.

-Hora de acordar a cobaia.

Escutei barulhos e depois um grito quase sem força.

-Mas que porcaria! O corpo está rejeitando as células do gorila.

-E menos um aluno. É uma pena, pois eu adorava esse rapazinho.

Agora sim eu posso dizer que estou assustada. Aquela mudança desconhecida nas células do corpo dos cadáveres é na verdade uma junção de células humana com células de animais. Eles estão fazendo experimentos, usando alunos, principalmente aqueles que têm um físico nos padrões.

-Eu vou me livrar do cadáver, enquanto o senhor limpa a sujeira.

-Foi um ótimo trabalho Kabuto.

-Igualmente Orochimaru-sama. Até breve.

Apertei o STOP do gravador e guardei a fita na minha mochila preta e sai rapidamente da escola.

Quando finalmente entrei na sala do Sasori ofegante e suando, os três ficaram assustados. Olhei para o rosto de cada um e contei até dez mentalmente. Abri um sorriso vitorioso e falei:

-As nossas suspeitas foram confirmadas. Orochimaru é o responsável pelo desaparecimento e homicídio dos alunos da Hanasaki Koukou, com um cumplice, que se chama Kabuto. – sentei no chão com as costas encostadas na porta.

Observei que cada um adquiriu uma expressão facial diferente. Maya ficou pálida, Deidara arregalou os olhos e empalideceu. Já Sasori adquiriu uma expressão sombria.

-Tem alguma coisa que eu não sei? – perguntei confusa. Sasori olhou-me incrédulo.

-Yakushi Kabuto. Não te lembra de algo?

Yakushi Kabuto... Yakushi Kabuto... Kabuto...

-Lembrei! – meu rosto franziu. –Nosso suspeito está aliado com o Yakushi Kabuto o homem que tentou várias experiências em diferentes seres vivos. E uma até que deu certo. Para a cura do câncer, ele misturou células de cavalo marinho com célula humana. *

-Quase ganhou o Premio Nobel, e depois disso virou um maníaco por experimentos de vários tipos. – completou Maya.

-E como apresentava mal a sociedade foi trancando em um clinica psiquiátrica. – relembrei do histórico daquele obsessivo.

-Mas com o tempo ele foi voltando ao normal os psiquiatras de lá liberaram ele. O DEA participou na busca por esse infeliz. – falou Sasori com os olhos vidrados na tela de seu notebook.

-Gente, como é que eu fui me esquecer desse enorme detalhe? – desespero transbordava pelos meus poros.

-Lembrando que o homem cobra tem licença para fazer experimentos em animais pequenos, como roedores. - Sasori nos lembrou daquele fato enquanto mexia em seu notebook.

-Mas não em humanos. – falei o obvio. –No nosso banco de dados tem a ficha de Yakushi Kabuto?

 Sasori assentiu.

-Vou procurar.

Isso estava ficando cada vez mais complicado.

-Deidara. – chamei. O infeliz estava jogando algum jogo no celular. –Na minha mochila tem um gravador, onde está a prova principal do caso. Pegue e armazene em um CD. – respirei fundo. –Eu vou à sala do meu pai pegar meu notebook e quando voltar eu vou querer saber o que vocês descobriram sobre os outros professores. Começando por você Maya. – levantei do chão e abri a porta para logo em seguida sair andado em direção à sala do meu pai.

Eu ainda não tenho uma sala para mim, mas quando essa missão ser concluída com sucesso, vou ter meu próprio cantinho.

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-... Conclui que Kakashi-sensei não é suspeito. – Maya terminou de falar.

-Já escreveu seu relatório da missão de espionar Kakashi? – perguntei desanimada.

-O escrevi enquanto esperávamos você chegar.

-OK. Então troca de lugar com o Sasori.

~~~~10 minutos depois ~~~~

-O Gai-sensei não também não é suspeito, porque quando ele acaba seus afazeres na escola ele vai à academia e fica malhando por duas horas e depois volta para casa come uma coisa leve, toma banho, faz a higiene e vai dormir. – disse Deidara. –Só para você não perder tempo e perguntar, meu relatório ainda não está pronto. –falou com cara de sono.

-Tudo bem Dei-chan, pode ir fazer o seu relatório. – com os meus dedos indicadores fiz movimentos circulares nas laterais de minha testa. –Bom pelo menos esse caso está fácil, mas com nossos suspeitos são de rank-S, devemos tomar muito cuidado. Os outros três estão descartados. – espreguicei. –Devemos passar esse caso para a elite como diz o protocolo, mas como o pessoal está muito ocupado, vamos resolver por nós mesmo. – bocejei. –A partir de amanhã vamos ter que entrar em algum clube para vigiarmos o homem de cobra sem levantar suspeitas.

-Qualquer um?

Assenti com a cabeça respondendo a pergunta do Deidara.

-Eu vou entrar no clube de artes.

-Estou dentro.

-Eu vou para o clube de ginastica.

-Sendo assim eu vou entrar no clube de vôlei.

Olhei para o relógio no meu pulso. 19:50.

-Meu horário acaba em dez minutos. – comecei a recolher meus pertences. -Até amanhã galera!

-Espera Sakura-chan, eu vou com você. O meu horário também acaba em dez minutos. Vamos descer juntas. – com toda aquela pressa, Maya acabou tropeçando, e graças a Deidara ela não foi ao chão.

-Obrigada Dei-chan. – Maya agradeceu sem jeito. –Bom trabalho para vocês. Até amanhã!

E sem eu perceber ela já estava segurando o elevador para mim.

Dei uma ultima olhada para Deidara e sorri sapeca. Ele tacou um grampeador, mas como eu fechei a porta ele não me atingiu.

Arrumei direito a mochila em minha costas e fui caminhando em direção ao elevador que tinha uma Maya impaciente dentro dele.

-O que tá’ rolando entre você e o Deidara? – perguntei depois de um minuto em silencio. Perceberam que eu não gosto muito de silencio né. 

Vi Maya corar. E deduzi que tinha mais nó naquele novelo.

-Vai contando. – sorri sapeca.

Ela engoliu em seco.

-Eu gosto dele.

Uau! Ela falou na lata.

-E ele?

-Parece que gosta de mim também. Ele demostra isso. – disse sem jeito.

-Que fofos. E você já falou isso para ele? – perguntei com os olhos brilhando.

-Falei.

-E ai?

-Ele pediu para esperar por ele.

-E você vai?

-Vou, logico.

-Boa sorte Maya-chan. – mesmo com a pouca amizade que nos temos, apesar de nos conhecermos a muito tempo. Eu vejo a Maya como uma irmã. –Se ele fazer você chorar, pode apostar que eu acabo com a raça dele! – nós duas rimos.

O andar do térreo chegou. Saímos e cada uma foi para um lado. Ela vai embora com o pai dela enquanto eu vou andando.

Respirei fundo. Minha cabeça estava cheia com todas as descobertas de hoje. E a única coisa que eu queria neste momento era descansar. Ajeitei melhor a mochila nas costas e fui andando até a porta automática do DEA.

Olhei para o céu e vi que por causa das luzes ofuscantes de Konoha o brilho das estrelas mal aparecia. Mas consegui enxergar a lua minguante.

-Sakura?

Quando vi os olhos ônix me fitando confusos percebi que a minha noite seria longa.

*CONTINUA*