O sinal tocou avisando para todo mundo que as aulas daquele dia haviam acabado.

Juntei meus cadernos e livros. Sai da sala como um foguete indo em direção à saída. Hoje era o meu dia de folga, isso me animou.

Na hora do almoço conversamos bastaste, planejando como podemos prender aquele escroto do Orochimaru sem levantar muita suspeita, mas isso foi impossível, já que não chegávamos a um acordo. E o beijo que o Naruto estava devendo eu cancelei.

-Bom pelo menos hoje a gente pode descansar. – comemorou Maya. –Dei-chan hoje nós vamos a onde? – Maya abraçou o braço de Deidara.

-Podemos ir ao cinema. Hum! Vocês querem vir?

-Não, vou praticar minha mira e minha defesa.

-Obrigada, eu passo. Aproveitem o momento a dois. – sorri.

-O que foi Sakura-chan?

-Nada Maya. Por quê?

-Você está desanimada.

-É só impressão sua. Eu estou perfeitamente bem. – nesse mesmo momento tropecei no nada, cai como um saco de batata.

Os três começaram a rir descontroladamente. Bufei irritada. É incrível como as pessoas conseguem se divertir as custas dos outros. Balancei a cabeça desaprovando a ação desses três.

 Para falar a verdade, desde o momento em que decidi prender Orochimaru o mais rápido possível em minha mente passou muitas coisas, como por exemplo, o dia em que recebi a missão e comecei a trabalhar com Sasori, Deidara e Maya, o dia em que conheci Sasuke, o dia em que fui à casa do Neiji e conheci a galera mais engraçada e estranha, o dia em Sasuke e eu trocamos muitas palavras para pessoas que acabaram de se conhecer, a queda de braço com o Naruto e quando consolei a Hinata, resumindo, em minha cabeça passou todos os acontecimentos de três semanas pra cá. E depois que prender Orochimaru e sair da escola para voltar para a minha vida de antes, sei lá, só de pensar nisso o meu peito aperta e minha cabeça roda.

-Sakura levanta dai.

-O chão é tão confortável assim? Hum!

Maya estendeu a mão e eu prontamente aceito a ajuda.

-Obrigada Maya-chan! E obrigada vocês dois por terem me ajudado também.

Sasori e Deidara olharam para mim com cara de ofendidos.

-Vocês que começaram. – dei de ombros e comecei a andar.

Logo eles estavam me acompanhando.

-Hei Sakura! Nós ainda podemos entrar em algum clube? – perguntou Sasori.

-Lógico que podem. Isso é decisão de vocês.

-Beleza! Clube de artes Deidara está chegando! Hum! – levantou os braços em direção do céu e vibrou feito um jogador de futebol comemorando um gol.

-Só você não loira! Eu também vou entrar no clube de artes e mostrar a verdadeira arte de fazer marionetes.

-Aquelas Barbie que você faz em sua garagem é arte? A arte de verdade tem que ser um estouro! Hum!

-E lá vamos nós outra vez... – fala Maya desanimada.

Essa estória de arte é de muito tempo atrás, só para explicar. Eles ficam discutindo sobre o que é arte de verdade, as marionetes do Sasori ou as esculturas de argila e bomba do Deidara.

Maya me encarou e eu encarei de volta, suspiramos pesadamente e começamos a andar, deixando as vovós tricotarem até se tocarem que os deixamos para trás.

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Cheguei em casa! Depois de quase uma semana indo para a escola, trabalhando e ficar com dor de cabaça por causa de muitas coisas, finalmente eu posso tomar um relaxante banho, comer algo super gorduroso e cair no mundo dos sonhos.

Como dito, foi feito e logo eu me encontrava debaixo da coberta fina de microfibras brancas quase pegando no sono quando um ser que não tem amor a sua vida toca a campainha insistentemente. Sério, quem é a inteligência rara que fica apertando a campainha no começo da noite? Só um burro ao quadrado mesmo. Hoje é o meu dia de folga! Eu tenho pelo menos a direito de dormir até o outro dia.

Xingando Deus e mundo eu fui abrir a porta.

-Tá’ bom ser irritante! Já vai! – gritei do alto da escada. Sorte minha que tenho a estranha mania de dormir com uma camiseta de algodão que é dois números a mais que o meu, e um short de malha que vem até o meio da coxa.

Era a décima primeira vez que o infeliz toca a porcaria da campainha, era em uma hora dessas que o sistema de segurança aqui de casa poderia dar um sinal de tentativa de roubo que meus pais viriam como foguetes.

-Senhor impaciente, calma! – mais um aperto na droga da campainha. Tinha apenas uma pessoa que mesmo falando para ter calma insistia em bater na mesma tecla. –Olha aqui Sasori, eu não estou para brincadeira hoje, então diga o que você quer e me deixa em paz! – abri a porta com uma força e não foi um ruivo com um sorriso sarcástico que apareceu em minha frente e sim Uchiha Sasuke e seu sorriso sexymente sexy.

Meus olhos saltaram de minha face e corei dos pés até a cabeça.

-Desculpe, eu não queria gritar, mas...

Sasuke apenas assentiu com a cabeça.

-Desculpa mesmo. Entre Sasuke. – dei passagem para ele entrar, e logo se acomodou no sofá que tinha na sala de estar. –Então Sasuke-kun o que te traz aqui?

-Eu só vim entregar para você a sua lapiseira. Ela estava caída no chão da sala, e quando vi esse chaveiro com as iniciais H e S deduzi que era sua.

-Obrigada. Eu nem tinha percebido que ela havia caído. – sorri.

Um minuto de silencio.

-Por que você achou que quem estava tocando a campainha era o Sasori?

Encarei seus olhos e me surpreendi quando eu vi ciúmes escritos neles. Ou era apenas minha imaginação?

-Porque ele sempre faz isso quando vem me chamar sairmos.

-Então quer dizer que vocês são mesmos namorados.

Arregalei os olhos.

-Quem disse isso para você?

-A escola toda está dizendo isso. Porque você fica junto com aquele loiro EMO e aquela menina que parece uma Hinata dois, eles estão namorando. Então fica na cara que você e o Sasori também são um casal. – ele falava de um jeito incomodado.

Comecei a rir. Ele me olhou com uma cara interrogativa.

-Ele e eu não namoramos. Somos apenas amigos que seguram vela para os pombinhos. Todo mundo pensa isso, mas o Sasori é só um amigo. – falei séria. –Vou pegar algo para tomar, você quer?

-Um copo d’água. – disse sem emoção nenhuma em sua voz.

-Já volto.

Sai da cozinha soltando o ar que estava preso em meus pulmões lentamente. Só agora percebi que estava prendendo a respiração.

Peguei dois copos e retirei a jarra com água de dentro da geladeira, despejei-a nos copos e sai da cozinha com os copos em mãos.

-Aqui está. – coloquei os dois copos na mesa de centro da sala.

-Obrigado. – pegou o copo e bebeu um longo gole.

Depois desse ato do Sasuke um silêncio, confortável, mas ao mesmo desconfortável se instalou sobre nós.

Será mesmo que ele só veio entregar a minha lapiseira esquecida? Ou isso era uma desculpa para vir me ver? Inacreditável! Tratei de espantar esse pensamento, que, aliás, de onde eu tirei? Mas em algum lugar dentro do meu corpo uma chama se acendeu quando o simples pensamento de que ele queria-me ver passou pela minha cabeça.

Senti minhas bochechas esquentarem. Ótimo! Agora ele vai pensar que eu sou uma pervertida! Eu mereço!

-Era só isso. Vou indo, nos vemos amanhã na escola. – levantou-se e eu o acompanhei até a porta.

-Obrigada Sasuke-kun. – o sufixo KUN saiu de minha boca sem a minha permissão, e o vi arqueando a sobrancelha quando o pronunciei. Não vou nem dizer que corei porque vocês já sabem disso. –Até amanhã. – sorri sem jeito.

-Sakura.

-Oi?

Foi tudo rápido demais para os meus reflexos acompanharem, ou era o perfume suave que vinha do corpo do Sasuke que me impediam de desviar. Os seus lábios cobriram os meus.

Começou com um selinho, mas quando o senti mexer os lábios deles sobre os meus, percebi que ele queria mais do que um simples roçar. Automaticamente, sem protesto algum entreabri os lábios e sua língua escorregou para dentro de minha boca explorando cada canto demoradamente.

Meu corpo reagiu, o abracei pelo pescoço enquanto ele me puxava contra o seu corpo pela minha cintura e o acompanhei com os movimentos suaves de nossas bocas.

Um momento o ar faltou em nossos pulmões tivemos que nos separar, ele colou as nossas testas e sorriu de canto. Nossas respirações estavam descompassadas.

-Até mais. – beijou o canto da minha boca.

E saiu da minha casa com o sorriso de canto ainda nos lábios.

Ele me beijou.

Coloquei dois dedos sobre os meus lábios e arregalei os olhos, ele me beijou. Eu correspondi e gostei. Minhas bochechas esquentaram.

Fechei a porta atrás de mim. Minha cabeça estava apenas em certo moreno de olhos ônix e seus lábios macios. Deixei os copos na mesa de centro da sala e subi apressadamente para o quarto.

Joguei-me na cama e me encolhi até parecer uma bola. Estava na cara que entre Sasuke e eu estava ‘’pintando’’ um clima muito intenso. Coloquei mais uma vez dois dedos sobre os meus lábios e eu ainda conseguia sentir o gosto de menta dele.

Uchiha Sasuke, o garoto que trombei no meu primeiro dia de aula, que sinto uma aura calorosa vindo dele, o garoto que ‘’prometeu’’ desvendar todos os meus segredos, o garoto que consegue ver até a minha alma, o garoto que fica me observando discretamente, o garoto que sempre aparece em lugares inusitados e que me deixa sem jeito, em todos os sentidos da palavra. E a ultima coisa, eu me sinto protegida quando estou perto dele.

Arregalei os olhos. Eu não poderia estar sentindo algo por ele? Poderia? Com mais essa descoberta a minha cabeça está a mil maravilhas. É pra’ acabar com qualquer um.

Sem que eu perceba acabei pegando no sono e sonhei com os olhos ônix que me deixavam fascinadas.

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Acordei com o som do meu despertador. No andar de baixo estava tudo calmo. Sinal de que meus pais estavam em missão. Às vezes minha mãe participa de algumas.

Levantei com muita preguiça e logo estava debaixo do chuveiro. Escovei os dentes, coloquei o uniforme e peguei a mochila. Minha barriga protestou. Ontem eu só havia almoçado, então não era nada surpreendente.

Entrei na cozinha, e fui direto abrir o micro-ondas. Lá encontrei o meu café da manhã preferido, o café da manhã ao estilo oriental.

Como ainda eu tinha quarenta minutos resolvi comer calmamente para sentir o gosto delicioso do café da manhã. Depois de vinte minutos a louça suja estava na pia eu já tinha escovado os dentes mais uma vez. Coloquei um pouco de dinheiro na mochila, já que hoje eu não tinha o meu obentoo.

Tranquei a porta e fui andando até a calçada, mas estaquei quando olhei para o portão e o vi.

Ele estava como sempre lindo. Olhou-me de cima a baixo, analisando. E depois de um minuto cumprimentou-me com um aceno de cabeça.

-Bom dia Sasuke-kun. – sorri. O sufixo KUN sai da mina boca sem que eu perceba. –O que está fazendo aqui? Há essa hora?

-Vamos à escola.

-Mas eu sempre vou com Sasori, Deidara e Maya.

Ciúme passou pelos olhos deles. Ou seria impressão minha?

-Hoje não. Vamos. – pegou o meu pulso e começou a me puxar.

Eu poderia muito bem me soltar dele, mas como não queria ser questionada resolvi deixar ele me guiar até a escola.

O caminho até lá foi totalmente em silencio. Até tentei quebra-lo, mas toda vez que abria a boca para falar algo, travava e ficava admirando a lindeza de Sasuke Uchiha. Se bem que nenhum garoto me chamou a atenção até esse portador dos olhos ônix esbarrar em mim. Minhas bochechas esquentaram com esses pensamentos.

Em um estalo nós estávamos andando pelos corredores razoavelmente cheios. Por onde passávamos os alunos fuxiqueiros cochichavam, também não era de menos, quem não comentaria entre a rodinha de amigos sobre a perfeição em pessoa que era o Sasuke-kun? Eu soube a pouco tempo que ele era um dos garotos mais bonitos e cobiçados de Hanasaki Koukou. Mas ele não dava a mínima mesmo tendo um fã-clube e tudo mais. Diz ele que está esperando a pessoa certa. Então quem sou eu para falar algo?

Quando pensei nessas fã-girls que ele tem, não sei por que mais meu coração se apertou aqui no meu peito e senti uma raiva tão grande que era capaz de matar essas idiotas na força bruta. Isso mesmo, eu estava incomodada com a atenção feminina que ele tinha. Mas eu não deveria me sentir assim, certo? Pois eu não sou nada dele.

Suspirei pesadamente, desde o momento em que nossos olhos se encontraram pela primeira vez meu mundo de um jeito ou de outro ficou mais luminoso, sentia um frio desconhecido na barriga e corava quando estava perto dele.

Arregalei os olhos. Seria possível mesmo? Eu estaria nutrindo sentimentos mais intensos do que uma amizade pelo Sasuke-kun? Minha respiração descompassou.

Impossível! Eu não posso estar gostando dele! Nem morta!

-Sakura?

Seus olhos se encontraram com os meus e lá eu vi preocupação, mas mesmo assim ele ainda me encarava com muita intensidade.

-Vá à frente. Eu preciso ir ao banheiro. – falei com a voz trêmula.

Não esperei uma resposta da parte dele, sai com correndo para o banheiro, sentindo o olhar intenso de Sasuke em minhas costas.

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Suspirei de alivio, finalmente um descanso depois de aturar uma série de exercícios de várias matérias, parece que os professores daqui fazem isso de propósito.

Depois que eu voltei do banheiro no começo das aulas parece que o Sasuke não de me encarar como se eu fosse a coisa mais linda do mundo. Isso aconteceu o período da manhã inteiro. Sério, eu acho que ele tem alguma tara por cabelo rosa, porque eu não o vejo encarar nenhuma garota do jeito que ele me encara ou até mesmo me observa. 

 E tem mais um problema, eu vou ficar presa no DEA depois da escola pensando e repensado como vamos capturar Orochimaru e Kabuto. Isso é demais para a minha cabeça. Eu nunca pensei que vida de adolescente poderia ser tão agitada. Porque eu não me considero normal.

Sai da sala com o meu dinheiro para o meu almoço. Já que hoje eu não trouxe meu obentoo.

Quando passei pela porta da sala, eu não sei o motivo, mas o meu coração falhou uma batida.

-Sakura? – ouvi a voz de Hinata me chamar. –Tudo bem? – me lançou um olhar preocupado.

-Hinata... Estou ótima. Você quer vir comigo comprar o almoço?

-Pode ser.

-Cadê as meninas?

-Elas já foram para o pátio.

Assenti com a cabeça e começamos a andar.

Era impressão minha, ou minha mente estava dizendo para que eu não saísse da sala na hora do almoço?

-Fiquei sabendo que você veio com o Sasuke hoje. – comentou Hinata para quebrar o silencio.

-Todos estão comentando, né.

Hinata apenas assentiu.

Por onde passávamos os alunos olhavam para a gente com uma cara muito estranha.

-Hinata. Estou me sentindo incomodada com esses olhares. Por que eles estão olhando para gente? – perguntei discretamente.

-Eu não sei Sakura. Você fez alguma coisa?

-Eu não. E você?

-Também não.

-Então o que será?

-Deve ser apenas nossa impressão. – deu de ombros.

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Já com os nossos almoços comprados seguimos para o pátio. A minha mente martelava, dizendo para eu voltar para sala e ficar lá, os alunos nos encarando com cara estanha.

Suspirei pesadamente, esses olhares já viraram um inoportuno.

Olhei ao redor do pátio e vi que Sasori, Deidara e Maya não estavam em nossa árvore ainda, ou não vieram para a escola ou estão em outro lugar. Hoje de manhã até senti falta deles.

-Achei as meninas. Vamos Sakura. – Hinata deu o primeiro passo, mas estacou logo em seguida. Seu corpo estava parado e seus olhos olhavam um ponto fixo.

-O que houve Hinata? – perguntei e olhei para o ponto em que ela também encarava. E foi nesse momento que meu parou de bater por uma fração de segundos e minha respiração descompassou.

Sasuke estava beijando uma ruiva.

Meus olhos se encheram de lágrimas e minhas pernas estavam bambas. Então era isso que meu corpo previu. Agora estava tudo claro como água, o meu coração sentiu isso, minha mente pediu para ficar na sala, os olhares dos alunos sobre mim eram de pena.

Respirei fundo.

-Perdi a fome Hinata. – falei com uma voz trêmula.

Nem esperei a resposta. Comecei a andar de volta à minha sala, cada passo que dava o ritmo deles aumentavam. E logo estava correndo com as mãos tapando o rosto para impedir que todos vissem as lágrimas.

Você não gosta dele, e sim o ama.

Falou minha mente.

*CONTINUA*