Lucien percebeu um brilho estranho e multicolorido na biblioteca, que parecia vir de algum ponto atrás das estantes. Preocupado e curioso, seguiu nessa direção, até encontrar a fote de tal luminosidade.

Tratava-se de um livro, cuja capa peculiar era o símbolo de um dos Perpétuos (a mais jovem, neste caso, Delirium), irmãos de seu mestre, Sonho. Não era a primeira vez que um deles sonhava com algum livro, embora tais ocasiões fossem raras. Já ia chamar o Lorde Moldador, quando notou um pequeno bilhete, escrito em caligrafica infantil, fixado à capa e endereçado a ele.

"Lucien, bibliotecário-do-meu-irmão-Sonho,

PORFAVORNÃOMOSTREESSELIVROAELE!!!! Sonho não deve lê-lo!!! Até tirei os espaços entre as primeiras palavras, pra você ver como é importante! Esconda-o, traque a sete-oito-nove chaves! Mas, antes, leia.

Acho que você sabe, sim, mas se não souber acredite, porque é verdade, não sou mentirosa não (só aquela vez, e aquela outra, e mais aquela, mas foi só), não sou, e estou te dizendo tudo.Eu não fui sempre dessa forma, nem tinha o mesmo nome, não não. Agora eu sou Delirium, sim, e Delirium sou eu, mas um dia fui Deleite, e Deleite não sou mais.Então, Lucien-da-biblioteca-do-Sonho, essa é a história de como eu mudei, não inteira, não, não!, inteira dói muito, mais ainda do que agora, mas o bastante pra você entender, ou pelo menos um pouquinho...

Foi assim que eu passei de Deleite para Delirium..."

Percebendo a importância daquele momento, sentou-se, acomodou o livro em seus braços e, nãos em antes trancar a bilbioteca, pôs-se a ler.