Moiras escrita por AngelSPN


Capítulo 2
Capítulo 2




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20 de novembro de 2007.

                Sam continuava concentrado em sua leitura. Estava cansado. Com fome e medo. O medo o assaltava com mais freqüência. Havia feito de tudo para livrar o irmão do maldito pacto. E nada do que fizera até então resolvera alguma coisa, e os dias estavam correndo depressa demais. O moreno passou a mão pela cabeleira e olhou para o irmão que dormia profundamente.

                —Seu idiota inconseqüente! — o caçula queria esmurrar o mais velho. Sentia ódio, amor e solidão. Estava prestes a perder o que mais lhe era caro na vida. E isso certamente ele impediria de um jeito ou de outro, o maldito pacto seria quebrado. Mesmo que para isso seguisse por caminhos tortuosos, Dean seria salvo.

                Ouviu a chuva cair sob o telhado de zinco, o som era intenso. Era como se a qualquer instante aquela velha cabana fosse se desmanchar e desabar sobre suas cabeças. Não entendia como o irmão podia dormir tão tranquilamente.

                O que Sam não sabia era que o irmão estava acordado, sentia o mesmo temor do caçula. E não iria deixar transparecer sua agonia e muito menos fazer Sam sofrer ainda mais.  O som dos pingos da chuva lhe era acolhedor, deixando-o mais pensativo e relaxado. Estavam indo para Ohio, a cidade parecia dominada por demônios, Bobby lhes confirmou alguns sinais demoníacos. E Sam estava decidido a encontrar alguma pista de quem possuía o contrato do irmão. Não tinha como impedi-lo, ou Dean o seguia ou Sam iria por conta própria. Então, o loiro não tinha opção.

                Desde que Sam voltara do mundo dos mortos, ele estava diferente. Estava frio e calculista, longe daquele irmão que se preocupava com o corpo de quem estava sendo possuído. E isso as vezes preocupava o mais velho, lembrando das malditas palavras de seu pai. “... salve-o...ou terá que matá-lo...”

                Afinal o que Deus estava planejando para suas vidas? Porque tinham que se tornarem caçadores? Qual seria o verdadeiro motivo da tragédia ter se abatido sobre sua família Winchester? Ok, Dean tinha essas perguntas, só que sabia que existiam outros caçadores que passaram por coisas tão piores quanto eles, ao menos ele tinha seu irmão. E juntos eram a família um do outro, o elo forte e ao mesmo tempo fraco um do outro. Dean sentia-se culpado por ter que morrer e deixar Sam presenciar a fatídica data que se aproximava. Pensou várias vezes em sair, deixar o irmão. Fazê-lo sentir ódio do mais velho, assim, a partida seria menos dolorida. Mas estava tentando enganar a quem? Ele sabia que o caçula jamais o abandonaria, jamais!

                Dean Winchester sentiu o colchão afundar, seu irmão estava observando-o, sentiu o fino cobertor se aproximando de seus ombros. Controlou a própria emoção e a luz bruxuleante do lampião apagou-se, Sam estava indo dormir, finalmente.

***

                Casey servia o cliente a sua frente que a olhava com luxúria, ela sorriu-lhe. Estava habituada a receber cantadas e olhares devoradores. O corpo da jovem que possuíra a muitos anos, era de uma beleza rara. Cuidava dele com esmero, sentia prazer em chamar a atenção e ser cobiçada.  Ela inclinou-se sedutoramente limpando o balcão. Seus olhos da cor da noite cintilaram ao ver o homem de negro entrar pela porta. Seus olhares cúmplices se cruzaram, cenas de prazer preencheram a ambos o pensamento. A noite anterior havia sido memorável. Mas, na frente de todos os demais humanos, ele era apenas o bom padre Gil. E, ela... bom ela, era a pecadora que, se confessava freqüentemente. O homem que a observava durante quase toda a noite chegou perto convidando-a a juntar-se a ele na mesa, já que, só havia ele de cliente e, o padre que acabara de entrar para ser atendido, certamente não seria por ela. Casey  aceitou para a satisfação do homem com cheiro forte de vodka. A história poderia ter um final prazeroso para os dois, mas Casey não pôde reverter o ódio que sentia por caçadores, e, aquele homem era um deles. Ela sentia repugnância, sempre havia um deles os caçando. Mesmo que, se mantivesse limpa de mortes humanas. Essas moscas a procuravam julgando-a erroneamente, sem antes saberem que Casey era diferente dos demais de sua “raça”. Não sentia-se culpada em matar se a ameaçassem, pobre homem. Não sabia no que estava se metendo. Aos poucos ela viu o sorriso dele se esvaindo e sua mão lentamente procurando a arma que lhe daria forças necessárias para acabar com Casey. A moça se fez de ingênua, levantou-se e deu-lhe as costas. O homem então, em um gesto traiçoeiro lançaria o facão de ferro contra as costas da mulher. Casey sabia disso e, não fez absolutamente nada. Ao virar-se percebeu que o homem parado as suas costas estava em pé, com o facão em pleno ar, e, a cabeça do agressor caída ao chão. Não demorou muito para o corpo desabar e os espasmos dos movimentos aleatórios cessarem.

                — Esse sangue é como um néctar banhando minha espada. Querida, temos que sair desta cidade. Esse já é o terceiro, só este ano. — o padre limpava a lâmina fina e afiada.

                —Talvez tenha razão, no entanto...ela o segurou pelo colarinho e puxou-o de encontro aos seus volumosos seios que se espremiam na blusa azul celeste.

                — Casey...— ele advertiu-a sorrindo. Aparentava ser bem mais velho que a jovem. Ela então perdeu-se em seus braços. O bar fechava as portas e ambos se satisfaziam ali, ao redor do corpo caído do homem sem cabeça.

***

                A mulher de negro olhou a irmã de cara torta, acreditava que o fio a ser cortado seria da bela mulher demônio e ao invés disso, o rapaz é que caíra. A outra percebeu e sorriu-lhe:

                —Desculpem-me irmãs. Cortei a linha errada. — as gargalhadas das três ecoaram pelo mórbido lugar. Divertiam-se a sua maneira.

                —Você sabe o que vai acontecer? Está esperando apenas a hora certa. Mesmo que aqueles corpos já estejam mortos, você conseguirá achar a alma deles? — a mulher perguntava e ao mesmo tempo, estava medindo um fio.

                —É exatamente isso que levo irmã, apenas as almas. Sejam elas humanas ou não. Estás ficando cega? —a outra encarou-a ameaçadoramente.

                — Nunca precisei deles, Átropos. Sabes muito bem disso.

                —Sabemos, Láquesis. Por isso é você a sortear o que eles ganham em vida.

                O silencio novamente pairou sobre o lugar rodeado por rochas escuras e uma densa neblina que subia ao céu sem estrelas, rumo aos relâmpagos que formavam um círculo sobre suas cabeças, agora apenas o som dos movimentos das mãos das moiras podia ser percebido.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Adoraria!!!!