PDV NARRADOR

Elena não conseguiu prolongar muito seu sono depois daquela noite, começou seu dia ás sete horas da manhã indo dormir mais cedo, muito cansada, no mesmo dia. E o tempo foi passando assim na Mansão Salvatore. Elena estava ansiosa esperando o pedido de casamento de Damon que parecia nunca vir, ela já não falava com Jeremy desde aquele incidente no rio, o que fazia a cerca de um mês. E bem, Damon parecia tão impaciente quanto ela. Então porque não acabava logo com isso e pedia a mãe de Elena? Assim poderiam ficar juntos para sempre. 

Mas ele era Damon Salvatore, sua ansiedade não era resumida em compromisso, e sim diversão. Compromisso e diversão são duas palavras que não combinam, e se tivesse de escolher entre uma, seria diversão. Não queria se apegar a alguém, passar a vida com alguém, para depois essa pessoa o deixar, morrer, claro que não por escolha própria, mas aconteceria. E todos sabem disso. Ele odiava se apegar a alguém, apego significa decepção, e uma vida longa plena e sozinha parecia a melhor opção. Elena seria apenas mais uma das suas garotas, quem sabe um dia desistisse e acabasse com outro cara. Mas ela estava apaixonada por ele. Droga! Quem mandou ser tão irresistível? 

E Stefan Salvatore, o mais novo dos irmãos. Magoado como nunca, como se o coração tivesse quebrado em mil cacos e alguns cacos tivessem se perdido, nunca os acharia. Elena não podia ficar com o irmão, por mais que ele tivesse afeto pelo irmão, ele sabia o quão cruel e frio podia ser, talvez ainda não o tivesse feito, mas logo magoaria Elena, e por mais que Elena viesse a magoar o próprio Stefan, vê-la magoada doeria muito mais, vê-la chorando seria como chorar por uma enorme perda. E ele não conseguia mais negar o sentimento, mas também não o admitiria.

Elena estava saindo do seu aposento quando bate em Stefan, estava pronta para se desculpar quando viu quem era.

-Ah, é você - Disse desanimada.

-Desculpe não superar suas expectativas.

Elena bufou.

-Eu ia me desculpar, mas não mereces.

-Eu não ia me desculpar de qualquer maneira.

-Mal educado.

-Grossa.

Elena bufou novamente.

-Eu tenho mais o que fazer além de ficar tendo discussões infantis com o senhor, Mr. Stefan.

Elena ia indo a frente quando Stefan soltou um riso curto e disse:

-Ah, e suponho que seja ficar aos beijos atrás de uma árvore com meu irmão... Ou já passou disso? Quem sabe irmão para o estábulo ou para um lugar reservado para terem intimidades. - Ele amava provocá-la mesmo sendo rude.

Elena se virou com uma sobrancelha arqueada.

-Como?  O senhor não sabe o que fala. E em primeiro lugar seu irmão não está em casa, Mr. Stefan, se não lembras, ou se não sabes, seu irmão está ajudando seu pai no banco de Mystic Falls, e em segundo lugar estou de saída.

Espera, ela não negou as intimidades com Damon... Será que eles... Stefan balançou a cabeça afastando o pensamento.

-Já vai atrás dele? Damon gosta de mulheres difíceis...

-E com atitude.

-Sinto muito que ele não goste de você - Stefan deu um sorriso torto.

-Ele gosta, acredite eu sei muito bem disso. - Elena sorriu vitoriosa.

-Exibida.

-Atrevido.

Eles deram um passo para frente.

-Metida.

-Olha quem fala! - Elena se aproximou mais ainda -Metido.

-Encrenqueira. 

-Fuxiqueiro.

Stefan se aproximou mais um passo.

-Mal educada.

-Grosso.

-Está sem argumentos -Ele disse se aproximando dela e ficando a apenas um passo de distância, o passo que Elena deu.

-Você está ficando sem argumentos.

-Teimosa.

-Birrento.

-Perfeita.

-Estú... O quê?

Stefan não aguento a pequena distância entre os dois, puxou a cintura de Elena para colar ao seu corpo, Elena escancarou a boca surpresa, e a boca foi tapada pelos lábios carnudos e carinhosos de Stefan Salvatore, Elena manteve os olhos abertos e as mãos levantadas até perceber o quão bom era o beijo e o quão bom foi finalmente provar aqueles lábios com gosto de hortelã, diferente dos de Damon com gosto de wiski, As mãos de Elena pousaram na nuca de Stefan e os dedos se enroscaram aos cabelos bronze de Stefan, o beijo não era descompassado como de Damon, tinha o ritmo perfeito, como se ambas as línguas nascessem para dançarem juntas, Elena cambaleou para trás e acabou prensada a parede as mãos de Stefan se juntaram as dela a cima de sua cabeça sem interromper o beijo. Quando ambos pararam em busca de oxigênio Elena abriu os olhos deparando-se com os olhos verdes de Stefan, a boca dele a centímetros da sua, ela ficou sem reação, ela queria mais, aquele beijo fazia seus lábios formigarem... 

Elena o empurrou para longe.

-O que foi isso?! - Ela falou com a voz controlada, mas um oitavo acima.

-Só acho que foi um beijo, Miss Elena. E acho que a Miss Elena gostou.

-Eu... Eu não... Eu... Eu serei noiva do seu irmão! Como pode!

-Você também participou Elena, não finja que não e não finja que não queria.

-Eu... Olha, eu... Eu... Isso não muda nada entre nós, Mr. Stefan, estou de saída. 

Elena não esperou Stefan responder o deixou lá sorrindo abobado com um dedo no lábio que formigava como os de Elena, não podia negar que aquilo foi a melhor sensação do mundo, ele sentiu como se ela... Como se ela fosse sua. E ele queria sentir isso para sempre, voltar o tempo e pausar no momento em que os lábios se tocaram.

Elena estava estupefata com o próprio comportamento. E surpresa com o desejo de querer mais daqueles lábios, quase tanto quanto queria os de Damon... Ou mais... Não, quase tanto, não... Ela não queria, não podia querer. Não aquele grosso, hipócrita, teimoso, falso, mal educado, lindo, birrento... Ela pensou lindo? Ah, onde será que a cabeça de Elena estava?

Ela parou com o cavalo a frente da casa de Bonnie, sua melhor amiga, e desceu, deixando o mordomo cuidar do cavalo para ela. 

Quando adentrou a casa de Bonnie a amiga já tinha os braços jogados ao seu redor.

-Elena! Que saudade imensa sua minha amiga!

-Ah, Bonnie, também senti em imenso tua falta! - Disse retribuindo o abraço.

Bonnie a apertou fortemente, mas seus braços eram frágeis, nunca seriam tão fortes quanto o aperto de Stefan.

-Vamos, acabaram de servir o chá, venha tomar comigo nos fundos.

-Claro.

Elena deixou-se ser arrastada por Bonnie até os fundos da casa onde o chá estava servido para ambas as duas senhoritas. Elas sentaram uma ao lado da outra e bebericaram o chá, depois o puseram na mesa e esqueceram que ele estava cá.

-Então, Bonnie, conte-me tudo.

-Ah, tudo o quê?

-O que tem feito? Estou tão alheia a tua vida.

-Eu também estou alheia a tua - Acusou Bonnie.

-Então vamos ficar a par, conte-me!

-Ah, eu... Eu não tenho feito muita coisa, fui a alguns bailes com meu pai, para ele não ir desacompanhado. Viajei com ele para a capital, e... E Elena... Eu não sei como lhe contar isso... Er... Eu... Digo, seu...

-Meu o quê? - Elena não estava certo se ficava desconfiada ou sorria entusiasmada. -  Fale Bonnie Bennet!

-Ah, tá bom. Seu irmão está a me cortejar. -Bonnie soltou rapidamente.

Uma onda de felicidade inundou Elena, seu irmão e sua melhor amiga juntos, seria um sonho se os dois se casassem, seria um sonho ser a madrinha do filho deles e... Ah, seu irmão. O quão estava zangado com ela? Será que um dia a perdoaria? O quê havia se passado na mente dele e o que se passava agora? Ela queria falar com ele, mas receava tanto que sua reação fosse a pior, decidiu esperar para que ele a procura-se, se é que um dia ia querer voltar a vê-la.

-Ah, meu irmão... - Disse Elena em uma frase clara que toda sua felicidade se dissipava.

-Ah, Elena, desculpa, se quiser eu não terei mais contato com ele. Sei que é seu irmão... Não deve ser fácil e eu nunca planejaria magoá-lo ou qualquer coisa do gênero.

-Bonnie, calma, por favor. Eu adoraria ver-te casar com meu irmão, adoraria ser a madrinha de teus filhos e do casamento, seria um sonho. E eu sei que não magoaria Jeremy, e se magoasse seria hipócrita de minha parte acusar-te ou ofender-te.

Bonnie olhou confusa para a amiga que estava tão desanimada, ela pousou uma mão no ombro da amiga.

-Elena, o que há? Sabe que pode falar comigo.

Elena olhou para a amiga que estava sendo tão solidária com ela, como sempre. Ela precisava de alguém para conversar, ela iria explodir se não falasse desse sentimento.

-Ah, Bonnie - Suspirou - Eu magoei Jeremy, e nem sei se um dia me perdoarei.

-Conte-me o quê aconteceu Elena - Pediu Bonnie se endireitando na cadeira.

Elena se endireitou também, botou o cabelo para o lado e suspirou.

-Eu fui para a casa dos Salvatore com o intuito de ser a noiva de Damon Salvatore, estou lá há quase um ano e nada de ele pedir minha mão, mas nós temos contato... Físico - Bonnie arregalou os olhos - Eu sou virgem, Bonnie, fique calma - Bonnie relaxou - Nós nos beijamos, incontáveis vezes... E há pouco tempo, no meio da noite, ele me levou para o rio onde eu e Jeremy nadávamos, recorda-se não? - Bonnie assentiu - E ele me jogou na água e pulou logo atrás, ele tirou minha camisola e sua camiseta e nós começamos a nos beijar... Mas um galope nos interrompeu, nos vestimos e saímos da água e então Jeremy apareceu... Bonnie ele ficou tão magoado. Disse coisas horríveis, não me deixou explicar a situação e foi rude, ele disse que nunca falaria para ninguém o que vira para não envergonhar a família. Ele me chamou de vergonha, Bonnie. E as palavras dele foram como mil flechas em meu peito. Doeu tanto. Eu estou magoada, mas por magoar ele. E isso que tenho com Damon, eu não me importo com o que ninguém acha Bonnie, eu estou apaixonada por ele... Mas, mas há Stefan. Ele é rude, é grosso, lindo, mal educado, teimoso, lindo, orgulhoso, hipócrita e... - Bonnie tinha uma sobrancelha arqueada - Eu disse lindo, não disse?

-Duas vezes.

-Ah, esqueça o lindo. Ele é tudo isso, e eu não o suporto. É uma zona de guerra entre nós dois, é um clima tão tenso entre ambos... E... Ah, e ele me beijou! Hoje. E o pior, Bonnie, eu gostei. E meus lábios estão formigando.  - Elena suspirou após terminar tudo e relaxou na cadeira.

-Nossa! - Disse Bonnie - Eu... Eu não sei o que dizer.

-Eu já disse o quê precisava.

-Ah, amiga, Jeremy vai lhe perdoar, sabemos o quanto ele é impulsivo, a raiva tomou conta dele.

-Sabemos o quanto ele é orgulhoso.

-Ele não viveria sem você.

-E  eu não viveria sem ele.

-Por que não vai atrás dele?

-Tenho receio de sua reação... Acho melhor que o próprio me procure quando sentir-se confortável para isso,

-Tudo bem, dê esse espaço a ele. Mas, e Stefan, você o ama?

-Eu o odeio! E estou apaixonada por Damon.

-Paixão e amor são diferentes, Elena.

-E se eu amar Damon?

Bonnie fez uma careta.

-O quê foi Bonnie?

-Olha, Elena,não acho que...

-Ah, você também... -Começou a se levantar.

-Nem sabe o que eu vou dizer.

-Tudo bem, fale, estou a ouvidos.

-Não adianta estar a ouvidos, Elena, mas não escutar.

-Bonnie, deixe a filosofia para depois, fale o quê tem para falar. 

Bonnie soltou um suspiro frustrado.

-Elena, Damon não é um bom marido. Você não sabe? Ele não quer compromisso com mulheres, ele quer apenas as mulheres, sem o compromisso, de preferência as que satisfazem ele e depois deixam sua cama. Ele não quer dividir a cama com a mesma mulher todas as noites. Ele quer dividi-lá com várias mulheres. Uma por cada noite. Ou quem sabe mais do que  uma em uma noite. E você diz que está apaixonada por Damon, Elena, mas é claro que ama Stefan!

Elena levantou-se frustrada.

-O quê? Não! Eu não acredito nessas barbaridades que me diz de Damon, eu não acredito no que ninguém diz dele, eu o conheço! Ele não é assim... E eu não amo Stefan. E nunca vou amar. Não podem aceitar isso?! - Sua voz subiu uma oitava, ela se direcionou para a porta de saída.

-Elena, espera...

-Desculpa, Bonnie, mas tenho que ir.

Ela deixou a casa de Bonnie e montou de volta em seu cavalo, e por mais que quisesse galopar até a mansão Salvatore teve que manter um ritmo calmo como toda a dama devia.

Sua cabeça estava mais confusa do que o normal, seus olhos estavam estreitos olhando para frente, com raiva, muita raiva. Ela mordia o lábio inferior com força. Seus mãos estavam suadas segurando no cavalo, ela não estava prestando atenção em nada e teve que se inclinar com força para trás quando quase foi atropelada por uma carruagem, e então foi como acordar. O cavalo pousou de novo no chão e mesmo que o dono da carruagem não pudesse ouvir ela sussurrou 'desculpa' apenas por hábito. Ela esperou a carruagem passar, seu olhar correu para o lugar e ela viu Damon e sorriu... Mas ele estava acompanhado. Era uma garota. Uma garota loira. Quem era ela? Nunca havia visto-a. Damon esticou uma flor para ela e ela riu, ele beijou sua mão e ela ruborizou. 

Ele estava a cortejá-la.