PDV NARRADOR

Após o jantar com a família Salvatore, Elena decidiu ir até a biblioteca da mansão. Um salão majestoso com várias prateleiras recheadas de livros de todos os tipos, de suspense e romance a biografias... Ela podia se perder lá, era quase tão grande quando a biblioteca da cidade de Mystic Falls, as unhas de Elena raspavam nas capas dos livros enquanto ela passava de prateleira em prateleira para escolher algum. Como sempre Elena acabou no final da biblioteca, nos fundos, onde os livros eram esquecidos e empoeirados e as luzes eram falhas. Ela subiu na escada que havia arrastado até lá e então subiu para observar a última prateleira, nenhum livro chamou sua  atenção, exceto, claro, o mais empoeirado de todos, onde a única letra visível era um K em uma letra cursiva extremamente legível, quando seus dedos correram a capa para afastar a poeira, algo, alguém a distraiu.

-Miss Elena, você por aqui – Stefan Salvatore estava parado atrás dela, um livro sobre estudos medicinais em sua mão, e na outra um copo de vinho ainda em sua metade.

Elena se sobressaltou e se segurou a escada para não cair, guardou o livro e desceu a escada lentamente até parar a frente de Stefan Salvatore e, mesmo sendo mais baixa, encarando-o a altura.

-O que quer aqui Mr. Stefan?

-Ah? É a biblioteca da minha família e eu vim para cá estudar.

Droga, ele tinha um ponto.

-E precisa me assustar desse jeito?

-Está com a consciência pesada, Miss Elena?

-Não, mas se estivesse não seria de seu interesse.

-Tem que renovar seus ataques, Miss Elena, essa resposta eu já conheço.

-Talvez possa me emprestar seu manual de má educação.

-Essa é nova, gostei – Falou assentindo e erguendo o vinho, bebendo-o em seguida, como em brinde.

-Ah, obrigada, esforço-me.

-É eu percebo. Esforça-se para ser irritante também?

-Não, mas para te irritar, sim.

-Parabéns pelo esforço.

-Segundo parabéns, vindo de você na mesma noite, acho que estou sendo reconhecida.

-Ah, claro. Já não bastou um irmão Salvatore te  reconhecer, tem de ter o outro?

-Eu amo reconhecimento.

-E atenção.

-É claro.

-Então meu irmão é bom? – Perguntou tomando mais um gole de vinho.

-Desculpa, não entendi o sentido desta frase.

-Ah, sabe, na cama, ou melhor, na grama. -Ele deu um sorriso malicioso.

-Ah! Isso é rude, Mr. Stefan, muito rude. Acho que o senhor foi muito bem educado para agir assim! – Falou Elena ficando vermelha, de vergonha e de raiva.

-Desculpa, é a curiosidade. Acho que eu merecia isso depois de ter salvo vocês dessa vergonha.

-Em primeiro lugar, isso não lhe diz respeito. Mas já que está tão interessado, Mr. Stefan, seu irmão beija muitíssimo bem.

- Damon já te tem na palma da mão. Você é mais uma das cachorrinhas dele e quando acabar magoada e com o coração completamente quebrado, lembre-se que não sou vassoura para varrer os cacos.

-Ah, você é a última pessoa a qual eu pediria ajuda, a última pessoa com quem eu falaria sobre minha vida pessoal. E se não fosse irmão do cara ao qual estou apaixonada, não lhe dirigiria a palavra- Disse bufando, com fumaça quase saindo pelas orelhas.

Stefan possuía uma expressão presunçosa que se desfez ao ouvir as palavras de Elena, estava chocado, a boca aberta procurando palavras, e tentando entender que sentimento as palavras dela provocaram nele. Ele estava magoado.

 -Você está apaixonada por ele? – Perguntou lentamente, forçando a voz e a expressão para ela não o entregar.

-Eu... Eu... Sim, estou. Não pode ser novidade, não sou a cachorrinha dele? Devia conhecer seu irmão melhor. Ao contrário de você, ele é carinhoso, divertido, amável e extremamente apaixonante – Elena prolongou a ultima palavra, e mesmo não querendo, sorriu. Nenhuma das palavras fazia sentido, mas ela queria que fizessem.

Stefan forçou uma risada.

-Você o conhece há um mês, eu o conheço a vinte, longos, anos. Você devia conhecê-lo melhor antes de descrever palavras que não são nem a sombra dele.

-Falsidade, isso se ver por aqui. – Falou Elena, quase cantarolando. – Você não me conhece Stefan.

-Ah, não é?

-É.

-Então já que eu não te conheço, eu não sei que na maioria das vezes que você sorri não é por estar feliz, mas por hábito, não sei que você sente falta de casa, especialmente do seu irmão, também não sei que você chora muitas noites por saudade dele e imagina que poderia estar cavalgando com ele, e você também deita na mesma posição que ele sempre deita, também não sei que seu prato favorito é salada de alface, também não sei que sua fruta favorita é framboesa e sua torta favorita é chocolate com cobertura de framboesa, também não sei que você só bebe champagne em época festiva, porque preferes vinho, de preferência os mais velhos que pode se encontrar, como esse, -Ele balançou o copo- também não sei que você se apega fácil as coisas, mas não demonstra, como não sei que se importa com a opinião dos outros por causa da sua mãe, e que ela é sua heroína, também não sei que você odeia seu cabelo totalmente preso, e não sei que sua cor favorita é verde, e seu vestido favorito é um verde antigo que você não sabe descrever, mas ama usá-lo, pois não precisa do corpete, porque o odeia. Não sei que quando você está com insônia senta na janela e encara a lua enquanto escova o cabelo.

Elena estava de boca aberta e Stefan estava ofegante, sem saber se arrependia-se de tudo o que havia falado ou se orgulhava-se, no momento estava indiferente, ele passou a mão no cabelo para ele se ajeitar e desviou o olhar para o vinho, bebendo-o novamente o terminando e botando-o na estante mais próxima.

-Como... Como você sabe... Como sabe de tudo isso? Anda me espionando Mr. Stefan? Posso processar por isto! –Disse Elena recuperando a compostura.

-Acalme-se Miss Elena, como você mesma diz, em um mês dá pra se conhecer muito de uma pessoa. – Era mentira, Stefan a observou a vida toda, mesmo sem ela saber que ele existia, mesmo sem saber que ele conversava com Jeremy ás vezes apenas para saber sobre Elena.

-Ah, tá... – Ela perdeu as palavras novamente.

Stefan  sorriu torto, como Damon, mas Elena sentiu uma estranha atração pelo sorriso dele, maior do que a atração que sentia por Damon, e teve de se lembrar o quanto odiava Stefan, antes que os hormônios falassem por ela. Stefan se aproximou dela e ela andou para trás até bater nas estantes de livros, fazendo-a tremer, ela olhou para cima, para assegurar-se de que nenhum livro havia caído ou cairia, quando voltou a olhar para Stefan ele estava tão perto que suas testas se encostavam e suas respirações se misturavam, o hálito de Stefan, com um cheiro estupidamente bom de vinha, batia contra Elena, e a fazia querer suspirar, ele fechou os olhos e aproximou os lábios da orelha de Elena, ela se surpreendeu ao perceber que estava contendo um gemido.

-Acho Miss Elena – A voz soou rouca – Que está na hora... De ambos irmos para cama – E se afastou sorrindo vitorioso com o efeito que causava em Elena.

Depois de um tempo para recuperar os sentidos Elena se descobriu irritada.

-Eu estava indo deitar-me mesmo, melhor do que ficar com o Mr. Stefan, arrogante e hipócrita. Boa noite. –Falou e saiu batendo com o sapato no chão o vestido sendo segurado com força, o lábio inferior sendo mordido e o cenho franzido, o cérebro confuso perdido em pensamentos.

Elena entrou no quarto e se livrou das vestimentas, vestindo a camisola, ela se jogou na cama e deitou com a cara enterrada no travesseiro, gritando frustrada.