PDV NARRADOR

–Miss Elena... a senhorita está grávida.

As palavras do médico atingiram Elena como um soco no estômago, e nos primeiros segundos Elena nem conseguiu piscar nos outros ela se inclinava sobre a bacia, agora quase sem água alguma, para recogitar seu café da manhã.

Elena voltou a se endireitar limpando o canto da boca envergonhada, ela não olhou para o doutor.

–Por favor... - Começou ela a sussurrar quando sentia as lágrimas vindo - Por favor... Não conte a ninguém. Não conte.

–É claro que não, Miss Elena. Acalme-se menina, tudo vai ficar bom. Não está feliz? - Ele perguntou erguendo o queixo dela para poder ver seu rosto, ás lágrimas escorreram dos olhos e pingaram nos dedos do Dr.Dare.

–Nã-não sou casada.

–Eu sei querida. Mas vai ser. Tem tempo. Veja, é muito recente.

Elena lhe encarou com um olhar inquisitivo.

–Quase um mês querida, menos. - Ele sorriu.

Ela queria sorrir para aquele sorriso bondoso, mas mais lágrimas lhe lavaram a face.

–Quer que eu chame alguém? Precisa falar com alguém?

Ela negou com a cabeça e murmurou.

–Só preciso de minha mãe. Fico grata por tê-la chamado.

–Logo ela virá. Quer mais alguma coisa? - O médico levou a bacia de Elena até o banheiro e botou todo o conteúdo dela fora - Mandaram fazer um chá para você.

–Não me sinto bem para isso.

–Tudo bem querida, qualquer coisa mande me chamar novamente se sentir enjoos fique no quarto. Tome bastante líquido, nada alcoólico. Boa sorte - Ele a olhou com um olhar solidário.

Ela assentiu.

–O-obrigada.

O Doutor se encaminhou para porta, mas quando ia abri-lá Stefan Salvatore a abriu, o Doutor arqueou uma sobrancelha e acenou para ele.

–Obrigado... - Ele olhou para Elena e apressou sua fala - Por seus serviços doutor. Quanto lhe devemos?

–Deixemos essa passar.

Ele se retirou do quarto e Stefan fechou a porta e correu para uma Elena cabisbaixa que se engasgava em soluços. Elena o abraçou com toda a sua força, ele lhe afagou as costas e enroscou seus dedos no cabelo de Elena enquanto as lágrimas dela caiam sobre o ombro dele.

–Elena... - A voz rouca dele soou nos ouvidos dela. - O que ele lhe falou? Está doente, meu amor?

Elena negou com a cabeça.

–Mi-minha mãe está a caminha? - Ela respondeu com outra pergunta.

–Está sim, mandamos buscá-la. Agora, Elena - Ele a afastou de seu corpo para olhar para ela, a imagem de uma garota em um estado deplorável com os olhos castanhos sem brilho algum - Qual é o problema com você, Elena? Está doente? O que Dr.Dare disseste para você?

–Ah, Stefan... Ele disse... - Elena engasgou com o choro - Ele... Disse que estou grávida. Stefan... Eu não sou casada. Eu tenho dezenove anos...

Stefan entrou em um tipo de choque momentâneo, os olhos se perderam em algum espaço-tempo. A cabeça com um milhão de pensamentos.

–Elena você... - Stefan estava lutando com as palavras sem saber como fazerem elas soarem delicadas - Você e Damon...

–Stefan! O único homem com o qual deitei foste tu... Eu... Ah, meu Deus! - Quando Elena se deu conta de que estava grávida do seu futuro cunhado mais soluços lhe rasgaram a traqueia.

–Elena? - Stefan chamou olhando para os olhos de Elena, afastando um cabelo de seu rosto - Damon já te propôs?

–Nã-não.

–Elena? - Ele se levantou e se ajoelhou a frente de Elena - Case comigo.

Elena o abraçou de novo e beijou diversas vezes seus lábios misturando o gosto de beijo com gosto de lágrimas.

–Ah, Stefan... Eu... Eu te amo, tanto. - Disse Elena para os lábios de Stefan. Os olhos fechados por onde as lágrimas escorriam, a testa de ambos encostada.

–Eu também a amo, Elena. Eu sempre amei - Confessou ele com a esperança de ouvir um sim. Stefan buscou os lábios dela mais uma vez.

–Stefan... Eu... Eu não posso - Disse Elena se afastando causando uma grande dor em seu peito - Eu sinto muito. Mas todos sabem que eu vou noivar com Damon e se eu aparecesse casada com o irmão dele e ainda por cima grávida? Eu traria desonra a sua família e a minha... Eu não posso suportar isso.

–Elena... Eu amo demais você e esse é meu filho também. Não vou suportar ver você beijando meu irmão, entregando-se a ele, e não vou suportar ver esta criança nos braços dele.

–Eu sinto muito Stefan. Terá de ser assim. - Elena buscou a face dele, mas ele se esquivou, magoado. E a magoou também. Ela olhou para as próprias mãos - Desculpe por tudo. Todas as mágoas que te causei.

–Elena...

–Elena! - A porta do quarto de Elena ricochetou na parede, a Senhora Gilbert estava ali. Com os olhos saltados. Alarmada e preocupada com Elena. - Oh, minha doce criança, conte para sua mãe o que aconteceu com você?

Stefan se levantou se aproximou da porta.

–Vou deixar vocês sozinhas... - Senhora Gilbert não percebeu Stefan ali. Os olhos de Elena acompanharam os dele, cheio de remorso. E com um pedido de desculpa escrito neles.

Sra. Gilbert se jogou por cima da filha a abraçando.

–O que foi pequena?

–Ah, mãe, ah mamãe - Elena soluçou envolvendo a cintura da mãe - Como fui imprudente. Por que comigo mãe?

A mãe levantou o rosto de Elena e secou algumas de suas lágrimas, apenas para dar lugar a outras.

–Shh, olhe pra mim. Conte o que foi.

–Mã-Mãe eu... eu... Ah! Eu não posso casar com Damon mamãe.

–Minha filha todos sabem que você será em breve a noiva dele. Por quê isso agora, garota? Isso não tem nada a ver com seu desmaio.

–Tem, mãe.

–O que filha?

–Mãe, eu... Eu to grávida.

A mãe de Elena se sobressaltou, mas não largou do abraço da filha, os olhos se esbugalharam.

–Elena! Você e Damon ainda não são casados como pode ir para cama com ele? E porque não pode se casar com ele? Agora que você tem que se casar.

–Mãe, o filho não é de Damon. - Confessou, mais uma vez, Elena para os lençóis.

–De quem é esse filho, Elena?

–Mamãe eu não amo o Damon.

–De quem é esse filho, Elena? - Ela repetiu seus olhos começaram a arderem em brasa.

–Mamãe eu amo Stefan.

–Elena seu filho é filho de Stefan Salvatore? Me conte a verdade.

–É, mã-mãe. Por favor... Por favor não me odeie. Preciso da senhora.

Mrs. Gilbert suspirou.

–Você precisa saber de algo, Elena.

Elena se afastou da mãe e a olhou intrigada enquanto limpava algumas lágrimas e fungava.

–O que mãe?

–Eu guardo esse segredo há dezenove anos Elena, não podes contar a ninguém, juras isso para mim.

–Mãe estás me deixando ansiosa. O que foi?

–Eu lhe disse que não era apaixonada pelo seu pai... Que eu amava outro homem, mas não pude ter nada com ele, não disse?

–Disse mãe, mas é passado não é? Você ama o papai agora. Como isso poderia interferir?

–Eu tenho um carinho e respeito grandes por seu pai, ele é muito importante na minha vida. Mas filha... Eu amava John Gilbert.

Elena ficou estupefata. Levou a mão no peito como se tivesse se sentido traída. Ela não imaginava o que estava por vir.

–Mamãe...

–Eu não terminei minha filha. Tenho que terminar agora que achei coragem para contar-te toda a verdade. - Miranda Gilbert respirou fundo - Eu já estava noiva de seu pai... -Ela torceu o nariz - Quando fiquei grávida de John. Eu estava na mesma situação que você Elena. Mas John não desconfia, nem seu pai nem ninguém. Eu casei com Grayson, e agora estamos todos bem.

–Mãe... - Um bolo se formou na garganta de Elena e ela engoliu em seco - O que aconteceu com o bebê?

–Elena... - Os olhos da Senhora Gilbert se encheram de lágrimas. É claro que esse momento seria difícil. Ela desejava que não acontecesse.

–O que aconteceu mãe? - A boca de Elena tremeu de raiva.

–Desculpe-me, minha filha.

–Eu sou o bebê, não sou?

Miranda assentiu, ela fazia das lágrimas de Elena suas.

–Eu sinto muito.

–Você mentiu minha vida toda para mim! Para meu pai! Para meu tio! Para todo mundo! - Elena disse exaltada, levantando-se da cama, ficando longe de sua mãe, alguém que um dia foi seu exemplo. - Como pode? Como pode?!

–Elena acalme-se.

–Saia!

–Elena...

–SAIA!

Miranda Gilbert limpou as lágrimas e se endireitou.

–Elena, você pode me julgar, mas está prestes a fazer o mesmo. Eu fiz isso para salvar minha honra e a de nossas famílias. E você fará o mesmo.

Miranda se encaminhou para porta e Elena desabou para o chão, as mãos nos cabelos, as lágrimas de volta em seu rosto, a dor em seu peito. Como mil facadas.

–Me deixe sozinha - Ela sussurrou - Me deixe sozinha.