PDV NARRADOR

O dia passou mais devagar a cada segundo.

Elena não saiu de seu quarto, estava no mesmo lugar onde estava quando sua mãe deixou o quarto, só havia levantado para trancar a porta, mas voltou e se encolheu, com a cabeça nos joelhos, as lágrimas salgadas molhando o vestido, os soluços abafados.

Ela não se mexeu para comer, para beber, para usar o banheiro, não se levantou quando sentiu-se enjoada, e segurou tudo aquilo. Elena não se moveu para nada se não soluçar em silêncio.

A tarde ela ouviu Stefan bater em sua porta, ouvi-o implorar para que abrisse a porta e falasse com ele, implorar para outra solução para isso, implorar para ela ao menos dizer se estava tudo bem. Ela o ouviu desistir quando Master Salvatore chegou, e sabia que ele ia se exilar no seu escritório.

-Ela caiu do cavalo?! Ela desmaiou?! Como não mandaram me chamar?! - A voz de Damon estava distante, mas Elena a ouvia, porque ele se fazia ouvir. Provavelmente estava em frente a escada, mas vociferava tão alto que até os vizinhos seriam capazes de ouvir. Elena estremeceu.

Será que se fosse ele a criar seu filho vociferaria assim com a criança? Ou seria dócil e paternal como Elena nunca o havia visto ser?

Elena tinha a certeza de quem quem falava com Damon era Stefan, ela não ouvia sua voz, certamente porque ele a mantinha baixa.

-Não me peça para não "incomodá-la" -Elena reconheceu o uso de aspas em seu tom de voz - Eu vou vê-la!

Os passos de Damon começaram a se aproximar, Elena encolheu-se mais ainda desejando sumir. De repente dois pares de pés apareceram na porta. Elena via a sombra deles. Damon e Stefan.

-Damon, ela brigou com a mãe, ela caiu de um cavalo, ela desmaiou, ela passou mal. Deixe-a descansar. Já tentei falar com ela. Ela quer ficar sozinha.

-Não me diga o que fazer. Ela será minha noiva. Não a sua.

Elena abafou um soluço. Como Damon era... Cruel. Elena sabia que aquelas palavras haviam magoado Stefan... Seu Stefan... E a havia magoado também.

Damon bateu na porta oca.

-Elena... Meu bem? - Seu bem? Não. - Posso falar com você? Como se sente? - A voz do Damon estava baixa e visivelmente calma.

Elena não respondeu.

-Poderia apenas dizer como se sente? Se precisa de algo?

Elena não respondeu.

-Eu disse - Falou Stefan a voz tentando parecer impassível, mas Elena ouviu a mágoa.

-Que seja! - Disse Damon e saiu batendo pé até seu quarto onde Elena ouviu um estrondo, que foi ele fechando a porta.

-Elena? - A voz de Stefan a fez respirar aliviada, a fez querer abrir a porta e abraçá-lo. - Bem... De nada.

Elena encarou a sombra dos pés de Stefan.

Então sussurrou com a voz falha.

-Obrigada...  - Meu amor. Era o que ela queria dizer. E foi o que não disse.

-Boa noite - Elena pode ouvir o sorriso na voz de Stefan. Ela havia respondido a ele.

~*~*~*~*~

Dois dias depois.

Elena havia saído do quarto ontem a tarde, e estava se habituando a encarar todos depois do que aconteceu e fingir que estava tudo bem. Ela mal falou com Stefan, mas ele foi o primeiro que ela abraçou e descansou a cabeça no ombro, ele afagou seus cabelos e prometeu que tudo ia ficar bem. Isso era impossível.

Agora Damon havia convidado Elena para dar um passeio, a pé, pelo jardim, eles estavam no meio do labirinto de arbustos, e no centro havia algo parecido com uma praça, onde eles sentaram-se em um banco. Damon pigarreou e tirou algo do bolso. Elena estremeceu. Ela havia ansiado por esse momento, e agora o rejeitava com todas suas forças, seu estômago embrulhou e ela segurou aquela terrível ânsia em vomitar.

-Elena Petrova Gilbert - Começou Damon - Eu sou um cara cortês, mas sinto vergonha em admitir que não sou muito... Romântico. Então eu não sei como fazer isso de outro jeito.

Damon não havia falado até ali, apenas para convidá-la para aquela caminhada e nada mais. Damon estava triste hoje, Elena pode ver isso. Seu sorriso não era irônico. Elena sabia que isso era porque hoje fazia um ano que sua mãe morreu.

Elena assentiu para ele continuar.

-Case-se comigo, Elena? 

O estômago de Elena deu um mortal, e o vômito chegou a sua garganta, ela teve que respirar fundo antes de dizer o que não queria. Ela engoliu o não, e teve de se acostumar com um gosto de um amargo sim.

-Si-sim. - Seus olhos não brilharam, ela não sorriu.

Damon sorriu e botou um anel no dedo de Elena, um anel de ouro, o qual Elena não gostou. Ele se aproximou e deu um selinho em sua boca. Elena queria vomitar.

*~*~*

Na noite do mesmo dia.

Elena não havia conseguido dormir, o anel causaria pesadelos a ela. 

Duas horas da manhã e Elena amaldiçoava o anel e quem o deu. Os soluços irrompiam pelo seu peito e preenchiam o quarto em um som que só ela ouvia. Todos estavam adormecidos e ela estava sozinha. Bem, não totalmente. Mas ela precisava de braços ao redor de si, um beijo no seu pescoço e uma promessa de que tudo melhoraria... Ela precisava de Stefan. Agora.

Quando ela se acalmou e pensou em ir até o quarto dele, sabendo que ele estava magoado, mas a acolheria, ela ouviu um barulho. Estranho, o mais estranho que já havia ouvido naquela casa. Gemidos? Madeira rangendo? O que seria isso? 

Então ela ouviu o barulho de vidro quebrando no chão, e ouviu um risinho feminino abafado.

Elena caminhou até o corredor, sua camisola arrastava no chão, um som quase inaudível de seda contra o carpete. 

Os sons vinham do quarto de Damon, e Elena receou entrar no quarto dele, mas a curiosidade aumentou quando ela ouviu um riso curto de Damon. Ela se encaminhou até a porta e teve um vislumbre de uma mulher nua na cama de Damon, ele estava por cima dela. Um copo de uísque estava quebrado no chão, e a cama de madeira batia contra a parede, a garota gemia.

O coração de Elena quebrou. Tudo que ela achou que fosse mentira, era enfim verdade. Ela se sentiu traída por ele, já que agora eram noivos. Se sentiu usada por ele. Sentiu uma enorme nostalgia. Seu estômago embrulhou. Ela teve raiva dele e teve raiva de si mesma por não ter ouvido quando disseram para ela correr o mais rápido que pudesse.

[Desculpa interromper a fic gente, mas eu tenho que faz isso. WHEN THEY SAID RUN AS FAST AS YOU CAAAAAAAAAAAAN DEAR DAMON. Ta é cold as you aqui, continuem a ler ~botem a música~]

Elena adentrou no quarto. A garota ia gritar, mas Damon tapou sua boca e se levantou encarando Elena. Ele vestiu a cueca, para não ficar totalmente nu, disso ele tinha consciência. Ele sorriu para ela, de um modo sarcástico, irônico, diabólico. Com dor. Uma dor disfarçada.

Elena olhou para a garota. E um nome veio em sua cabeça. Rose.

-Elena... - O bafo de Damon exalava álcool. Ele estava completamente bêbado. - Veio se juntar a festa? - Ele riu tão amargamente que fez os olhos de Elena arderem.

-Eu não acredito... - Foi só o que Elena disse.

-Eu também não. Mas sabe Elena, amor, é a natureza, é grande por natureza. - Ele deu mais um riso.

Elena sentiu nojo. Ela não se retratava a isso.

-Não, Damon. Não falo disso. Eu falo que não acredito que eu fui tão estúpida. Que eu não ouvi ninguém que me disse que você era o que é! Que você usa mulheres! Eu ignorei quando todos falaram pra eu correr de você! E sabe o que é pior? Eu te defendi. Eu reprimi meus sentimentos por você! Perdi meu orgulho por você e para defender uma honra maldita! Mas agora eu não ligo mais para ela! E nem para você! Eu queria sentir algo por você Damon, comecei uma briga dentro de mim porque eu precisava sentir algo... E eu sinto. Sinto nojo Damon. Você é um germe! E eu o odeio! Você brincou com uma sonhadora que teve coragem de te adorar! E agora, refletindo sobre tudo, eu nunca estive em um lugar tão frio como você! - As lágrimas escorreram pelo rosto de Elena enquanto ela despejava a verdade em Damon. No final ela jogou o anel aos pés dele - Isso acabou.

O sorriso dele oscilou, ele fez sinal para porta e disse.

-Rose, saia.

-Damon... Estou sem roupa.

Ele a encarou e jogou um lençol nela.

-Saia!

Rose se enrolou no lençol e correu dali. Surpreendentemente ninguém estava acordado.

Damon se aproximou e Elena foi andando para trás até bater de costas na parede, Damon agarrou os pulsos dela com força e ela arquejou.

-Agora Elena - O bafo de Damon deixou Elena tonta - Eu a farei minha a força, já que você não quis ser.

-Nã-não! - Ela tentou chutá-lo, mas ele era mais hábil e mais forte.

Ele a jogou na cama, ela deu com a cabeça na quina da cama e soltou um grito fino e curto, ele se deitou por cima dela. Ela esperneou e tentou chamar por ajuda, mas Damon a calava com beijos com um gosto alcoólico e forçados.

-Vamos Elena, com calma - Com uma mão ele tapou a boca dela e com a outra soltou o laço que prendia sua camisola, ele sorriu para seus seios. Elena aproveitou a distração e o chutou para longe dela, ela tentou correr até a porta, mas ele agarrou sua cintura. Ela gritou.

-Stefan!

-Stefan?- Perguntou Damon com raiva- O que você tem com ele? O que tem com ele que não pode ter comigo?! - Ele a empurrou e agrediu seu rosto - Vadia!

Elena arquejou e gritou. 

Então quando Damon a puxou para cima e estava afastando a camisola dela, e ela já soluçava mais que antes, a porta se abriu, e Stefan entrou, seus olhos saltaram do rosto, ele ficou pálido depois vermelho de raiva. Ele puxou Elena para trás dele e deu um chute na barriga do irmão. Elena se escondeu atrás de Stefan e soluçou as suas costas.

-O que estava fazendo com ela? - Vociferou Stefan.

-O que eu quero. Ela é minha.

-Seu estúpido! Você estava a magoar ela! Você a machucou! Como pode? Seu infeliz!

Damon riu e se aproximou, cambaleando, de Stefan.

-Só você pode se divertir com nossa hospede, maninho?

-Seu cafajeste! Porco imundo! Você a traí, você agredi a face dela, e ainda a magoa? Eu deveria te matar. Elena não é um objeto sexual, Damon Salvatore!

-Para mim ela será exatamente isso.

-ELA NÃO SERÁ SUA! NINGUÉM VAI TOLERAR ISSO!

-Vai acordar a casa toda maninha - Damon bebeu da garrafa de uísque e a pousou de volta na mesa.

-E ai eles verão o ser que és!

-Nã-não - Disse Elena - Não quero ser humilhada. 

As lágrimas no rosto dela fizeram Stefan amolecer, como Damon podia fazer isso com ela? Ela era como um anjo. Tão pura.

-Não vai magoá-la de novo! Não enquanto eu viver! - Ele acertou um gancho de direita no irmão que bateu com a cabeça no criado mudo e caiu desacordado no chão. Quem sabe o quanto se lembraria no outro dia.

Stefan virou para Elena, e viu uma imagem deplorável da garota que ele amava, ela chorava e soluçava e ele a abraçou com a maior força que tinha e alisou seu cabelo. Elena amoleceu e desabou no colo dele, ela não tinha mais controle sobre suas pernas. Estava assustada. Ele a pegou no colo e a levou até o quarto dela, fechando a porta com a chave.

Ele deitou Elena na cama e se ajoelhou ao lado dela, então apertou sua mão, Elena fechou seus olhos e deixou as la´grimas caírem, esperando que cessassem. 

-Elena - Ele sussurrou rouco passando a mão pelo cabelo dela - Desculpe-me.

Elena abriu os olhos e encontrou o verde dos olhos de Stefan, cheios  de remorso. Ela tocou o rosto dele.

-Pelo que meu amor? Você nos salvou. Achei que ia ser tarde.

-Eu devia ter chegado antes... Seu rosto - Ele passou os dedos pela face dela.

-Não é nada. Eu sou a culpada. Ignorei todos os avisos. Ah, olhe onde estou.

-Shhh, Elena, shhh. Tudo bem agora.

Elena fechou os olhos. 

-Fique comigo - Sussurrou.

-Estou com você.

-Abrace-me.

Stefan se levantou e deitou ao lado de Elena, envolvendo sua cintura e pousando seu queixo no ombro dela, ele beijou sua nuca. As mão de Elena estavam em seu ventre e Stefan as acompanhou.

-Elena... Como está...?

-Está bem, eu acho. Não chegou a esse ponto. - Elena soluçou - Não acredito que cheguei a pensar que ele poderia cuidar do bebê? Que eu podia mentir para todos. Que eu podia viver com ele. -Elena soluçou mais.

-Shh, não será assim. Shh.

-Stefan, eu e Damon estamos noivos.

Stefan respirou fundo, procurando uma solução para isso.

-Ainda não foi anunciado -Ele disse por fim.

-Todos já sabem, Stefan, era tão evidente. E  o que nossas famílias pensariam... -Elena deixou a frase morrer quando surgiu uma ideia em sua cabeça, ela se virou de frente para ele e por alguns segundos selou seus lábios - Stefan?

-Sim? - Ele afastou a mexa que caia sobre os olhos dela.

-Fuja comigo.

-Como?! - Stefan se espantou.

-Fuja comigo. Vamos para longe daqui. Começar outra vida longe daqui. Vamos nos casar e criar nosso filho. 

Stefan sorriu ao ouvir o 'nosso'. Mas seu sorriso se desmanchou.

-Elena... Sua família.

Mais lágrimas escorreram do rosto de Elena.

-Jeremy ainda está brigado comigo. E eu só quero ficar longe das mentiras.

-Elena... Que mentiras?

Elena olhou fundo nos olhos de Stefan, pronta para contar a verdade apenas para ele. Ela não devia nada a sua mãe.

-Eu sou filha de John Gilbert, Stefan. Minha mãe esteve na mesma situação que eu e ela fez sua escolha. Eu estou fazendo a minha. 

-Eu sinto tanto, Elena.

Elena assentiu.

-Vamos fugir.

-Quando?

-Já... Para onde?

Stefan sorriu. Lembrando de sua herança. Ninguém pensaria em procurar lá. Estava lá há muito tempo e ninguém mais se lembrava. Uma herança que sua tia-avó deixara só para ele.

-Forks. Tenho uma chácara lá. Uma herança. é muito velha, ninguém vai se lembrar disso.

Elena sorriu.

-Perfeito.

Stefan levantou e ajudou ela a se levantar. 

Quem diria que no final desse dia eles estariam em uma carruagem fugindo para Forks, sem explicações deixando tudo para trás?