- Lucy... – Army suspirou. – Você... nossa... – Ela suspirou novamente dando uma risada nervosa.

- Filha. Você está linda. – Minha mãe sorriu com sinceridade, pela primeira vez em muitos dias. – Fico feliz que tenha escolhido este vestido. – Ela sorriu novamente me ajudando a virar. – Veja por si mesma.

Eu abri meus olhos de leve. Olhei-me por alguns instantes. Aquela era eu? Pisquei algumas vezes estática. – Nossa... – Suspirei. Mordendo o lábio inferior.

- Filha, nós sairemos para confirmar a compra. – Minha mãe sorriu saindo, Army seguiu-a em silêncio.

Eu permanecia estática, fitando aquele belo vestido, o corte aberto deixava meus ombros a mostra, com detalhes lindos na mesma região, alguns desenhos, e logo depois da cintura uma saia que caia suavemente, só um pouco rodada. Aquilo era tão... inominável. Fechei os olhos novamente, sentindo que algumas lágrimas escorriam pela minha bochecha. Eu estava, pela primeira vez em muito tempo, feliz, segura. Eu me abracei e permaneci enquanto algumas lágrimas mais caiam.

Ainda de olhos fechados, senti algo me abraçando por trás. – Como conseguiu? – Uma voz doce e aveludada sussurrou em meu ouvido. Logo em seguida sua mão estava em minhas lágrimas. Virei-me para fitá-lo.

- Como consegui o quê? – Ri ainda com algumas lágrimas nos olhos.

- Você está mais... Você está inominável. – Davin assentiu afogando o rosto contra minhas costas.

Dei uma leve risada. – Eu também pensei isso. – Uma última lágrima escorreu.

- Eu não deveria estar aqui.

- É verdade.  Dá azar. – Acariciei seu cabelo loiro. – Sai sai.... – Brinquei, sentindo meu coração esquentar.

- Não quero... – Ele fez um biquinho. Mordi o lábio em dúvida, e então beijei sua bochecha de leve.

- E agora? – Perguntei abrindo os olhos para fitar seu rosto novamente.

- Ah... – Ele concordou ruborizando. Como ele era fofo. Tão inocente... Sorri para ele enquanto ele saia de fininho. Um sorriso inocente surgiu, desta vez em minha face, e mais uma vez aquela estranha sensação, como que um choque doce percorreu toda minha corrente sanguínea aquecendo meu coração, eu ainda não conseguia... O que era aquilo que eu sentia?

- Filha, vamos tirar o vestido? – Minha mãe entrou minutos depois, eu ainda estava pensando naquilo que sentia, minha mão não se movera, estava segurando meu colar, um colar que tinha desde pequena. Quando foi mesmo que o ganhei? Perguntava-me. – Ora filha... – Minha mãe sorriu, mas não falou nada, ela fitou de leve o colar. O que ela sabia?

- Lucy, você está perfeita. – Army deu um pulinho pegando em minha mão, enterrompendo sem querer minha linha de pensamento.

- Obrigada... – Sorri para ela de forma dócil. Eu estava pela primeira vez em muito tempo, feliz. Agora eu sabia disso.

Tirei o vestido um tanto relutante, eu nunca havia me imaginado de forma tão bela. Não acreditava que eu poderia ter sido vestida de tal forma. Aquilo era surpreendente. Sorri para as duas, saindo com meu uniforme amarelo e cinza. O olhar de Davin ainda era vívido e feliz. Como eu gostava daquele olhar. Eu não me importaria que aquele olhar fosse o que eu visse todos os dias da minha vida. Acenei para ele enquanto caminhava até seu lado.

- Sempre soube. Você é a mais bela. – Ele sorriu. Eu respondi com um sorriso para ele também.

- Muito obrigada. – Abracei-o, sentindo-me pequena demais. – Mas... – De repente mais lágrimas surgiram. - O que acontecerá daqui para frente?

- Nada... Tudo dará certo! – Davin sorriu apertando-me contra seu peito. – Confie em mim. – Ele riu.

-->Enquanto isso no aeroporto de Seul.

- Vamos logo Richard. – Natalia gritava para ele em francês.

- Nossa. Isso foi uma lua-de-mel? – Ele perguntou com raiva franzindo o cenho, ficando com o rosto igual ao do pai.

- É claro querido. – Natalia sorriu. – Eu te amo. – Ela riu sorrindo para ele.

- Sim querida. É claro. – Ele beijou sua testa olhando sem emoção para o portão de embarque.

- Nós iremos voltar para o Japão.... – Natalia sorriu animada, enquanto seus olhos verdes brilhavam.

- Sim. – Ele concordou. – É claro.... – Ele riu mordendo o lábio. - Apenas o Japão. Nada mais.

- O que foi? – Natalia bateu em sua perna de leve.

- Nada querida. – Ele beijou sua mão. – Nada... – Ele agora sorria maliciosamente. Mas porque seu olhar continuava tão soturno?

--> Natalia e Richard chegada ao aeroporto de Tokyo.

- Sejam bem-vindos. – Todos os receberam de braços abertos.

- Onde está Davin? E Lucy? – Richard perguntou fitando a família.

- Eles estão se preparando... – Fernando assentiu.

- Se preparando? – Natalia perguntou confusa.

- Sim. Eles se casarão depois de amanhã à noite. – Júlia sorriu para os dois. – Na França, no castelo d’Eu. E vocês terão que comparecer. – Ela sorria com carinho para seu filho, real. Richard.

- Sim Júlia é verdade... – Ele assentiu um tanto chateado. Júlia baixou o olhar. Ele não sabia que ela era a mãe... Mãe dele.

--> Lucy em seu quarto (Castelo d’Eu)

- Eu vou casar... – Olhei para o espelho. O que iria acontecer de agora para frente. Eu estava em um castelo enorme. Em um quarto mais enorme ainda. O que eu estava pensando?? Bufei balançando o cabelo de um lado para o outro. – Esquece. – Fitei a porta que se encontrava fechada. – Tudo está bem. Tudo está bem. – Fechei os olhos respirando de leve. – Está tudo bem, não é? – Olhei para o meu reflexo. – Ah....... – Comecei a gritar, mas o mesmo fora abafado pela mão desta pessoa que entrara no meu quarto.

- Está tudo bem mesmo, Lucy? – Seu cabelo castanho roçou contra meu pescoço. E meus pensamentos corriam, por que agora? Logo agora que eu estava feliz... feliz e segura. Por quê? O que mais terei que passar.

- Não grite. – Ele disse novamente. – Será comigo com quem se casará. Espere. Ele já não esta casado?