– Eu tive um sonho tão estranho. – Sussurrei para o travesseiro enquanto me levantava, vi Davin no sonho, ele só me falava “olá”. O tempo inteiro, o que aquilo queria dizer?

– Levanta sua bebezinha. – Gritou Davin entrando no meu quarto, senti meus olhos se arregalando, ele me assustou.

– É... – Tentei responder algo, mas meu coração deu uma leva palpitada inapropriada, eu não conseguia responder. – Já... – Vi Davin rindo.

– Tchau! Eu trabalho. – Ele riu novamente fechando a porta para poder ir ao trabalho. Aquilo tudo foi muito estranho... O que eu estava pensando? Lucy! Concentre-se. Pensei colocando meu “lindo” uniforme amarelo e cinza.

Sai do quarto, ainda sentindo meu coração pesado pelo sonho. Afinal, o que eu estava pensando? Eu amava Richard desde os cinco anos não é verdade?

– Sai. – Ouvi Richard gritando quando abri a porta do banheiro.

Mal humor. – Qual é? Eu também tenho horários... – Reclamei batendo a porta.

– Não estou para conversas hoje. – Disse Richard saindo do banheiro sério, eu perdi alguma coisa?

– Não vai para a escola? – Perguntei reparando em suas roupas.

– Não. – Ele assentiu apenas, sem olhar em meu rosto, alguma coisa havia acontecido, Davin aparecendo de manhã, e demorando mais tempo para sair de meu quarto, Richard me evitando e faltando na escola. O que eu não sabia?

– Lucy! Como foi o final de semana? – Berrou Army da esquina onde ela me esperava.

– Tudo bem e com você? – Perguntei para ela, tentando achar Tatty. O que estava acontecendo com elas?

– Também, fui à praia. – Ela sorriu e continuamos em silêncio até a escola.

– Sabe, onde está Tatty? – Perguntei quebrando o silêncio que ela jamais permitiria se formar.

– Ela vai chegar atrasada. Parece que tem coisas a resolver. – Disse Army olhando para baixo, elas escondiam algo de mim. Porque todos pareciam fazer isso hoje?

– Tudo bem, - Disse por fim sorrindo novamente. – ah... – Assenti ao ver Teito sorrindo para mim, tinha quase esquecido. Eu vou ter que explicar tudo para ele.

– Teito! Oi! – Assentiu Army animada, correndo ao seu lado.

– Ah. Oi! – Ele disse sem tanta animação quanto ela, pobre Army, eu vou tentar ajudá-la. Pensei por fim sorrindo novamente e correndo para a sala.

– Bom dia. – Teito correu para perto de mim durante o almoço. – Vamos conversar sobre aquele assunto?...

– Ah... Claro... – Disse tentando tomar corangem para dizer “Desculpe-me, mas não.”. Seguimos em silêncio até a escada perto da secretária.

– Ei... Antes que você fale qualquer coisa. – Assentiu Teito olhando para os lados. – Posso te mostrar uma coisa? – Ele perguntou.

Eu concordei com a cabeça. Ele então segurou minhas bochechas com as mãos, e começou a se aproximar. – Não Teito... Espera... – Eu assenti um pouco alto, como ele não se afastava, fechei os olhos, rezando para aquilo acabar.

De repente, ainda de olhos fechados senti o corpo de alguém em minha frente, libertando minhas bochechas.

– Não toque na minha irmã seu idiota. – Escutei a voz de Davin! Davin?!? – Ela não gosta de você... Então porque não olha para seu lado! Armani te adora, de uma chance a ela! – Ele se repetiu, virando e me puxando pela mão para junto dele.

– Ele tem razão Teito. Só olhe para o lado... De uma chance. – Eu sorri para ele, e continuei a seguir Davin. Mas parei quando percebi que estávamos sozinhos próximos da escada.

– O que você tá fazendo aqui?!?! – Perguntei totalmente surpresa por ele estar ali! A última pessoa que eu esperava encontrar era ele. O que estava acontecendo. – E como sabe sobre a Army?

– Aqui. – Ele disse sério olhando para baixo, ignorando a segunda pergunta. Em suas mãos estavam meu caderno de geografia, era a próxima aula. Eu havia me esquecido?

– Obrigada. – Sorri para ele, contente por ter trazido para mim.

– Sabe Lucy... – Ele disse olhando em meus olhos. Seus olhos tão azuis... Assustavam-me, eles eram intensos. – Eu tenho que te... – Ele se interrompeu parecendo pensar no que falar. Senti meu coração palpitar, porque não conseguia controlá-lo? O que era aquilo que eu estava sentindo? – Você tem que saber sobre isso... – Ele concluiu, com olhar preocupado. O que estava acontecendo?

– O que é? Diga-me! – Eu o olhava de baixo para cima, deveria parecer uma criança. Mas o que o estava incomodando tanto?

– Então você... – Ele começou a falar, mas se interrompeu. – Prometa-me uma coisa?

– O quê? – Por que ele não falava logo? Eu estava preocupada, o que ele estava pensando?

– Você irá me perdoar? – Ele riu perguntando aquilo. – Pareço uma criança assim. – Via suas bochechas levemente avermelhadas, ele ficava lindo com aquela expressão desnorteada...

– Sim! – Disse tentando não rir de seu rosto. – O que foi? – Perguntei novamente.

– Tudo bem... Ai vai! – Ele fechou os olhos, respirou fundo e começou a falar. Ele estava me preocupando. – Eu gosto de você! – Falou alto, olhando para baixo. Senti meu corpo se paralisar, olhei para seu rosto. Ele estava vermelho. E como antes naquele mesmo dia, meu coração palpitou arrítmico! O que ele tinha acabado de falar?!?

– Ah... – Minha boca se abriu, mas apenas um som saiu dela... Nada que fizesse sentido como ele queria uma resposta àquilo?

– Lucy. Perdoa-me! Mas... – Ele encarou-me novamente, e sem deixar desviar o olhar pediu apertando os olhos preocupados. – Casa-se comigo? – Meu coração começou a bater mais forte que o normal, e sentia minha cabeça doendo. Agora realmente eu não conseguiria responder. Sentia lágrimas se formando... O que eu poderia fazer?