A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 16
Capítulo 16 - Declaração e reação inesperada




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Já passava das duas horas da manhã quando o interfone tocou. Sally levantou-se rapidamente, acreditando que poderia ser uma emergência. O porteiro a avisou que Poseidon estava aguardando-a no térreo. Ela não compreendeu porque ele não quis subir, talvez fosse porque Dalila estava ali, e ele não queria incomodá-la aquele horário.

Logo trocou o pijama por um conjunto de calça jeans e camiseta. Não havia tempo para se arrumar, estava ansiosa e curiosa em saber porque ele veio vê-la, até que se recordou de que foi ela mesma quem pediu para ele a visitar assim que retornasse. Mas Sally não achou que Poseidon levaria esse desejo ao pé da letra, indo ao seu encontro na madrugada. Não que estivesse reclamando. Estava tão eufórica que desceu pelas escadas aos pulos, eram apenas quatro andares.

Ao se encontrarem na portaria do prédio, eles se abraçaram e beijaram-se, como quando um casal se separava por muito tempo, e depois se encontravam em uma estação de trem, ou no porto de um navio. Mas o sonho de Sally era consumado ali, na simples portaria de um prédio. Porém, a emoção e o sentimento eram tão grande quanto o que se via nos filmes.

Ela sorriu, e disse em um sussurro que sentira a falta dele.

Poseidon não se fez de rogado e agarrou-a pela cintura, erguendo-a mais alto e a abraçando com mais força. Só depois, quando o porteiro pigarreou insistentemente, que o casal se separou, mas não por vontade própria.

— Venha comigo, quero passar o resto da noite ao seu lado. — Poseidon estendeu a mão para Sally, que capturou sem pensar.

Tomaram a direção da praia, Sally notou que Poseidon nunca dirigia o carro, pois sempre que estavam juntos ele vinha a pé, ou Calyce o buscava.

Chegaram ao píer e foram para dentro do barco. Sally perguntou por quanto tempo ele iria ficar com o barco do tal amigo que o emprestou. Poseidon enrolou, mas acabou desconversando e oferecendo uma bebida a ela, que recusou. Ele não se sentiu ofendido com a recusa. Bebeu o uísque envelhecido, depois tratou de pegar Sally no colo e levá-la a suíte.

***

O sol se erguia e Sally pode ver a luz preencher a suíte naquela manhã. Ela estava com a cabeça sobre o peito de Poseidon, segurando sua mão.

Conversavam tranquilamente sobre diversos assuntos, não somente histórias mitológicas, mas também falavam de suas vidas. Ele não tinha tanto a dizer, omitiu a maior parte da história, mas Sally, ela não se envergonhou de contar detalhes de sua vida que sequer gostava de pensar.

Poseidon não sabia o que dizer para consolá-la. A verdade era que não havia meios verbais para tal. Ele tinha certeza de que Sally era a mulher mais doce e gentil que já conhecera em mil anos. E que ela merecia que coisas boas acontecessem.

Porém, não tinha o poder de interferir na vida dos mortais daquela forma. Infelizmente, tudo fora um acaso do destino que quis dar a ela uma aprovação maior que a de qualquer outra pessoa, e claro, Poseidon sabia que os mortais possuíam tantos outros problemas, que pouco poderia ajudar. Alguns até conseguia, mas todos não estavam ao seu alcance.

O livre arbítrio era uma droga, dizia ele.

Sally também aproveitou o momento para falar sobre sua ida a faculdade. Ela contou os planos de morar no campus e trabalhar. Trabalharia até mesmo numa lojinha de doces se fosse para se manter na faculdade.

Ela sorriu animada com a ideia de retornar aos estudos. Poseidon gostou de vê-la feliz, e quis estender a felicidade dela, porém, não da forma que a própria poderia aprovar. Então disse:

— Tenho uma ideia melhor. Acho que poderá ser bom para nós dois, digo, tenho certeza.
Sally virou-se, e deitou o corpo sobre o dele, puxando o lençol para se cobrir.

— Se for uma ideia boa mesmo, eu te dou um beijo.

— Ah! Minha querida, é muito boa, e eu não vou querer somente um beijo. — Ele apertou as mãos nas costas de Sally, e a puxou para um beijo, mas ela recuou ordenando que revelasse de uma vez qual era a ideia. — Você pode morar comigo em Nova Iorque. Tenho um apartamento vazio, você pode decorá-lo como desejar. E quando eu for para lá, ficaremos juntos.

— Quando for? Não entendi.

A proposta pegou Sally de surpresa. Apesar de apaixonada, ela estava ciente de que aquele romance não iria ultrapassar as barreiras do verão. Mas a proposta de Poseidon soava boa, mas ruim ao mesmo tempo.

— É, quando eu for. Costumo viajar por vários lugares. Sabe, são negócios. Esse verão eu fiquei aqui, e a cada temporada um lugar diferente me aguarda.

— Então... — Sally sentou-se na cama, puxando o lençol para cobrir seu corpo nu. — O que está me oferecendo é um apartamento, para me ter como amante! — Exclamou, num tom de desagrado. Poseidon sacudiu a cabeça, tentando explicar que não era como ela estava dizendo. Não uma amante. — Me diga o que significa então. Para mim está claro.

— Minha querida, entenda, eu não posso dar muito mais do que estou oferecendo.

— Não sou seu brinquedo. Não posso ficar te esperando enfiada em um apartamento, enquanto você roda o mundo, sabe lá fazendo o que e com quem. Eu engoli a historia da Calyce ser apenas sua secretária, mas quantas outras mulheres como eu você já conheceu e ofereceu esse mesmo trato?

Sally esbravejou.

— Você foi a única mulher Sally. — Poseidon disse entristecido, mas sincero. — Eu jamais ofereci a uma mulher o que te ofereci agora. Não leve a mal o que eu disse, não tive a intenção de te magoar. Eu só não quero te perder.

— O que você quer é uma amante. — Sally encolheu os ombros. — Calyce me contou de seu casamento por aparências. De que é coisa de gente importante. Mas, sabe, o que te faz pensar que só por ser importante para outras pessoas, precisa manter as aparências com alguém que não ama?

— É mais complicado do que você pode imaginar...

— Não, não é! Em todos esses anos eu nunca tive oportunidade para fazer uma escolha pessoal. Sempre fui motivada por acontecimentos que não cabiam a mim decidir. Fui vítima da casualidade, mas nesse verão tomei a primeira decisão da minha vida, decisão que costumamos fazer quando somos adolescentes, época que me foi roubada. — Poseidon a ouvia em silêncio, os olhos de Sally estavam marejados, mas ela se esforçava para não cair em pranto. — Eu decidi me aventurar com você, uma aventura com data para terminar. E eu sei que vou sofrer, vou chorar. Mas não me importo com o que sentirei lá no futuro, estou apenas pensando no presente.

— Sally, isso não precisa ter um fim.

— Sim, precisa. Eu não vou viver aguardando alguém que nunca vai chegar. Não quero ter um homem pela metade. Quero alguém para viver ao meu lado e tomar decisões bobas, como qual cereal comprar ou que filme assistir na televisão. Eu quero alguém real. E você é um sonho.

Poseidon sentiu a lágrima amarga escorrer de seu rosto. O senhor dos mares amparou a própria lágrima com o dedo e a limpou antes mesmo que Sally Jackson notasse o ocorrido.

— E você, minha doce Sally... — Ele ajoelhou-se na cama, o corpo despido do lençol que lhe cobria, diante da mulher que amava. — Minha doce e amada Sally Jackson. Você é a mulher que eu sonhei durante toda a minha vida.

Ele a abraçou desesperado pelo toque das mãos dela em seu corpo. Sally o beijou, deixando finalmente as lágrimas molharem seu rosto, ela o fez prometer que não iriam mais tocar naquele assunto. Poseidon acatou o pedido imediatamente, deitando-a sobre a cama, sussurrando em seu ouvido o quanto a amava.


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Notas finais do capítulo

aiai esse Poseidon