Chamamento De Sangue escrita por Melanie Blair


Capítulo 5
V


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo pertence a toda a gente que me tem apoiado, em especial à Carolina Romeny que recomendou esta história.
Amo-vos e agradeço por esta oportunidade que me estão a dar.



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Há mais de cinco minutos que fugia para sobreviver. Enquanto corria, o sangue que corria da minha mão deixava, infelizmente, o meu rasto. Consegui distrair o vampiro atirando-lhe areia para os olhos, dando-me oportunidade de fuga.

Como estava consciente da minha situação, sabia que não ia demorar muito a perder-me normalmente. Tinha que planear algo. Não poderia correr para sempre. Morrer de fatiga ou de falta de sangue? Decidi arriscar-pelo menos saberia que tinha feito de tudo para sobreviver.

Ao avistar uma capela, entrei. Subi as escadas, tropeçando várias vezes nas minhas próprias pernas. Rezei para que não caísse- seria uma perda de precioso tempo.

Cheguei ao topo da capela, uma sala pequena com um sino centrado na mesma. Sentei-me no canto mais remoto à espera dele. Sabia que não o teria despistado. Fugir dele não estava nas minhas mãos, já que a condição física dele não poderia ser comparada à minha- nem a força, nem a velocidade,… nem nada.

Estava cansada, desejava dormir. Continuar com os olhos abertos era uma dificuldade. Mas se este era o meu fim, queria vê-lo até… até chegar a minha hora.

De repente, uma sombra ergueu-se lentamente pela porta.

- Não consegues fugir mais?- riu-se e aproximou-se.

- Tinha planeado em fazer isto rápido, indolor. Ia ter piedade de ti. Mas agora que me irritaste e me fizeste andar à tua procura, vais pagar caro.

Neste momento, empurrou o sino. Este faz um som tão ensurdecedor que provoca uma dor insuportável nos meus ouvidos.

- Aah- gritei de dor.

Ele correu na minha direcção. Encontrei uma cana de madeira e coloquei-a à minha frente, tentando protegendo-me (como se isso o parasse). Percebi que não era tão corajosa como pensara que era, logo desisti de ver a minha morte. Fechei os olhos.

A dor não veio. Não ouvia nada. Será que já estou morta? Mas se estou morta porque ainda me sinto tão pesada, tão…viva?

Alguém tentou tirar-me o que tinha nas mãos. Pressionei o objecto contra o meu peito.

- Acalma-te Ayame. – Disse uma voz demasiado familiar.

“Bem,” pensei, “se realmente estou morta quero ver onde diabos vim parar!”. Rezei para que fosse o paraíso.

Abri os olhos. Que raio de paraíso é este? Não via jardins, lagos nem nada que me transmitisse paz. Ao ver um corpo cheio de líquido vermelho, pensei “Esperem lá, estou viva!”. O vampiro que me atacara jazia no chão, sem respiração.

Outro corpo moveu-se por trás de mim. Encarei-o, com medo.

- Acalma-te- repetiu Zero.

Só aqui percebi que tremia. Respirei fundo três vezes. Deixei a cana que ainda estava nas minhas mãos. E levantei-me. Ao colocar o pé esquerdo no chão, senti dor.

- Cheguei demasiado tarde para prevenir isso.- disse e apontou para o meu pé.- Para isso e para os teus ouvidos.

Passei a minha mão (a que não estava ferida) no ouvido direito. A minha mão voltou vermelha. “Raios”, pensei.

Encarei Zero. Todo este sangue devia estar a transtorná-lo. Mas ele não estava a respirar. “Outra habilidade de vampiros”, descobri.

- Como me encontraste?- perguntei.

- E que tal, seres tu a contar-me o que aconteceu antes de eu chegar?

Respirei mais duas vezes e contei-lhe a minha história.

- Porque vieste à cidade?- voltou a perguntar.

- Pesquisa para biologia.- menti.

Ele reparou na mudança ríspida da minha voz. Porra, nunca fui boa a mentir.

- Eu não fiz nada, sabias?- disse-me- Eu não caçaria num lugar tão público como este.

“Como é que ele descobriu que eu pensara nisso?”, “Não me digam que ele também lê pensamentos?”. Não via Zero como um Edward Cullen. Se calhar, anda a ver demasiados policiais, ou talvez tenha um sexto sentido, ou, ainda, talvez realmente eu seja um livro aberto e todos saibam o que eu penso!

Depois disso, o ambiente tornou-se negro, silencioso.

- O professor de matemática vai dar-me um sermão enorme.- tentei distraí-lo.- O que vale é que vais ter de ouvi-lo comigo.- tentei rir com convicção.

Nada, continuava a ignorar-me.

-Como sabias onde eu estava?- voltei a tentar.

- Segui-te o rasto.

Tinha-me esquecido da minha mão.

- Como sabias que era meu?- estava curiosa.

- Cada pessoa tem um cheiro diferente, e tu não és excepção.

“Que conversa mais interessante”, pensei sarcasticamente.

De repente, ele fitou-me, sério.

- Promete-me que não te envolves mais com pessoas deste género. Para a próxima, posso não conseguir encontrar-te a tempo!

- Prometo.

Algo agitava-me a cabeça.

- O que era aquilo? Não era um vampiro como os da turma da noite, mas também não era…- a resposta tornou-se clara logo que olhei para os olhos dele.

- Era um nível E.- deixou de me fitar.

Um nível E.

Zero ia tornar-se naquilo.

- Não. Não pode ser!- Gritei.

Ao tentar mover-me, o cansaço abateu-se em mim com uma força imbatível. Só me recordo de desfalecer e de cair nos seus braços.

O sonho começou. Estava num prado verde. Isto sim podia ser o Céu. Tinha um vestido de verão que me chegava aos tornozelos. (http://www.centraldeinformacoes.net/utilidades/vestidos-longos-de-verao/attachment/vestido-longo-de-verao-cdi-49-acessorios) Dançava de um lado para o outro, porque estava feliz. Não, mais do que feliz, sentia-me observada. Um anjo negro sentava-se num ramo de uma árvore, fitando-me. Não o reconhecia mas, mesmo assim, sorri. Nunca me tinha sentido tão bonita nem tão desejada como agora. Rodopiei mais uma vez.

Algo mudou. Quando eu parei de dançar, o prado estava cinzento, as árvores estavam a ser desbastadas pelo fogo, o lago tinha-se tornado lamacento, sem vida. O anjo ainda ali estava. Sorriu-me. Eu queria sorrir com ele, aproximei-me da rocha onde ele se encontrava.

O vento surpreendeu-me. A força dele era implacável. O anjo continuava a sorrir-me. Dei mais um passo na sua direcção. O vento continuava mais forte. A cada passo que dava, o vento duplicava de força. Sendo assim, desisti de lutar contra ele e o vento levou-me. Por momentos, senti que voava e imaginei-me livre da prisão que a terra se tinha tornado, imaginei-me com asas, voando nos céus com o anjo.

Mas, o vento quebrou o sonho. O ar rebelde tornou-se numa brisa suave, ao perder toda a força. E deixou-me cair no lago. Afoguei-me de seguida.

- Ela precisa de assistência imediata.- disse o anjo. Não o conseguia ver. Queria vê-lo.

- Zero?- chamei-o. Precisava de ajuda. Queria sair das águas.

Uma mão emergiu-me da água. Abri os olhos.

- Estou aqui.- disse o meu salvador, entre sorrisos.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo sem data prevista. Vou tentar escrevê-lo o mais rápido possível.