Chamamento De Sangue escrita por Melanie Blair


Capítulo 19
XVIII


Notas iniciais do capítulo

FÉRIAS!!!!!!!!!!!
Primeiro devo dizer-vos que agradeço, de coração gente, por terem esperado por mim durante quase dois mesinhos. Saibam que senti muito a vossa falta e, se o meu pai mo permitir, postarei quase todas as semanas.
Segundo, VK acabou :( e devo dizer-vos que o final foi NO-JEN-TO! Foi demasiado súbito e deixando muito para explicar.
Terceiro, escrevi este capítulo todinhho hoje. Desculpem os erros.
Quarto (lol demasiados tópicos) o capítulo é descrito por Ayame até onde (devidamente separado) começa Zero a narrar.



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Acordei. Com severas dores de cabeça, devo acrescentar.

Não me lembrava de como tinha ido parar ao meu quarto, nem muito menos de ter vestido o pijama.

Respirei o meu hálito. Bem, não cheirava propriamente a quem tinha “acordado só agora”, o que significa que tinha lavado os dentes.

“Esquisito”, pensei enquanto acordava o ressonar baixo e calmo de Yori.

Aparentemente, as dores de cabeça também me afectaram o mecanismo “nervosismo” situado no hipotálamo (situado no meu anormal cérebro), que se devia manifestar antes de testes/exames. Como tal não aconteceu, não me lembrei da importância do dia de hoje, do dia em que tinha de subir as míseras notas dos últimos testes.

Começaríamos com Matemática. Ah…Matemática! A senhora dona detestável (que já devia estar reformada) que me colocara a negativo a nota do período passado. Lembrava-me de, na noite anterior, estar a errar a porcaria do teorema de Pitágoras vezes sem conta. Mas depois disso…só restava uma cortina preta na minha mente. Tapava-me a memória, o raciocínio. Nada mais restava.

Enquanto pensava numa remota hipótese de apanhar malária e baldar-me aos exames, percebi que Zero não estava presente. O que era extremamente bizarro! Zero, mesmo passando as aulas a ressonar, realizava todos os testes e, maior parte das vezes, alcançava os melhores resultados da turma (uma inegável demostração do quão idiotas chapados os restantes alunos, incluindo eu, eram).

Esta ausência fazia-me sentir algo aborrecida e, por alguma razão, enjoada. Como se eu me tivesse esquecido de algo importante, precioso! Mas nada além dos poçass dos exames me percorriam a mente.

E como o meu professor não aceitou a desculpa da malária (parece que só existe na África), entrei, a cambalear, na sala de exames.

- Eu achei-os relativamente fáceis!- exclamou Yori, referindo-se aos exames.

Não a contestei. Não a podia contestar já que duvido que tenha escrito o meu nome em todos os testes e, se o escrevi, pouco mais fiz que isso. Das oito páginas de cada exame, nunca passei da primeira. Não porque não sabia, mas porque não li qualquer pergunta, não estava concentrada no exame depositado à minha frente.

Estava, sim, concentrada na cortina negra que se mantinha, inquebrável e por abrir, na minha mente. Estava concentrada em descobrir aquilo que me faltava, aquilo que me fazia sentir incompleta, até chateada. Aquilo que me tinha esquecido. Não tivesse qualquer sucesso na tarefa de afastar a cortina e avistar o que se encontrava do outro lado.

Suspirei. “Acho que estou a ficar doente!”.

*****************************************************************

Zero

Estava ferido. Não sei qual a gravidade do meu ferimento, mas certamente que a dor que me trespassava não era uma ilusão.

A noite passada também não tinha sido uma ilusão. Tinha ouvido a voz de Ayame e, enquanto tentava avistá-la, Maria/Shizuka disparou uma bala de encontro à minha perna direita. É verdade que tenho poderes de regeneração mais rápidos que um humano mas, enquanto não retirava a bala da perna, esta continuaria a doer-me e a incapacitar-me o movimento. Assim, tinha nas mãos uma tortura chinesa. Se, enquanto tentava encontrar a bala, a ferida (por causa das minhas plaquetas sobrenaturais) se fechasse, então teria que a abrir novamente e voltar à busca do objecto de metal.

Mas esta busca não estava fácil. Além de a ferida estar sempre a coagular, tinha pouca força e resistência para procurar. Tinha fome.

No quarto onde (Maria suponho) me aprisionou não tinha nenhum alimento que me desse força: sangue.

Enquanto me tentava levantar e dirigir-me à porta que servia de saída daquele covil, esta abriu-se e um vulto apareceu, fechando a entrada de seguida. Suspirei. “O que queriam eles agora?”.

- Finalmente acordaste!- exclamou uma voz masculina. Sentei-me novamente no chão frio.

Fitei o vulto. Não demorei muito a reconhecê-lo. Os olhos cinzentos cheios de raiva e o cabelo preto comprido tornavam toda a minha sabedoria (ou aquilo que me pensava saber) questionável.

- Ichiru.- murmurei.

- Como vais irmão?- perguntou ele, com um sorriso sarcástico. As parecenças comigo estavam, ainda, muito concentradas. As únicas diferenças consistiam no tamanho e cor no cabelo.

- Pensava que estavas morto.- confessei.

Ele colocou-se de cócaras à minha frente e sorriu-me novamente.

- Fico feliz em saber que ainda és sensível à minha existência. Mas, como vês estou bem de saúde.

Bem de saúde? Ichiru teve sempre problemas sérios de coração que o mantinham, enquanto era pequeno, preso à cama. Como é que esses problemas poderiam ser curados?

- O que aconteceu?- perguntei, com a leve sensação que não iria gostar do que iria ouvir.

- Digamos que eu e Shizuka fizemos uma aliança.- explicou-me, vagamente.

- Que tipo de aliança?- perguntei, curioso.

Ichiru levantou-se e abriu uma das gavetas do móvel que se encontrava no canto mais escuro do compartimento.

- Um acordo.- confessou ele.

Não tive coragem de lhe perguntar que acordo fora esse. Um formigão nas minhas mãos fez-me perceber que o dia de hoje mudaria completamente a minha vida. E eu não queria que ela mudasse. Pelo menos não para pior.

Mesmo sem eu lhe perguntar, Ichiru, sem me fitar, explicou-me:

- Shizuka encontrou-me no dia anterior àquela noite.- começou ele. “Aquela noite” foi a noite em que a cabra tinha assassino os meus pai.- Ela viu-me e compreendeu-me. Foi a única que me compreendera. Foi a única que compreendera a minha tristeza por ser sempre a tua sombra.

- Do que falas?- perguntei.

- Não te faças de parvo, Zero.- investiu ele.- Sabes bem que ninguém me amava verdadeiramente. Eras tu o “senhor perfeito”. Eu era apenas “o miúdo doente que nunca trará honra ou orgulho à família”. A mãe, o pai…só falavam de ti, nunca se importaram comigo.

Pisquei os olhos, surpreendido.

- Isso não é verdade!- exclamei, zangado.- Eles amavam-te. Quando estávamos à procura de vampiros, os pais perdiam-se em pensamentos sobre “Será que Ichiru está melhor?”, “Será que o teu irmão já tomou o medicamento?”.

Uma réstia de esperança e alegria trespassou-lhe os olhos. Mas esta não durou muito tempo.

- Bem…parece que nunca iremos descobrir. Já é demasiado tarde!- exclamou ele.- O nosso acordo consistiu em ela me curar as doenças cardíacas e eu ser o servo dela para toda a minha existência.

“O quê?”, pensei. Era verdade que o sangue de puros-sangues, como Shizuka, eram os melhores curandeiros existentes. Mas mesmo assim…

- Diz-me que não aceitaste!- pedi, esperançoso.

Ele ignorou-me:

- A primeira tarefa que ela me ordenou, como servo, foi convidá-la a entrar na nossa casa…

Não precisei de ouvir a restante explicação. Ichiru ao convidá-la a entrar (porque os vampiros não entram em casas habitadas sem ser convidados) fez com que ela, sem ser percebida ou parada, pudesse ir ao quarto dos nossos pais e alimentar-se deles, até os matar. E, insatisfeita, ir ao nosso quarto, fazer com que Ichiru aparentasse estar morto e morder-me, deixando o veneno espalhar-se no meu corpo, para me tornar num ser natural.

A ira explodiu da minha garganta.

- FOSTE TU! FOSTE TU A CAUSA DA MORTE DELES! FOSTE TU A CAUSA DE EU ME TORNAR NUM VAMPIRO!

Ele não mostrou uma réstia de arrependimento. Pelo contrário, sorriu como se estivesse orgulhoso do seu trabalho.

- BURRO!- insultei-o.- ELA ESTÁ A USAR-TE! QUANDO NÃO FORES NECESSÁRIO, ELA MATA-TE!

Retirou uma navalha no móvel e investiu-a até estar a míseros milímetros da pele da minha garganta.

- Não fales assim da mulher que amo!- sussurrou-me.

Sorriu e retirou a navalha do meu pescoço, aliviando a tensão presente no quarto e no meu corpo.

- O que tencionas fazer?- perguntei-lhe.

Em resposta, Ichiru passou, rapidamente, a navalha nos seus cabelos, fazendo com que muito do seu volume voasse pelo ar, até aterrar no chão. Ao vê-lo com o cabelo curto, senti como se me estivesse a ver ao espelho: as semelhanças multiplicaram-se. Mas o meu espelho abriu a boca, enquanto a minha permaneceu fechada.

- Vou cumprir mais uma tarefa de Shizuka!- exclamou.


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Notas finais do capítulo

Se precisarem de alguma explicação (se não perceberam alguma coisa) façam favor de me dizer tá?
Até à próxima