Kane - Os Artefatos Perdidos Do Egito escrita por Black Umbrella


Capítulo 12
A Tormenta me faz uma visita


Notas iniciais do capítulo

Hey! Admito que sou irresponsável, e provavelmente apenas uma ou duas pessoas leem a fic ainda. Mas ok. Finalizei esse capitulo, e mesmo que quase ninguém vá lê-lo, ainda sinto que devo postar. Já iniciei outro. Boa leitura! OBS: Se algumas palavras estiverem sem acento, desculpem-me. É que meu computador está estranho, e não quer por acentos, então reviso no final, corrigindo, mas algumas palavras podem ter passado despercebidas.



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Sadie

O que me acordou foram passos leves quebrando galhos em frente a minha barraca. Acordei-me com um susto, estivera em um pesadelo, com a Deusa da Tormenta da Noite, da historia que Anúbis contara na fogueira. Ela estava nas bordas da floresta, e, planejando, em resmungos baixos e roucos, minha morte, e alucinações pra mim, e todo tipo de desgraça. Ela era pior do que as bruxas de filmes que eu via quando criança, e que costumavam me dar muito medo.

Eu, do sonho, então, tentava me distanciar dela. Ia abrir alguma barraca, pedir ajuda, porque não conseguia gritar. Abri a de mamãe e papai, mas estava vazia, e toda melada de sangue. Dei um grito silencioso, só abrindo a boca, e me dirigi, aos tropeços, para a barraca de Anúbis, mas esta também estava vazia. Quando eu me virava novamente, a Tormenta vinha em minha direção. E Anúbis estava com ela.

Ai acordei.

– Argh. Santos deuses. Que porcaria – sai xingando em todas as línguas que conhecia, que não eram tantas assim, mas dava para o gasto.

De repente, passei a escutar os galhosinhos sendo quebrados, que me acordaram. Um segundo depois, Anúbis entra na minha barraca.

– O que você está fazendo aqui, Anu... – eu ia completar a frase, mas ele se dirigiu como que com pressa, e começou a me beijar.

A primeira coisa que eu percebi estar errada foi que eu não sentia os fortes palpitares, a tensão reprimida, e aquele algo doce no fundo, que eu sentia quando eu e Anúbis estávamos perto. Depois, ele estava frio. Bom, acho que todo mundo pensa que ele é frio, mas a verdade é que ele tem uma pele de temperatura que não combina com a sua cor: uma temperatura agradável, quentinha, que clamava para que eu ficasse por perto. E, ainda por cima, ele estava sendo delicadinho demais, ficando um tanto longe de mim, sem me tocar com nada alem da boca.

Esse não é, o, digamos, estilo de Anúbis.

De algum modo, eu sabia que aquele não era ele.

Eu o empurrei, mas ai ele não saia, apenas continuava lá, parado e mexendo os lábios. Isso me assustou muito.

Tudo isso aconteceu em vinte segundos, no máximo, de modo que mal tive tempo de pensar coerentemente.

– HA-DI! – grito, estourando meu lençol grosso e fofo na cara de “Anúbis”. Um segundo depois, ele não estava mais lá. Simplesmente desapareceu. Ofegante, esperando todos chegarem a mim por conta do grito, giro a cabeça pra esquerda alguns centímetros.

E ate hoje não sei como não morri de um ataque de coração.

Lá estava, com sua cara úmida, morta, ensanguentada e enrugada, os cabelos, um dia, segundo Anúbis, grandes e macios, eram brancos, e ela ria de forma ensandecida, e sangue escorria de sua boca meio multilada. Comecei a gritar. Minha voz não saia de novo. Tentei fugir. As mãos dela, asquerosas, cheias de pele morta, seguravam meus braços, e ela só ria, no escuro total, suas feições se misturando a negridão. Um cheiro podre atinge minhas narinas, e queria parar de respirar, mas não conseguia, e a Tormenta jogava a cabeça pra trás e ria mais.

– Sadie Kane, nem tudo acabou com o fim de Apofis... – cacarejou ela, a voz baixinha, que me arrepiou ate a alma. – Lembre-se, eu sempre estou aqui... Eu sei seus anseios... Desejos... Mas você não é tão fácil de enganar, é? - Comecei a chorar, sem que nenhum barulho fosse emitido.

– Vou deixar você voltar... Por enquanto.

E então eu acordo, agora de verdade, e, por puro e simples desespero, não consigo gritar. Apenas consigo emitir um choro copioso e horrível, abraçando os joelhos, lutando pra não desmaiar de medo.

Ai percebi um verdadeiro (conheci de longe) e assustado, Anúbis entrar na minha barraca.

–Sadie? O que aconteceu? Eu estava deitado, e comecei a sentir algo estranho... Alguma coisa me disse pra vir aqui. O que aconteceu? Por que você esta chorando? – não consegui responder, as lagrimas bloqueando minha garganta, descendo aos montes de meus olhos. Ele não espera mais eu responder, e entra, fechando o zíper.

– Por favor, Sadie, esta me deixando apavorado! Conte-me o que foi? Por mim? – ele se senta na minha frente, sem me tocar, talvez por medo de me fazer chorar mais.

Eu simplesmente não conseguia falar, eu sentia que se começasse a descrevê-la, ela poderia voltar, e me assombrar mais. Balancei a cabeça e solucei.

Anúbis parecia, estranhamente, estar em agonia.

– Posso me aproximar? Por favor? – ele pergunta, mostrando as mãos, como que para mostrar que vinha em paz. Que bobeira.

Acenei que ele podia.

Ele, então, se aconchega perto de mim, me abraçando, passando as mãos em meus braços, para aplacar o frio, porque eu estava sem cobertor. Eu estava sem cobertor! Eu havia feito um feitiço nele, ha-di, para queimar o falso Anúbis no sonho, mas o cobertor havia desaparecido mesmo.

Ai foi que não consegui falar mesmo.

Anúbis, percebendo meu desespero por não conseguir falar bem, começa a cantarolar uma canção, aparentemente em francês (Anúbis falava francês? Uma pequena parte da minha mente se perguntou):

* Calmez-vous, mon cher.

Je suis ici avec vous.

Parce que vous avez peur?

Je ne sais pas ce que je vais vous protéger où que vous soyez?

Dites-moi votre horreur

Et n'oubliez pas

Je suis ici. Et je ne pars pas.

Ne pleure pas. Mais si tu pleures, je voudrais la soutenir.*

Impressionante, mas a cada verso, meu coração e minha mente aos poucos se acalmam. Ele repete, num ritmo suave, várias vezes a canção.

Ate que me acalmo.

– Está melhor? – ele pergunta, parando de cantar a canção hesitantemente.

– Sim. Desculpe por isso. Mas... Eu estou com tanto medo... – mais um soluço. Mas controlo.

– Medo de que? Conte-me.

– Será que não pode arrumar um jeito... De eu mostrar, por mente o que houve? Não quero falar... Vou ficar ruim de novo. – minha voz tremia.

– Sim. Fique calma, e recapitule o que houve. Do inicio. Eu vou saber, se você me deixar entrar.

Eu fiquei tentada a perguntar: como assim “entrar”? Mas ai senti: na bordas da minha mente, uma leve pressão. Normalmente, eu bloquearia a invasão, mas senti a presença reconfortadora do Chacal. Então, aos poucos, libero o ocorrido. Sinto-me começar a tremer. Anúbis, então, recomeça a mesma canção de antes, levemente. Fecho os olhos, e concentro-me na musica, deixando as lembranças fluírem, sem pensar nelas.

Sinto o corpo de Anúbis se contrair, e sei que é de raiva. Ele percebe que A Tormenta realmente esteve aqui, realmente me ameaçou, me apavorou, e sinto que ele está muito bravo com isso.

– Sadie, essas lembranças, tem certeza que foi tudo? Não houve algo, antes dela própria aparecer...?

– Ah... Agora que você menciona... Teve um sonho antes do dela mesmo. – eu já estava bem melhor, e corei, pensando na natureza do sonho.

–Hum, acho que é essencial eu saber do que se trata. A Tormenta é ardilosa. Ela nunca dá um passo sem refletir sobre ele. Tudo faz parte de algo maior, tenho certeza.

– Mas, Anúbis, e se ela voltar? O que eu vou fazer? Se ela me pegar sozinha, e decidir que não vai me deixar mais em paz? Se você não conseguir chegar ate mim?

– Shii, Sadie, calma. Eu não vou permitir isso. Vou ficar mais perto de você a partir de agora. – tremi por dentro com a afirmação. Mas ele não parecia se concentrar em mim desse modo. Mantinha um braço me apoiando, mas com uma distancia saudável. – Mas você precisa me mostrar. É de suma importância. E, preciso fazer um pedido. Não diga nada do que aconteceu para o seu pai, por favor?

– Por quê? – me assustei.

– Bom, primeiro, porque se ele descobrir vai querer parar todas as nossas férias. E, também... Eu e a Tormenta brigamos muito ao longo desses anos. E eu preciso por um fim nisso. Se Osíris e todos os deuses se envolverem, em pouco tempo a Tormenta volta a se fundir com as sombras, para voltar anos depois. E não quero isso, quero resolver logo o que deve ser resolvido.

– Mas, veja bem, não é tão simples. Quem me garante que não vou ser atacada, de verdade, no meio da noite de amanha? Talvez... Talvez pararmos as férias seja o melhor.

– Não! Sadie, por favor, não. Eu falei a você. Essas são as primeiras férias que tenho em muito tempo. E... Bom, estou passando a maioria com você, o que já é... Bom, enfim, pode dizer se quiser. – ele parecia triste. Eu, no entanto, contra minha própria vontade comemorava por dentro.

– Como vou saber que eu e minha família estamos em segurança? – digo, suavemente. – E... Que você também está em segurança?

A nossa posição muda um pouco. Agora estamos de lado, ambos, um de frente ao outro, sem nos tocar.

– Vou ativar meus poderes com deus. Vou fazer encantamentos de proteção ao redor de Zia e Carter. Extras, porque seu pai colocou o básico, mas não previu ataques pela mente. Mas, acho que se a Tormenta incomodar de novo, vai ser a você, Sadie.

– Mas, por que eu?

– Porque ela quer me atingir – diz ele com simplicidade.

Fico muda.

– Vai colocar feitiços ao meu redor também? – pergunto depois de um tempo.

– Sim. E vou passar a dormir mais perto de você; desse modo, vou vigia-la com meus pensamentos. É surpreendentemente fácil fazer isso com você. Parece existir um caminho trilhado entre sua cabeça e a minha.

– Bom... Mas você vai resolver isso, não é? – digo, ignorando o fato que ele havia admitido que tínhamos uma conexão mental forte, coisa que eu já sabia.

– Sim, e quero que você me ajude. Será que pode fazer isso? Quero caçá-la uma noite desta semana. Na lua cheia, quando ela está mais fraca. – havia um tom de súplica na voz dele.

– Claro, claro, eu posso ir com você. – eu disse.

–Bom. – ele suspira. – por que está enrolando para me dizer o que foi o sonho anterior ao com a Tormenta?

Claro. Eu devia saber que ele não ia deixar passar.

– Esse sonho... Ele foi meio... Sinto-me constrangida. Coisa boba, juro. Só reforça o que você já sabe: ela quer te atingir.

Um sorriso bobo começa a passear pelos lábios de Anúbis.

– Então, tem a ver comigo...

– Não seja estúpido. Não é o que está pensando... Mais ou menos.

Agora ele começa de fato a rir muito.

– Se é tão simples, por que só não me mostra?

– Vou contar... Amanha OK? Já passei por muita coisa essa madrugada, mereço ter um tempo para dormir e pensar sobre isso.

Ele aquiesceu.

– Muito justo. Mas preciso saber, quando você estiver pronta. Geralmente existem detalhes nos sonhos, imperceptíveis para alguém desatento, mas que são importantes.

– Esta me chamando de burra?!

– Sadie... Não seja boba.

Eu estava rindo.

– Boba também? Vá comer papel higiênico, Anúbis.

Ele começou a rir também.

– Boa ideia. Se vir algum por ai, pode me dar. – ele abriu um sorriso autentico. – Boa noite, Sadie.

Ele começou a se levantar, e eu percebi que ia ficar a deriva ali, sozinha.

– Er... Anúbis... Ela não vai voltar?

Ele balançou a cabeça negativamente.

– Não permitirei Sadie. Vou protegê-la acima de tudo. Confia em mim? – ele olha pra mim, visivelmente nervoso.

Respirei fundo.

– Confio. Mas faça por merecer. Não deixe aquela bruxa voltar pra minha cabeça.

O rosto dele subitamente tornou-se alongado, como se entrando em fase Chacal, e ele rosnou.

– Ninguém mexe com você e fica bem. Ela vai pagar por isso. Nós dois vamos fazê-la pagar.

Com um ultimo olhar, ele saiu. E mesmo eu estando sozinha, havia algo de reconfortante nas bordas dos meus pensamentos, e eu já não sentia frio. Quando me dei conta disso, quis levantar e perguntar a Anúbis o que ele estava fazendo, mas fui vencida por um cansaço descomunal, e apaguei.

E, perto das brasas do que já fora a grande fogueira do acampamento, estava Anúbis, sentado, próximo a barraca dela, os olhos atentos esquadrinhando as árvores, com uma expressão feroz no rosto. Mesmo que Sadie não pudesse ver, ele estava lá por ela. Ele estava se recriminando por ter permitido a entrada da Tormenta nos sonhos dela. Não a deixaria sozinha novamente.

*Calma, minha querida.

Eu estou aqui com você.

Por que tem medo?

Não sabe que te protegerei de onde estiver?

Conte-me o seu pavor

E lembre-se

Eu estou aqui. E não vou embora.

Não chore. Mas se chorar, eu iria ampará-la.*


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Notas finais do capítulo

Então, se alguém estiver lendo isso: no próximo capitulo, já iniciado, vou FINALMENTE desfocar um pouco do romance Sanubis, e concentrar na busca pelos Artefatos. Pretendo fazer a historia correr para o final; vocês devem estar pensando: "AMEM!" e "FINALMENTE". E eu concordo! Kkkkkkk! E dar atenção, ao menos um pouco, a Carter também.
Obrigada, a você que está lendo isso, por não me abandonar. Abraços carinhosos!

Segue um modo de avaliar o cap., mas não se esqueçam de fazer seus próprios comentários!

PÉSSIMO- quando estiver traumatizante de tão ruim. Indique o que está tão podre.

RUIM - se vocês acharem que o capítulo ficou fraco e precisa melhorar. Indique o que precisa melhorar.

REGULAR - se ficou mais ou menos. Não ficou ruim, nem bom. Comente o que precisa melhorar.

BOM - se estiver bonzinho, e você gostar. Comente o que precisa de um retoque, o que está bom...

ÓTIMO - se estiver bem legal, e você gostar do enredo. Comente sua opinião, e o que mais achar necessário.

MARAVILHOSO - se estiver perfeito, e fizer você rir, chorar, e você amar o capítulo. Comente o que mais amou.

Amo vocês!